… diz Miguel Sousa Tavares, e eu acrescento: defendido por imbecis… que não sabem distinguir a Língua Portuguesa (o trigo) do AO90 (o joio) …
(E os Portugueses, que se prezam de o ser, também deviam ser remunerados pelo mesmo motivo...)
Texto de Miguel Sousa Tavares
«O que sempre me impressionou mais no AO de 90 — além da absoluta estupidez intrínseca das soluções propostas — foi a sua própria génese: o AO de 90 nasceu sem que nenhum dos sete países oficialmente falantes de português o tenha pedido ou de algum modo tenha manifestado a sua necessidade, mas sim por estrita iniciativa pessoal de meia dúzia de "sábios" aparentemente sem nada de mais relevante com que se ocuparem.
[...] Do alto do seu saber intocável, meia dúzia de iluminados resolveu mudar a ortografia de 15 milhões de portugueses de Portugal e da emigração e das outras dezenas de milhões que aprenderam connosco a falar e escrever português. E, perante a diversidade inevitável que a língua adquiriu naturalmente — na fala e na escrita — e que, em si mesma, é uma riqueza acrescentada, eles resolveram empobrecê-la, definindo um impossível, inaplicável e idiota código comum de grafia. [...]
Do ponto de vista linguístico, o AO é um tratado de imbecilidade; do ponto de vista comercial, é uma rigorosa inutilidade; do ponto de vista político, é uma humilhação sem sentido.
Rejeitado durante 27 anos pela esmagadora maioria dos escritores e dos que utilizam profissionalmente a língua no dia-a-dia, denunciado em todas as suas vertentes por incansáveis movimentos de cidadãos, o AO manteve-se porém sempre em vigor e declarado como facto consumado por sucessivos governos, ministros da Cultura, Presidentes da República e parlamentares, como tábua sagrada. Porquê? Porque os seus benefícios se tinham tornado evidentes, porque os contestatários se tinham enfim rendido às suas vantagens, porque todos os países envolvidos tinham aderido, porque tinham feito da língua portuguesa unificada um trunfo à escala geopolítica?
Não. Por inércia, por ignorância, por falta de paciência para se ocuparem do assunto. Nunca terei visto uma decisão política imposta pela força por tão poucos a tantos mais e levada avante, não pela razão, mas pela simples demissão do poder político.
Veja-se a posição do actual MNE, Santos Silva, idêntica à de todos os seus antecessores: o AO é um tratado internacional, está em vigor e ponto final. Não interessa se é bom ou se é mau, se serve ou des-serve o interesse nacional ou até o facto de a sua entrada em vigor ser ilegal, nos termos do próprio tratado. Revê-lo, denunciá-lo, declará-lo caduco, seria uma chatice: eis o argumento decisivo. [...]
Na sessão ocorrida na AR, a deputada socialista e ex-ministra da Cultura Gabriela Canavilhas, defensora do AO, veio trazer à colação o seu exemplo pessoal: foi dar um concerto ao Brasil e "traduziram-lhe o texto para brasileiro" (que texto, sra. deputada?). Donde, terá ela concluído, que nada melhor do que um acordo que unifique a grafia — o que, no caso concreto, não seria outra que não a grafia brasileira. Perante este argumento demolidor, e apenas por causa dele, permito-me apresentar também o meu caso pessoal. Em 2005, quando publiquei o meu primeiro livro no Brasil, o todo-poderoso editor brasileiro começou por me propor que todo o texto fosse em português do Brasil, a pretexto de que os leitores brasileiros não iriam entender nem aderir ao português de cá. Não obstante a vontade e o grande orgulho que tinha em ser editado no Brasil, recusei liminarmente.
O editor propôs-me então uma lista de 50 palavras ou expressões portuguesas que deveriam ser traduzidas para brasileiro. Recusei outra vez. No fim, propôs-me mudar duas palavras, apenas duas, e eu voltei a recusar. Desde então, editei oito livros no Brasil e todos abrem com uma declaração do editor brasileiro: "Por expressa vontade do autor, este livro é escrito no português de Portugal e sem obediência ao Acordo Ortográfico de 1990". Doze anos e oito livros depois, com "o português de Portugal", vendi centenas de milhares de exemplares no Brasil, e participei lá em dezenas de palestras, conferências e feiras literárias, onde conheci dezenas de editores e livreiros e centenas de leitores, sem que um só, alguma vez, se me tenha queixado de não entender a minha escrita de cá. Pelo que, sra. deputada, talvez o problema seja seu.
Porque não experimenta antes defender a sua língua? Ou, por acaso, leu Machado de Assis ou Jorge Amado traduzidos para o nosso português?»
Miguel Sousa Tavares
Fonte:
http://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=acordoortografico90
(Em actualização)
Por Pedro Correia, em 13.02.17
«Não conheço nenhum escritor de nomeada que seja favorável a este acordo.» (Manuel Alegre)
Acredito que os portugueses ainda se pronunciarão em referendo sobre o chamado "acordo ortográfico" de 1990, vigente desde 2011 no país oficial mas votado ao desprezo pelo país real. A esmagadora maioria dos portugueses não sabe escrever em acordês nem está interessada nisso.
Enquanto o referendo não se realiza, a opinião sobre o AO90 é emitida pelos nossos escritores - os mais qualificados utentes do idioma de Camões, Vieira, Camilo, Aquilino e Nemésio. Na sua esmagadora maioria, recusam exterminar as supostas consoantes mudas, recusando a ortografia acordística.
Interrogo-me: como é possível impor regras ortográficas que os escritores rejeitam em número tão expressivo?
São autores de várias gerações, diferentes tendências políticas e diversos estilos literários. Mas com este ponto em comum.
Aqui deixo os nomes deles, por ordem alfabética, prometendo alargar a lista à medida que alguém me for assinalando omissões - o que agradeço desde já:
Abel Barros Baptista
Abel Neves
Adília Lopes
Adolfo Luxúria Canibal
Afonso Cruz
Afonso Reis Cabral
Agustina Bessa-Luís
Alexandra Lucas Coelho
Alexandre Andrade
Alexandre Borges
Alice Brito
Almeida Faria
M. Pires Cabral
Ana Barradas
Ana Casaca
Ana Cássia Rebelo
Ana Cristina Silva
Ana Isabel Buescu
Ana Luísa Amaral
Ana Margarida Carvalho
Ana Marques Gastão
Ana Paula Inácio
Ana Sofia Fonseca
Ana Teresa Pereira
Ana Vidal
Ana Zanatti
André Gago
Anselmo Borges
António Araújo
António Carlos Cortez
António Barahona da Fonseca
António Barreto
António Borges Coelho
António Cabrita
António Costa Santos
António de Macedo
António Emiliano
António Feijó
António Guerreiro
António Lobo Antunes
António Louçã
António Manuel Venda
António Modesto Navarro
António Oliveira e Castro
António Pedro Ribeiro
António Salvado
António Tavares
António Victorino d' Almeida
Armando Silva Carvalho
Arnaldo Saraiva
Artur Anselmo
Artur Portela
Artur Ribeiro
Baptista-Bastos
Beatriz Hierro Lopes
Bernardo Pires de Lima
Bruno Vieira Amaral
Carla Hilário Quevedo
Carlos Campaniço
Carlos Fiolhais
Carlos Loures
Carlos Querido
Casimiro de Brito
Célia Correia Loureiro
César Alexandre Afonso
Clara Pinto Correia
Cláudia R. Sampaio
Cristina Boavida
Cristina Carvalho
Cristina Drios
Daniel Jonas
David Machado
David Marçal
David Soares
Deana Barroqueiro
Desidério Murcho
Diogo Freitas do Amaral
Diogo Ramada Curto
Dulce Maria Cardoso
Eduardo Cintra Torres
Eduardo Lourenço
Eduardo Paz Ferreira
Eduardo Pitta
Ernesto Rodrigues
Eugénia de Vasconcellos
Eugénio Lisboa
Fausta Cardoso Pereira
Fernando Alves
Fernando Alvim
Fernando Correia
Fernando Dacosta
Fernando Echevarria
Fernando Esteves Pinto
Fernando Paulo Baptista
Fernando Pinto do Amaral
Fernando Ribeiro
Fernando Venâncio
Filipa Leal
Filipe Nunes Vicente
Filipe Verde
Francisco Moita Flores
Francisca Prieto
Francisco Salgueiro
Frederico Duarte Carvalho
Frederico Lourenço
Frederico Pedreira
Gabriela Ruivo Trindade
Galopim de Carvalho
Gastão Cruz
Gonçalo Cadilhe
Gonçalo M. Tavares
Helder Guégués
Helder Moura Pereira
Helena Carvalhão Buescu
Helena Malheiro
Helena Sacadura Cabral
Henrique Manuel Bento Fialho
Hélia Correia
Inês Botelho
Inês Dias
Inês Fonseca Santos
Inês Lourenço
Inês Pedrosa
Irene Flunser Pimentel
Isabel A. Ferreira
Isabel da Nóbrega
Isabel Machado
Isabel Pires de Lima
Isabel Valadão
Ivone Mendes da Silva
Jaime Nogueira Pinto
Jaime Rocha
Joana Stichini Vilela
João Barreiros
João Barrento
João Céu e Silva
João David Pinto Correia
João de Melo
João Lobo Antunes
João Luís Barreto Guimarães
João Miguel Fernandes Jorge
João Morgado
João Paulo Borges Coelho
João Paulo Sousa
João Pedro George
João Pedro Mésseder
João Pedro Marques
João Pereira Coutinho
João Rasteiro
João Reis
João Ricardo Pedro
João Távora
João Tordo
Joaquim Letria
Joaquim Magalhães de Castro
Joaquim Pessoa
Joel Neto
Jorge Araújo
Jorge Buescu
Jorge Morais Barbosa
Jorge Sousa Braga
José-Alberto Marques
José Alfredo Neto
José António Almeida
José António Barreiros
José Augusto França
José Barata Moura
José do Carmo Francisco
José Fanha
José Gil
José Jorge Letria
José Manuel Mendes
José Manuel Saraiva
José Mário Silva
José Miguel Silva
José Navarro de Andrade
José Pacheco Pereira
José Rentes de Carvalho
José Riço Direitinho
José Viale Moutinho
Júlio Machado Vaz
Laurinda Alves
Lídia Fernandes
Lídia Jorge
Lourenço Pereira Coutinho
Luís Amorim de Sousa
Luís Carmelo
Luís Filipe Borges
Luís Filipe Castro Mendes
Luís Filipe Silva
Luís Manuel Mateus
Luís Naves
Luís Osório
Luís Quintais
Luísa Costa Gomes
Luísa Ferreira Nunes
Luiz Fagundes Duarte
Manuel Alegre
Manuel Arouca
Manuel da Silva Ramos
Manuel de Freitas
Manuel Gusmão
Manuel Jorge Marmelo
Manuel Marcelino
Manuel Tomás
Manuel Villaverde Cabral
Manuela Bacelar
Marcello Duarte Mathias
Marco Neves
Margarida Acciaiuoli
Margarida de Magalhães Ramalho
Margarida Fonseca Santos
Margarida Palma
Margarida Rebelo Pinto
Maria Alzira Seixo
Maria de Fátima Bonifácio
Maria do Carmo Vieira
Maria do Rosário Pedreira
Maria Elisa Domingues
Maria Filomena Molder
Maria Filomena Mónica
Maria Helena Serôdio
Maria João Avillez
Maria João Lopo de Carvalho
Maria Manuel Viana
Maria Saraiva de Menezes
Maria Teresa Horta
Maria Velho da Costa
Maria Vitalina Leal de Matos
Mariana Inverno
Mário Cláudio
Mário de Carvalho
Mário Zambujal
Marlene Ferraz
Miguel Cardoso
Miguel Esteves Cardoso
Miguel Gullander
Miguel Real
Miguel Sousa Tavares
Miguel Tamen
Nádia Carnide Pimenta
Nuno Amado
Nuno Camarneiro
Nuno Costa Santos
Nuno Júdice
Nuno Lobo Antunes
Nuno Markl
Nuno Rogeiro
Octávio dos Santos
Orlando Leite
Patrícia Baltazar
Patrícia Reis
Paula Morão
Paulo Assim
Paulo Castilho
Paulo da Costa Domingos
Paulo Guinote
Paulo Moreiras
Paulo Tunhas
Pedro Almeida Vieira
Pedro Barroso
Pedro Braga Falcão
Pedro Chagas Freitas
Pedro Correia
Pedro Eiras
Pedro Guilherme-Moreira
Pedro Lains
Pedro Marta Santos
Pedro Medina Ribeiro
Pedro Mexia
Pedro Paixão
Pedro Rolo Duarte
Pedro Sena-Lino
Pedro Tamen
Porfírio Silva
Possidónio Cachapa
Rafael Augusto
Raquel Nobre Guerra
Raquel Ochoa
Renata Portas
Ricardo Adolfo
Ricardo António Alves
Ricardo Araújo Pereira
Ricardo Paes Mamede
Rita Ferro
Rodrigo Guedes de Carvalho
Rosa Alice Branco
Rosa Maria Martelo
Rosa Oliveira
Rui Ângelo Araújo
Rui Cardoso Martins
Rui Cóias
Rui Herbon
Rui Manuel Amaral
Rui Miguel Duarte
Rui Pires Cabral
Rui Ramos
Rui Vieira Nery
Rute Silva Correia
Ruy Ventura
Sarah Adamopoulos
Sérgio Godinho
Soledade Martinho Costa
Susana Gaião Mota
Sylvia Beirute
Tatiana Faia
Teolinda Gersão
Teresa Salema Cadete
Teresa Veiga
Tiago Cavaco
Tiago Patrício
Tiago Rebelo
Tiago Salazar
Valério Romão
Valter Hugo Mãe
Viriato Teles
Vasco Gato
Vasco Luís Curado
Vasco Pulido Valente
Vítor Aguiar e Silva
Vítor Oliveira Jorge
Yvette Centeno
Texto originalmente publicado a 7 de Maio de 2016.
A lista foi muito ampliada, mencionando agora 322 nomes
Fonte Blogue Delito de Opinião
http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/escritores-discordam-do-acordo-em-8832243
No link que aqui deixo, podem ler-se artigos de opinião sobre o Acordo Ortográfico de 1990 (AO90), publicados em 2012, em jornais portugueses.
Apenas os ignorantes, os obstinados, os cegos e surdos mentais e os interesseiros não conseguem entender e ver que o AO90 não é “flor” que se cultive num país à beira-mar plantado e europeu.
http://repositorio.ul.pt/bitstream/10451/24289/3/ulsd072910_td_anexo_2.pdf
No segundo dia do Correntes d’Escritas, que está a decorrer na Póvoa de Varzim, o contestadíssimo AO90 veio à baila, como não podia deixar de ser.
"E o Acordo Ortográfico?" A pergunta veio da assistência.
A mesa, que integrava os escritores Cristina Norton, a cubana Karla Suarez, o espanhol Ignácio del Valle, o guineense Tony Tcheka e a portuguesa Teolinda Gersão, ficou momentaneamente sem palavras.
Porém, Teolinda Gersão, que venceu o último Prémio Vergílio Ferreira, quebrou o silêncio ao dizer: «Foi a maior estupidez que conheço. Entendemo-nos perfeitamente com grafias diferentes.»
Teolinda Gersão defendeu ainda que «não faz sentido apagarmos a etimologia quando somos uma língua latina que só é representada por Portugal na Europa. O Brasil não tem qualquer relação directa com o Latim, é um país jovem que tem uma outra história.»
E a escritora questiona-se sobre a aplicação do Acordo Ortográfico e pergunta: «Porque é que vamos apagar a nossa identidade? A troco de quê? Um acordo que está a ser negociado há 30 anos, é porque falhou!»
Os restantes escritores, de Espanha, Cuba e Argentina disseram que não há acordos na Língua de Cervantes.
Mas o escritor e jornalista guineense Tony Tcheka considera «ser moda dizer mal do Acordo Ortográfico e que os tempos conturbados da Guiné Bissau não têm permitido ao parlamento ratificar o acordo da grafia portuguesa. Não é prioritário.»
Ainda se fosse só moda…! E o que se diz sobre o AO90 não é mal… é a verdade nua e crua, porque, na realidade, o AO90 não veio acrescentar nenhum benefício à Língua Portuguesa. Pelo contrário, só veio empobrecê-la, deformá-la e desfeá-la profundamente e afastá-la anos luz das suas raízes cultas.
Trata-se de uma ortografia brasileira, que não interessa a Portugal.
Fonte:
Hoje, Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa, deslocou-se à Póvoa de Varzim, para presidir à cerimónia de abertura do Correntes d’Escritas, que já foi um evento prestigiante para a Língua Portuguesa, e hoje não passa de um veículo transmissor de uma ortografia que os governantes portugueses, servilmente, importaram do Brasil, e estão a tentar impingir aos Portugueses, vendendo-lhes gato por lebre, ao mesmo tempo que se recusam a ouvir as muitas vozes lúcidas das várias razões que clamam pela libertação da Língua Portuguesa, prisioneira da ignorância e falta de visão mental e política de todos os envolvidos nesta que é a maior fraude de todos os tempos, da História de Portugal.
Origem da imagem: Internet
Além desta inédita circunstância (inédita porque nenhum outro país ex-colonizador europeu, como Inglaterra, Espanha, França ou Holanda, jamais se rebaixou a importar a ortografia das suas ex-colónias, para daí retirar “vantagens” que só a elas interessam), temos a acrescentar o facto de alguns escritores, que se dizem anti-acordistas, terem aceitado um convite escrito em acordês (por muito que me interesse o evento, jamais a ele compareço, se sou convidada em acordês) para participarem no Correntes d’Escritas.
O que se espera desses escritores é que façam muito RUÍDO ao redor da indignidade da aceitação do AO90. Se não o fizerem, ficaremos bastante desiludidos e muito desconfiados desse dito anti-acordismo.
Todos os que vêem um palmo à frente do nariz, sabem que Portugal está a ser colonizado linguisticamente (mas não só) através de uma ortografia mutilada, inculta, desenraizada e afastada das suas origens cultas e europeias, o que está a contribuir para o caos ortográfico, onde quer que esteja a ser aplicada, inclusive nos documentos oficiais que nos chegam, escritos numa ortografia básica, de meninos do primeiro ano da Escola Primária, que começam a aprender a juntar as letras.
O Acordo Ortográfico de 1990 é simplesmente um hino à subjugação de Portugal aos interesses exclusivos do Brasil.
É que nenhum outro país lusófono está interessado nesta ortografia que se afastou da lusitanidade intencionalmente, constituindo um retrocesso, ao contrário do que os acordistas apregoam, porque a mutilação, pura e simples, não tem nada a ver com a evolução de uma Língua. Só assim pensa quem desconhece as Ciências da Linguagem.
EM QUE ASPECTO A ORTOGRAFIA MUTILADA, IMPORTADA DO BRASIL, SERVE OS SUPERIORES INTERESSES DE PORTUGAL?
É esta a pergunta que dirijo ao Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República Portuguesa, que jurou defender os interesses de Portugal e dos Portugueses, e a Constituição da República Portuguesa, e está a falhar redondamente nestas suas competências, no que diz respeito à defesa da Língua Portuguesa, o símbolo maior da nossa identidade, remetendo-se a um estranho e cúmplice silêncio.
Como cidadã comum, tenho por hábito escrever às autoridades, sempre que os meus direitos ou os dos que não têm voz, são violados, esperando muito naturalmente uma resposta.
Faço-o, porque entendo que os serviços públicos, neles incluindo todos os que ocupam altos cargos governativos, altos cargos de Poder, suportados com os nossos impostos, devem estar ao nosso serviço, e não o contrário.
Por educação, também deveriam saber que toda a carta merece uma resposta. Mas a triste realidade é que não sabem, e pior do que isso, não querem saber.
E as respostas não vêm.
E os cidadãos têm direito a essas respostas.
AMAR A LÍNGUA PORTUGUESA não é a mesma coisa que “amar” uma jóia que nos é muito cara, porque se a perdermos ou nos for roubada, a mossa será apenas material.
AMAR A LÍNGUA PORTUGUESA é amar a nossa própria identidade, a nossa origem, o nosso País, a nossa individualidade. Se a perdermos, perderemos as nossas raízes e acabaremos por acabar como País independente e livre.
Senhor Presidente da República, o senhor, hoje, participou num evento em que a Língua Portuguesa é bastante vilipendiada.
Pergunto: em que aspecto a ortografia mutilada, importada do Brasil, serve os superiores interesses de Portugal, que o senhor diz ter obrigação de defender, mas neste caso, não defende?
Todas as perguntas merecem resposta. E esta, mais do que qualquer outra, interessa aos Portugueses, porque aqui está em causa a Identidade Portuguesa, que o senhor tem o dever de defender.
Aguardo que Vossa Excelência tenha a gentileza de me responder.
O seu silêncio corresponderá àquilo que todos nós pensamos:
Que Portugal está entregue a pequeninos e pretende agigantar-se da pior maneira, subjugando-se a uma ex-colónia, que lhe acenou com uma falsa e desqualificada “grandeza”.
E os Portugueses terão então de agir em conformidade.
Isabel A. Ferreira
«ÀS VEZES VALE A PENA SER TEIMOSO E TER A MESMA IDEIA DO PRINCÍPIO AO FIM»
Isto foi o que ouvi Marcelo Rebelo de Sousa dizer hoje, no Telejornal da SIC, a propósito de se declarar ou não os Rendimentos e Património, na novela “Centeno e Domingues”.
Pois é este conselho presidencial que temos de seguir:
VAMOS SER TEIMOSOS E TER A MESMA IDEIA DO PRINCÍPIO AO FIM: RASGUE-SE O AO90, ANTES QUE O AO90 RASGUE A LÍNGUA PORTUGUESA
Quem puder adira a este evento e partilhe…
EVENTO:
No próximo dia 22 de Fevereiro (quarta-feira) Marcelo Rebelo de Sousa deslocar-se-á ao Casino da Póvoa de Varzim, pelas 12 horas, para presidir à cerimónia de abertura do “Correntes d’Escritas”.
Lá estarão presentes editores e escritores acordistas e órgãos de comunicação social.
Não seria uma boa oportunidade para demonstrarmos o nosso desagrado pelo modo como a questão da Língua Portuguesa está a ser tratada pelo presidente da República, que tem o dever de zelar pelos superiores interesses de Portugal e fazer cumprir a Constituição da República Portuguesa e que, segundo os juristas, não está a cumprir, uma vez que a Língua Oficial de Portugal está ser vilipendiada e imposta ILEGALMENTE?
Quem puder adira a este evento e partilhe…
https://www.facebook.com/events/388253731556368/
Um destes dias, “passei” pela RTP3 e estava a dar uma notícia qualquer sobre produtos portugueses promovidos na Rússia, no preciso momento em que o correspondente da RTP naquele país, Evgueni Mouravitch dizia que aquele s’tor (pronunciado assim tal e qual) estava em expansão.
Evgueni Mouravitch é um cidadão russo que aprendeu Português, com todas as regras, como um bom estrangeiro quando quer aprender uma Língua, e sempre falou a nossa língua com fluidez e bem pronunciada.
Ora acontece que com esta moda mutiladora das palavras introduzida no nosso Português através da Base 4 do Formulário Ortográfico Brasileiro, quebrou-se todas as regras da linguagem escrita, e a falada foi fatalmente afeCtada. E tanto os Portugueses, como principalmente os estrangeiros que se deparam com as palavras mutiladas, começaram a ler conforme a grafia aconselha.
Assim, aquele “sector”, sem o CÊ, forçosamente terá de ser pronunciado “s’tor”, ou então teria de ser acentuada - sétor - ou, repondo a legitimidade da palavra, teria de estar grafada seCtor, para que Mouravitch a pronunciasse correCtamente. E isto qualquer estrangeiro e também qualquer criança portuguesa, que esteja a aprender a ler, e a escrever, entenderá. As crianças já lêem s’tor. Só os acordistas não entendem, porque a cultura linguística deles não chega sequer aos calcanhares da cultura linguística das crianças.
Já ouvi jornalistas a ler as notícias nos pontos, e pronunciar as palavras mutiladas, segundo as regras gramaticais: dir’tor, âção, dirêto… que é assim que têm de ser pronunciadas, se não estão acentuadas ou grafadas correCtamente.
Eu própria, quando vou a um banco e vejo escarrapachado à minha frente aquele “diretor de marketing”, peço para falar precisamente com o “dir’tor”. Diante dos olhos esbugalhados do meu interlocutor, confirmo: «sim, dir’tor, não é isso que ali está escrito?»
É preciso pôr termo a este descalabro. Pretendem que os estrangeiros, que aprenderam Língua Portuguesa (não a brasileira), a reaprendam a escrever segundo a ignorância do AO90?
Ora se os Ingleses ou os Espanhóis lhe dessem para fazer acordos ortográficos com as ex-colónias, lá teria eu de desaprender o que levei anos a aprender com todas as regras, para falar e escrever bem estas línguas????
Ponho-me no lugar dos estrangeiros que suaram muiiiiito para aprender uma das Línguas mais completas, mais ricas, mais cultas, mas também mais difíceis do mundo, a Língua Portuguesa, para agora a verem mortalmente mutilada…
Que pobreza!!!!! Que tragédia!!!!! Que desgraça!!!!!
Isabel A. Ferreira
Origem da imagem: Internet
«Quando houver uma ordem ou instrução verbal de um superior hierárquico nas escolas para "aplicar" o AO90 (ex., escrever "Acta" sem "c"), ou na Administração Pública ou nos tribunais, responder:
"Exmo. Senhor/a,
|COMPLETAR
Nos termos do artigo 271.º, n.º 2, da Constituição da República Portuguesa (“direito de respeitosa representação”), venho requerer a confirmação por escrito da sua ordem/instrução, o fundamento legal da mesma e, caso tenha sido emitida, a ordem de a Escola/organismo |x| de ter mandado aplicar o "Novo Acordo Ortográfico".
Muito cordialmente,
ASSINATURA
Atenção: não se trata de "desobediência civil".»
Por Ivo Miguel Barroso
***
Concordo com este texto, que está completamente adequado ao que se passa actualmente em Portugal, no que respeita ao que os professores dizem SER OBRIGATÓRIO nas escolas: a aplicação do ilegal AO90.
A "desobediência civil" enquadra-se numa outra situação, obviamente.
Contudo, o apelo à "desobediência civil", que por vezes faço, é tão somente para chamar a atenção daquelas pessoas que pensam que uma "ordem" significa LEI, para o facto de que que temos o direito de DESOBEDECER, seja à ordem, seja à lei, se uma coisa e outra forem injustas, e no caso do AO90, ILEGAL.
É que a linguagem demasiado jurídica, por vezes, não é entendida pelos leigos.
Isabel A. Ferreira
Os maiores cérebros da Cultura Portuguesa estão CONTRA um acordo que só gerou desacordo. Mas o ministro Santos Silva e os restantes envolvidos nesta tramóia, não estão nem aí... porque estão lá... onde tudo se engendrou politicamente.
malaca casteleiro (assim em minúsculas, por minusculizar a Língua Portuguesa) está a levar pancada de todos os lados. Mas ele é apenas o bode expiatório! Porque quem deve levar pancada são os NOSSOS políticos que aceitaram entrar no jogo sujo que está a ser jogado nos bastidores dos "negócios DOS estrangeiros".
«A recusa do Governo em repensar o Acordo Ortográfico e as críticas de João Malaca Casteleiro (http://imgur.com/a/jjux5) à iniciativa de revisão da Academia das Ciências de Lisboa comentadas no "Governo Sombra" (TVI24, 11/02/2017). Para Pedro Mexia, faltam argumentos aos defensores do acordo para que aceitem voltar a debatê-lo e as acusações do "pai" do AO podem ser-lhe devolvidas: «Malaca Casteleiro diz que a proposta da Academia é uma manobra duvidosa e sem rigor científico que não ouviu os especialistas. É isso, obrigado, professor. Tudo isso é exactamente aplicável contra o acordo.» (Tradutores Contra o Acordo Ortográfico)
Um dos argumentos de quem defende o AO90 é o delírio de se pretender unificar o que eles chamam de Português de Portugal e Português do Brasil, para que todos se entendam debaixo do mesmo “toldo” …
Dizem que o Acordo Ortográfico de 1990 se propõe a unificar a grafia das duas variantes da Língua Portuguesa (e as variantes africanas, não contam?) criando uma ortografia comum aos países lusófonos (entenda-se apenas Brasil e Portugal).
Isto é o que dizem quanto à grafia made in Brasil que nos querem impingir.
E por que não a grafia made in Portugal, como seria mais natural, uma vez que a legítima Língua Portuguesa (de Portugal) é a Matriz, é a Geratriz de todas as suas variantes, e os Africanos de expressão portuguesa usam-na com elevado nível, apenas o Brasil se afastou dessa matriz?
O que vemos na imagem é um dos entraves à impossível unificação
Mas não é apenas a ortografia mutilada que está em causa, nesta negociata fraudulenta e obscura do AO90.
Existem aquelas outras palavras (e são às centenas) que os brasileiros dizem e escrevem e os Portugueses e Africanos de expressão portuguesa não dizem, nem escrevem.
E se é para haver unificação, a unificação deveria ser total, ou o objectivo dos negócios estrangeiros não se concretizará jamais…
Ora vejamos esta situação: escanção ou sommelier?
Ontem, numa reportagem da SIC, sobre vinhos alentejanos, que estão a ser promovidos no Brasil, fiquei a saber algo que desconhecia por completo, simplesmente porque de vinhos percebo o mínimo.
Mas sei que em Portugal existe o vocábulo escanção, oriundo do francês antigo eschanson, que por sua vez tem origem no Latim medieval scantio, e que significa profissional especializado em vinhos, ou aquele que nos banquetes antigos deitava o vinho nas taças dos convidados, ou ainda o oficial da corte que estava encarregado de servir o vinho na taça e oferecê-lo ao rei nas refeições.
E qual não foi o meu espanto, quando o jornalista aplica a palavra sommelier, e explica que no Brasil, os brasileiros utilizam esta palavra francesa, para designar o que em Português é escanção.
Ora se a Língua Portuguesa tem um termo específico para designar profissional especializado em vinhos, haveria necessidade de se ir buscar um vocábulo francês?
Talvez sim… Talvez para esnobar (termo brasileiro)a Língua do colonizador… É uma hipótese.
E agora das duas uma: com esta unificação pretendida pelo AO90, ou passamos nós e os Africanos de expressão portuguesa a dizer sommelier, ou passam os brasileiros a dizer escanção. Ou a unificação é apenas restrita à ortografia?
É que existem outras questões.
Aqui há tempos, um editor brasileiro pretendeu que eu traduzisse para brasileiro, um livro que escrevi em Língua Portuguesa, porque disse ele, no Brasil ninguém sabe o que é um quarto de banho (entre muitos outros termos usados cá, mas não lá). Eles lá dizem banheiro, que em Portugal significa um vigilante ou instrutor de natação, nas praias.
Neste caso, mais depressa um português se baralharia com banheiro, do que um brasileiro, minimamente instruído, com quarto de banho, uma vez que, estando-se a falar de uma casa, de um lar, de uma habitação, de um palácio, um quarto de banho não seria entendido como um compartimento para dormir… Ou seria?…
O livro ficou por traduzir e por editar, obviamente.
Se cada um diz a sua, como fica a unificação para que todos se entendam debaixo do mesmo “toldo”?
O pior é que como esta do sommelier, há centenas (milhares?) de outras palavras que os brasileiros americanizaram, afrancesaram, italianizaram e castelhanizaram, com a intenção de se afastarem do Português (?). E então, ou eles lá, abdicam dessas palavras estrangeiradas e começam a utilizar o léxico Português, ou nós cá, abdicamos do nosso Português e adoptamos essa estrangeirice, em prol da tal pretendida unificação, para que todos se entendam, e perdeemos a nossa identidade como Nação…
Agora pergunta-se: por que é que cada país não fica com a sua própria diversidade linguística na oralidade e na escrita?
É que nós cá, também temos regionalismos, e nem por isso alguém se lembrou de unificar o Português, em Portugal.
É que no Norte existem termos que os do Sul desconhecem ou não usam, e vice-versa. Como por exemplo: estrugido e refogado; garoto e pingo; imperial e fino; bica e cimbalino. Lá para o Sul é mais oiro, loiro, toiro, moiro… No Norte é mais ouro, louro, touro, mouro… Por que não deixar o léxico brasileiro ser brasileiro, e o léxico português ser português, e o léxico africano ser africano, na grafia e nas diversas pronúncias e nos preciosos regionalismos?
Os regionalismos brasileiros são riquíssimos (não estou a referir-me à estrangeirice) mas não estou a ver os Portugueses (ou os Angolanos ou Moçambicanos) a usá-los nem na escrita, nem na oralidade.
Na diversidade é que está a riqueza de uma Língua partilhada por oito países. Não na unicidade, que é redutora e anti-cultural.
Para se adoptar uma ortografia comum unificante, teria de se adoptar um léxico comum também unificante.
Que interesse terá Portugal (e o Brasil) em escrever teto, arquiteto, direto, setor, convição, rutura, invita, mas os Portugueses desconhecerem o que é um curumim ou uma cumbuca, e os Brasileiros não saberem o que é um brindeiro ou um bisalho?…
Isabel A. Ferreira
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