Por muito que os apátridas e os traidores e os desafectos façam e desfaçam, queiram ou não queiram, gostem ou não gostem, HOJE é o dia em que os Portugueses, nascidos em Portugal, celebram o que lhes pertence, o que faz parte da sua Cultura, da sua Identidade, da sua História, não só do Poeta como da sua Língua, e não haverá ninguém, por muito imbuído que esteja de má-fé, que possa destruir esta unidade que faz de nós um Povo que tem uma Pátria, uma Língua, uma Cultura, uma História, que são das mais antigas da Europa.
E isto é algo de que devemos orgulhar-nos. Não é um crime. É algo muito natural, excepto para as mentes retorcidas da ala mais ignorante da nossa sociedade.
O que é anormal é rejeitar o patriotismo de quem tem uma Pátria, um lugar seu, onde estão as suas raízes, as raízes de quem ama essa pátria, esse lugar seu, de quem se orgulha de ser de onde é, sem culpas, sem ódios, sem maquinações desviantes, sem subserviências, sem complexos de inferioridade.
Um tempo houve, em que os Portugueses deixaram o seu País, no passado, tal como hoje, pequeno e pobre, e se aventuraram pelo imenso mar afora, em busca de melhor vida, e nessa demanda, acabaram por dar novos mundos ao Mundo, e a abrir caminhos marítimos, contribuindo, desse modo, para o primeiro fenómeno de globalização do Planeta Terra.
E foi essa saga que Lvis Vaz de Camões celebrou no seu Poema Épico «Os Lusíadas», ficando ao nível de Homero, com a sua «Ilíada» e «Odisseia», de Vergílio, com a sua «Eneida», de John Milton, com o seu «Paraíso Perdido», do «Épico de Gilgameš», da «Canção de Rolando», entre outros.
Este dia é, pois, de Portugal, e não há mal nenhum em o ser.
Apenas para os apátridas, para os traidores e para os desafectos celebrar o dia de Camões, da Língua Portuguesa [que foi banida destas comemorações, depois de os políticos portugueses se vergarem ao Brasil] de Portugal e dos Portugueses, estando aqui incluídos os milhares e milhares de emigrantes mais os seus descendentes, espalhados pelos quatro cantos do mundo, é algo que já não faz sentido. Não faz sentido para eles, que não conhecem Camões, que desprezam a Língua e a Cultura Portuguesas e a História de Portugal, venerando, desse modo, a Santa Ignorância, e rendendo-se à mais sórdida estupidez.
Hoje, os Portugueses, que se prezam de o ser, celebram a Portugalidade no seu todo, e a Portugalidade não é nenhum palavrão que não possa pronunciar-se desassombradamente.
Pobres daqueles que não têm Pátria, ou tendo-a, não sabem o quão importante é ter uma Pátria, para poder regressar ao ninho, regressar às origens, que fazem parte do nosso ADN existencial, que integra uma panóplia de Povos, Culturas e Línguas que completam este nosso modo de ser português.
Sem uma Pátria, sem uma Língua, sem uma Cultura, sem uma História, sem uma Origem nada mais somos do que seres mortos-vivos à deriva num mundo onde a única coisa visível são as suas próprias sombras.
Posto isto, espero que o próximo Presidente da República Portuguesa saiba dar significado ao Dia em que ao morrer o Poeta maior de Portugal, o Poeta que também pertence ao Mundo, Portugal ganhou uma nova dimensão, modelada nos versos d’«Os Lusíadas» que cantaram os nossos feitos, elevando a Língua Portuguesa aos píncaros da sua grandeza linguística, que, no entanto actualmente, está a ser selvaticamente destruída.
E não haverá ninguém que possa romper este elo da alma de um Povo que soube cumprir o seu destino, apesar de todos os pesares, que sempre ensombram o percurso do Homem, na sua natural metamorfose evolutiva.
E o que importam os apátridas, os traidores, os desafectos, se ficarão à porta da História?
Vou transcrever aqui a análise publicada no Facebook, que João Cruz fez à entrevista que o Almirante Gouveia e Melo concedeu à TVI/CNN, com a qual concordei, na sua generalidade, tendo apenas um reparo a fazer.
Aguardei esta entrevista com grande expectativa, porque só sabia três coisas acerca do Almirante: que ele foi muito eficiente ao coordenar a vacinação durante a pandemia da Covid-19; que ele levava à risca a sua missão na Marinha, cumprindo as regras, as leis e o seu DEVER escrupulosamente; e que NÃO grafava correCtamente a sua Língua Materna, a Língua Portuguesa, requisito essencial num Presidente da República, a ser, tendo aderido ao ilegal e inconstitucionalacordo ortográfico de 1990 (AO90), que viola a Constituição da República Portuguesa (CPR).
Além isso, se for eleito Presidente da República será seu DEVER defender a CPR, algo que o ainda PR, Marcelo Rebelo de Sousa, não fez, e, para tal, terá de eliminar o ilegal e inconstitucional AO90, a peste negra que contamina a qualidade do Ensino, em Portugal, país que está a perder a sua identidade linguística e a sua condição de País livre e soberano.
E isto, para um Almirante a ser Presidente da República Portuguesa, não será coisa de pouca monta, para desprezarabo. Penso eu!
Isabel A. Ferreira
Texto de João Cruz
Henrique Gouveia e Melo deu hoje a sua primeira entrevista pública à CNN/TVI. Para quem achava que só quem tirou os cursos da política é que pode ser presidente da república, as esperanças caíram por terra, e já devem ter ficado a perceber que Gouveia e Melo está bem preparado para os enfrentar e, provavelmente, pronto para "os meter no bolso". Frequentámos a mesma "Alma Mater" durante 4 anos e as características que lhe conheci há 45 anos não mudaram. É claro a expor, é disciplinado, e não tem medo de ter opinião. Dificilmente perderá estas eleições, não só por se ir confrontar com palradores teatrais, como por ir suceder a um presidente que cansou pelo estilo. Não é comparável a ninguém nem quer ser.
Na entrevista, que durou cerca de uma hora e tocou em muitos assuntos, revelou que decidiu avançar em Setembro do ano passado quando percebeu que íamos ter um Trump na América. É positivo, porque Trump faz dos "bananas" uns bonecos de trapos.
Não gosta de julgamentos públicos, da ausência de sigilo, e de corrupção, nem quer ser apoiado por partidos políticos ou grupos organizados. Quanto a André Ventura, talvez uns dos grandes perigos à sua candidatura, foi muito claro: não concorda com o que diz e faz, mas não deixaria de o eleger se ganhasse eleições.
Foi esclarecedor quanto à imigração: somos tolerantes, mas a emigração tem de ser regulada, e não queremos importar intolerância estrangeira. Aborto está decidido há muito e eutanásia é aceitável em condições muito específicas. Não defende o SMO como o conhecíamos, mas é importante que os militares que saem dos contratos façam voluntariamente reciclagens para dar corpo a um efectivo robusto em caso de necessidade. A melhor defesa é a dissuasão.
A cidadania nas escolas deve existir e não ser ideológica. Os governos não devem cair de qualquer maneira. A Palestina tem direito a ser um Estado e o genocídio que Israel está a levar a cabo tem de acabar.
O SNS não evoluiu proporcionalmente ao dinheiro investido ao longo do tempo. Não se acha o D. Sebastião nem tem uma varinha de condão, mas exercerá a magistratura de influência mantendo o foco nos principais problemas na ordem do dia pressionando o governo para arranjar soluções. Veste a camisola de Portugal e não tem medo dos outros candidatos porque não teme a democracia.
Gouveia e Melo teve e terá de vencer aqueles que pensam que os militares são portugueses com direitos diminuídos e que um país que tenha um militar na presidência tem algum tipo de doença.
Os comentadores de todas as televisões tentam a todo o custo encontrar-lhe contradições e fraquezas, mas não está a ser fácil que o povo os compreenda.
Escolheu um mandatário que podia ter evitado. Havia outros com muito mérito sem cursos de política.
Gouveia e Melo entrou bem e à frente dos outros todos que, se antes já tinham dificuldade em lhe morder os calcanhares, agora ainda vão ter mais dificuldade.
«O que existe na literatura que lhe confere um potencial de sedução e/ou de atracção? No ensaio O Poder da Literatura: Café Martinho da Arcada (1984-1992) da Professora Maria do Carmo Vieira, evidencia-se a necessidade de expor os alunos a textos literários, desde muito cedo, dada a sua importância na educação da sensibilidade, na formação do pensamento crítico e no incentivo à intuição e à apreciação estética da palavra. Releva-se igualmente como fundamental a partilha de experiências de leitura de um professor, factor determinante, neste caso, na criação de um expressivo elo de ligação entre alunos e o espaço emblematicamente pessoano – o Café Martinho da Arcada – de que resultou uma acção concreta, em prol da cultura e do património.»
***
Comecei a ler o livro com muito entusiasmo pelo possível e plausível desfecho desta iniciativa, encetada pela Professora Maria do Carmo Vieira, que, por via da Literatura, mais concretamente da apresentação de textos literários de Fernando Pessoa aos seus alunos, conseguiu que eles se entusiasmassem pela aventura do projecto de recuperação do célebre Café Martinho da Arcada, localizado no Terreiro do Paço, e frequentado pelo Poeta, e onde ele escreveu muitos dos seus textos, à época (1983) muito degradado e em vias de fechar, como fecharam muitos outros estabelecimentos da baixa lisboeta.
O livro conta-nos, de um modo entusiasmante, esta história linda, iniciada em 1983, pela mão da Professora Maria do Carmo Vieira, que desempenhou um papel importantíssimo ao levar até aos seus alunos a Literatura. O livro é interessantíssimo, poderoso, está muito bem escrito, e conforme pode ler-se na contracapa «(...) é um manifesto apaixonado sobre o poder de a literatura inspirar novos interesses e paixões e desencadear mudanças na sociedade. Defende também o papel fundamental do professor de Português como transmissor de um legado cultural, que desafia imposições e métodos, evidenciando o contraste entre o sentido da literatura, arte da palavra, e o utilitarismo de um texto funcional».
E mais não conto, para não retirar aos leitores a surpresa que nos espera no capítulo 4. Persistência da APAMA [Associação Pessoana dos Amigos do Martinho da Arcada] e última iniciativa (1990-1991).
Para finalizar, e tendo conhecimento de que inúmeros leitores deste Blogue não adquirem livros que estejam de acordo com o imponderado AO90, deixo aqui a informação de que a autora d’ O Poder da Literatura: Café Martinho da Arcada (1984-1992), não sendo cúmplice da ilegalidade vigente, escreve de acordo com o que foi estabelecido na Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de 1945, pelo Decreto nº 35.228 de 08 de Dezembro de 1945, actualmente em vigor, “de jure”, em Portugal.
Um livro que, por todos os motivos, recomendo vivamente.
Peço a todos que me perdoem a ousadia de enviar este mail para muitos inesperado; faço-o para que este dia seja de luta e não de luto, para que os ideais de Abril se mantenham límpidos e acima de qualquer suspeita.
Por favor leiam esta carta e partilhem, se possível, para que este assunto não esmoreça e consigamos que a nossa Língua e ideais de Liberdade, prevaleçam e floresçam sobre a poeira que polui a cidade:
Neste dia em que Abril abriu portas para o mundo, descerrando os olhos para a luz e a mente para o sonho da Liberdade, sinto-me órfã; muitos daqueles com quem percorri as ruas e com quem entreteci sonhos de democracia e liberdade, traíram-nos, pois apoderaram-se da nossa Língua e a mutilaram e desfiguraram, impondo esse corpo maltratado e torturado às nossas bocas e aos nossos olhos.
Em nenhum momento nos ouviram e de todas as vezes que falámos ridicularizaram-nos; difamaram-nos chamando-nos retrógrados e achincalharam a nossa tristeza apelidando-nos de histéricos. Criaram climas de opressão dentro dos grupos, verdadeiros miasmas que isolaram as vozes discordantes; ignoraram cartas e até petições várias com um número de assinantes sempre crescente, continuando sempre a dizerem-se democratas e grandes defensores da Liberdade, enquanto nos reprimiam.
Ninguém os mandatou para transformar a Língua, isso nunca esteve nos programas eleitorais e foi, como já referi, reprimida a discussão do assunto dentro dos próprios partidos; sei disso porque estive no Bloco de Esquerda na altura e por essa razão saí.
A iliteracia resultante, o caos na e da comunicação, a desorientação, a perda súbita do domínio da própria linguagem e a fragmentação da memória colectiva, resulta na desagregação da identidade do povo e no seu enfraquecimento.
Quem enfraquece assim um povo não o ama.
Embora (alguns dos actores deste processo) trabalhem para o seu bem-estar noutros e variados aspectos, deixam o recado inequívoco de que têm na sua génese a pulsão do domínio e do controle sobre os cidadãos porque se consideram acima deles.
Apropriar-se, desfigurar e impor uma Língua desestruturada calando as vozes dissonantes, é um acto que revela claramente: a ditadura está viva.
E esta é uma sevícia que nos é infligida por uma oligarquia votada por nós.
Somos todos responsáveis, por isso, boicotemos esta imposição, esta coisa ditatorial e nefasta; sacudamos, em nome de Abril, esta poeira radiactiva e escrevamos na nossa maravilhosa Língua que nos foi legada.
Rebelemo-nos mantendo vivo o símbolo da nossa identidade cultural, contra a repressão e a colonização das nossas mentes!
Não nos deixemos manipular nem intimidar. Ousemos praticar Abril para que as suas portas permaneçam abertas à verdade, à democracia e ao impoluto desejo de nos mantermos livres e inteiros.
Obrigada.
Maria Morais
25 Abril de 2019 Dignidade para a Língua Portuguesa! Abril JÁ!
O que se há-de dizer depois desta tormenta que se implantou sobre a sociedade portuguesa?! Para mim apenas revolta já que Portugal, como eu o conheci e que me ensinaram em criança, morreu.
Passou de colonizador a colonizado pelo primeiro país a libertar-se do colonizador.
Como português não sinto complexo de ter sido "colonizador" já que todas as sociedades são colonizadas continuamente umas por outras na sua marcha evolutiva, mas parece que a memória colectiva de Portugal se deixou colonizar pelo colonizado.
Quem deveria responder pela Língua Portuguesa deveriam ser os Portugueses que a criaram e olharam pela sua manutenção ao longo dos séculos, mas nesta fase da "evolução " é colonizado o próprio colonizador com a agravante de ser por um dos seus filhos que não aprendeu bem a lição da Língua Portuguesa.
Optou por outra Norma de Português e deitou ao lixo a gramática portuguesa.
O "esta" sai sempre "está" já que não existem pronomes demonstrativos nem pronomes pessoais nem muitas coisas mais.
Depois de as multinacionais digitais entrarem em acção e ter sido o Brasil a tomar conta do recado no que diz respeito ao uso da Língua Portuguesa, eis o resultado disto tudo. Este é o meu ponto de vista já que o sr. Aníbal Cavaco Silva disse serem os brasileiros o maior número de falantes de Português e o sr. Sócrates deu a última ordem, mas enganaram-se já que eles não aprenderam Português porque nunca aceitaram as reformas da língua desde 1911, e por isso, escrevem mal uma língua que não é deles mas usurparam-na e agora são donos e senhores do que não foi seu e até nos cortam o que não gostam de ouvir ou ler.
As "elites" em Portugal na matéria parece nem terem sido ouvidas ou se foram não deram resultado do seu ponto de vista, assim como os profissionais da língua, portanto, tudo se foi pondo a jeito para dar este resultado.
É necessário consciencialização na sociedade sobre o caso, mas a sociedade portuguesa actual anda demasiado ocupada com coisas menores e tricas partidárias e a Língua Portuguesa e outros projectos de estratégia nacional parecem não ser assim tão importantes.
«Portugal é um braço do Paquistão e da Índia», disse ele, mas, no Brasil, há quem diga que Portugal é o 28º Estado brasileiro. Vou mais por aqui, uma vez que os governantes portugueses são vassalos desta ex-colónia.
Concebo que Portugal seja um braço não só do Paquistão e da índia, como também do Bangladesh, de Angola, de Cabo-Verde, de Moçambique, de Timor-Leste, de São-Tomé-e-Príncipe, da Guiné-Bissau e até de outras comunidades estrangeiras, menos visíveis.
Mas do Brasil, Portugal é o corpo inteiro.
E ele diz que quem está entregando Portugal está desonrando os seus antepassados.
É isso aí! Mas não só estão a desonrar Portugal, como estão principalmente a desonrar os seus próprios filhos, os seus descendentes, não lhes deixando o País que os nossos antepassados ergueram com muito sangue, suor e lágrimas, para que as gerações futuras pudessem dizer que tinham um País!
Eu faço parte da última geração que ainda teve um País. Os meus filhos e os meus netos e os que ainda hão-de vir, já não podem dizer o mesmo, porque já começam a ser apátridas dentro do seu próprio País: sem Língua, sem História, sem Cultura, sem Futuro.
E isto graças aos que por um prato de lentilhas hipotecaram a própria coluna vertebral.
Com o título acima referido, recebi do amigo J. Antunes a seguinte mensagem:
«Eis uma – triste – notícia mais que sinaliza uma manobra de bastidores que visa acabar com a ideia do Português. Calculo que tenha conhecimento deste espaço informativo – Página UM –, mas para garantir que não lhe escapa o artigo em questão, envio-lhe a ligação, que bem pode servir para a Isabel escrever uma nota mais na sua página, que ainda ontem mostrei a alguns conhecidos, aqueles que falam “não gosto do Aborto”, mas nada mais fazem do que queixar-se, quando o assunto é tocado. E depois voltam-me costas. Como farão agora os que vão receber esta informação, que vou espalhar para confirmar que se trata tudo de um esquema para fazer desaparecer o Português. E pensar que houve um tempo em que se mostravam, em conversas sobre a relação Portugal/Japão, palavras japonesas resultantes do contacto com os Portugueses, que foram os primeiros Europeus a visitar o Japão e a trazer de lá a primeira embaixada, uma história que faz parte da História do Japão. Agora, o Português é simplesmente apagado. Porquê?»
Há muito que alerto para este facto: os políticos portugueses, que têm as rédeas do poder nas mãos, estão empenhadíssimos em fazer desaparecer o Português, faz tempo! O motivo é a ausência de coluna vertebral. Rastejam demasiado quando lhes acenam com os "milhões". E algum dia milhões foi sinónimo de Português correCto?
Isto não é só um acto de ignorância. Por detrás disto há também uma negociata muito suja, que vem do tempo em que o enciclopedista brasileiro-libanês, Antônio Houaiss, se lembrou de engendrar o AO90, que os políticos portugueses, desprovidos de coluna vertebral, se apressaram a adoptar, à ceguinha.
Cá é só calcar a nossa História, a nossa Língua, a nossa Cultura, com as chancas do Poder. Que vergonha sinto, desses polichinelos da política!!!!
Na Exposição Universal de Osaka, em pleno 2025, sobre a qual hoje escrevi para falar dos gastos, fiquei estupefacto com uma constatação: o pavilhão de Portugal optou por apresentar-se ao mundo sem uma única mensagem em português. Nas projecções que “recebem” os visitantes, apenas se lêem mensagens em japonês e em inglês. Presumo que a palavra Portugal apareça como Portugal porque assim se escreve em inglês.
Esta aberração num projecto de quase 26 milhões de euros — que é o que custará aos cofres públicos a presença portuguesa em Osaka — não se trata de um lapso trivial. Trata-se de uma vergonha. Uma vergonha diplomática. Uma vergonha cultural. E, sobretudo, um acto de ignorância desmedida da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) sobre a própria História de Portugal — precisamente no Japão, um país onde o português foi, durante décadas, a língua da diplomacia, da fé, do comércio e da ciência.
Ricardo Arroja e as “alminhas” da AICEP podem não saber da riqueza histórica entre Japão e Portugal, nem sempre pacífica quando mundos se contactam pela primeira vez. Mas, se tiveram mais de 13 milhões de euros para montar um edifício com 10 mil cordas, talvez por meia dúzia de patacas (não as de Macau, que isso é China) pudessem contratar um historiador.
Se tiveram 200 mil euros para contratar a Ernst & Young para lhes fazer a contabilidade, poderiam ter contratado a decência para lhes explicar que, quando se promove Portugal, só se promove com a língua portuguesa, porque, como escreveu bem Fernando Pessoa (ou Bernardo Soares), “minha pátria é a língua portuguesa”.
Num país que se envergonha pelo que faz no presente, parece agora querer vilipendiar o passado. Quer apagar da História Universal que o primeiro grande contacto da Europa com o Japão moderno foi feito por intermédio dos portugueses. Em 1543, três navegadores — António da Mota, António Peixoto e Francisco Zeimoto — ancoraram nas ilhas nipónicas, dando início a uma relação de trocas e fascínio mútuo que marcaria profundamente ambos os povos.
Fernão Mendes Pinto, na sua Peregrinação, misto de verdade e ficção, reclama para si um lugar nesse feito inaugural, descrevendo com minúcia a sua chegada ao Japão, o assombro dos locais perante as armas de fogo portuguesas e o espanto recíproco perante os costumes e a cultura. É dele um dos primeiros retratos europeus do Japão — colorido, cheio de admiração e revelador de um encontro entre civilizações.
Na sua narrativa, refere a entrega de espingardas a um senhor feudal japonês e o impacto profundo que esse gesto teve, ao ponto de modificar para sempre o modo como os japoneses concebiam a guerra. Mais do que uma crónica de aventuras, a Peregrinação de Fernão Mendes Pinto é um testemunho vivo da presença portuguesa no Japão do século XVI. E é, também, um monumento literário que dá voz à nossa língua nas lonjuras do Oriente.
Recorde-se ainda que Francisco Xavier, missionário jesuíta português, foi um dos primeiros evangelizadores do arquipélago. A cidade de Nagasáqui foi doada aos jesuítas portugueses. A primeira gramática da língua japonesa foi redigida por um português. A imprensa de tipos móveis foi introduzida por missionários portugueses. A língua portuguesa foi, até ao século XVII, o veículo oficial da comunicação dos japoneses com o mundo. Que país mais poderá reivindicar tal feito no Japão?
E como poderemos honrar, com esta postura, esse insigne vulto que foi Wenceslau de Moraes, que nos deixou um legado sobre o Japão em tantos escritos? Logo ele que, por lamentável ironia, até foi cônsul em Osaka…
E, no entanto, o Portugal de 2025 apresenta-se no Japão ignorando a sua própria língua — como se o português fosse um fardo do passado, um acessório irrelevante, uma relíquia a esconder. Como se a língua de Camões e de António Vieira, de Eça e de Pessoa, não merecesse aparecer agora num dos países que primeiro a escutaram no Extremo Oriente. Este apagamento não é casual. É sintoma de um Estado que já não se entende como Nação, que prefere o inglês da conveniência ao português da identidade.
Numa era em que o multiculturalismo é brandido como bandeira, Portugal é dos poucos países que insiste em esconder a sua Cultura para parecer moderno. Mas não há modernidade possível sem memória. E não há presença internacional digna quando se abdica da própria língua — sobretudo quando essa língua é um dos maiores legados da presença portuguesa no Japão.
O pavilhão português em Osaka já não é apenas um edifício; é uma metáfora da forma como o Estado português se vê a si mesmo: envergonhado da História, ignorante do seu papel no Mundo, submisso aos ditames de uma comunicação global onde tudo se quer nivelado, uniformizado, sem raízes.
Não sou dado a sentimentalismos patrioteiros nem a arroubos diplomáticos, e muito menos me comovem cortejos de bandeiras ou salamaleques culturais. A minha pátria — como bem disse Pessoa — continuará a ser a língua portuguesa. Não me indigno demasiado com quem tropeça no português por ignorância — isso tem cura. Mas o que já me enoja é a opção consciente de apagamento da língua que nos define, como se se varresse Camões para debaixo de um tapete institucional ou se riscasse Pessoa das vitrinas da História.
Com a indiferença burocrática dos que não percebem que se pode vender um país em silêncio, bastando para isso omitir-lhe a fala, a AICEP não cometeu apenas um deslize administrativo — trata-se de um acto simbólico de rendição cultural. E a rendição, quando feita sem disparar um só alfabeto, é ainda mais vergonhosa — porque já nem é traição: é desistência.
A consulta das mais variadas produções escritas de grande difusão continua a ser, na nossa modesta opinião, a forma mais fiável de aferir a qualidade e a estabilidade da ortografia que por aí circula.
Assim, no nosso escrito de Maio, usaremos um exemplo retirado de um órgão da Comunicação Social e um texto de opinião de uma candidata a deputada nas eleições legislativas de 18 de Maio.
1 - «Mycola operava uma retro-escavadora e apercebeu-se das cerâmicas. Deu o alerta ao colega de serviço Yevhen, que diz ter um grande interesse em história e foram juntos entregar os artefatos ao Museu Staroflotski Barracks.
Os especialistas do museu analisaram os materiais arqueológicos e confirmaram mais tarde que o pequeno recipiente cerâmico é uma ânfora grega em miniatura de origem jônica. Tem a configuração de um jarro com duas pegas e um gargalo alto.
Este tipo de artefacto era usado para fins rituais e usada emcerimónias de fúnebres em período grego clássico.
Para além destes artefactos terem feito a viagem da antiga Grécia para a costa norte do Mar Negro, “o fato de os vasos estarem intactos e sem marca de uso - sugere que os indivíduos enterrados teriam um alto estatuto social”.
Junto destes artefatos foram também encontrados restos de esqueletos humanos, entretanto entregues a antropólogos. A análise aprofundada dos vestigios osteológicos dará pistas sobre a vida dos habitantes da região de há 2600 anos.» RTP, 02-04-2025
Ah, como se vê, é uma oscilografia rectígrada que cambaleia, acertando aqui, errando ali…
Ah, os vasos estão intactos… E os fatos?
Outro texto que nos chamou a atenção foi o curioso artigo de opinião (que transcrevemos integralmente) de Joana Amaral Dias, activista política e candidata a deputada pela ADN:
«Os caniches de Bruxelas
Todos os partidos com representação parlamentar – todos! – são responsáveis pelo apagão de 28 de Abril de 2025. Afinal, todos eles, sem excepção, têm sido seguidistas acríticos destas políticas europeias psicopatas: desde a chamada transição energética à dita transcrição digital.
São todos caniches de Bruxelas, focas amestradas de Von Der Leyen e Lagarde, mas, agora, perante o forte abanão que todos levamos, querem hipocritamente posicionar-se como grandes salvadores da situação, críticos das causas do desastre. Balelas. Fungos oportunistas.
A transição energética ou verde é uma das maiores burlas da história da humanidade. Com o pretexto da proteção do clima, não apenas se cobram mais taxas e taxinhas aos pobres cidadãos, como se dá a ganhar muito (mas mesmo muito) dinheiro às empresas dos hidrogénios verdes, dos carros eléctricos, do lítio, etc., escondendo às populações que essas indústrias são tão ou mais poluentes do que os combustíveis fósseis. Além disso, do ponto de vista político estratégico, afunilar todas as fontes de energia na electricidade, colocar todos os ovos no mesmo cesto, é um erro fatal, como se viu neste blackout, como se observou na crise energética aquando do começo da guerra na Ucrânia e da evidente dependência da Alemanha perante a Rússia.
Aliás, esta Europa acarinhada e aplaudida por partidos tão díspares como o Livre ou o Chega, é a Europa Globalista, a que defende sobretudo a centralização, a perigosa centralização com redes de interdependência, que leva a fenómenos dominó como este de dia 28. Esta é a Europa dos grandes interesses e dos poderes fácticos. Não é a Europa dos povos. É a Europa dos tubarões brancos, misantropa e anti-regionalismos, contrária às pequenas e médias empresas, adversa à diversidade e à localização da economia. Nenhum dos deputados tem promovido a nossa autonomia nacional, o Estado Nação, a soberania, na qual se inclui a segurança energética. Nem um.
Já a transição digital, a confiança cega e quase religiosa na desmaterialização é também burlona. Mata o ensino, destrói a medicina e toda a prática clínica, rebenta com a socialização e extermina os nossos direitos, liberdades e garantias. Basta ver a introdução do euro digital e a morte lenta do dinheiro físico para o entender. Aliás, todo o projecto da identidade digital é um caminho despótico e totalitário, que começou com o passaporte digital na era covid que, repito, nenhum partido com assento parlamentar contestou.
Até ao dia 28 de Abril de 2025, nunca se ouviu um pio que fosse de reparo ou reflexão sobre esta Europa a caminho do totalitarismo por parte dos partidos da Assembleia da República. Portanto, que verdadeira convicção podem estar agora a verter nos seus discursos? Nenhuma, claro. Tudo não passa de surfar a onda do momento, de rentabilizar a ocasião, de aproveitamento político. Para a semana, quando o povo já estiver de novo distraído com a bola, a praia e o ordenado que não estica para tudo pagar, já voltam a lamber as botas da Úrsula e Christine. E nós às escuras.»
***
Ah, como se vê, outro exemplo de oscilografia, assinalada a negrito, embora aqui pareça haver alguma vontade de escrever na legítima ortografia de 1945.
Ah, os ingleses, esse povo atrasado, escreve phatic, quando quer dizer fáctico. Com “ph”, vede lá!
Ah, tubarão-branco, em qualquer ortografia, é sempre, sempre com hífen. Hipercorrecção, já deveis ter ouvido.
Ah, a propósito da imagem, copiada da internet, galáctico é a única forma aceite, quer numa, quer noutra ortografia.
Recebi de vários cidadãos portugueses, na diáspora, essa indignada chamada de atenção, e tal como eu, que assisti a tudo, eles também sentiram-se insultados.
Quem não se sente, não é filho de boa gente.
Temos a certeza de que nas Comunidades Portuguesas, na diáspora, existem milhares de filhos de boa gente, que se sentem humilhados com esta usurpação da Língua de Portugal, que nem no seu continente de origem, entre as Línguas originais do Mundo, é respeitada.
Para espanto dos que conhecem as Línguas, e não são poucos, ao ser anunciada a leitura em “Português”, ouviu-se por todo o recinto da Praça de São Pedro os djis e os tchis da Variante Brasileira do Português, NÃO, o Português, Língua de um país europeu chamado Portugal.
O facto de o Brasil ter como Língua Oficial o Português significa apenas uma designação por conveniência política, mas NÃO linguística, porque o que falam e escrevem no Brasil é sem dúvida alguma uma Variante do Português, que, mais dia menos dia, designar-se-á Língua Brasileira.
Acontece que a Variante Brasileira do Português, por muito que queiram, NÃO representa a Língua Portuguesa, do país europeu de seu nome Portugal. Não era a Variante Brasileira do Português que se esperava ouvir na Praça de São Pedro, por todos os motivos e outros tantos...
Ler os textos no Vaticano, como sendo em “Português”, mas com a fonética exclusiva do Brasil, além de constituir um logro, induzindo em erro milhares de ouvintes, é um grave insulto a Portugal. E em ambas as Missas este presente Marcelo Rebelo de Sousa, representando o Estado Português. Mas não foi o Estado Português, berço da Língua Portuguesa, que ali esteve representado, porque Marcelo, sendo também brasileiro, optou pela Variante Brasileira do Português, por isso, não se sentiu insultado, como seria de esperar, ao ouvir chamar Português à sua Variante Brasileira.
O que a mim mais me surpreendeu, foi o facto de termos um Cardeal/Poeta português a ocupar um cargo elevado no Vaticano, o Cardeal Dom José Tolentino de Mendonça, que é Prefetto do Dicastério para a Cultura e a Educação no Vaticano. Anteriormente, foi o Arquivista e Bibliotecário da Santa Sé, tendo sido nomeado como Prefetto do Dicastério pelo Papa Francisco, em Setembro de 2022.
Sei que o Cardeal Tolentino de Mendonça é um excelente poeta, porque eu era sua leitora, quando ele escrevia em Português. Com a imposição ilegal do AO90, em Portugal, talvez por desconhecimento de que não era obrigado a usá-lo, Dom Tolentino começou a utilizar a grafia brasileira, preconizada no AO90. Escusado será dizer que deixei de ler os seus livros acordizados.
Porém, todos os que ouvem bem, não são surdos, sabem que a fonética brasileira (que NÃO é um mero sotaque) é completamente diferente da fonética da Língua Mãe, a Portuguesa. Logo, quando anunciam que a leitura de um determinado texto vai ser feita em Português, e ouvem a fonética brasileira, os que sabem de Línguas imediatamente percebem que o que estão a ouvir é “Brasileiro” e NÃO, Português. E não me venham dizer que tem de ser assim, porque eles são milhões! Este é um argumento que não pesa.
E isto além de ser um insulto a Portugal, não será uma tentativa de enganar milhares de pessoas, ao usurparem a Língua de Portugal, entre as Línguas originais que ali são usadas nas leituras? Sim, porque as restantes Línguas, usadas nas leituras, eram as Línguas originais.
Na missa inaugural do Papa Leão XIV, a evocação foi lida em diversos idiomas, com o intuito de reflectir o alcance global da Igreja, incluindo-se entre eles, o Latim (que não está morto e enterrado, como alguns querem que esteja) o Grego, o Italiano, o Inglês, o Castelhano, o Francês, o Árabe, o Polaco, o Mandarim, todas na sua forma original. Por que haveria de ser diferente com o Português, que não é lido na sua forma original, mas numa das suas Variantes? Porque a questão política falou mais alto.
Para que se saiba, as Línguas utilizadas na missa inaugural do Papa Leão XIV foram as seguintes:
O Latim, para o Evangelho e alguns ritos.
O Grego, para o Evangelho
O Castelhano, para a Primeira Leitura e o discurso do Papa.
O Italiano, para o Salmo Responsorial e o discurso do Papa.
O Inglês, para a Segunda Leitura.
Para as orações e outros momentos foram utilizadas as seguintes Línguas originais:
Francês, Árabe, Polaco, Mandarim, e a Variante Brasileira do Português (erradamente designada por Português).
Não me parece que é enganando milhares de pessoas que o Vaticano serve os desígnios de Deus.
Talvez o Papa Leão XIV, recém-chegado, ainda não saiba.
Talvez o Cardeal Tolentino de Mendonça também não saiba que o AO90 é ilegal e inconstitucional e não está em vigor em Portugal, e tudo não passa de uma tramóia, para tramar a Língua Portuguesa, e ele não era obrigado a usá-lo na sua obra literária.
Talvez ambos não saibam que o vocábulo “Português” é um vocábulo que designa a Língua de Portugal, que poderia ali estar bem representada como Português se fosse um cidadão angolano a fazer a leitura, uma vez que os Angolanos, ainda que com um ligeiro sotaque, que não altera a fonética portuguesa, falam e escrevem o Português original.
E se Suas Eminências não sabem disto, então, chegou a hora de saberem.
Nota prévia: este é um artigo que surge passados quase três anos sobre a última entrada nesta página. Foi — e continua a ser — um tempo de luto e um tempo de repúdio. Repúdio pela forma como esta ILC foi tratada pelas instituições que mais deviam defendê-la, repúdio pela visão do estropício que é hoje o Português Europeu. Luto pela “apagada e vil tristeza” em que vive hoje a nossa Língua, luto pela morte do João Pedro Graça, criador e primeiro subscritor desta ILC contra o Acordo Ortográfico.
Apesar de tudo, este tempo foi também — e continua a ser — um tempo de luta. Durante dois anos e quase onze meses os visitantes desta página foram recebidos pelo título de um artigo de Nuno Pacheco no jornal “Público” que incluía a frase “por que não desistimos”. É muito simples: tal como o AO90 nunca irá, por milagre, transformar-se numa coisa boa, também nós não podemos deixar de lutar contra ele. Enquanto houver luto, haverá luta.
Iniciativa Legislativa de Cidadãos Contra o Acordo Ortográfico avança com acção no Supremo Tribunal Administrativo contra Assembleia da República
No passado dia 9 de Maio de 2025, foi entregue no Supremo Tribunal Administrativo uma acção judicial contra a decisão da Assembleia da República (“AR”) e do respectivo Presidente de não agendar para debate e votação em plenário a Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico (“ILC-AO”), subscrita por mais de 20 mil cidadãos. Trata-se, em particular, de uma Acção Administrativa de Impugnação de Acto Administrativo e Condenação à Prática de Acto Administrativo Devido.
Esta acção visa repor o respeito pelo direito constitucional de Iniciativa Legislativa e denunciar o bloqueio político e jurídico que impediu o debate desta proposta, apesar de ter sido formalmente admitida pela AR como conforme à lei e à Constituição. Em vez de a agendar no prazo de 30 (trinta) dias, como a lei obrigava, a AR esgotou largamente esse prazo legal. Foram precisos mais de dez meses para que o Parlamento finalmente ponderasse o seu agendamento para debate — mas não sem antes promover uma alteração da Lei que regulamenta as ILC feita à medida para inviabilizar esta Iniciativa Legislativa.
Essa alteração é, ela própria, inconstitucional, tendo em conta que subverte um poder de decisão que é competência do Presidente da AR — com a agravante de, neste caso, ter sido aplicada retroactivamente a uma ILC que já existia, violando a confiança dos seus mais de 20 mil subscritores, a segurança jurídica e o direito de participação democrática.
De forma intelectualmente desonesta, tentou-se ainda fazer crer que a ILC-AO pretendia a desvinculação internacional de Portugal do Acordo Ortográfico de 1990 — argumento falso e usado para justificar o bloqueio — quando, na verdade, a proposta se limitava a revogar a Resolução da AR n.º 35/2008: o artifício legislativo criado para apressar a entrada em vigor do Acordo em Portugal sem a ratificação de todos os Estados da CPLP, como o próprio Acordo Ortográfico até então exigia.
Mais de uma década depois, o Acordo Ortográfico revelou-se um fracasso: dividiu as variantes do português, destruiu referências ortográficas estáveis, nunca foi aplicado de forma uniforme entre Portugal e o Brasil e continua por ratificar em vários outros países de expressão oficial portuguesa. Foi-nos imposto sem um verdadeiro debate público e reduziu a Língua Portuguesa a mero índice económico e instrumento de política externa, sem qualquer respeito pela sua carga identitária e pela sua importância enquanto factor de coesão social e linguística.
Esta acção pretende defender a legitimidade da causa da ILC-AO contra um Acordo Ortográfico que foi imposto de forma abusiva e nunca mereceu verdadeira aprovação democrática. Mas, em rigor, o alcance desta acção transcende o simples âmbito da ILC-AO — é a própria figura das ILC enquanto direito fundamental consagrado na Constituição que está em causa. Neste contexto, esta acção é também um imperativo de defesa do nosso direito de participação cívica contra o abuso de poder e a opacidade de quem devia honrar os direitos constitucionais dos cidadãos.
Em plena campanha para as Legislativas de 2025, é ainda uma oportunidade para os partidos se pronunciarem sobre o futuro da Língua Portuguesa e sobre as divisões, a confusão e o descrédito que o Acordo Ortográfico continua a causar na sociedade portuguesa, nomeadamente a nível educativo, numa altura em que é patente a necessidade de uma maior exigência e rigor no ensino.
A Comissão Representativa da ILC-AO está disponível para prestar esclarecimentos adicionais através do e-mail
henriquelopesvalente@gmail.com.
(transcrição integral de comunicado enviado no passado dia 13 de Maio de 2025 para a Comunicação Social)
Um interessante percurso das reformas ortográficas efectuadas entre Portugal e Brasil, publicado na página do Facebook Para Português Ler
15 de Fevereiro de 1911 –
O Governo português cria a Comissão para o Estudo da Reforma Ortográfica de 1911
Até ao início do século XX, tanto em Portugal como no Brasil, seguia-se uma ortografia que, por regra, se baseava nos étimos latino ou grego para escrever cada palavra — phosphoro (fósforo), lyrio (lírio), orthographia (ortografia), phleugma (fleuma), exhausto (exausto), estylo (estilo), prompto (pronto), diphthongo (ditongo), psalmo (salmo), etc..
Ao longo dos tempos, diversos estudiosos da língua apresentaram sucessivas propostas de simplificação da escrita, sem grande êxito.
Imediatamente depois da Implantação da República em Portugal, o novo governo, empenhado no alargamento da escolaridade e no combate ao analfabetismo, nomeou uma comissão — constituída por Gonçalves Viana, Carolina Michaëlis, Cândido de Figueiredo, Adolfo Coelho, Leite de Vasconcelos, Gonçalves Guimarães, Ribeiro de Vasconcelos, Júlio Gonçalves Moreira, José Joaquim Nunes, Borges Grainha e Augusto Epifânio da Silva Dias — para estabelecer uma ortografia simplificada a usar nas publicações oficiais e no ensino.
As bases da Reforma Ortográfica, muito inspiradas nas propostas de 1885, foram oficializadas por portaria de 01 de Setembro de 1911, permitindo-se um período de transição de três anos.
Apesar de já existir há longo tempo no Brasil uma forte corrente foneticista, que se batia pela simplificação ortográfica, o não envolvimento brasileiro na reforma portuguesa teve o efeito contrário, ficando os dois países com ortografias completamente diferentes: Portugal com uma ortografia reformada, o Brasil com a velha ortografia de base etimológica.
Em 1924 a Academia das Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras começaram a procurar uma ortografia comum, firmando-se um acordo preliminar em 1931 que praticamente adoptava a ortografia portuguesa de 1911, iniciando-se um longo processo de convergência das ortografias dos dois países que dura até hoje.
Acordo Ortográfico de 1945
O Acordo Ortográfico de 1945 é uma convenção ortográfica assinada em Lisboa em 06 de Outubro de 1945 entre a Academia de Ciências de Lisboa e a Academia Brasileira de Letras. Este acordo estabelece as bases da ortografia portuguesa para todos os territórios portugueses (que à data do acordo e até 1975 eram Portugal e as colónias portuguesas - na Ásia e África) e o Brasil, que seguia o Formulário Ortográfico de 1943.
Na tentativa de pôr cobro às profundas diferenças ortográficas entre Portugal e o Brasil, como resultado da adopção em Portugal da Reforma Ortográfica de 1911, tiveram lugar diversos encontros entre as Academias dos dois países, dos quais resultou um acordo preliminar assinado em 1931. No entanto, como os vocabulários que se publicaram, em 1940 (pela Academia das Ciências de Lisboa) e em 1943 (pela Academia Brasileira de Letras), continham ainda algumas divergências, houve necessidade de novas reuniões, em Lisboa, que deram origem ao Acordo Ortográfico de 1945.
Acordo ortográfico de 1990
O Acordo Ortográfico de 1990 — que propõe uma significativa redução das diferenças de grafia entre o português europeu e o português brasileiro —, tem como objectivo substituir inteiramente o Acordo Ortográfico de 1945. Do ponto de vista legal, em Portugal o Acordo Ortográfico de 1990, apesar da portaria de 13 de Maio de 2009, onde se estabelece um período de transição de seis anos, durante o qual ambas as ortografias seriam válidas, não entrou em vigor. De acordo com a Constituição da República Portuguesa - artigo 112.º n.º 1 - só são actos legislativos Leis, Decretos-Lei e Decretos Legislativos Regionais.
Ora ainda não foi produzida nenhuma Lei ou Decreto-Lei que vise implementar o AO90. Assim sendo, as Portarias e Resoluções dos Ministérios não têm força jurídica para revogar a ortografia vigente em Portugal que é a que consta do Acordo Ortográfico de 1945, uma vez que este produz efeitos com base num Decreto-Lei. Ainda que usado pelo Estado e outros órgãos privados, o AO90 não está - do ponto de vista jurídico - em vigor em Portugal.
A autora deste Blogue não adopta o “Acordo Ortográfico de 1990”, por recusar ser cúmplice de uma fraude comprovada.
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ACORDO ZERO é uma iniciativa independente de incentivo à rejeição do Acordo Ortográfico de 1990, alojada no Facebook.
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