Um excelente e elucidativo texto escrito em 9/6/2013 por António de Macedo, porém, actualíssimo.
Em Portugal é assim… Os anos vão passando… os portugueses cultos vão reclamando… os governantes fazendo orelhas moucas… e tudo continua teimosa e nesciamente na mesma: um atraso de vida!
Um texto para ler com atenção e partilhar e enviar aos irresponsáveis «acordistas».
Por António de Macedo
«Os apoiantes do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90) acusam frequentemente os opositores de serem «Velhos do Restelo», avessos à «evolução» da língua, saudosistas de se escrever «pharmácia» com ph, e outros doestos do mesmo teor. Equívocos grossos por parte de quem fala de coisas que não conhece ou conhece mal.
Comecemos pela alusão ao «Velho do Restelo» (Canto IV de “Os Lusíadas”, estâncias 94 a 104). A sua identificação com mentalidade retrógrada, conservadorismo, pessimismo e afins resulta do desconhecimento do que realmente se lá encontra, ou então de uma leitura pela rama. Dou a palavra a quem sabia muito mais disto do que eu, o pensador António Telmo, que nos seus livros (p. ex. “Congeminações de um Neopitagórico”) nos explica que «o Velho do Restelo não significa aquilo que vulgarmente se diz significar, e tanto se tem repetido que quase se tornou proverbial», acrescentando mais adiante: «uma espécie de superego do homem, de censor ou de censurador de quanto nele aspira à inovação pelo heroísmo, à criação pelo imprevisível…»
Sendo um velho «venerando», quer dizer, que «deve ser venerado», e «com um saber de experiência feito», na verdade alerta-nos para os perigos a fim de podermos superá-los e vencê-los, não para fugirmos a eles, numa alusão à antiga máxima alquímica de que as provas que defrontamos não são obstáculos, mas desafios — curiosa máxima que até os políticos mais rasteiros já papagueiam quando tentam justificar os apertos orçamentais (e outros…) apregoando que as dificuldades são «oportunidades»…
Por outro lado, e passando ao tópico seguinte, se quisermos ser minuciosos concluiremos que os verdadeiros «saudosistas» do «português antigo» (?) não são os que suspiram pelo regresso à tal «pharmácia» com ph, situação que ocorreu apenas entre o séc. XVII e 1911, em que a grafia da língua portuguesa se caracterizou por um pedantismo renascentista e depois iluminista, de influência francesa, adoptando uma escrita que procurava reproduzir as transliterações latinas de palavras gregas, sobretudo em certos termos eruditos ou mitológicos, como «philosophia», «theologia», «chimera», «symmetria», etc..
O alfabeto do latim clássico não dispunha de letras que equivalessem aos sons de algumas letras gregas, que, com muito boa vontade, se poderiam representar por um “p” aspirado (ph), por um “t” aspirado (th), por um “c” (duro) aspirado (ch) e por um “y” com pronúncia aproximada do “u” francês.
Mas esta foi uma fase intercalar: nos primeiros séculos da língua portuguesa (séc. XII e até mais ou menos sécs. XVI-XVII) a grafia era uma tentativa de compromisso entre a fonética e a etimologia, cheia de erros e de irregularidades quando vista à luz da ciência linguística moderna, mas que ia acompanhando o evoluir da língua falada, em relativo paralelismo com o que sucedia com o castelhano.
Consultando as edições antigas das cantigas trovadorescas medievais, passando pelos autos de Gil Vicente e até à 1.ª edição de “Os Lusíadas”, ou seja, desde aproximadamente 1200 até 1572, praticamente não encontramos termos com ph, th, etc. Na 1.ª edição de “Os Lusíadas” é normal depararmos com grafias como «ninfas», «profeta», «cristalino», «fantasia», «Olimpo», etc., palavras que na posterior fase cultista passaram a escrever-se «nymphas», «propheta», «crystallino», «phantasia», «Olympo», etc. É certo que na epopeia de Camões também aparecem coisas como «triumphante» ou «hemispherio», mas não podemos esquecer que nos finais do século XVI já se esboçava a transição da norma tradicional portuguesa para a norma do cultismo de ascendência renascentista.
A fase cultista acentuou-se sobretudo a partir da revolução de 1640 e correlativo desvincular de Portugal da coroa espanhola. A moda da «orthographia etymológica» deveu-se, como disse, ao fascínio dos eruditos portugueses pelo Renascimento clássico e pelo Iluminismo, mas sobretudo por reacção xenofóbica anticastelhanista, para nos demarcarmos da grafia do antigo dominador, sendo essa uma outra maneira de afirmar a nossa independência e a nossa distância em relação a Espanha.
Com efeito, e apesar da tentativa da Real Academia Española, em 1741, para se utilizar o grupo “ph” em certas palavras de origem grega, essa ideia não foi por diante e os espanhóis mantiveram a simplificação tradicional: onde os portugueses, no séc. XVIII, escreviam «philosophia», os espanhóis continuaram a grafar «filosofía».
Em Portugal a grafia «cultista» manteve-se até à reforma ortográfica de 1911, que, com o pretexto da simplificação para obviar o gritante analfabetismo português, no fundo acabou por regressar, em termos modernos, à nossa real matriz de escrita. Os ajustes de 1931 e 1945 mais não fizeram do que «aperfeiçoar» (enfim, sem ironia e dentro do possível…) o espírito lusitanizante de 1911 — nunca devendo esquecer-nos que uma ortografia «idealmente perfeita» não existe, o máximo que se pode conseguir é um compromisso inteligente entre etimologia e fonética, coisa que, em minha humilde opinião, alcançou um relativo limite, «menos mau», com a convenção de 1945. Ir mais longe em termos de simplificação pró-foneticista é perigoso, veja-se o resultado catastrófico do abortivo AO90, que na salgalhada em que está a enredar-se acaba por ser tudo menos inteligente.
Finalmente a guerrilha da «evolução». Que a língua portuguesa evoluiu, no sentido biológico do termo, desde as suas origens até hoje, não surpreende, porque uma língua é um organismo vivo e vai passando por sucessivas mudanças naturais ao longo do tempo. É normal que a representação gráfica das progressivas alterações fonéticas não se processe com a mesma rapidez destas: a grafia, com o correr dos tempos, tende a ser uma espécie de “signe de reconnaissance”, e com o avançar da cultura, a sua permanência gráfica pode tornar-se um factor importante de identificação visual.
Por sua vez uma «mutação» é uma mudança brusca dos constituintes genéticos de um organismo, podendo dar origem a indivíduos bastante diferentes dos da espécie onde ocorre a mutação. Pedindo desculpa aos especialistas pela maneira simploriamente profana como falo deste complexo assunto, digamos que as mutações podem ser naturais ou induzidas, e ainda benéficas ou desfavoráveis. No caso das mutações desfavoráveis, os organismos resultantes, não sendo viáveis, geralmente acabam por se extinguir, por selecção natural.
O que se passa com o AO90 é que se trata de um «organismo» que não surgiu naturalmente, foi induzido artificialmente de uma maneira violenta e brutal, tendo gerado um «ser» abortivo — ou seja, trata-se de uma MUTAÇÃO desfavorável, não de uma EVOLUÇÃO natural, basta observar os erros, as incongruências, os descalabros e as desorientações provocados no Ensino e em diversas áreas culturais, e auscultar as queixas de professores e alunos sobre o calamitoso estrago causado pela imposição do AO90.
Ora, quando um organismo não é viável, como por exemplo um doente terminal em estado vegetativo, a ciência médica pode fazê-lo sobreviver por «tecnologia clínica», ligando-o a uma máquina que lhe prolonga a agonia artificialmente.
No caso da mutação desvantajosa do AO90, verificamos que o seu deplorável estado vegetativo somente se mantém porque foi ligado à máquina por «tecnologia política», e a sua falsa vida, prolongando-se, está a proporcionar uma agonia intolerável aos que lhe sofrem os efeitos.
Senhores políticos, acabem com o sofrimento do doente e dos próximos que já não aguentam suportar-lhe o fardo. É um destes casos extremos em que a eutanásia se justifica.
Por favor, desliguem a máquina!»
Ex-cineasta, escritor, professor universitário
Fonte:
https://www.publico.pt/2013/06/11/jornal/por-favor-desliguem-a-maquina-26644963
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Ontem à noite, antes de me deitar, como estava demasiado cansada para ler ou ver algum filme, que me fizessem pensar mais do que já tinha pensado durante o dia, procurei nos canais da TV Cabo algo levezinho, que me desviasse da preocupante realidade do mundo em que vivemos, e lentamente me atirasse para os braços de Morfeu.
Acontece que, por ironia do destino, passando pela TV Globo (que todos sabem ser uma prestigiada estação televisiva brasileira) deparei-me com um episódio da novela Pedra Sobre Pedra (aliás uma interessantíssima sátira político-social de grande qualidade, que já passou numa das estações portuguesas), bem no momento em que o Prefeito de Resplendor (uma cidadezinha fictícia do interior do Brasil), o dentista Kléber Vilares, personagem protagonizada pelo actor Cecil Thiré, falava à mulher da obra faraónica que devia marcar o seu mandato político: o Mitório de Resplendor, que iria ser construído bem no centro da cidade. (A pronúncia foi essa mesmo: mi-tó-rio…)
Fiquei a pensar naquele Mitório.
Seria um lugar onde iriam “exibir” os mitos da cidade? Um lugar onde se guardam os mitos? Assim uma espécie de museu…?
Não, não era.
O que o Dr. Klébi (no dizer do povo resplendórino) pretendia construir no centro da praça era um miCtório, ou seja, um local público para se urinar (palavra com raiz no vocábulo latino mictorius).
Sei que no Brasil esta palavra existe na sua forma portuguesa - miCtório, e que embora se pronuncie miquitório, não deixa de ser um mictório.
Não sei se “mitório” seria um linguajar próprio do Dr. Kléber, ou se Cecil Thiré cometeu um lapsus linguae.
O certo é que, se a moda pega, e se o AO/90 assenta arraiais em território de Portugal, passamos a ter não só mitórios públicos, como problemas de mição e miturição (respectivamente o acto resultante de urinar, e a necessidade frequente de urinar).
E eu que, de passagem, quis distrair-me com algo levezinho que me lançasse nos braços de Morfeu, acabei por ter uma enfadonha insónia, à conta do mitório do Dr. Kléber.
(Atenção! Considero esta novela – que segui, com muito interesse, quando passou em Portugal – uma obra-prima satírica, e representativa da excelência da arte de bem representar dos actores brasileiros, e da superioridade criativa dos autores da novela).
Mas uma coisa, é uma coisa, outra coisa, é outra coisa…
Isabel A. Ferreira
A propósito da publicação do novo livro de José Rodrigues dos Santos, que traiu a Língua Portuguesa, e fez o frete aos editores…
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Ideias que retirei do Facebook, onde se troca muitas ideias que, não saindo da página, não podem cumprir a sua função, ou seja, destruir o Acordo Ortográfico de 1990, que está a transformar a Língua Portuguesa num lixo linguístico.
E estas ideias, todas elas, têm de chegar à Assembleia da República Portuguesa, um lugar onde se decide da vida ou da morte da Língua, dos Valores Humanos, da Ética, da Moralidade, da Civilidade, da Cultura, da Civilização, da Evolução…
Estava-se a discorrer sobre a subserviência de alguns escritores portugueses ao lobby editorial instalado, que só publica o que bem entende, tenha ou não tenha qualidade literária ou linguística.
O que interessa é vender livros escritos por gente famosa, cá e lá, no outro lado do Atlântico, em terras descobertas ou achadas por Pedro Álvares Cabral, onde até há bem pouco tempo era necessário “traduzir” os nossos escritores para o Brasileirês (com todo o respeito, porque a Língua utilizada no Brasil, embora originária de Portugal, nasceu lá, foi metamorfoseada lá, desenraizou-se da matriz greco-latinam, que caracteriza as línguas europeias, e transformou-se numa outra língua), o que diminuía a possibilidade de avultados lucros aos editores portugueses, porque tinham de pagar as “traduções”.
E aqui é que está o busílis da falsa "obrigatoriedade” de escrever com erros ortográficos, a Língua Portuguesa, nas escolas portuguesas.
E nós sabemos que só vende livros, tenham ou não qualidade literária, quem é famoso. Quem tem nome na praça. Quem é vassalo do sistema. Quem é amigo, ou amigo do amigo de editores.
(Com todo o respeito pela senhora, até a mãe do Cristiano Ronaldo é escritora). E sabem porquê? Porque vende. Foi a resposta que me deu um editor.
Ora conversa daqui, conversa dali… no Facebook… o Álvaro comentou: «Gostaria que essa coisa de Novo Acordo de Editoras nunca fosse para a frente. Mas tenho pena dos miúdos que serão obrigados a cumpri-lo. Miúdos, professores e escritores».
Então o Paulo retorquiu, e muito bem: «Obrigados? Ninguém é obrigado e todos podemos recusar!»
E o Álvaro respondeu: «Experimente dizer isso num exame de português, ou mesmo ao seu editor (se escrever livros).
Bem, chegados aqui não me contive.
Até porque o mal dos Portugueses é aceitarem tudo sem o mínimo espírito crítico. Nas escolas portuguesas não é conveniente promover-se a Cultura Crítica, que é uma matéria muito útil e necessária para o desenvolvimento intelectual dos alunos.
Mas lá interessa aos governantes um povo demasiado culto? Demasiado crítico?
Não interessa. Quanto mais ignorante for o povo, mais submisso será.
Daí termos um país virado do avesso, a todos os níveis.
Respondi ao Álvaro:
Álvaro, há um direito que todos temos: objecção de consciência, quando algo vai contra as normas da nossa sanidade mental, cultural, moral e social.
Num exame de Português todos têm o direito de se RECUSAR a escrever com ERROS ORTOGRÁFICOS de grande e grave monta.
Um editor pode recusar-se a editar um livro escrito em BOM PORTUGUÊS, aliás como já era norma, antes de aparecer este famigerado AO de 1990.
Agora, um escritor tem duas opções, se um editor aceita publicar o seu livro: ou exige (por direito) que o seu livro seja publicado numa Língua com qualidade linguística, gramatical, ortográfica, etc., ou não publica o livro.
Tão simples quanto isso.
É o que eu faço.
Não querem publicar os meus livros, não publiquem.
Fernando Pessoa só publicou um livro em vida. E nem por isso deixou de ser FERNANDO PESSOA.
E Luiz de Camões só foi Luiz de Camões passados muitos anos depois da sua morte. E hoje tem um dia dedicado só a ele, como mais nenhum outro poeta tem.
O que alguns dos nossos escritores contemporâneos querem é a fama em vida. Mas essa fama, quando é assente em quimeras, morre quando eles estiverem a sete palmos debaixo da terra e esquecidos do mundo.
É a vã glória de uma fama assente na fatuidade.
Valerá a pena?
Isabel A. Ferreira
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Perguntei a um ex-líder partidário se era verdade que o seu partido tinha aderido ao Acordo Ortográfico de 1990, ou se tinha votado a favor da sua aplicação, porque tinha a informação do contrário.
Sim, o seu partido aprovou, com reservas, o que um ainda jovem deputado tem vindo a exprimir com cada vez mais insistência, baseado na ideia de que a Língua evolui (o avô do ex-líder escrevia pharmacia, ele já não, ele escreve no Português que aprendeu na escola) mas que é preciso evitar a colonização dos interesses editoriais brasileiros, ai isso é preciso.
Respondi-lhe o seguinte:
Acredito que os deputados mais novos, como não tiveram um aprendizado da Língua aprofundado, não saibam que este acordo do desacordo, não tem nada a ver com EVOLUÇÃO. Pelo contrário. Tem a ver com uma profunda IGNORÂNCIA da Língua, e um recuo, pois foi reduziu-a a dialecto.
O que os brasileiros fizeram com a Língua Portuguesa é problema deles. Eles que a escrevam e falem do modo que lhes dá mais jeito.
O ensino no Brasil (sei do que falo porque já estudei lá) é péssimo. Uma grande fatia do povo brasileiro vem de uma classe mal alimentada, logo, pouco dotada intelectualmente, e com grandes dificuldades de aprendizagem.
Como a Língua Portuguesa não é pêra doce, optaram por facilitá-la, para que a taxa de analfabetismo não fosse tão alta.
É que passar de PHarmácia, para Farmácia, em nada alterou a palavra, a não ser a sua grafia. Houve evolução, não houve recuo.
Mas se escrevermos "setor", em vez de sector, ou outras palavras assim que tais, teremos forçosamente de ler "s'tor", e isto já mexe com a pronúncia, com a etimologia e com a grafia da palavra.
"Setor" não tem significado algum, em Língua Portuguesa. Contudo, se lhe chamarmos Língua Brasileira a palavra passa a significar o que os Brasileiros quiserem.
É uma palavra mutilada, que perde o seu sentido, em Português. Mas não, em Brasileiro.
Mia Couto, um escritor moçambicano que muito aprecio, é mestre em “inventar” palavras. Mas inventa-as com um sentido absolutamente brilhante.
É um escritor que sabe valorizar a Língua.
Lamento que, na Assembleia da República, não haja alguém com conhecimento aprofundado da Língua Portuguesa para poder DEFENDÊ-LA dos abutres portugueses e brasileiros, que querem enriquecer à conta do empobrecimento da NOSSA Língua, um símbolo da identidade portuguesa, e colonizar Portugal através dela.
A mim, não me preocupa os que, por ignorância optativa, se vergam à ordem governamental e escrevem e pronunciam incorreCtamente a Língua. Só passam por ignorantes.
A mim, o que me preocupa é pretenderem fazer das nossas crianças, IDIOTAS.
A mim preocupa-me o futuro.
***
O Rodrigo, comentando uma das minhas publicações, disse o seguinte:
«Acho que não entendo tanta resistência. A língua é dinâmica. Não sou a favor desse preciosismo! Ainda que goste de ler Gil Vicente em português arcaico. Mas acredito sinceramente que a língua também deve ser prática. Pelo que entendo a ideia foi simplificar não empobrecer!»
Como diz?
A ideia foi simplificar, não empobrecer?
Simplificar o quê? Pensa que hoje as crianças são mais estúpidas do que as das gerações anteriores, desde Dom Dinis, em cujo reinado foi decretada a obrigatoriedade do Português nos documentos oficiais?
O AO90 não simplificou coisa nenhuma. Pelo contrário, além de complicar, empobreceu a ortografia, afastando os vocábulos da sua raíz greco-latina. Empobreceu-a. Reduziu-a a dialecto. Fê-la RECUAR.
Digam-me o que é um "arquitÊto". Se forem capazes de chegar à raiz deste amontoado de letras, e dizerem-me o que isto é, que significado tem isto, dou a minha mão à palmatória.
A Língua é dinâmica, sim. E deve ser dinâmica.
Mas jamais deve ser mutilada, para facilitar a aprendizagem. Nenhuma outra Língua europeia, com muitas mais consoantes não-pronunciadas, do que na Língua Portuguesa, jamais mutilou a ortografia, para facilitar a aprendizagem dos menos dotados intelectualmente.
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E o Teófilo, respondeu e muito bem: «Os que estão com o novo AO são precisamente aqueles que têm dificuldades em aprender e falar uma língua científica como a nossa. Para esses um dialecto seria o ideal. E é precisamente nisso que querem transformar a nossa língua.»
Correcto.
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Já o P. Baptista veio com esta: «Um chorrilho de disparates e de falsidades. Parem de lançar a confusão sobre as crianças e a sua aprendizagem. E, já agora, parem de dar erros. A lei é para todos. É já tem 15 anos! Houve o tempo da discussão que se fez, há o tempo da execução que se faz».
Como disse, P. BaPtista? Ou devo escrever Batista?
Chorrilho de disparates e falsidades é tudo o que diz respeito ao desrespeito pela Língua Portuguesa, e que um acordo tão desacordado veio agigantar.
E quem dá erros crassos é quem escreve e fala segundo o evangelho (mal fundamentado) do AO de 1990, porque o que está em vigor é a ortografia de 1945, simplesmente porque não foi revogado.
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E a propósito da carta que dirigi aos professores e aos sindicatos:
«Concordo totalmente com o teor da carta. E o que devem fazer os pais para defender os filhos desta acção castradora? Que meios legais existem ao alcance do vulgar cidadão?»
Respondo:
Os pais deviam ser os primeiros a PROTESTAR.
Não protestam, porque o povo português só protesta quando lhe vão aos bolsos.
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Então veio o David, e disse:
«EU É QUE SOU ANALFABETO. HAHAHAHA. MAS EU JÁ NÃO ADEMIRA SÓ TENHO A QUARTA CLASE. NÉ. NO MEU TEMPO NÃO DEU PARA MAIS, TIVE QUE ÍR TRABALHAR NÉ. MAS NÃO É POR ISSO QUE SE DEIXA DE SER BOM PROFICIONAL».
Lá isso é verdade, David. Mas os verdadeiros analfabetos não são aqueles que não tiveram oportunidade de estudar. Os verdadeiros analfabetos são aqueles que tiveram oportunidade de estudar, e não aprenderam NADA, e escrevem acim, como o David.
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E a Maria também disse de sua justiça:
«Escrevia-se mal, pessoas que quando eram crianças tiveram de ir trabalhar em vez de ir à escola, agora vejo senhores e senhoras doutoras que passaram o tempo a estudar escrevem tão mal».
É verdade, Maria.
A escola não nos dá tudo. O que nos dá tudo é a nossa vontade de aprender, seja fora ou dentro da própria escola, se tivermos a sorte de a frequentar.
É que não basta ir à escola. É preciso que tenhamos capacidade de aprender. E há alguns senhores/as doutores/as que por muitos estudos que tenham, só sabem o que sabem, e não vão além desse pequeno saber.
***
E é esse pequeno saber que está de mala e cuia (* ) na Assembleia da República Portuguesa.
(*) «Mala e cuia» - expressão brasileira, que não fica nada mal neste contexto. É que a união da Língua passa por enriquecê-la com expressões das novas culturas oriundas das ex-colónias. Não passará nunca por mutilá-la.
Isabel A. Ferreira
… mas agora, que ele anda por aí à solta, em liberdade incondicional, os assassinatos da Língua Portuguesa estão a acontecer em catadupa…
E os responsáveis pelo Ensino, pela Cultura e pela Educação onde estão?...
Vejamos alguns dos milhares de descalabros que se publicam por aí… em órgãos oficiais e… outros menos oficiais… com o aval de um (des)governo que deve milhares de Euros à Cultura Culta.
Pois, o estudo do impate ambiental… é de tal modo impatante que nos dá um calafrio… E no final ficamos sem saber se o fato de quem escreveu isto estava mal costurado…
***
E esta notícia foi escrita nos termos do Acordo Ortográfico… Então não foi? Não se vê logo o nível inteletual deste acordista?…
***
Isto de operações téCnicas na Cidade Invita, que fica ali para os lados da Bacoquice, onde os alunos puderam contatar em dirÊto os tais recursos, parece-me a linguagem de um tatibitate que ainda não aprendeu nem a falar, nem a escrever…
***
E as convições onde ficam?
Isto é ou não é um autêntico caos linguístico?
E nós vamos deixar que as nossas crianças, que agora começam a aprender a ler e a escrever, entrem neste labirinto asneirento e façam figura de ignorantes daqui a uns tempos, como estes que adotaram o AO90, e nem sequer sabem o que isso é?
***
Não sei qual será a data desta declaração. Mas seja qual for, ainda vamos a tempo de SALVAR A LÍNGUA.
Precisamos é de AGIR. Urgentemente.
Deixemos apenas que o novo governo tome posse e assente arraiais em São Bento.
Origem das imagens desta publicação:
Um direito que todas as crianças portuguesasas maiores vítimas deste crime ortográfico, têm.
Vamos ser cúmplices deste acto criminoso?
Vamos permitir a consumação deste crime?
Origem da imagem: https://www.facebook.com/TradutoresContraAO90?fref=ts
Tudo o que nós (menos novos) fizermos para preservar a integridade da Língua Portuguesa morrerá connosco. E ficará a nova geração à deriva, arrastando atrás de si a má língua…
Penso que está nas mãos dos professores de Português travar esta tragédia. Só eles poderão recusar-se a ensinar esta língua desenraizada, na sua forma grafada.
Só eles podem fazê-lo.
Os Sindicatos têm o DEVER de os apoiar numa acção de Desobediência Civil, por uma causa mais do que justa. E se não o fazem, é porque não cumprem bem a sua função.
E bastava que um grupo, ainda que pequeno, de professores, tivesse resistido ou resistisse agora, para que a onda se agigantasse ou se agigante…
O que vão ensinando e a quem?
As crianças, que estão a aprender a ler e a escrever, o que sabem do saber da Língua?
Estão a ser obrigadas a aprender algo que, em Portugal, por não ser Português, está incorreCto.
É como se quisessem impor novas normas à Matemática, e dissessem às crianças que dois mais dois agora passa a ser cinco. E elas, que não sabem, acreditam. E repetirão o erro ‘ad aeternum'.
Isto é desrespeitar o direito à aprendizagem correcta, que todas as crianças têm.
O que faz falta é CORAGEM para dizer NÃO a algo que compromete gravemente a identidade cultural portuguesa, a portugalidade, o respeito pela Língua Materna.
Isabel A. Ferreira
Um crime de lesa-língua por razões político-jurídico-diplomáticas.
Para ouvir e pasmar!
Este é o título de um artigo que li na Internet.
Gosto de bolachas de chocolate… Mas com bom aspÊto e feitas de insÊtos? Como disse????
Andei à procura do étimo ou etimologia de aspÊto e insÊtos (pois esta é a pronúncia correCta deste conjunto de letras) para que pudesse entender que bolachas de chocolate são estas, e se seriam digeríveis.
Eis as bolachas de chocolate, segundo o acordo ortográfico de 1990, com bom aspÊto e insÊtos.
Procurei, procurei, em dicionários de Língua Portuguesa comuns e especializados, e não encontrei absolutamente nada que me levasse à etimologia destes dois "vocábulos" estranhos, para que eu pudesse decidir se deveria experimentar comer, tranquilamente, estas bolachas, sem que me causassem indigestão ou alguma alergia fatal.
Consultei também a Internet (que costuma dizer-nos de tudo e mais alguma coisa), contudo, em Língua Portuguesa da gema, ou seja, na minha língua-mãe, nada encontrei igualmente.
No entanto, não desisti, e com um pouco de boa vontade, lá encontrei apenas o significado (não a origem) de aspÊto e insÊtos, no linguajar do acordo ortográfico de 1990, que os governantes portugueses querem impingir-nos à força de uma resolução (muito mal-amanhada) do conselho de ministros.
E não é que descobri que os adePtos do AO de 1990 pretendem, a todo o custo, que aspÊto signifique o mesmo que aspeCto, cuja origem assenta na palavra latina “aspectus” (aparência exterior das coisas), e insÊtos seja o mesmo que inseCtos, que deriva do vocábulo também latino “insectum” (classe de artrópodes cujo corpo se divide em tal e tal e tal…)?
Não, não brinquem com coisas sérias, senhores governantes!
É que ao pretenderem desenraizar a Ortografia Portuguesa, além de demonstrarem uma colossal ignorância da mesma, levam os mais incautos a comerem bolachas de chocolate com aspÊtos e insÊtos, altamente nocivos à saúde mental dos Portugueses lúcidos.
São dois amontoados de letras sem nenhum vislumbre de sentido.
São duas “coisas” inexistentes no Léxico Português.
Então, é necessário e urgente acabar com esta farsa, antes que as crianças comecem a comer bolachas de chocolate com ingredientes fabricados sem a mínima regra de sanidade mental.
Fonte da notícia:
Isabel A. Ferreira
«Mal vai aos povos que não respeitam o próprio idioma. É como ultrajar a Bandeira. É como renegar a Pátria» (Fernando de Araújo Lima*)
Porque é urgente, urgentíssimo, travar a onda de ignorância que anda por aí a ultrajar a Língua Portuguesa, a esmagá-la, a estraçalhá-la, a mutilá-la, como se fosse um farrapo velho, sem utilidade, sem dignidade, sem história, senti-me impulsionada a criar este Blogue para congregar as ideias de todos os que, como eu, sentem a revolta a moer-lhe a alma.
Eu, pessoalmente, sou livre para desobedecer a uma “ordem” oriunda de quem não tem a mínima noção do que está a fazer.
Recuso-me a deixar-me levar na onda da ignorância e da estupidez que uns poucos traidores da Pátria lançaram sobre nós.
E porque a imposição de uma escrita, que não serve Portugal, nem os Portugueses, mas também os países que integram a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), pois sabemos que milhares são os que não estão de acordo com este acordo da discórdia linguística, que vai contra os interesses de Portugal, temos o dever de alçar as nossas armas para defender a Identidade Portuguesa que, para quem não sabe, é a qualidade própria do que é português, o carácter específico da Cultura ou da História de Portugal, o sentimento de amor ou de grande afeição por Portugal, e exigir que o próximo governo português recue nesta que é, segundo palavras de Eugénio Lisboa, «das coisas mais infames que este nosso Parlamento tem votado. Ficará na História, como uma das maiores nódoas produzidas depois de o "25 de Abril"».
E Eugénio Lisboa, um ensaísta e crítico literário português, especialista em José Régio, disse ainda mais isto:
«Quando ainda estava em Londres, fui surpreendentemente nomeado vogal, em representação do Primeiro-ministro, da Comissão da Língua Portuguesa ou lá como se chamava, sendo chamado a pronunciar-me sobre o Acordo. Votei contra e dei as minhas razões, tendo o cuidado de não medir as palavras… Tenho escrito frontalmente contra o acordo e assinado todas as petições contra o dito. O problema é a profunda iliteracia e cobardia dos deputados que insistem em implementar este aborto, devido ao lobby forte dos editores oportunistas que se apressaram a fabricar manuais e dicionários, seguindo o (des) acordo, contra o que tudo recomendava.»
Eis a verdade.
Mas o pior, o pior é a desalfabetização, já em curso, nas escolas portuguesas, tendo como cobaias, inocentes crianças que não têm como dizer NÃO à sua desinstrução, e os professores, acobardados pela “imposição oficial” deste aborto ortográfico, nada fazem para desfazer esta coisa infame, estando mais preocupados com os bolsos.
O Blogue O Lugar da Língua Portuguesa será um lugar de luta, e servirá para derrubar os muros que se ergueram, para não deixar passar a Luz que irradia de uma Língua construída ao longo de séculos, e que uns poucos, vendidos ao lobby de mercenários e políticos ignorantes, pretendem destruir num ápice.
Reparem na imagem mais abaixo:
Eu sou a que está de pé.
Quem estará disposto a seguir-me, para cumprir o dever cívico de salvar a Língua Portuguesa?
(Origem da imagem: Internet)
Isabel A. Ferreira
* in Prefácio do livro «A Língua Portuguesa» de João Araújo Correia (Editorial Verbo – Lisboa/S. Paulo)
. «A língua portuguesa amer...
. Intolerável: no tradutor ...
. AO90, segundo Jorge Lemos...
. Intolerável: no tradutor ...
. RTP Notícias: Luís Monten...
. João Barros da Costa dixi...
. Dra. Índigo Brasileira di...
. Em Defesa da Ortografia (...