Quinta-feira, 30 de Novembro de 2017

O falso acordo ortográfico de 1990 só trouxe desprestígio à CPLP

 

 

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O acordo ortográfico de 1990 é um falso acordo, não só porque gerou o maior desacordo da história dos países lusófonos, como é uma espécie de "gato escondido com o rabo de fora" para encapotar a imposição da ortografia brasileira (mais acento, menos acento, mais trema, menos trema, mais hífen, menos hífen) aos restantes países de expressão portuguesa, com a pretensão de que eles são milhões. Mas se lhe retirarmos os milhares de analfabetos ainda existentes, os milhares que mal sabem ler e escrever (os semianalfabetos), os milhares que se estão nas tintas para a ortografia; os milhares que nem sabem o que isso é, acaba por restar menos de um milhar…

 

Que o falso AO90 é uma tremenda fraude e um falhanço total, o mundo inteiro já sabe. Que o falso AO90 não serve os interesses de nenhum país, exceptuando os interesses dos governos e editores brasileiros e portugueses, também já se sabe.

 

Que o falso AO90 só trouxe desprestígio à CPLP é um faCto.

 

Por isso não haverá outra saída senão recuar, antes que a babel ortográfica se instale de vez, e cada um passe a escrever como lhe dá mais jeito, e de acordo com os parcos conhecimentos que tem da língua.

 

Por cá, o caos já se instalou e desde erução, receção, óvio, teto, arquiteta, fazer um pato, e outros abortos ortográficos que tais, já se vê de tudo um pouco, conforme a incultura do escriba.

 

E errar até pode ser humano (e sobre esta atribuição ao racional humano existem muitas dúvidas), mas insistir no erro é insano, e neste aspecto, não há a mínima dúvida.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:47

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Quarta-feira, 29 de Novembro de 2017

«É preciso coragem para que a consciência seja criada...»

 

Pois é!

E eu, que já nasci corajosa, coragem não me falta…

 

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Os acordistas andam tão DESESPERADOS que já nem conseguem defender o MONSTRO, a que chamam falaciosamente “acordo ortográfico de 1990”, como se todos fôssemos parvos.

 

Usam e abusam da linguagem taberneira para atacar quem defende a Língua Portuguesa, na sua MATRIZ CULTA. E isso só diz do NADA que eles, os acordistas, têm para dizer.

 

A Língua Portuguesa, na sua Matriz Culta, é considerada uma das mais belas línguas do mundo. O que estão a fazer-lhe é um autêntico LINGUICÍDIO, que a História se encarregará de punir.

 

Os Brasileiros RIEM-SE desta parvoíce dos portugueses. Sempre se riram, mas nos tempos que correm, riem-se ainda mais. E até dizem que «os portugueses nem capacidade têm para defender o que é DELES». Já ouvi isto várias vezes.

 

E é verdade. Nomeadamente os governantes portugueses, os mais atingidos por este magnífico escárnio, como só os Brasileiros sabem. E o pior, é que eles, os nossos governantes, nem sequer se apercebem disto.

 

Mas, como diz o poeta, «Há sempre alguém que resiste. Há sempre alguém que diz NÃO

E nesse alguém, estou, obviamente, incluída.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:19

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Carta Aberta aos meus caros "fãs" acordistas

 

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Meus caros "fãs" acordistas,

 

Sabem quem foi Nelson Rodrigues? Não sabem? Eu digo-vos: Nelson Rodrigues foi um teatrólogo, jornalista, romancista, folhetinista e cronista de costumes e de futebol brasileiro, e tido como o mais influente dramaturgo do Brasil, e do qual sou muito admiradora, pelo seu grande saber e perspicácia, e se ele fosse vivo, arrasaria com este falso acordo ortográfico de 1990, que os meus queridos "fãs" acordistas tanto nos querem impingir.

 

E mais, assim como eu, ele também se marimbava para o que os ignorantes e obtusos achavam (porque pensar é para quem têm cérebro activo) dele.

 

Como todas as grandes inteligências, ele era admirado por uns, e odiado por outros. E ele considerava que sim, os idiotas iriam tomar conta do mundo, não pela capacidade, mas porque infelizmente são muitos.

 

E não que eu me considere uma inteligência rara, porque não me considero. De todo. Muito pelo contrário. Ainda tenho muito que andar, para chegar ao cimo da montanha.

 

Mas uma coisa eu sei: sou a mosca que incomoda o elefante. E não é que eu goste de ser mosca. Não gosto. Dá muito trabalho. Mas é necessário, se eu quiser viver de acordo com a minha própria consciência, que é a forma mais sábia de se viver.

 

É que um dos meus grandes mestres é Voltaire. Sabem ao menos quem é Voltaire, suponho. E não que eu queira comparar-me a Voltaire. Não tenho essa pretensão. Mas sigo-lhe as pisadas. Ele era a mosca que incomodava os reis e os governantes do mundo. E também os idiotas do seu tempo.

 

Ele deixou uma escola. E eu sou apenas uma sua pupila muito, muito aplicada.

 

Portanto, meus queridos "fãs" acordistas, não vale a pena andarem por aqui a perder o vosso tempo a tentar desmoralizar-me. Jamais o conseguirão.

 

Mas se isso vos alivia, podem continuar, até porque o vosso ataque verbal à minha pessoa apenas diz de vós, não de mim, e tem uma coisa a meu favor: acciona o botão da minha inspiração.

 

Estejam, pois, à vontade.

 

Isabel A. Ferreira

 

Para consulta:
«O Lugar da Língua Portuguesa»
https://www.facebook.com/lvizdecamoes/

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:29

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Terça-feira, 28 de Novembro de 2017

«Os Dez Mandamentos do Português»

 

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Por Lia Wolf em letras

 

 1°) AMAR A LÍNGUA PORTUGUESA SOBRE TODAS AS COISAS: desde o berço até à morte. Ela é a mãe de todos os outros dialectos - não deve ser subjugada por estes.

 

2°) NÃO ALTERAR A SUA SANTA GRAFIA EM VÃO: não ceder à tentação de adulterar as palavras com kapas e surripiar consoantes, acentos e hífenes.

 

3°) GUARDAR MAIÚSCULAS PARA NOMES PRÓPRIOS, ASSIM COMO DOS MESES E ESTAÇÕES DO ANO: eles não são nomes comuns - são especiais.

 

4°) HONRAR A PÁTRIA E AS NOSSAS ORIGENS: a língua é o maior património de um povo – este nunca deveria ser expropriado dela.

 

5°) NÃO MATAR: o AO90 é um assassinato à Língua Portuguesa e à cultura dos nossos antepassados.

 

6°) NÃO PECAR CONTRA A CULTURA: só um país de incultos poderia querer forçar todo um povo a mudar a sua língua sem atender à opinião pública e aos entendidos da matéria.

 

7°) NÃO ROUBAR LETRAS ÀS PALAVRAS: os C’s e os P’s têm uma função precisa e necessária – não são oPcionais nem desprovidos de aCção.

 

8°) NÃO LEVANTAR FALSO TESTEMUNHO: é falso que os outros países da CPLP tenham concordado com o AO90 - apesar de, em 1990, todos (na altura, sete países) terem assinado o dito acordo, Angola e Moçambique não o ratificaram e o Brasil adiou a sua plena aplicação para 2016 (!), sendo, na prática, Portugal o único país a forçar o seu ensino nas escolas e a sua imediata utilização.

 

9°) NÃO DESEJAR A LÍNGUA DO PRÓXIMO: em Portugal fala-se Português – não “brasilês”, “acordês” ou “crioulês”!

 

10°) NÃO COBIÇAR AS COISAS ALHEIAS: sejamos pobres mas honrados – a nossa língua não está à venda!

 

Lia Wolf

Fonte:

https://www.facebook.com/136592023176068/photos/a.270382883130314.1073741832.136592023176068/351428061692462/?type=3&theater&ifg=1

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 10:17

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Segunda-feira, 27 de Novembro de 2017

Os dez senões contra o falso AO909 na visão de Sophia de Mello Breyner Andresen

 

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 Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004):

 

«Considero o acordo ortográfico proposto um acto anti cultural e redutor.

Pois:

 

1 – A cultura é feita de exigência e este acordo é feito de transigência.

 

2 – Vai alterar, em muitos casos, a dicção oral.

 

3 – Vai desfigurar o carácter emblemático e a estética da escrita.

 

4 – Vai-nos separar da tradição grega e latina e, assim, para os estrangeiros que falam línguas românicas, o Português vai-se tornando mais difícil.

 

5 – Vai destruir a modulação das vogais, tornando algumas delas surdas.

 

6 – O acordo nada unifica, pois constantemente recorre a alternativas.

 

7 – A escrita nunca pode coincidir com a fala.

 

8 – A ortografia pertence ao número de coisas que só raríssimas vezes devem ser modificadas, pois também na forma gráfica nos reconhecemos.

 

9 – É verdade que as línguas evoluem, mas evoluem dentro das leis que lhes são próprias e segundo o espírito criador do tempo. O mesmo é verdade para a escrita que, por isso, não pode ser modificada por comissões nem por estratégias políticas.

 

10 – A única palavra portuguesa cuja ortografia precisa de ser mudada é dança que se deve escrever com "s" como era antes, porque o "ç" é uma letra sentada».

 

Fonte:

Nuno Graça Moura

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2073985062612496&set=a.128869660457389.22304.100000030685989&type=3&theater&ifg=1

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:20

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O meu manifesto contra o falso Acordo Ortográfico/1990

 

 

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Primeiro: O AO90 não é um acordo. É um falso acordo. Trata-se da  imposição aos países ditos lusófonos,  da ortografia brasileira, assente na mutilação de vocábulos, que fazem parte do léxico Português,  a qual apenas uns poucos, em Portugal, servilmente e cegamente, aceitaram pôr em prática, por motivos estranhos e obscuras negociatas.

 

Segundo: O falso AO90 não é um acordo, porque apenas três países concordaram, e muito menos ortográfico. Se  alguma coisa for será algo (t)ortográfico, sem ponta por onde se lhe pegue.

Terceiro: A respeito desta matéria, não reconheço competência alguma nem ao actual governo português, nem a quem quer que seja que, baseado numa descomunal ignorância quer impor aos Portugueses a ortografia brasileira que, perdendo as suas raízes  latinas, a sua matriz etimológica, e ganhando outras raízes, que nem sequer sabemos quais são, não é a Língua Portuguesa. E não sendo a Língua Portuguesa é ilegítimo utilizá-la em Portugal, pelo simples querer de ministros desabilitados nesta matéria.

 

Quarto: Assim sendo, e como cidadã legitimamente portuguesa, recuso-me a aceitar que a minha Língua Materna seja imposta a Portugal, na versão brasileira mutilada,  desenraizada e cheia de erros, dos mais básicos, exercendo, deste modo, o meu dever  de resistir a qualquer ordem que ofenda o meu direito de escrever correCtamente a Língua Oficial de Portugal, ainda em vigor, ou seja, a preconizada na Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de 1945, que lei nenhuma revogou,  e o direito à minha liberdade de dizer NÃO a algo que é ilegal, inconstitucionallesa a Soberania e Identidade Portuguesas. 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:18

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Quarta-feira, 22 de Novembro de 2017

«Acordo ortográfico moribundo»

 

Manuel Silveira da Cunha

in Jornal «O Diabo»

 

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Artur Anselmo de Oliveira Soares, presidente da Academia das Ciências, um dos responsáveis do Instituto de Lexicologia e Lexicografia, vem recomendar a revisão do chamado “acordo ortográfico de 1990”, um falso acordo que nunca entrou em vigor e que tem prejudicado gravemente a língua portuguesa e a cultura portuguesa. Um documento foi aprovado. Louvados sejam os autores.

 

Aquela que foi uma ideia voluntarista, precipitada, irreflectida e irresponsável, sobretudo da autoria de Malaca Casteleiro, um académico da mesma Academia, e que hoje nos poderia fazer escrever “arquiteta” em vez de “arquitecta” ou “espetador” em lugar de “espectador”, entre centenas de outras bárbaras incongruências, esquecendo a etimologia, a história, a tradição e o engenho que nos levou, por prática escrita, a escrever “pára” quando se conjuga o verbo parar em lugar de “para”, contrariando a quem interessa a língua, criando até confusões graves em tempos verbais como “jantamos” e “jantámos”, vai finalmente levar uma machada quase letal.

 

A Academia das Ciências assume que o falso acordo está profundamente errado, e nem sequer é na questão dos hífens, é mesmo nas consoantes mudas e acentuação. A língua é um corpo vivo e não são meia dúzia de académicos que depois querem fazer uns cobres a editar e a fazer prontuários e dicionários, que podem impor uma vontade putativamente erudita mas que aparentemente é mais própria do bestunto de analfabetos rústicos e primários do que de professores universitários cujo raciocínio deveria ser culto, etimológico, secundário e terciário, percebendo a raiz e a prática do Português escrito e falado pelos portugueses e pelos outros povos utilizadores da língua.

 

Os “Subsídios para o aperfeiçoamento do acordo ortográfico de 1990” são uma machadada no putativo acordo mas não são a sua sentença de morte. Sou de opinião que o fruto das mentes brilhantes dos académicos chefiados pelo Malaca devia pura e simplesmente ser expurgado do nosso quotidiano. O português deveria ser desinfectado dos dejectos académicos de 1990, a língua não é propriedade dos escassos destroços decrépitos da academia, uma instituição anquilosada e anacrónica, uma instituição que funciona ex cathedra, muitos deles já na altura sem discernimento para ajuizar devido a provectas idades e ao facto de já não produzirem investigação científica ou sequer estarem actualizados.

 

O novo contributo parece ser um sinal de renovação da academia, é um documento responsável, que quer estabelecer pontes entre dois campos em conflito, afirma-se equilibrado porque quer conciliar. Mesmo assim contou com os votos contra de seis académicos, o que é motivo para recordar o soneto do Bocage sobre os “Vadios” que sentavam os traseiros na Academia (segue na orthographia original):

 

Não tendo que fazer Apollo um dia

Às Musas disse: “Irmans, é beneficio

Vadios empregar, demos officio

Aos socios vãos da magra Academia!”

“O Caldas satisfaça à padaria;

O França d’enjoar tenha exercicio,

E o auctor do entremez do Rei Egypcio

O Pegaso veloz conduza à pia!”

“Va na Ulysséa tasquinhar o ex-frade:

Da sala o Quintanilha accenda as velas,

Em se junctando alguma sociedade!”

“Bernardo nenias faça, e cague nellas;

E Belmiro, por ter habilidade,

Como d’antes trabalhe em bagatellas!”

 

Fonte:

https://jornaldiabo.com/opiniao/manuel-silveira-da-cunha/acordo-ortografico/#

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:49

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Terça-feira, 21 de Novembro de 2017

«Ainda o Acordo Ortográfico»

 

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Recebi, via-email, o texto «Ainda o Acordo Ortográfico», que pode ser consultado, na íntegra, neste link

https://decaedela.blogspot.pt/2017/04/aindao-acordo-ortografico-recentemente.html?showComment=1502147188210#c4634909202976327295

«Recentemente, a Associação Portuguesa de Escritores realizou um inquérito destinado a conhecer as posições dos seus associados sobre o Acordo Ortográfico. 86,7 por cento dos inquiridos pronunciaram-se contra. Eu votei com a minoria. Sou um democrata e respeito a votação, mas não fiquei convencido.

 

Nós não somos donos da língua portuguesa. Criámo-la, mas constituímos atualmente uma minoria das pessoas que a falam. É um dos nossos maiores legados para a cultura universal. Existem cerca de 225 milhões de lusófonos. Em Portugal, somos apenas dez milhões. Fiz a conta. Dá 4,4 por cento. Podem, naturalmente, ser feitas outros cálculos. A verdade é que, excetuando o Brasil, uma parte não contada, mas significativa, da população desses países desconhece a nossa língua. Os agricultores do interior de Angola e Moçambique continuam a comunicar nos dialetos gentílicos. Nessas paragens, o domínio do Português é um privilégio das elites.


O processo que conduziu ao Acordo Ortográfico foi complexo, moroso e muitas vezes interrompido.

 

A obra notável de Gonçalves Viana “Ortografia Nacional”, publicada em 1904, foi pouco contestada e esteve na base da reforma oficializada em 1920 pelo governo da República Portuguesa. Teve como consequência um cisma ortográfico: Portugal adotou uma ortografia simplificada, enquanto o Brasil manteve o modo antigo de escrever.

 

Entre 1931 e 1943, a Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras mantiveram contactos e negociações que permitiram que, em 1943, fosse assinada uma Convenção Ortográfica entre Portugal e o Brasil. A tentativa de acordo não vingou.

 

Ao longo da década de 70, foram sendo dados novos passos de aproximação. Em 1986, no Rio de Janeiro, foi assinado por representantes de todos os países de língua oficial portuguesa um novo ajuste que, depois de aperfeiçoado, viria a ser oficializado. Era o Acordo Ortográfico de 1990, que seria ratificado pela Assembleia da República Portuguesa em 2008, numa versão intitulada “Segundo Protocolo Modificativo”. Tem sido contestado, pelo menos, em Portugal, Angola e Brasil.

 

Na discussão deste tema, julgo que deverão ser ponderadas primeiro a necessidade e a oportunidade e, depois, os custos de uma eventual alteração. Será também conveniente perspetivar, na medida do possível, as alterações que o futuro nos trará.

 

Comecemos pela necessidade. Se olharmos para os lados, encontraremos indicações que vão em sentidos opostos. Os nossos vizinhos espanhóis acordaram, com os países sul-americanos que em tempos colonizaram, uma forma única de escrita que pouco interfere na conhecida autonomia das pronúncias. Ao contrário, os ingleses nunca procuraram estabelecer normas internacionais de ortografia, apesar de existirem variantes consideráveis nos diversos países anglófonos. O árabe e o francês, que são também das línguas mais faladas do mundo, nunca precisaram de acordos ortográficos para serem reconhecidas internacionalmente, embora contem com muitos cambiantes.

 

As línguas são vivas e tendem a diversificar-se. Acho preferível haver um acordo, mesmo que não seja perfeito, do que deixar a língua à solta, sem nenhum mecanismo que procure regulá-la. Não sou linguista, mas para falar de política de defesa nacional não é preciso ser militar, e para opinar sobre saúde não é indispensável ser médico ou enfermeiro. Acredito na utilidade dum instrumento regulador. A meu ver, boa parte das alterações propostas vem apenas apressar uma evolução que iria ter naturalmente o mesmo resultado, anos mais tarde.

 

Os peritos dos oito países lusófonos decidiram valorizar a pronúncia em detrimento da etimologia. A questão do Acordo divide os portugueses, bem mais do que seria de esperar dum assunto técnico. Os puristas encontram argumentos na raiz latina ou grega de muitos dos nossos vocábulos. Acham que a correção da linguagem deve passar pelo respeito escrupuloso das regras gramaticais vigentes. Outros pensam que a escrita deve acompanhar de perto a evolução verbal. As novas expressões orais que se vão popularizando terão tanta legitimidade como as antigas. Considero que qualquer acordo deveria harmonizar as duas tendências.

 

Passemos à oportunidade. Pessoalmente, penso que era tempo de reformular a nossa ortografia. Julgo que este processo nasceu de forma errada. Teria sido mais fácil começar a revisão dentro de portas.

 

Antes de se chegar a um acordo internacional, o problema deveria ter sido discutido até se alcançar um consenso nacional. O latim está na origem da maioria dos nossos vocábulos, mas não gostaria que nos tentassem obrigar a todos a falar latim ou grego.

 

O Acordo espevitou os nacionalismos. Portugal é um Estado independente há quase novecentos anos e a língua faz parte da sua identidade nacional. No entanto, há muito que a partilhámos com outros. Tenho orgulho nisso.

 

 Há quem pense, de forma mais ou menos consciente: “primeiro, tiraram-nos as colónias; agora, querem roubar-nos a língua!”

 

Ninguém nos rouba nada. A língua portuguesa é tanto deles como nossa.

Existe ainda quem considere que o Acordo Ortográfico é um instrumento da política geoestratégica do Brasil.  

Falemos agora dos custos de um voltar atrás que continuo a esperar que possa ser evitado. Existem factos consumados. A partir do ano letivo 2011-2012, as nossas crianças começaram a aprender a nova grafia. Se os pais e os avós quiserem ajudá-los nos trabalhos de Língua Portuguesa, terão de conhecer e respeitar o seu modo de escrever. Mudar as regras a meio da aprendizagem implicaria lançar a confusão numa geração inteira de miúdos.

 

O Acordo Ortográfico modificou a grafia de uma minoria de palavras (1,6% em Portugal e 0,5% no Brasil). Para os brasileiros, as diferenças maiores assentam no uso do hífen e na acentuação dos ditongos.

 

Para nós, a modificação mais importante reside no abandono das consoantes mudas. Aceito que tais consoantes que, segundo os puristas, diferenciam as palavras homófonas e respeitam a etimologia, são dispensáveis. Secundariamente, desaparece o hífen em algumas conjugações do verbo haver e modifica-se a acentuação de diversos vocábulos.

 

Um dos obstáculos à implementação de mudanças foi sempre a inércia. As pessoas têm receio do esforço necessário para modificar os comportamentos. Desta vez, a tecnologia favoreceu as alterações. Os corretores de texto adotam instantaneamente a grafia antiga à nova, simplificando o processo de transição.

 

Ainda bem que não escrevemos com carateres chineses… O caminho deles vai ser bem mais árduo que o nosso. No entanto, o processo de simplificação ortográfica do mandarim já começou. Nos teclados dos computadores chineses, o mesmo caráter assume vários significados, dependendo do contexto em que é inserido.

 

A meu ver, a revisão da ortografia da nossa língua poderia ter ido mais além. De que servem os “h” no início das palavras?

 

Julgo que, em Portugal, nunca se escreveu tanto, nem tão bem. Tal não admira, dada a elevada prevalência de analfabetismo no nosso país, no passado. Há, contudo, um fenómeno a que deverá dar mais atenção: a generalização do uso dos telemóveis conduziu já à criação de uma grafia própria e simplificada.


As comunicações entre os jovens fazem-se, sobretudo, por mensagens SMS (“Short Message Service” ou, em português “Serviço de Mensagens Curtas”. Atrevo-me a presumir que, hoje em dia, se escreve muito mais ao telemóvel do que ao computador ou à mão.

 

Entre os que os que comunicam dessa forma, o uso do “k” generalizou-se para substituir o “qu”, quando o “u” não se pronuncia, embora haja também quem use o “q” simples. Foi o que o “f” fez ao “ph”, cerca de um século atrás. Por outro lado, o “ch” é quase universalmente substituído pelo “x”. Mais tarde ou mais cedo, este fenómeno terá repercussão na escrita oficial. Os puristas da grafia que se cuidem…

 

Modernamente, existem mecanismos poderosos de regulação da linguagem que não precisam de ser acordados. De início, foram apenas os livros. Apareceu, depois, a rádio e, agora, é principalmente a televisão. Tanto o modo de falar dos locutores como a dicção dos personagens das telenovelas irão ter uma repercussão determinante. A pronúncia é também uma questão de moda.

 

Se o nosso governo pretender conservar no mundo lusófono o modo nacional de falar e escrever, não precisa de se preocupar demasiado com tratados internacionais. Deve criar prémios literários dirigidos aos escritores dos PALOP, investir em bolsas de estudos para os jovens jornalistas mais prometedores, e incentivar a produção conjunta de telenovelas, como se tem já feito com Angola.

 

Publicada por Antonio Trabulo à(s) 11:13 

***

Eis a minha resposta:

 

Pois bem, este é um texto burlão, de alguém que tem interesses obscuros, e pertence a uma minoria, conforme ele próprio diz; não tem conhecimento básico da Língua Portuguesa, nem do mecanismo das Línguas. De qualquer Língua.

 

Só o modo como ilustra o texto diz da sua crassa ignorância sobre a História e a Evolução da Língua Portuguesa.

 

Os ignorantes procuram sempre o caminho mais fácil para fazer as coisas. A minoria acordista pretende simplificar a ortografia e mutila-a, por incapacidade de aprender a ortografia portuguesa íntegra, como qualquer criança inglesa, francesa, alemã ou castelhana aprende, no que respeita ao Inglês, Francês, Alemão ou Castelhano.

 

O autor do texto mistura alhos com bugalhos. Mete os pés pelas mãos. Não tem a mínima noção do que está a dizer. Apresenta argumentos falaciosos e um discurso nitidamente encomendado.

 

Em relação aos outros países ex-colonizadores, que nunca fizeram, nem tiveram necessidade de fazer “acordos” com as ex-colónias, nem nunca se vergaram a elas, em sentido algum, o autor é de uma colossal ingenuidade.

 

O autor não sabe o que é uma Língua culta. Não sabe o que é uma língua viva. Não sabe o que é uma língua estruturada. Não sabe que uma Língua não pode andar por aí à balda, ao sabor dos interesses de mercenários ignorantes, e também ao sabor de como se fala, porque seria, aliás, como é, uma rebaldaria, porque o modo de falar varia tanto, que teríamos uma babel ortográfica, aliás, como já temos, absolutamente única no mundo.

 

O autor disse que nós não somos os donos da Língua Portuguesa. Não somos nós, nem ninguém, para que venham agora mandar-nos escrever a NOSSA Língua à maneira dos brasileiros. Herdámos uma Língua Culta e bem estruturada, e é nosso dever defendê-la.

 

O autor do texto apresenta números, como se os números tivessem alguma importância. A mim, não me interessa que mais de 200 milhões de pessoas escrevam incorreCtamente o Português. A mim interessa-me que os dez milhões de Portugueses, esta minoria europeia, escreva correCtamente a Língua Oficial de Portugal. Os néctares sempre se guardaram em pequenos frascos. O que interessa é a qualidade da escrita, não a quantidade de pessoas que a escrevem incorreCtamente.

 

Diz o autor do texto que «O processo que conduziu ao Acordo Ortográfico foi complexo, moroso e muitas vezes interrompido».

 

Mentira.

 

O acordo ortográfico de 1990 não existe. É uma fraude. O que existe é uma ortografia brasileira, que está em vigor desde 1943, e que uma minoria pretende impingir-nos como um "acordo" dos países lusófonos, ao qual apenas Portugal, servilmente, aderiu. Porque os restantes países estão-se nas tintas para este mal-amanhado AO90.

 

E o autor diz mais: «Entre 1931 e 1943, a Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras mantiveram contactos e negociações que permitiram que, em 1943, fosse assinada uma Convenção Ortográfica entre Portugal e o Brasil. A tentativa de acordo não vingou».

 

Ora sejamos honestos. A convenção de 1945 foi assinada entre o Brasil e Portugal, mas o Brasil, esteve-se nas tintas para Portugal, rasgou essa papelada e continuou a escrever conforme a ortografia que adoptou em 1943, e Portugal seguiu em frente com a ortografia que ainda hoje é a ortografia oficial de Portugal, ou seja, a gerada nessa convenção assinada em 1945, e que o Brasil decidiu assinar, mas não cumprir. Porquê agora Portugal tem de se vergar a essa ortografia brasileira, a que convencionaram chamar AO90, para disfarçar?

 

Na discussão deste tema, o autor julga que deverão ser ponderadas primeiro a necessidade e a oportunidade e, depois, os custos de uma eventual alteração.

 

Primeiro, é urgente, necessário e oportuno acabar de uma vez por todas com a mixordice em que se transformou a Língua Portuguesa, e depois, o que aqui está em causa não são os custos da devolução da Língua Portuguesa a Portugal (assim é que é), porque quem lucrou com esta vergonhosa negociata deve ser julgado pelos crimes de linguicídio e de lesa-pátria, e pagar a factura advinda desses crimes. O que aqui está em causa é o absurdo deste servilismo.

 

Mais adiante o autor do texto diz esta coisa brilhante: «As línguas são vivas e tendem a diversificar-se. Acho preferível haver um acordo, mesmo que não seja perfeito, do que deixar a língua à solta, sem nenhum mecanismo que procure regulá-la. Não sou linguista, mas para falar de política de defesa nacional não é preciso ser militar…»

 

Que não é linguista, já se viu, através dos disparates que escreveu. E para se falar de política de defesa nacional até pode ser que não seja preciso ser militar, mas uma coisa é precisa: saber o mínimo daquilo que se está a falar, para não cozinhar uma caldeirada de disparates, como aqui foi cozinhada, e dizer que um caça russo atracou no cais do Sodré.

 

Prosseguindo o autor diz: «Os peritos dos oito países lusófonos decidiram valorizar a pronúncia em detrimento da etimologia». Que peritos dos oito países? Se só dois imperitos Evanildo Bechara e Malaca Casteleiro, e dois países, Brasil e Portugal, andaram a engendrar um modo de impingir aos outros seis países lusófonos, a ortografia brasileira, que eu aprendi, no Brasil, na escola primária? E desses países apenas Cabo Verde cedeu, numa primeira fase, mas logo pôs o Português para segundo plano, considerando-o língua estrangeira, e deu prioridade ao Crioulo Cabo-verdiano, no que fez muito bem.

 

Em todo este processo, nunca existiu nenhum “acordo internacional”, e a imposição a Portugal da ortografia brasileira, disfarçada de acordo, é obviamente ilegal e inconstitucional, uma ilegalidade e uma inconstitucionalidade a que o Presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, dá cobertura.

 

E o autor prossegue, tentando, falaciosamente, virar o bico ao prego. Diz ele: «Falemos agora dos custos de um voltar atrás que continuo a esperar que possa ser evitado. Existem factos consumados. A partir do ano letivo (lê-se l’tivo) 2011-2012, as nossas crianças começaram a aprender a nova grafia. Se os pais e os avós quiserem ajudá-los nos trabalhos de Língua Portuguesa, terão de conhecer e respeitar o seu modo de escrever. Mudar as regras a meio da aprendizagem implicaria lançar a confusão numa geração inteira de miúdos».

 

Que grande bojarda!

 

Primeiro, não existem factos consumados. Na verdade, as crianças não aprenderam a nova grafia (a grafia é nova em Portugal, mas muito velha no Brasil), o que aconteceu foi que no ano leCtivo de 2011/2012 elas começaram a desaprender a escrever a sua Língua Materna. Assim é que é. Os pais e os avós jamais terão de “respeitar” algo que as próprias crianças já estão a rejeitar, porque escrevem correCtamente director em Inglês, e incorreCtamente diretor (que pronunciam e muito bem dir’tor) em Português. Por alma de quem?

 

Segundo, as crianças têm uma capacidade infinita de aprender e desaprender tudo e mais alguma coisa. Assim como aprenderam a escrever mal, mais depressa aprenderão a escrever bem a sua própria Língua, ainda mais se estão a aprender também Inglês, ou Francês, ou Castelhano. Aprender o Português integral é muito mais fácil, pois se elas têm capacidade de escrever, por exemplo, “thought”, em Inglês, mais facilmente aprenderão a escrever director, actor, baptizado, factura, objecto, activa, acção… etc.. se tantas gerações antes desta conseguiram, porque não a actual? As crianças de hoje serão mais estúpidas do que as de antanho? Ou esta minoria acordista medirá a inteligência das crianças pela incapacidade deles próprios escreverem as consoantes mudas?

 

E confusas andam já as crianças com este mixordês que estão a impingir-lhes, e até já se questionam a este respeito. É que elas não são parvas.

 

E se eu, que apreendi a ler e a escrever no Brasil, nesta ortografia que agora nos querem impingir, e tive de a desaprender quando vim para Portugal, e tornei a aprender quando fui novamente para o Brasil, e tornei a desaprender quando regressei ao meu País, durante a minha infância, adolescência e juventude, e consegui, porque não as nossas crianças?

 

E não me venha dizer que o «Acordo Ortográfico modificou a grafia de uma minoria de palavras (1,6% em Portugal e 0,5% no Brasil). Para os brasileiros, as diferenças maiores assentam no uso do hífen e na acentuação dos ditongos».

 

Todas, ou quase todas (pois os brasileiros pronunciam umas poucas consoantes que nós não pronunciamos) as palavras às quais retiraram as consoantes mudas, fazem parte da ortografia brasileira, assente na italianização dessas palavras. Com este falso “acordo” os Brasileiros não têm de aprender nada, a não ser suprimir acentos e hífens, onde eles são necessários, o que eles se recusam a fazer, e fazem muito bem.

 

É que a Língua Portuguesa não é nossa, mas também não é dos Brasileiros ou dos outros países lusófonos. A Língua Portuguesa é simplesmente de quem a DEFENDE, na sua integridade e na sua raiz europeia, e não de quem a destrói e a descaracteriza.

 

Para finalizar pasmemo-nos.

 

Diz o autor do texto em causa: «Modernamente, existem mecanismos poderosos de regulação da linguagem que não precisam de ser acordados. De início, foram apenas os livros. Apareceu, depois, a rádio e, agora, é principalmente a televisão. Tanto o modo de falar dos locutores como a dicção dos personagens das telenovelas irão ter uma repercussão determinante. A pronúncia é também uma questão de moda».

 

Pois… as novelas! Foram o começo da colonização de Portugal pelo Brasil.

 

Esperemos que haja lucidez, e que o Presidente da República Portuguesa reponha a legalidade e a constitucionalidade, exigindo ao governo de António Costa que devolva a Portugal a Língua Portuguesa.

 

Isabel A. Ferreira

***

Comentário:

AFMata 7 de agosto de 2017 às 16:06 

Isto “não é uma questão de opinião, mas sim um problema jurídico” e que o processo ficou pela fase da ratificação, o que não chega para pôr um acordo em vigor.
O acordo (o aborto) “nunca reuniu unanimidade dos países de expressão portuguesa, nunca esteve em condições, nem está, de poder entrar em vigor, porque Angola e Moçambique e também a Guiné-Bissau, não o ratificaram, nem o ratificam. Se pretendessem fazê-lo já o teriam feito há bastante tempo, por isso este acordo que não é acordo nenhum, apenas um aborto, é manifestamente inconstitucional, apoiado numa resolução do conselho de ministros, imposto à viva força a todas as instituições do Estado, incluindo a Educação, à revelia dos Estados de expressão portuguesa como acima se refere, a não confirmação autêntica do que foi prometido, a não validação ou comprovação do seu conteúdo) !

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:24

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Quarta-feira, 15 de Novembro de 2017

SÓ PARA LEMBRAR...

 

GREVE.png

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:49

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Terça-feira, 14 de Novembro de 2017

«4379 CIDADÃOS PARA A LÍNGUA PORTUGUESA»

 

A existência do AO90 é insustentável — e, no entanto, o AO90 arrasta-se.

 

RUI VALENTE.jpgRui Valente

Opinião

4379 cidadãos para a Língua Portuguesa

A existência do AO90 é insustentável — e, no entanto, o AO90 arrasta-se.

 

14 de Novembro de 2017, 7:43

 

No Verão passado, fez agora um ano, tive o azar de dizer em voz alta: “Move-se. E, desta vez, não me parece que possa ser parada.”

 

Referia-me à Iniciativa Legislativa de Cidadãos (ILC) contra o Acordo Ortográfico (AO). Este movimento acabava de ganhar um novo fôlego com a redução do número de assinaturas necessárias para apresentar uma ILC no Parlamento (de 35.000 para 20.000) e com a possibilidade de recolhermos as assinaturas em falta por via electrónica. Para cúmulo das facilidades, até o vetusto n.º de eleitor desapareceu, deixando de ser necessário para a subscrição. Cheguei a ponderar um “não pode ser parada”. Felizmente, mantive o “não me parece” — salvei-me assim do pecado da soberba, limitando-me a ser ingénuo.

 

Em meu abono, convenhamos que o cenário era francamente animador. Se foi possível reunir mais de 14.000 assinaturas no tempo das vacas magras, quando era preciso assinar fisicamente um papel e enviá-lo pelo correio, não haveríamos de conseguir agora uns meros 5000 e poucos cliques de rato? Parecia fácil. Parece fácil, ainda hoje...

 

O Acordo Ortográfico sempre foi um desastre, sob todos os pontos de vista: científico, político, social. A fuga para a frente e a insistência na sua aplicação só tem servido para agravar ainda mais o estado da ortografia no nosso país. Neste contexto, reunir as assinaturas em falta parecia uma brincadeira de crianças. O que correu mal?

 

Aconteceu um pouco de tudo. Para começar, a plataforma Causes acabou — de uma assentada, perdemos o contacto com mais de 120.000 seguidores da ILC. As únicas vias de comunicação com os nossos subscritores passaram a ser a nossa página no Facebook, com cerca de 9500 seguidores, e o sítio oficial da ILC, em www.ilcao.com.

 

Aconteceu, também, a dispersão dos próprios anti-acordistas. É um fenómeno estranho, mas real: há quem assine tudo o que for contra o AO... excepto esta ILC. Queixas na Provedoria, petições, cartas abertas, pedidos de referendos, manifestações e até — pasme-se — uma petição “com valor simbólico de ILC”. Tudo é preferível à participação numa ILC a sério.

 

Nenhuma daquelas iniciativas produziu resultados. Mas, a cada revés, os seus promotores optam sempre por começar algo novo, a partir do zero. Apoiar uma ILC praticamente concluída parece estar fora de questão.

 

Que mais pode acontecer? Que tal uma nova mudança nas regras das ILC? Sim, a notícia do fim do n.º de eleitor revelou-se algo exagerada. Esta ILC pôs de pé um portal para subscrição online da Iniciativa mas, passado menos de um ano, eis que esse portal se torna obsoleto. Lá tivemos de meter novamente mãos à obra, acrescentando os campos que, aos olhos da Assembleia da República, são afinal imprescindíveis.

 

Tudo isto — "redes sociais" que não funcionam, tiros no pé de anti-acordistas e burocracia da Assembleia da República — afecta bastante a luta contra o Acordo.

 

Mas nada é tão pernicioso como o muro de indiferença que continua a rodear este assunto. A existência do AO90 é insustentável — e, no entanto, o AO90 arrasta-se. Este paradoxo, alimentado pelo desnorte de sucessivos governos no capítulo da Língua, é um duro teste à nossa capacidade para resistir ao disparate.

 

A própria Assembleia da República contribui para o marasmo ao criar (mais) um Grupo de Trabalho para avaliar o impacto do AO90, cuja única conclusão, até ao momento, é a de que deve continuar a avaliar.

 

Mas há mais e pior: a anunciada "revisão" do AO90, que ameaça tornar-se a machadada final no Português Europeu. Para já, o único resultado desse anúncio parece ser uma anestesia ainda maior da luta contra o Acordo.

 

Vêm-me à memória as palavras de Nuno Pacheco, redactor-principal deste jornal: "Valha-nos, ao menos, a insistência da Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o acordo. Deviam assiná-la todos os que ainda não perderam a coragem."

 

Subscreva gratuitamente as newsletters e receba o melhor da actualidade e os trabalhos mais profundos do Público.

 

SUBESCREVER A ILC AQUI:

https://ilcao.com/subscricoes/subscrever.

 

Pela parte que nos toca, não contem connosco para deitar a toalha ao chão. O “endereço” para a subscrição electrónica aqui fica: https://ilcao.com/subscricoes/subscrever.

 

Se estão fartos de petições, de iniciativas de referendo ou de promessas de revisão, assinem. Se nunca ouviram falar desta ILC, assinem. E se tiverem 4379 amigos*, tragam-nos também. O futuro da Língua Portuguesa está nas vossas mãos.

 

*N.º de assinaturas que faltam para as 20.000

 

Fonte:

https://www.publico.pt/2017/11/14/culturaipsilon/opiniao/4379-cidadaos-para-a-lingua-portuguesa-1792332?page=/opiniao&pos=1&b=list_opinion

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 14:51

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