Os Portugueses (bem, alguns portugueses, incluindo a esmagadora maioria dos governantes) primam por gostar de ser diferentes do resto do mundo, quando se trata de rececionar, seja lá o que isto for.
Vai daí… esmiucemos:
Como todos sabem, ou melhor, como nem todos sabem, a palavra recePção deriva do Latim recePtio = acção ou resultado de captar, receber.
Até à chegada do malfadado e fraudulento AO90 a Portugal, a palavra escrevia-se assim: recePção, com pê, como deve ser, para podermos saber do que estamos a falar.
Mas por incrível que pareça, um vento bravio soprou ali para os lados do Palácio de São Bento e veja-se o que aconteceu, neste nosso pobre país, à beira-mar plantado, com a cabeça enterrada na areia:
Brasil – RecePção
Angola – RecePção
Moçambique – RecePção
Espanha – RecePción
Inglaterra – RecePtion
França – RécePtion
Itália – RecePtion
Portugal – Receção (isto lê-se r'c’ção).
E foi isto mesmo - r'c’ção - que hoje ouvi no telejornal da SIC Notícias, que agora tem jornalistas brasileiros ao seu serviço.
O jornalista brasileiro, que estava a relatar a notícia dos prémios que Portugal recebeu no que diz respeito aos Hostals lisboetas, pronunciou r'céção à portuguesa, com sotaque brasileiro (rêcêção) que sem o pê deve ler-se precisamente deste modo, porque no Brasil diria “rêcépição”, porque lá, a palavra nunca perdeu o pê, porque pronunciamo pê e, por conseguinte, escreve-se o pê. Vá-se lá saber porquê, uma vez que em adoPtar o pê caiu.
E a pergunta que se põe é a seguinte: por alma de quem é que em Portugal se escreve incorreCtamente uma palavra que o resto do mundo escreve correCtamente, até o Brasil, que tem tantas palavras mutiladas, sem sentido algum… mas recePção salvou-se, não sei por milagre de que santo…?
Se alguém tiver uma resposta com lógica que se adiante…
Isabel A. Ferreira
Um texto lúcido que vale a pena ler.
«Vanguardismo de opereta»
Por Pedro Correia
«Alguns apologistas do chamado acordo ortográfico defendem-no com zelo passional alegando que o fazem em nome do progresso. São incapazes de perceber que o progresso nada tem a ver com isto. Ou até terá, mas no sentido contrário ao que pretendem.
Progresso tem a ver com literacia. E as sociedades com maiores índices de alfabetização são precisamente aquelas que têm uma ortografia consolidada há séculos e jamais necessitaram de “reformas” unificadoras neste domínio. Britânicos e norte-americanos, por exemplo, nunca precisaram de acordo algum para limarem as suas notórias divergências ortográficas, que não constituem obstáculo para a compreensão mútua – pelo contrário, só enriquecem o inglês partilhado pelos compatriotas de Shakespeare e Mark Twain, cada qual com o seu sotaque.
Quanto mais estabilizada estiver a ortografia de uma língua, maior é o correspondente índice de alfabetização dos utentes desse idioma. E o inverso também se aplica em países como o nosso: Portugal produziu três profundas reformas ortográficas em menos de um século sem com isso deixar de ser um dos países com menores índices de literacia da Europa.
Pensei em tudo isto ao ler o mais recente comunicado da Procuradoria-Geral da República, alusivo à audiência que o director do Jornal de Notícias solicitou a Joana Marques Vidal. Neste comunicado, Afonso Camões é alternamente referido como “director” e “diretor” do referido matutino.
Se ao mais elevado nível das instituições estatais perdura a indefinição sobre a ortografia, não custa imaginar as incertezas do cidadão comum sobre este mesmo tema. Pouco admira, portanto, que tantas “reformas” acabem por fabricar legiões de analfabetos funcionais, incapazes de redigir o mais simples texto de acordo com o quadro normativo. Porque a norma, nesta matéria, continua a oscilar ao sabor de vontades políticas de ocasião: muda o regime, logo muda a ortografia.
Foi assim na transição da monarquia constitucional para a I República, e desta para o Estado Novo, e da ditadura para a democracia.
Os que insistem em abolir as chamadas consoantes mudas, arrancando as raízes etimológicas da escrita como se fosse um indício de progresso, estão afinal condenados a perpetuar os humilhantes padrões de iliteracia vigentes entre nós. O fosso entre o nosso idioma e as grandes famílias ortográficas europeias não é sintoma de avanço, mas de retrocesso civilizacional.
Entretanto, os auto-intitulados “progressistas” que tanto se gabam de escrever “diretor”, como se fosse o último grito da moda, continuarão a escrever “director” em inglês, “director” em espanhol, “directeur” em francês e “direktor” em alemão.
O “progresso” ortográfico, à luz deste vanguardismo de opereta, termina algures na ligação rodoviária entre Elvas e Badajoz.»
Fonte:
http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/vanguardismo-de-opereta-7043236
“O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”. Foi o que aconteceu com o AO90: os efeitos que produziu foram exactamente o contrário do que se pretendeu.
A Língua é um património valioso e um instrumento determinante para a afirmação dos povos e das suas culturas, porque é através dela que exprimem a sua identidade e as suas diferenças. Tal como a espontaneidade da vida e dos costumes de cada povo, a Língua é um elemento vivo, e não pode, por isso, ser prisioneira de imposições do poder político, que limitam a sua criatividade natural.
O “Acordo Ortográfico” de 1990 (AO90) nasceu de uma ideia, no mínimo, imprevidente do então primeiro-ministro, Cavaco Silva, que, sob o pretexto de “unificar” “as duas ortografias oficiais” do Português (sic), — alegadamente para evitar que o Português de Portugal se tornasse uma “língua residual”(!) —, e de “simplificar” a escrita, o que fez foi abrir uma caixa de Pandora e criar um monstro. O AO90 — a que os sucessivos Governos, com uma alegre inconsciência, foram dando execução —, é um fiasco político, linguístico, social, cultural, jurídico e económico.
Manifesto contra Acordo Ortográfico contesta critério de pronúncia por gerar "aberrações"
O processo de entrada em vigor do AO90 nos Estados lusófonos começou por ser um golpe político: o AO90 teria de ser ratificado por todos os Estados. Mas Angola e Moçambique, os dois maiores países de língua portuguesa a seguir ao Brasil, nunca o ratificaram. E, dos restantes países, só três o mandaram “aplicar” obrigatoriamente: Portugal, a partir de 2011-2012; Cabo Verde, a partir de 2014-2015; e o Brasil, a partir de 2016.
“O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”. Foi o que aconteceu com o AO90: os efeitos que produziu foram exactamente o contrário do que se pretendeu.
Senão vejamos: o princípio que presidiu ao AO90 foi o de que a ortografia deveria ser determinada pelo alegado “critério da pronúncia” (?!), o que gerou aberrações da maior gravidade, de que damos apenas alguns exemplos:
— Ao pretender eliminar as consoantes “mudas”, o AO90 criou arbitrariamente centenas de lemas (entradas de dicionário), até aí inexistentes em qualquer das ortografias (portuguesa ou brasileira): “conceção”, por “concepção”; “receção”, por “recepção”, “espetador” por “espectador” — o que criou confusões semânticas, como, por exemplo, “conceção de crédito”, “receção económica” ou “espetador de cinema”.
— No entanto, pela mesma lógica, o AO90 deveria começar por cortar a mais “muda” de todas as consoantes: o “h” inicial. O que não fez.
— Estabeleceu 17 normas que instituem duplas grafias ou facultatividades, assentando num critério que se pretende de acordo com as “pronúncias” (?!): “corrupto” e “corruto”, “ruptura” e “rutura”; “peremptório” e “perentório”.
— “Óptico” (relativo aos olhos), com a supressão da consoante “muda” “p”, passou a “ótico” (relativo aos ouvidos), o que cria a confusão total entre os especialistas e o público, que deixam de saber a que órgão do corpo humano nos estamos a referir!
— Em Portugal, a eliminação sem critério das consoantes “c” e “p”, ditas “mudas”, afasta as ortografias do Português europeu e do Brasil (quando o quese pretendia era aproximá-las), criou desagregações nas famílias de algumas palavras e provoca insólitas incoerências: passou a escrever-se “Egito”, mas “egípcios”; produtos “lácteos”, mas “laticínios”; os “epiléticos” sofrem de “epilepsia”; um “convector” opera de modo “convetivo”; o “interrutor” produz uma “interrupção”.
— O facto de as facultatividades serem ilimitadas territorialmente (por exemplo, “contacto” e “contato”; “aritmética” e “arimética”) conduz a uma multiplicação gráfica caótica: por exemplo, o Curso universitário de “Electrónica e Electrotecnia” pode ser grafado com 32 combinações diferentes; o que é manifestamente absurdo.
— A confusão maior surgiu entre a população que se viu obrigada a ter de “aplicar” o AO90, e passou a cortar “cês” e “pês” a eito, o que levou ao aparecimento de erros, tais como: “batérias”, “impatos”, “ténicas”, “fição”; “adatação”, “atidão”, “abruto”, “adeto”; “exeto” (por “excepto”); para além de cortarem outras consoantes, como, por exemplo, o “b” em “ojeção”, ou o “g” em “dianóstico”.
— No uso de maiúsculas e minúsculas, o caos abunda; “Rua de Santo António” pode escrever-se de quatro formas: também “rua de Santo António”, “rua de santo António” ou “Rua de santo António” (se acrescentarmos as quatro do Brasil, com “Antônio”, dá um total de 8 formas possíveis (!)).
— O AO90 prescreve ou elimina o uso do hífen de forma totalmente caótica. Vejamos alguns exemplos: “guarda-chuva”, mas “mandachuva”; “cor-de-rosa”, mas “cor de laranja”; zona “infantojuvenil”, mas “materno-infantil”; e aberrações como “cocolateral”, “cocomandante”, “conavegante”, “corréu”, “coutente”, “semirreta”.
— Entre outras arbitrariedades, a supressão do acento agudo cria situações caricatas. A expressão popular: “Alto e pára o baile”, na grafia do AO90 (“Alto e para o baile”) dá origem a leituras contraditórias. A frase “Não me pélo pelo pêlo de quem pára para resistir” fica, com o AO90, escrita deste modo: “Não me pelo pelo pelo de quem para para resistir” — o que é incompreensível, seja qual for o contexto.
— Em contrapartida, acentos fora da sílaba tónica “correção” escrito “corréção”; “espetaculo” corrigido para “espétaculo” ou mesmo “letivo” que passa a “létivo”!
Em suma, com este caos (orto)gráfico, como se poderá “ensinar” as crianças a escrever Português?
Mas há mais: o AO90 não incide sobre os factores de divergência da linguagem escrita entre Portugal e o Brasil, nas quais existem diferenças lexicais (fato – terno; autocarro – ônibus; comboio - trem), sintácticas (tu – você) e semânticas (palavras com sentidos diferentes: camisola, por exemplo, que, no Brasil, significa “camisa de dormir”). Estamos perante diferenças atávicas que caracterizam as duas variantes do Português e que não se alteram por decreto.
O caos na grafia grassa nos vários dicionários, correctores e conversores. Com estas ferramentas discrepantes, os utilizadores da Língua Portuguesa, que já têm dificuldade em “aplicar” o “Acordo”, ficam ainda mais confusos e instáveis. Hoje, ninguém sabe escrever Português com o “Acordo”.
Sejamos claros: a diversidade ortográfica — entre apenas duas variantes do Português: o de Portugal e o do Brasil — nunca foi obstáculo à comunicação entre os diversos povos de Língua portuguesa; como nunca foi razão de empobrecimento, mas, pelo contrário, uma afirmação da pujança da nossa Língua; o que, aliás, faz dela uma das mais escritas e utilizadas do Mundo. O Inglês tem 18 variantes, e não deixa por isso de ser a principal língua internacional; o Francês tem 15 e o Castelhano, 21.
Por outro lado, as “aplicações” do AO90 afastam o Português-padrão das principais línguas internacionais, o que só traz desvantagens em termos etimológicos, de globalização e de aprendizagem dessas línguas estrangeiras, em relação às quais não temos qualquer vantagem em nos afastar. Por exemplo, a palavra “actor”: em todas as línguas, como a nossa, em que a palavra é de raiz latina, escreve-se “actor” com c ou k (excepto em Italiano, mas em que se escreve com duplo tt, que tem idêntica função de abrir a vogal “a”).
É caso para dizer que “foi pior a emenda que o soneto”.
Mas o AO90 é também um lamentável exemplo da forma como o Estado abusou do seu poder. A “Nota Explicativa” contém erros crassos, falácias e falsidades. Mais grave, nunca foi promovida qualquer discussão pública sobre o AO90. Em 2005, foram emitidos 25 pareceres negativos por parte de especialistas e de entidades consultadas. Porém, esses documentos foram ocultados. Todo o processo do AO90, culminando com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011, é um péssimo exemplo de falta de transparência, inadmissível num Estado de Direito democrático (artigos 2.º e 48.º, n.º 2, da Constituição da República Portuguesa).
Por sua vez, o AO90 dividiu a sociedade e as gerações, ao impor uma forma de escrita nas escolas, universidades, instituições do Estado e da sociedade civil — enquanto a esmagadora maioria dos portugueses continua a escrever com o Português pré-AO90.
A maioria dos escritores lusófonos, muitos dos professores, dos tradutores e da comunidade científica têm manifestado a sua repugnância em acatar o “Acordo”. Mesmo o grande número dos que acatam o AO90, por convicção, pragmatismo, inércia, subserviência, ou porque são obrigados a obedecer-lhe, na realidade, escrevem em Português normal, e limitam-se a deixar que os textos sejam depois adaptados pelos correctores ou revisores.
Finalmente, no domínio jurídico, há vários atropelos que devem ser denunciados. Desde logo, o “Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa”, para entrar em vigor, deveria ter sido ratificado por unanimidade, e não apenas por três Estados, como sucedeu.
Por outro lado, o AO90 é inconstitucional, porque o Estado não pode programar a cultura e a educação segundo quaisquer directrizes estéticas, políticas ou ideológicas (artigo 43.º, n. 2, da Constituição). E viola também o dever de defesa e de preservação do nosso património cultural (artigo 78.º, n.º 1).
Em suma, o AO90 teve os efeitos exactamente opostos aos que se propunha: não uniu, não unificou, não simplificou. É um fracasso político, linguístico, social, cultural e jurídico. E é também um fracasso económico, pois, ao contrário do que apregoou, não fez vender mais nem facilitou a circulação de livros. Pelo contrário: as vendas caíram. O Português pré-AO90 continua a ser a ortografia utilizada nos dois países luso-escreventes mais populosos (logo a seguir ao Brasil): Angola e Moçambique; o que obriga a duas edições de livros e de manuais escolares por parte das editoras: uma com e outra sem o AO90.
A Língua é o instrumento decisivo da formação das crianças e dos jovens. Não podemos permitir que o arbítrio de decisões erradas seja transmitido às gerações futuras, de que somos cuidadores, separando filhos e pais, muitos dos quais escrevem hoje com ortografias diferentes.
Em 18 de Maio de 1991, durante a discussão no Parlamento sobre o “Acordo Ortográfico”, o deputado Jorge Lemos declarou, profeticamente: “O acordo é inútil, ineficaz, secretista, prepotente, irrealista, infundamentado, desnecessário, irresponsável, prejudicial, gerador de instabilidade e inoportuno. (…) Por isso, Sr. Presidente e Srs. Deputados, este texto que nos foi distribuído, como sendo o texto do Acordo, só pode ter uma solução: ser rasgado.” E, perante a Assembleia, passou das palavras aos actos — e rasgou-o.
Vinte e cinco anos depois, é mais do que tempo de lhe seguirmos o exemplo
Subscritores do Manifesto
M. Pires Cabral – Escritor
Acílio Estanqueiro Rocha – Professor universitário; ex-vice-reitor da Universidade do Minho
Adalberto Alves – Escritor, arabista
Adelino Gomes – Jornalista
Albano Martins – Escritor
Alfredo Barroso – Ex-membro do Governo; ex-chefe da Casa Civil do Presidente da República
General Amadeo Garcia dos Santos
Ana Isabel Buescu – Professora universitária
Ana Zanatti – Actriz; escritora
André Ventura – Professor universitário; penalista
António Arnaut – Escritor; Fundador do Serviço Nacional de Saúde
António Bagão Félix – Professor universitário; ex-ministro das Finanças e Segurança Social
António Barreto – Professor universitário; sociólogo
António Carlos Cortez – Escritor; professor
António de Castro Caeiro – Professor universitário
António Chagas Dias – Economista; tradutor
António Frederico Oliveira Figueiredo – Comentador desportivo; ex-dirigente do Sport Lisboa e Benfica
António Garcia Pereira – Professor universitário; advogado
António Gentil Martins – Médico; ex-bastonário da Ordem dos Médicos
António Lobo Antunes – Escritor
António M. Feijó – Professor universitário; universidade de Lisboa
António-Pedro Vasconcelos – Cineasta
António Salvado – Escritor
Belmiro Fernandes Pereira – Professor universitário
Boaventura de Sousa Santos – Professor universitário; sociólogo
Bruno Prata – Jornalista
Camané – Cantor, fadista
Carlos do Carmo – Cantor, fadista
Embaixador Carlos Fernandes – Jurista
Carlos Fiolhais – Professor universitário
Carlos Fragateiro – Professor universitário; encenador
Carlos Guilherme – Cantor lírico
Casimiro de Brito – Escritor; ex-presidente do PEN Club Português
Carlos Tê (Carlos Alberto Gomes Monteiro) – Compositor
Catarina Vieira Molder – Cantora lírica; directora artística
Constança Cunha e Sá – Jornalista
Desidério Murcho – Professor na Universidade Federal de Ouro Preto (no estado federado de Minas Gerais, Brasil); escritor
Diogo Leite de Campos – Professor universitário; Advogado
Eduardo Lourenço – Ensaísta; membro do Conselho de Estado
Eugénia Melo e Castro – Cantora; compositora
Eugénio Lisboa – Escritor
Fernanda Mota Alves – Professora universitária
Fernando Araújo – Professor universitário
Fernando Dacosta – Jornalista; escritor
Fernando Tordo – Cantor; músico
Francisco Bélard – Jornalista
Francisco Miguel Valada – Intérprete de conferência junto das instituições da UE
Gastão Cruz – Escritor
Germano de Sousa – Professor universitário; ex-bastonário da Ordem dos Médicos
Gonçalo Sampaio e Mello – Professor Universitário; coordenador do Arquivo Histórico da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Hélder Costa – Dramaturgo/encenador
Helder Guégués – Escritor; tradutor
Helena Buescu – Professora universitária
Helena Roseta – Arquitecta; deputada à Assembleia da República
Hélio Alves – Professor universitário; linguista
Henrique Cayatte – Designer
Henrique Jales Ribeiro – Professor universitário
Inês Lourenço – Escritora
Inês Pedrosa – Escritora
Isabel Pinto Ribeiro Sanches Osório – Professora universitária; patologista forense
Isabel Pires de Lima – Professora universitária; ex-ministra da Cultura
Isabel Wolmar – Jornalista; escritora
Januário Torgal Ferreira – Bispo
João Barrento – Professor universitário
João Bosco Mota Amaral – ex-presidente da Assembleia da República; ex-presidente do Governo Regional dos Açores
João de Sousa – Jornalista; director do jornal Tornado
João Ferreira do Amaral – Professor universitário
João Maria de Freitas Branco – Filósofo/ensaísta
Joaquim Pessoa – Escritor
Jorge Custódio – Professor universitário; presidente da Associação Portuguesa de Arqueologia Industrial
Jorge Gonçalves Martins – Artista plástico; pintor
Jorge Palma – Cantor; compositor
José d’Encarnação – Professor universitário; epigrafista
Coronel José Eduardo de Sanches Osório – Professor da Academia Militar; organizador da Revolução de 25 de Abril de 1974
José Luís Bonifácio Ramos – Professor universitário
José Magalhães – Membro dos XIV, XVII e XVIII Governos
José Mendes Bota – ex-deputado à Assembleia da República e ao Parlamento Europeu
José Pacheco Pereira – Professor universitário; jornalista
José Pedro Serra – Professor universitário
José Renato Gonçalves – Professor universitário
José Ribeiro e Castro – ex-Líder do CDS; ex-deputado pelo CDS à Assembleia da República
Júlio Isidro – Autor e apresentador de programas de rádio e televisão
Júlio Machado Vaz – Médico psiquiatra
Júlio Pomar – Pintor
Lena d’Água – Cantora
Lídia Franco – Actriz
Luís Aleluia – Actor
Luís Bigotte Chorão – Jurista; historiador
Luís Menezes Leitão – Professor universitário; presidente da Associação Lisbonense de Proprietários
Luís Raposo – Presidente da Aliança Europeia do Conselho Internacional de Museus (ICOM Europa); vice-presidente da Associação dos Arqueólogos Portugueses
Luísa Costa Gomes – Escritora
Luiz Fagundes Duarte – Professor universitário; ex-deputado pelo PS
Manuel Alegre – Escritor; ex-deputado à Assembleia da República
Manuel Freire – Cantor; ex-presidente da Sociedade Portuguesa de Autores
Manuel Monteiro – Professor universitário; ex-líder do CDS-PP
Manuel S. Fonseca – Editor; escritor
Manuela Mendonça – Historiadora; presidente da Academia Portuguesa da História
Maria Alzira Seixo – Professora universitária
Maria do Carmo Vieira – Professora de Português; membro da Direcção da Anproport (Associação Nacional de Professores de Português)
Maria do Céu Guerra – Actriz; directora da Companhia de Teatro A Barraca
Maria do Rosário Gama – ex-directora da Escola Secundária Infanta D. Maria, de Coimbra; presidente da Asociação de Aposentados, Pensionistas e Reformados (Apre!)
Maria do Rosário Pedreira – Escritora; editora
Maria do Sameiro Barroso – Escritora; membro da Direcção do Núcleo de História da Medicina da Ordem dos Médicos
Maria Carmen de Frias e Gouveia – Professora universitária; linguista
Maria Cristina Pimentel – Professora universitária; directora do Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
Maria Eduarda Gonçalves – Professora universitária
Maria Filomena Molder – Professora universitária; ensaísta
Maria Filomena Mónica – Professora universitária; escritora
Maria Luísa Duarte – Professora universitária
Maria Regina Rocha – Linguista; consultora linguística do programa de televisão Cuidado com a Língua!
Maria Renée Gomes – Professora universitária; antiga representante da União Latina em Portugal
Maria Teresa Horta – Escritora
Mário Cláudio – Escritor
Coronel Mário Tomé – Membro do “Movimento dos Capitães” na Guiné-Bissau; ex-deputado à Assembleia da República pela UDP
Martim de Albuquerque – Professor universitário
Matilde Sousa Franco – Historiadora; ex-deputada independente pelo PS
Michael Seufert – ex-deputado pelo CDS-PP; ex-presidente da Juventude Popular (CDS-PP)
Miguel Esteves Cardoso – Jornalista; escritor
Miguel Real – Escritor
Miguel Sousa Tavares – Escritor
Miguel Teixeira de Sousa – Professor universitário
Paulo de Morais – Professor universitário; presidente da “Frente Cívica”
Paulo Saragoça da Matta – Advogado; juiz ad hoc no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem
Paulo Teixeira Pinto – Editor; ex-presidente do Milenium BCP
Pedro Abrunhosa – Cantor; compositor
Pedro Barroso – Cantor; músico
Pedro Mexia – Escritor
Pedro Quartin Graça – Professor universitário
Pedro Tamen – Escritor; ex-administrador da Fundação Calouste Gulbenkian
Raquel Varela – Investigadora; professora universitária
Raul Miguel Rosado Fernandes – Professor universitário; ex-reitor da Universidade de Lisboa
Ricardo Santos – Professor universitário
Richard Zimler – Escritor
Rita Ferro – Escritora
Rosa Maria Perez – Antropóloga
Rosário Andorinha – Professora de Português; presidente da Direcção da Anproport (Associação Nacional de Professores de Português)
Rui Veloso – Cantor; compositor
Santana Castilho – Professor universitário
Sérgio Godinho – Cantor; compositor
Silvina Pereira – Investigadora; directora Artística do Teatro Maizum
Sofia Miguens – Professora universitária
Teolinda Gersão – Escritora; professora universitária
Teresa Rodrigues Cadete – Professora universitária; escritora
Tozé Brito (António José Correia de Brito) – Autor e compositor
Vanda Anastácio – Professora universitária
Tenente-Coronel Vasco Lourenço – membro activo dos “Capitães de Abril”; presidente da Associação 25 de Abril
Vicente Jorge Silva – Jornalista
Vítor Aguiar e Silva – Professor universitário; ex-presidente da Comissão Nacional da Língua Portuguesa
Vítor Manuel dos Anjos Guerreiro – Doutor em Filosofia da Arte; tradutor.
Instituições:
Anproport – Associação Nacional de Professores de Português
Centro de Estudos Comparatistas da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa
Associação Clenardvs – Promoção e Ensino da Cultura e Línguas Clássicas
Sociedade Portuguesa de Autores
Associação “Tornado” – Comunicação Social
E ainda:
Fernando Venâncio – Professor de ascendência portuguesa, de nacionalidade holandesa, na Universidade de Amesterdão; filólogo
Luís F. Rosa Lopes – Escritor (Angola)
Luís Fernando – Jornalista; escritor (Angola)
Paulo Horácio de Sequeira e Carvalho – Sociólogo (Angola)
Delmar Maia Gonçalves – Escritor; presidente do Núcleo de Escritores Moçambicanos na Diáspora
Aldo Lopes Dinucci – Professor na Universidade de Sergipe (Brasil)
Celso Augusto Conceição Nunes – Professor na Universidade de Cecusa, Cachoeirinha, Rio Grande do Sul; linguista
Lucas Miotto – Mestre; doutorando brasileiro em Filosofia do Direito, na Universidade de Edimburgo
Matheus Martins Silva – Doutor em Filosofia da Linguagem
Osvaldo Frota Pessoa Junior – Professor na Universidade de São Paulo
Paulo Franchetti – Professor na Universidade Estadual de Campinas, São Paulo
Pasquale Cipro Neto – Professor; Colunista na Folha de São Paulo (1997-2016)
Fonte:
A comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto aprovou a criação de um Grupo de Trabalho para avaliar o impacto da aplicação do Acordo Ortográfico de 1990. O requerimento para a constituição deste Grupo de Trabalho foi apresentado pelo PSD e aprovado com a abstenção do PS.
Com a abstenção do PS, claro. Só podia ser.
A propósito, a minha amiga Maria João Oliveira lembrou, e lembrou muito bem, que Gabriela Canavilhas (apesar de ser aficionada de touradas) foi ministra da Cultura e exerceu funções nos governos de José Sócrates, o tal que ajudou a alastrar o acordês-socratês, e aprovou a Resolução do Conselho de Ministros nº 8 / 2011, de 25 de Janeiro, que mandou aplicar o AO90.
E como se isto fosse pouco, Canavilhas fez parte de um Grupo de Trabalho intitulado "Acompanhamento da aplicação do Acordo Ortográfico", tendo até havido uma Petição que exigia a saída dela desse Grupo...
O PS está enterrado nisto até ao cocuruto da cabeça. Por isso António Costa anda tão caladinho. Por isso, o PS se abstém de votar numa matéria em que a abstenção vale (neste caso) como um sim ao AO90.
Os deputados aprovaram, também por unanimidade, a proposta do Bloco de Esquerda para uma audição do presidente da Academia de Ciências de Lisboa (ACL), Artur Anselmo, naquela comissão, o qual, como se sabe, pretende a “revisão” do AO90.
Mas já não haverá demasiada contestação pública a este malfadado AO90 para que os parlamentares percebam que é um erro crasso manter o erro mais crasso ainda de ter impingido aos portugueses mais subservientes uma ortografia medíocre, que nada tem a ver com a cultura linguística europeia?
Ainda será preciso discutir o quê????? Se tudo já foi discutido. Se tudo já foi dito. Se tantas vozes já se levantaram desde que esta aberração ortográfica foi impingida à força nas escolas, nas repartições públicas e na comunicação social, enganando os mais incautos com a falsa obrigatoriedade da sua aplicação?
O deputado social-democrata José Carlos Barros afirmou que a proposta de criação deste grupo de trabalho surgiu pelos recentes alertas da ACL, que referiram "a necessidade de aperfeiçoar as bases do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90), que gerou instabilidade ortográfica, que não estabelece uma ortografia única e inequívoca, que deixa várias possibilidades de interpretação, em muitos casos".
Mas que necessidade é essa de aperfeiçoar o que não é aperfeiçoável e que falhou redondamente os seus objectivos?
Isto é como remendar remendos. O AO90 não tem ponta por onde se lhe pegue, de tão mau que é. Pretende-se aperfeiçoar o quê????? Um arremedo de ortografia?
Os dois objectivos do AO90 não conseguiram manter-se por serem completamente inviáveis, ou seja, o de ordem política e que tem a ver com a intenção (mais brasileira do que portuguesa) de reforçar o papel da Língua Portuguesa (leia-se brasileira, pois a ortografia é toda brasileira) como uma língua de comunicação internacional (que nem de propósito, enquanto era Portuguesa foi usada no Vaticano, quando começou a ser brasileira, depois do AO90, foi sumariamente rejeitada); e o outro objectivo de ordem técnica, assente na ideia de uma base ortográfica comum, mostrou-se algo tecnicamente impossível.
Isto já seria o bastante para o Parlamento atirar ao lixo uma ortografia que envergonha a História Portuguesa, sem mas, nem mas….
José Carlos Barros, deputado do PSD, afirmou ainda que o seu partido continua a ser a favor do objectivo de ordem política. Mas a Língua não tem de ter objectivos de ordem política. Não tem.
Além disso este objectivo, senhor deputado, só seria válido com a Língua Portuguesa íntegra, e não com a língua Portuguesa desintegrada e mutilada. E se neste aspecto alguém tem de ceder não é Portugal, é quem desintegrou a língua, transformando-a numa aleijadinha.
Agora atente-se neste parágrafo:
«O que a ACL vem dizer é que este objectivo de ordem técnica não está a ser cumprido, o que nós entendemos é que devemos perceber porque é que não está a ser cumprido este objetivo técnico", disse o deputado social-democrata, realçando que "a política não se deve meter na ortografia».
(Este parágrafo foi retirado do texto original que me serviu de fonte. E repare-se logo aqui o que este acordo faz: ora se escreve correctamente objeCtivo, ora se escreve objetivo, na mesma frase).
O que será preciso dizer mais?
Esperemos que a criação deste Grupo de Trabalho não seja mais uma daquelas manobras de diversão a que os nossos parlamentares nos têm habituado, numa tentativa de calar as vozes que se têm levantado contra este linguicídio.
Fonte:
***
O AO90 é o instrumento dos que foram atacados por uma profunda cegueira mental, que não os deixa ver os propósitos perversos desta negociata obscura, que pretende destruir património português.
A isto chama-se crime de lesa-língua e de lesa-pátria.
Os que amam a Língua Portuguesa, por favor, assinem esta petição, lançada pelo grupo do Facebook “Cidadãos contra o “Acordo Ortográfico” de 1990”.
Não podemos deixar MORRER o que nos identifica como nação.
Petição pública:
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=acordoortografico90
Isabel A. Ferreira
A jornalista Alexandra Borges é a autora de uma Reportagem que passou na TVI, há uns dias, sobre o negócio os livros escolares em Portugal.
Uma belíssima reportagem sobre as negociatas sujas que se fazem ao redor dos manuais escolares, mas não só.
Só faltou falar nas outras negociatas sujas que se fazem ao redor da aplicação do AO90, que para o lobby editorial, bem desmascarado nesta reportagem, também é tão primordial como as dos manuais. E o esquema é o mesmo.
Origem da foto: Internet
A reportagem da TVI causou um certo mal-estar entre os que nela foram envolvidos, e muitos professores enfiaram uma carapuça (que lhes serviria ou não) o certo é que obrigou Alexandra Borges a fazer um esclarecimento na sua página do Facebook.
A jornalista esclarece que nenhum governante, seja de que partido for, protegeu as famílias como era seu dever, procurando negociar um preço justo com as editoras para os manuais escolares.
Mais, denuncia que NINGUÉM (excepto os editores) sabe a composição do preço deste bem essencial, de consumo obrigatório, que os professores escolhem e os pais pagam.
Na reportagem, Alexandra Borges tentou também explicar como o marketing, promoção e oferta de manuais escolares a professores, de forma desregrada e irracional, encarece o preço (PVP) dos manuais escolares, e acompanhou essa explicação com provas concretas: documentos das próprias editoras, acrescentando que as ofertas de manuais e outro material didáctico, estão proibidas na Lei 47/2006. É só consultar.
Mais disse a jornalista que as denúncias foram feitas, na primeira pessoa, por vários professores corajosos que não se identificam com a actual situação, sublinhando que até por isso, nunca em nenhum momento desta investigação, se generalizou esta promiscuidade a uma classe profissional de que fizeram parte os próprios pais da jornalista, durante toda a sua vida.
Alexandra Borges termina o seu esclarecimento acrescentando que os professores que se sentiram ofendidos, das duas uma: ou não perceberam nada desta investigação, ou viram outra reportagem que não a que passou na TVI.
Fonte:
https://www.facebook.com/alexandra.borges.963/posts/10154849344213830
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POR QUE O AO90 AINDA SOBREVIVE, APESAR DE REJEITADO PELA ESMAGADORA MAIORIA DOS PORTUGUESES?
A reportagem de Alexandra Borges pôs a nu o poder que o lobby editorial exerce sobre o poder político e sobre outras personagens, aliciando-as com caixotes a abarrotar de mimos e outras delicadezas.
Mas não só em relação aos manuais escolares o lobby editorial mexe os seus pauzinhos.
Todos sabem que o poder político anda muito caladinho no que diz respeito ao AO90, que sabemos ser rejeitado pela esmagadora maioria dos Portugueses, até pelos que não têm habilitações literárias superiores, e se ficaram pela chamada 4ª classe, porém estudaram Língua Portuguesa como deve ser estudada, nas antigas escolas Primárias, com Professores que apesar de serem considerados “primários” tinham conhecimentos muito superiores a muitos dos que hoje possuem canudos universitários, mas apenas canudos e nada mais, porque o Saber, ficou pelo caminho…
Pergunta-se então, por que o AO90 ainda sobrevive? O que está por detrás deste atentado contra o património maior de Portugal?
A resposta não será óbvia?
Isabel A. Ferreira
Por que será que os governantes portugueses se recusam a ouvir as várias vozes da mais racional Razão?
Um excelente texto para reflectir o malfadado AO90.
Acordem ó governantes adormentados!
Texto de Nuno Pacheco
in Jornal Público
«Que se cheguem à frente defensores e detractores do acordo, porque já chega de conciliábulos mornos. Que volte tudo à mesa
Neste Janeiro pleno de sol, eis que regressam as acaloradas discussões sobre a Língua Portuguesa. Voltou à RTP, na passada terça-feira, o magazine Cuidado com a Língua!; foi lançado um novo livro do tradutor, revisor e professor Marco Neves intitulado A Incrível História Secreta da Língua Portuguesa (Guerra & Paz); e o PEN Clube promoveu no Goethe Institut, em Lisboa, no dia 9 de Janeiro, mais um debate sobre o acordo ortográfico (AO90). Aliás, é este último que mais promete dar que falar, com o anunciado "aperfeiçoamento" que a Academia de Ciências de Lisboa prepara e de que já foram surgindo alguns tópicos: regresso à diferenciação de "óptico-ótico" e de "pára-para", clarificação do uso dos hífens, reposição de consoantes ditas mudas (pelo menos as que permanecem no Brasil, caso de recepção-receção); ou revisão do uso dos sufixos pan- e com-. Haverá conciliação? Arriscando uma metáfora marítima, esta tentativa de "aperfeiçoamento" arrisca-se a ser vista por uns como um inadmissível rombo no navio, e por outros como o lançamento de bóias de ferro aos náufragos.
Recordando os alertas dos saudosos José Pedro Machado e Vasco Graça Moura, entre tantos outros que se cansaram de argumentar contra os perigos do "monstro" que aí vinha, é possível olhar para a tentativa da ACL como a confirmação clara de um falhanço: se o AO precisa de emendas, e não serão poucas, nunca devia ter entrado em vigor no estado em que está. Os que lamentam a sorte das "pobres criancinhas" caso haja agora mudanças, deviam ter pensado na quantidade de disparates que as obrigaram a aprender para agora, aos poucos, terem de os desaprender. É por isso que os fautores do acordo não querem mudar uma só vírgula: para não ajudarem a sublinhar a sua incompetência.
É, pois, tempo de deixar a habitual lassidão portuguesa e enfrentar o problema. Que se cheguem à frente defensores e detractores do acordo, porque já chega de conciliábulos mornos. Que volte tudo à mesa, para que, "remendando" o AO ou deitando-o fora, não haja mais escolhas impensadas, baseadas em panaceias há muito desmentidas. É curioso que um defensor do AO (considerando-o, ainda hoje, "obra meritória", que "já não pode ser denunciado por Portugal, como país digno"), D’Silvas Filho, tenha publicado há dias no seu blogue e no Pórtico da Língua Portuguesa um texto onde condena, nos vocabulários ortográficos, "a sanha contra as consoantes não articuladas" por uma "obsessão no simplificacionismo. A língua é um complexo que traz consigo a herança de muitas gerações de falantes que a foram aperfeiçoando na comunicação. A língua é mais do que ortografia, mas esta tem interferência na linguagem, por exemplo, nos retornos sobre a fonia. Só se deve alterar a ortografia com pinças, com ciência, senão a fluidez da comunicação intergerações e o encanto das virtualidades da língua podem perder-se." Foi isto que foi feito com o AO90? Só um lunático responderá pela afirmativa.
Apesar da vã retórica, nenhum benefício foi ainda mostrado como resultante da imposição das regras do AO90. O silêncio dá jeito, porque encobre todo o tipo de más opções e desvarios. Mas na língua não há silêncios. Ela rodeia-nos a toda a hora, falada, escrita, viva, múltipla. Um exemplo: numa extensa entrevista que o escritor brasileiro Pedro Maciel fez a Mário Soares e que permaneceu inédita até a Folha de S. Paulo a publicar postumamente, no dia 9, a última questão foi sobre a língua. Perguntou Pedro Maciel: "Não é uma bobagem a reforma ortográfica da língua portuguesa, já que a língua é um organismo vivo, dinâmico e muda-se conforme as novas gerações?" Respondeu Mário Soares: "O que é admirável na nossa comunidade é a variedade, a riqueza e as diferentes contradições. Os brasileiros têm locuções, maneiras de escrever e de falar diferente dos portugueses que enriquecem extraordinariamente a nossa língua, da mesma forma que os africanos e os portugueses. Cada um dá o seu tributo. Eu não sou um grande purista da língua e acho que as línguas são organismos vivos e são os povos que fazem as línguas. Não sou pela uniformização, mas pela variedade e pela diversidade dentro de uma unidade."
Que siga a discussão.»
Fonte:
https://www.publico.pt/2017/01/19/culturaipsilon/noticia/acordemos-para-desacordar-de-vez-1758650
Sendo o João Barrento a dizer isto sempre é outra coisa.
Eu já o disse (e com conhecimento de causa) e fui muito criticada.
Concordo plenamente com este senhor.
E o busílis da questão está todo aqui.
Fonte:
Por Ivo Miguel Barroso
Segunda-feira, 16 de Janeiro de 2017
SUMÁRIO:
1. Sobre a proposta de revisão do "Acordo Ortográfico" de 1990 por parte da Academia das Ciências de Lisboa (ACL).
2. Manifesto do Movimento "Cidadãos contra o "Acordo Ortográfico" de 1990
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1. Sobre a proposta de revisão do AO90 por parte da Academia das Ciências de Lisboa (ACL).
Caso viesse a ser aprovada no dia 26 de Janeiro, a proposta teria de ser ratificada pela maioria dos 150 associados da Academia das Ciências de Lisboa.
Depois, a ACL encetaria contactos com a Academia Brasileira de Letras; e restantes Países de Língua Oficial Portuguesa.
Depois, seria feita uma proposta aos Governos - incluindo o Português -, para um 3.º Protocolo Modificativo ao AO90.
Todos os Governos teriam de assinar o 3.º Protocolo.
Depois, o 3.º Protocolo Modificativo teria de ser ratificado por todos os Estados da CPLP (regra da unanimidade), sob pena de ilegalidade à luz do Direito dos Tratados.
Tal demoraria, no mínimo, dois anos, senão muito mais, se todas as condições fossem cumpridas.
Até lá, o AO90, de 1990, continuaria a ser "aplicado", flagelando a ortografia da língua portuguesa, inconstitucionalmente.
***
2. Manifesto do Movimento "Cidadãos contra o "Acordo Ortográfico" de 1990
Por isso, o Movimento "Cidadãos contra o "Acordo Ortográfico" de 1990" (que tem um Grupo e Página no Facebook) é contra a proposta de revisão do AO90.
O caminho é o da desvinculação ao Tratado, e não o do seu aperfeiçoamento.
Temos uma ortografia pré-AO90 perfeitamente estabilizada. Já houve 7 Reformas ortográficas antes da do AO90.
É tempo de dizer "Basta!" à "revisionite" aguda.
Seria a 9.ª Reforma ortográfica em pouco mais de 100 anos.
Não queremos mais Reformas ortográficas, que são inconstitucionais à luz da Constituição da República Portuguesa (artigos 43.º, n.º 2; 9.º, al. d); e 78.º, n.º 1 e 2, al. d).
"O que nasce torto, tarde ou nunca se endireita"; ou, dito de outro modo, o destino adequado para o AO90 é o caixote do lixo.
O Manifesto "Cidadãos contra o "Acordo Ortográfico" de 1990", irá ser publicado no "Público", na segunda-feira, dia 23 de Janeiro, o Manifesto "Cidadãos contra o "Acordo Ortográfico" de 1990", com - até agora - mais de uma centena de personalidades e figuras públicas, escritores, músicos, Linguistas, Filólogos, Professores universitários e até instituições - na sua maioria, portugueses -, que o subscreveram.
O Manifesto será colocado no "site" da "Petição Pública", para que as pessoas o possam assinar.
16 de Janeiro de 2016
Fonte:
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SONDAGEM
Segundo os números disponíveis, a esmagadora maioria dos Portugueses é contra o "Acordo Ortográfico" de 1990.
Isto sucede, mesmo 5 anos após a sua "aplicação" obrigatória na Administração Pública, no sistema de ensino, no "Diário da República", a partir de 2011/2012.
Após consulta a 82.000 pessoas, mais de 95% manifestaram opinião contrária ao AO/90:
Amostra significativa desde 16 de Setembro de 2011 (dados consultados em 3 de Janeiro de 2016), publicada na Página da rede social do Facebook, em:
https://www.facebook.com/questions/214510845276359/
“Totalmente contra”: 72.026 votos
“Contra”: 6.898 votos
“A favor”: 2.895 votos
“Totalmente a favor”: 1.435 votos. Ou seja, "Totalmente a favor" é uma minoria praticamente inexpressiva. (Ivo Miguel Barroso)
Aviso:
1 – Esta publicação não aborda o AO90 directamente, mas nela está implícita a rejeição deste acordo em favor das línguas derivadas da Língua Portuguesa, nomeadamente no Brasil e Cabo Verde.
2 – No final do texto, direi o motivo que me trouxe até aqui…
Quem você pode confiar 100%?
Encontrei esta situação na página de uma cabo-verdiana, no Facebook:
A pergunta «Quem você pode confiar 100%?» está formulada em brasileiro, e não em Língua Portuguesa, como podemos verificar.
Eis as respostas a esta publicação, de cabo-verdianos (as), dos quais vou omitir os nomes, por motivos óbvios, (apesar de a página ser pública).
Bu tinha dúvidas 😧😧😧
Gosto · Responder · 14/1 às 13:41
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Nha dimeu?
Gosto · Responder · 14/1 às 13:41
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Felicidade pa nhos
Gosto · Responder · 1 · 14/1 às 17:45
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I love nhos na tia
Gosto · Responder · 1 · 14/1 às 22:39
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Não, nca tem dúvida Nta cunfia odju fitchadu
Gosto · Responder · 1 · 14/1 às 22:45
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Brgd, sdd bo bjjj
Gosto · Responder · 14/1 às 22:46
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Nu ta amau tb, bjjjjj
Gosto · Responder · 14/1 às 22:46
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Bu pd tem certeza nha miga d peto loveyou
Gosto · Responder · 14/1 às 23:25
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na se tinha dúvida é pa sotau propi ahaahah ki Dios ilumina nhos sempre
Gosto · Responder · 1 · 14/1 às 23:37
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Pois é nha miga, bgd, bjjjj
Gosto · Responder · 14/1 às 23:38
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Kkkkkkkk, vdd nha miga quim gosta de mas
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Depois disto, a questão que aqui deixo é esta:
O Brasil e Cabo Verde não terão direito a ter uma Língua própria?
O que uns e outros escrevem ou falam terá alguma coisa a ver com a Língua Portuguesa nascida e criada na Europa?
Digamos que remotamente terá. Mas o que restou dela foi um dialecto derivado da Língua Portuguesa, que tem pernas para andar nos respectivos países.
Sou apologista da Língua Brasileira e da Língua Cabo-Verdiana.
Do Latim brotaram muitas línguas.
Da Língua Portuguesa poderá brotar muitas mais, além daquelas que já brotaram.
Por que não?
O que é preciso é acabar com a farsa da CPLP, e mais ainda com a monumental fraude do AO90.
E este é o caminho.
Isabel A. Ferreira
Resumo da intervenção de Nuno Pacheco, do jornal "Público", no debate "O mal-estar com o Acordo Ortográfico — cinco anos depois" (Goethe-Institut Portugal de Lisboa, 09/01/2017).
«Aquilo que vemos no dia-a-dia em Portugal é a maior das confusões, desde logo pela entidade máxima que devia defender o acordo — o Estado. O que se passa nos documentos do Estado é uma vergonha nacional. As duplas grafias e o desmembramento de famílias de palavras fazem com que este seja o único dos acordos que destrói a noção de ortografia. O problema ortográfico não existia, a não ser num grupo restrito que quer manter através da língua o que não foi possível manter geograficamente. Nada disto faz sentido!»
Vídeo retirado daqui: http://bit.ly/2ifrfbT. Subscreva a iniciativa de referendo: http://bit.ly/2cPDNDL
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