Quinta-feira, 31 de Maio de 2018

«Língua Portuguesa, diversidade sim, uniformidade não!» - Moção da Juventude Popular

 

Ao cuidado dos governantes portugueses, para que possam aprender com a Juventude, uma vez que rejeitam o saber dos velhos do Restelo, como gostam de chamar àqueles que defendem a Língua Portuguesa, tenham a idade que tiverem...

 

FLOR DO LÁCIO.jpg

Para quem não sabe, Olavo Bilac é um dos maiores poetas brasileiros

 

Rafael Dias, presidente da Juventude Popular (CDS/PP) elaborou uma moção sectorial sobre o AO90, apresentada a 28 de Maio de 2018 e aprovada por larga maioria em, na qual rejeita inequivocamente o dito Acordo Ortográfico de 1990, sendo a JP a primeira Juventude Partidária a rejeitar o AO90, considerando que ele «promoveu um grotesco aborto ortográfico à língua portuguesa, sendo desde logo, por isso, uma fraude política e técnica. "

 

Eis, na íntegra, o documento apresentado e aprovado por larga maioria, pela Juventude Popular (o negrito é da responsabilidade da autora do Blogue):

 

«Língua Portuguesa, diversidade sim, uniformidade não!»

 

A moção aqui vertida insta a que a Juventude Popular de forma activa e indubitável vise a reversão do Acordo Ortográfico de 1990. A língua portuguesa anda entregue à bicharada, não pode ser. O património derradeiro da nossa pátria não pode ser vexado desta forma. O AO90 apenas complica em vez de simplificar, confunde em vez de unir, uma união que não faz qualquer tipo de sentido, pois a língua portuguesa como idioma global, tal como o inglês, deve ver na diversidade a sua riqueza e não numa uniformização cega, que convém apenas a algumas editoras. Mais, o AO90 afasta o português, como língua proveniente do latim, de outros idiomas semelhantes, como é o caso do francês, do espanhol ou do italiano, o que torna a sua difusão e aprendizagem pela Europa mais difícil e mais incerta.

 

Acima de tudo o AO90 é uma falácia política, técnica e cultural que tem como corolário factual o falhanço político, dada a sua rejeição pela maioria dos países da Portugalidade - só o Brasil, ainda que a espaços e de forma dúbia, e Portugal praticam o Acordo - e, sobretudo pela maioria da comunidade que mais utiliza a língua portuguesa no seu quotidiano, jornalistas, escritores, cronistas, professores.

 

A língua é um dos símbolos de uma nação é, pois, o seu maior património imaterial, derradeiro e perene. A Língua é um património valioso e um instrumento determinante para a afirmação dos povos e das suas culturas, porque é através dela que exprimem a sua identidade e as suas diferenças.

 

Tal como a espontaneidade da vida e dos costumes de cada povo, a Língua é um elemento vivo, e não pode, por isso, ser prisioneira de imposições do poder político, que limitam a sua criatividade natural. Deve, naturalmente, evoluir com as vicissitudes dos séculos, não obstante, esta deve ser uma evolução natural e espontânea que tenha âmago na vontade popular e no uso que os constituintes da nação dela fazem no quotidiano ao longo de gerações, sendo por isso tutelada pelo costume. Não é, note-se, o caso deste Acordo Ortográfico, que procedeu de forma sumária à amputação de consoantes e acentos gráficos de forma bárbara, desconexa e ilógica, promovendo um grotesco aborto ortográfico à língua portuguesa, sendo desde logo, por isso, uma fraude política e técnica.

 

Uma fraude política também porque substituindo a vontade popular, a classe dirigente do nosso país à época sentiu-se legitimada para liderar um hipotético processo de uniformização da língua portuguesa que encalhou no Acordo Ortográfico” de 1990 (AO90), nascendo de uma ideia, no mínimo, ingénua do primeiro-ministro à época, Aníbal Cavaco Silva – depois merecendo a conivência dos executivos sucessivos - sob a bandeira de unificar as diversas variantes do idioma português, alegadamente, pasme-se, para evitar que o Português de Portugal não se transformasse numa língua banal, e de simplificar a escrita, o que fez foi abrir uma caixa de Pandora e criar um monstro, pois todos os objectivos desta aventura diplomática fracassaram redondamente. O processo de entrada em vigor do AO90 nos Estados lusófonos é também uma fraude política: o AO90 teria de ser ratificado por todos os Estados. Mas Angola e Moçambique, os dois maiores países de língua portuguesa a seguir ao Brasil, nunca o ratificaram. E, dos restantes países, só três o mandaram aplicar obrigatoriamente: Portugal, a partir de 2011-2012; Cabo Verde, a partir de 2014-2015; e o Brasil, a partir de 2016. Há, assim, repetidas incongruências no domínio jurídico que urgem ser denunciadas. O AO90 é também um lamentável exemplo da forma como o Estado abusou do seu poder. Visto que nunca foi fomentado algum debate público sobre o AO90. Um abuso do poder do Estado e uma fraude técnica também porque foram, em 2005, emitidos 25 pareceres negativos por parte de especialistas e de entidades consultadas. Todo o processo do AO90, culminando com a Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011, é um exemplo evidente e pérfido de falta de transparência, inadmissível num Estado de Direito democrático.

 

O AO é um grotesco falhanço técnico e político e uma fraude porque, indefectivelmente, não unificou, muito menos uniu, apenas baralhou e confundiu. Primeiramente, segundo um estudo Maria Regina Rocha 2.691 palavras que se escreviam de forma diferente mantêm-se diferentes; apenas 569 que eram diferentes se tornaram iguais; 1.235 palavras que eram iguais tornaram-se diferentes e, destas, 200 mudaram apenas em Portugal, dando origem a soluções aberrantes como aceção, conceção, confeção, contraceção, deceção, impercetível..., enquanto no Brasil se continua a escrever acepção, concepção, confecção, contracepção, decepção, imperceptível, etc. O AO patrocina também a confusão e a dificuldade de aprendizagem da língua através da sua incoerência morfológica, note-se no exemplo de «Egito», os seus habitantes não são os «egícios» mas sim uns egípcios, ou nas célebres «arquitetas» e «espetadores».

 

Além de que, o AO90 não incide sobre os factores de divergência da linguagem escrita entre Portugal e o Brasil, nas quais existem diferenças lexicais (fato – terno; autocarro – ônibus; comboio – trem; usina-fábrica), sintácticas (tu – você) e semânticas (palavras com sentidos diferentes: camisola, por exemplo, que, no Brasil, significa “camisa de dormir”).

 

Estamos perante diferenças atávicas que caracterizam as duas variantes do Português e que não se alteram por decreto. No limite, não unificou ou uniu, porque desde logo o acordo não é aceite na maioria dos Estados com língua oficial portuguesa.

 

A jusante, a aplicação do AO90 afasta o Português dos principais idiomas internacionais, o que só traz desvantagens em termos etimológicos, de globalização e de aprendizagem dessas línguas estrangeiras, em relação às quais não temos qualquer vantagem em nos afastar. Por exemplo, a palavra “actor”: em todas as línguas, como a nossa, em que a palavra é de raiz latina, escreve-se “actor” com c ou k (excepto em Italiano, mas em que se escreve com duplo tt, que tem idêntica função de abrir a vogal “a”).

 

O AO 90 ao invés de cumprir o fim de evitar o desaparecimento do português de Portugal, um exercício desprovido de lógica e racionalismo, a caixa de Pandora que abriu, pelo contrário, fomentou a sua banalização. Senão vejamos: Qual é hoje o smartphone cuja escrita inteligente sugira António em vez de Antônio, género em vez de gênero, facto em vez de fato? Quantos são os programas electrónicos que prevêem apenas o célebre português do Brasil ou videojogos que atribuem ao português a bandeira brasileira?

 

Sejamos claros: a diversidade ortográfica — entre apenas duas variantes do Português: o de Portugal e o do Brasil — nunca foi obstáculo à comunicação entre os diversos povos de Língua portuguesa; como nunca foi razão de empobrecimento, mas, pelo contrário, uma afirmação da pujança da nossa Língua; o que, aliás, faz dela uma das mais escritas e utilizadas do Mundo.

 

O Inglês tem 18 variantes, e não deixa por isso de ser a principal língua internacional; o Francês tem 15 e o Castelhano, 21.

 

Devemos, portanto, como bons patriotas, celebrar a diversidade da nossa língua, e não uniformizá-la, rejeitando qualquer tipo de eugenia linguística sumária originada num decreto que não simplifica, não unifica e muito menos une!»

 

Original aqui:

https://www.docdroid.net/Rf9vOtK/mes-h.pdf#page=4

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:04

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Terça-feira, 29 de Maio de 2018

LISBOA SEM MAMILOS

 

Enviaram-me o link de uma página do Facebook denominada «Lisboa sem teto (atenção, isto lê-se têtu)».

 

Não é a primeira vez que me deparo com esta palavrinha… que se escreve sem se saber o que se está a escrever.

 

E não me venham com a história do não se lê, não se escreve, porque estarão a demonstrar uma descomunal ignorância.

 

TETO.jpg

Lisboa Sem Teto

 

Nesta página, deixei esta crítica, porque me irrita ver a Língua Portuguesa ser assim tão maltratada:

 

 

«Gostaria muito de poder colocar aqui as cinco estrelas, mas não sei o que é Lisboa sem TETO (lê-se têtu).

 

Lisboa sem TETO (têtu)?

 

 

Sabem o que é TETO (têtu)

 

TETO (têtu) é o mesmo que TÉTUM = Língua Nacional de Timor Lorosae, pertencente ao grupo das línguas malaio-polinésias.

 

TETO (têtu) também significa mamilo dos animais irracionais; gomo de fruta; canal excretor das mamas das fêmeas dos animais domésticos.

 

Lisboa sem TETO (têtu)? O que é isto?

 

O que é que Lisboa não tem? Como é improvável que seja a Língua Nacional de Timor Lorosae, deduzo que Lisboa não tenha mamilos; e se não tem mamilos, não é Lisboa, cidade portuguesa, capital de Portugal.

 

Será uma nova espécie de mamífero sem mamilos?

 

Sugiro que escrevam em boa Língua Portuguesa, e que se deixem de modismos = idiotismos de linguagem

 

É preciso que comecem a saber as idiotices que escrevem, quando mutilam as palavras.

 

É preciso pôr um fim a este tipo de ignorância.

 

Isabel A. Ferreira

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:11

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Quinta-feira, 24 de Maio de 2018

ENTRE O CAOS, A QUIETUDE...

 

Um exercício de escrita, em Língua Portuguesa desacordizada, como convém, em terras de Portugal, cheio de mensagens nas entrelinhas.

 

(Esta observação é apenas dirigida àqueles leitores que andam por aqui a ler com olhos de ver, e não com olhos de ler…)

 

EMBONDEIRO.jpg

(Foto: Dadobat)

 

Copyright © Isabel A. Ferreira

           

Aguardo com ansiedade a visita do ser exótico, o meu misterioso amigo. Prometeu-me vir hoje, logo que no antiquíssimo relógio da torre da Igreja do Bom Fim soe a primeira das 27 badaladas de um tempo que só nós sabemos. Contudo, inesperadamente, o relógio veio instalar-se entre a folhagem do velho embondeiro que vejo agora flutuar no meu jardim, como uma nuvem.

 

Não é tarde, nem será cedo, talvez! Não sei exactamente da hora. Ouço apenas os estranhos uivos das pedras, aqueles de que enigmaticamente me falara o ser exótico, da última vez que me visitou. Lá nas alturas vejo a lua rasgar os seus véus prateados e despudoradamente desnudar-se diante do mundo, enquanto as estrelas se lançam no espaço, numa atitude aparentemente suicida. Terão o propósito de assustar os anjos? As trevas afundam-se agora nas nuvens, e eu confundo-me com toda esta grotesca cena apocalíptica.


Os uivos das pedras tornam-se cada vez mais lancinantes. O Sol, que a esta hora costuma iluminar o outro lado do mundo, completamente endoidecido, acaba de despedaçar todos os seus raios e deixa-se afundar no Pacífico, queimando as águas deste oceano, que se torna da cor do sangue.

 

E o meu amigo que não vem...!

 

Mas ainda não é tarde. Nem será cedo, talvez! Continuo a não saber da hora. Ouço passos. Dlão! A primeira badalada. É ele que chega. A janela! Esqueci-me de abrir a janela.

 

— Que aconteceu à porta da sua casa?

 

— Não sei, meu amigo. Simplesmente sumiu. Enquanto eu olhava a Lua rasgando os seus véus prateados, a porta saiu numa desenfreada correria. Pareceu-me ouvi-la dizer qualquer coisa como abrirei a minha mente e não mais a encerrarei...

 

— O que me diz?!

        

— Exactamente o que acabou de ouvir, meu amigo.

        

Na verdade, esta era a chave que abriria a porta do caos. Disse-me o ser exótico. Estava tudo escrito naqueles farrapos que encontrara pendurados nos fios de ovos que as velhas galinhas do galinheiro de ninguém expeliram para dentro de um lindíssimo cálice de ouro.

 

O meu amigo não tinha qualquer dúvida.

 

— Um australopiteco nunca se engana – disse – Um australopiteco escreve sempre torto por linhas direitas, e, ziguezagueando, segue o rasto dos cometas que o levam a lugar nenhum. Mas ele não se importa. Afinal, ele é um australopiteco. Nasceu das asas de uma vespa e alimenta-se de estrelas cadentes. É um governante, e os governantes governam sentados, para não se cansarem demasiado, enquanto o povo dorme tranquilamente o sono dos injustos, pois que injustiça maior senão aquela que exorta os governantes a governarem?

 

O ser exótico vai-me dizendo tudo isto, enquanto que, com algum esforço, entra pela janela, uma vez que a porta da minha casa decidiu simplesmente abandonar-me, para que o caos se instalasse no universo.

 

— É isto, meu amigo, é isto que devo deduzir das suas palavras?

        

O ser exótico não me respondeu imediatamente, porque, entretanto, o Sol que havia despedaçado todos os seus raios, parece arrependido, e, através da nesga de mar que se vislumbra da minha janela, podemos vê-lo juntando, desesperadamente, os estilhaços do seu ser, espalhados pelas águas avermelhadas.

 

— Observe bem, minha amiga, jamais terá outra visão igual. O Sol reconstrói-se no mar, e a Lua, repare bem, a Lua, envergonhada da sua nudez diante do mundo, pede ajuda aos bichos-da-seda para que refaçam os seus véus prateados. E as estrelas, que apenas fingiram um suicídio colectivo, voltam aos seus lugares. E mais, o relógio que se instalou entre a folhagem do velho embondeiro que, repare, já não flutua no seu jardim, voltou à antiquíssima torre da Igreja do Bom Fim. E a porta da sua casa, veja como tenta encaixar-se novamente nesta parede! Mas foi preciso que as galinhas expelissem aqueles fios de ovos no lindíssimo cálice de ouro, para que o caos se instalasse.

 

Eis a resposta que, ansiosamente, eu esperava! Afinal, não fora a minha porta a causadora de toda esta anarquia, embora ela tivesse proferido a frase-chave que daria início ao caos: «Abrirei a minha mente e não mais a encerrarei...». Agora sabia, foram os vómitos das velhas galinhas do galinheiro de ninguém, que desencadearam todo este desequilíbrio da Natureza.

 

— Não se esqueça, minha amiga, é preciso que os australopitecos se alimentem de estrelas cadentes para que o mundo volte ao seu normal. Por isso os luzeiros do céu apenas fingiram suicidar-se.

 

— Então, e o Sol e a Lua fingiram também? – Pergunto, um tanto incomodada com a minha ignorância.

 

— Não, esses entraram apenas em colapso. Temporariamente, como pôde observar. São eles os baluartes do tempo. A seu cargo têm os dias e as noites. Porém, mal ouviram os uivos das pedras (o sinal de Deus para que entrassem em autodestruição) nada mais fizeram do que obedecer ao Criador.

 

Neste momento já não ouvimos os uivos das pedras. Os sons agora são outros. É o vento que passa, sem pressa, serenamente...

 

— Minha amiga, aproveito esta acalmia para a deixar. Voltarei outro dia. Mas antes de partir quero que atente no que vou dizer-lhe: os australopitecos alimentam-se de estrelas cadentes e o caos humano, em linguagem eterna, escreve-se k ooooos...

 

Que tarde esta! Sinto que algo escapou aos meus sentidos. Fui protagonista de um estranho fenómeno, e o meu amigo partiu sem me explicar o que realmente se passou. Não endoideci, com certeza. Visionaria, na verdade, o k ooooos descrito naqueles farrapos pendurados nos fios de ovos que as velhas galinhas do galinheiro de ninguém verteram no cálice de ouro?...

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:29

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Quarta-feira, 23 de Maio de 2018

Génese do Acordo Ortográfico de 1990

 

Um olhar despido de qualquer preconceito, apresentado em três partes, baseado em factos históricos, actos e fontes fidedignas, sobre o que está por trás da imposição a Portugal da grafia brasileira, à qual fraudulentamente chamam Acordo Ortográfico de 1990.

 

SÉRGIO VAZ.png

 

Génese do Acordo Ortográfico de 1990 (Parte I)

https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/a-genese-do-acordo-ortografico-de-1990-52848

 

Génese do Acordo Ortográfico de 1990 (Parte II)

https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/a-genese-do-acordo-ortografico-de-1990-53853

 

Génese do Acordo Ortográfico de 1990 (Parte III)

https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/genese-do-acordo-ortografico-de-1990-55885

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:09

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Terça-feira, 22 de Maio de 2018

MEDALHA DE MÉRITO CULTURAL PARA A "ACORDISTA" LÚCIA VAZ PEDRO?

 

A União de Freguesias de Mafamude e Vilar do Paraíso decidiu atribuir a medalha de Mérito Cultural à acordista Lúcia Vaz Pedro, que, no JN, costuma divulgar a grafia brasileira, em pseudolições de português.

 

Neste nosso empobrecido país tudo é possível!

 

LÚCIA.png

Origem da Imagem:

https://www.jn.pt/artes/interior/lucia-vaz-pedro-recebe-medalha-de-merito-cultural-9361588.html

 

Bem, hoje em dia, qualquer um recebe medalhas de mérito cultural, até aqueles que vão para uma arena torturar touros para divertir sádicos, recebem medalhas de mérito cultural. E já vi vigaristas e corruptos a receber medalhas de mérito cultural. É só dar uma volta pela Internet.

 

As medalhas de mérito cultural estão tão banalizadas que, hoje em dia, valem ZERO.

 

Quem as tem, bem merecidas, devia devolvê-las. Actualmente, para quem realmente as merece, é uma desonra, ter ou receber medalhas de um mérito cultural tão banalizado.

 

Lúcia Vaz Pedro até poderá ter o seu mérito. Algum mérito terá. Não duvido. Mas mérito cultural? Quem despreza a Língua Portuguesa, base da Cultura Culta, trocando-a pelo dialecto brasileiro, e apresentando aos leitores do JN as maiores ignorâncias gráficas, prestando com isso um péssimo serviço cultural ao País?

 

Poupem-me!

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:48

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Inquérito sobre o Acordo Ortográfico é bastante esclarecedor

 

A SIC Notícias realizou um inquérito telefónico sobre o "Acordo Ortográfico 1990" no programa "Opinião Pública". O resultado é o resultado de todos os inquéritos que já se realizaram em Portugal, a este respeito.

 

Querem passar-nos a ideia de que o AO90 está implantado no país e tal…

 

Mas…

 

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Origem da imagem:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10206112604284166&set=gm.1139990016046370&type=3&theater&ifg=1

 

… apenas os subservientes órgãos de comunicação social (com raras excePções), professores (com raras excePções), os escravos do Poder (sem excePções), e os funcionários públicos e restantes serviçais do Estado (com raras excePções), o aplicam, e mal, gerando a maior mixórdia ortográfica de todos os tempos, em Portugal, e caso único no mundo.

 

A esmagadora maioria do povo português, instruído ou menos instruído, não aplica a grafia brasileira, (90%) preconiza pelo “acordo ortográfico de 1990”. E muitos nem sabem o que isto é.

 

Apesar disto, o muito democrático governo português insiste em manter esta fraude com base nos “milhões”, numa obscena subserviência a interesses estrangeiros.

 

A isto chamo uma democracia à portuguesinho.

 

Doutor António Costa, num próximo fim-de-semana, sugiro-lhe que vá, sozinho, até a uma praia deserta, sente-se a olhar o mar, e medite no papel que actualmente desempenha na sociedade portuguesa, em pleno século XXI d. C., e principalmente medite no modo como quer ficar para a História de Portugal. É que, posso garantir-lhe, não está no bom caminho, e a continuar assim, com toda a certeza, não constará na galeria dos Heróis da Pátria.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 10:50

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Domingo, 20 de Maio de 2018

LÁ LONGE... ONDE EXISTE UM PARAÍSO...

 

Escrevi este texto em 2009. Com muito carinho.
Dedico-o, hoje, igualmente com muito carinho, aos meus irmãos Brasileiros, lamentando que o AO90 esteja a destruir a Língua que nos unia,  mas também esteja a destruir algo dentro de mim...

 

 Ainda que as palmeiras se agitem, ao aproximar-se a tempestade, mesmo assim... a magia é imensa...

 

 Copyright © Isabel A. Ferreira 2009

 

Talvez porque o dia esteja cinzento... e de onde me encontro só vislumbro telhados e chaminés, coisas que nada me dizem... recuo a um passado vivido entre palmeiras, goiabeiras, coqueiros, farta vegetação, onde o canto do sabiá se fazia ouvir sobre todos os outros cantos de pássaros exóticos, de que é fértil a selva brasileira.
Quanta saudade!
Viajo até à formosa ilha de Paquetá, um daqueles paraísos que, suponho, ainda vão resistindo à mão do homem-predador, uma ilha que eu conheci, um dia, era ainda menina, e que jamais pude esquecer. Foi como se tivesse vivido um conto de fadas.
A Baía da Guanabara, onde se situa a Ilha de Paquetá, integra uma das mais belas paisagens do mundo, tendo a seus pés a cidade do Rio de Janeiro, onde nem tudo combina com a exuberante natureza da região.
No tempo em que por lá vivi, atravessava-se a Baía até Paquetá, em pequenos barcos a motor, sempre apinhados de gente, que procurava um refúgio tranquilo naquela ilha, onde a deslumbrante flora tropical, não fora ainda violada pela poluição, de espécie alguma.
Ali, as árvores não estremeciam com o roncar dos automóveis ou das infernais motorizadas, pois a sua circulação na ilha era proibida (ainda será?). Lá, só se andava a pé, de charrete, com pneus de borracha, puxada a cavalos, ou então de bicicleta.
Não admirava, pois, que o verde da folhagem fosse mais verde e as flores mais coloridas. Podia ouvir-se o som do silêncio, quando a Natureza adormecia, apenas interrompido, de onde a onde, pelo suspiro de um pássaro solitário.
Lá, as areias eram brancas e a vegetação crescia selvagem e livre até às praias, banhadas por águas límpidas que reflectiam a luz do Sol, permitindo ver o fundo marinho envolvido em mistério.
Paquetá tinha a magia de uma ilha tropical, tranquila, quente, envolvente. Todas as madrugadas, a Natureza despertava como se acabasse de ser criada pelo próprio Deus, e, quem tinha o privilégio de lá viver ou passar alguns dias, era despertado também pelo canto de um pássaro que resolvia pousar no ramo mais próximo do chalé. Abria-se então a janela e aquele ar puro com cheirinho a mar entrava-nos na alma, e era como se tornássemos a nascer.
Ao cair da tarde, debaixo da luz ténue do Sol tropical, a vegetação tomava um colorido suave, indescritível, e as águas tranquilas da baía faziam-nos lembrar os tão cantados lagos dos contos de fadas.
Em Paquetá, vivia (será que ainda vive?) o próprio Deus!
Claro que a ilha já existia, bela e selvagem, muito antes de os homens a terem descoberto. E ela era tão linda, tão exuberante que homem algum se atreveu a violá-la. Adaptaram determinados locais para o homem lá poder viver. Mas não a destruíram. E era possível nela podermos apreciar belos chalés e palacetes de arquitectura notável, lindas avenidas, floridas e arborizadas, testemunhos de uma civilização controlada, não agredindo a Natureza virgem.
Na ilha tudo era fresco e limpo, e os turistas (estrangeiros e brasileiros) que ali afluíam não se atreviam a conspurcar o lugar, com a sua incivilização. Não podiam! Tal era a magia que Paquetá exercia sobre os homens.
Sou daquelas pessoas que pensam que o homem pode preservar o seu próprio paraíso, quando o tem, ou construí-lo, quando o não tem, tudo dependendo do seu grau de inteligência, da sua boa vontade, da sua sensibilidade, da sua lucidez. Por isso, revolto-me ao deparar-me com homens de pouca inteligência, de má vontade e insensíveis a conduzir o destino dos que sabem distinguir entre o inferno e o paraíso.
É verdade que o que é paraíso para uns, pode ser inferno para outros, no entanto, quem mutila o próprio corpo para dele arrancar os próprios pulmões, é um mero suicida, e não um Homem!
Quem teve o privilégio de conhecer Paquetá e outros paraísos, ou viveu outras civilizações, onde a Natureza é respeitada e preservada para o próprio homem dela usufruir, não pode, em toda a consciência, aceitar a vida na selva de cimento em que se transformaram as nossas cidades.
Deus, que criou paraísos para o homem viver, e deu inteligência ao homem (e não às pedras) para ele poder discernir, não quer, com toda a certeza, ver destruído o que construiu com tanto engenho e arte.
Deus, ao mostrar o paraíso a Adão e Eva disse-lhes: «Eis o Jardim do Éden, onde podeis viver felizes e tranquilos, se assim o desejardes!»
Dependia, pois, deles, viver eternamente sem «consumirem a própria existência em rudes e penosos trabalhos».
Adão e Eva conheceram o Paraíso e perderam-no, por não saberem preservá-lo. E Deus nada pôde fazer. A escolha foi deles.
Quem de nós não conseguir interpretar o simbolismo do «Jardim do Éden» não poderá nunca entender a magia da Natureza, os segredos da flora e da fauna e os mistérios  que rodeiam a Humanidade.
É essa ignorância que eu lamento.

 Isabel A. Ferreira

 
publicado por Isabel A. Ferreira às 18:05

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Sexta-feira, 18 de Maio de 2018

DIVAGAÇÃO SOBRE A LÍNGUA

 

 Um texto de Josefina Maller

 

DIVAGAÇÃO.jpg

 

Poderia ter morrido. Mas não morri.

 

Andei perdida. Mas encontrei-me. Num curto espaço de tempo, tanta coisa aconteceu…

 

O mundo endoideceu. Portugal afunda-se… ou já estará no fundo?

 

Eu, que respiro palavras, e que tenho a escrita a correr-me nas veias, emudeci…

Disseram-me que a Língua Portuguesa já não é mais grafada à Portuguesa… Será verdade?

 

Disseram-me que a Língua agora é uma mescla de palavras tão mal escritas como mal ditas.

 

Recuso-me a acreditar que fizeram isto à Língua Portuguesa. De Dom Diniz a Lviz Vaz de Camões, a Língua evoluiu. De Lviz Vaz de Camões a Fernando Pessoa, a Língua evoluiu. De Fernando Pessoa ao Prémio Nobel José Saramago, a Língua evoluiu.

 

E agora José?

 

Inventaram outra língua? Já não é mais a nossa Língua? Querem impô-la, apenas por que sim? Porque interessa ao estrangeiro? Isso não é argumento.

 

O que fazer então?

 

Eu sei o que vou fazer. Mas o que farei não salvará a Língua.

 

Contudo, temos o DEVER de salvá-la. Ela é a NOSSA identidade.

Os professores de Língua Portuguesa têm o DEVER de salvar a Língua.

 

A geração futura não pode aprender a escrever numa grafia que já não é a Portuguesa: a de Dom Diniz, a de Camões, a de Fernando Pessoa, a de José Saramago… e a do Padre António Vieira, que já corre por aí bastamente mutilada…

 

Eu jamais escreverei de acordo com esse que dizem ser um acordo, mas que nem sequer existe… Porém, o que eu fizer, não salvará a Língua, porque existem as crianças…

 

O que estão a fazer às crianças?...

O que estão a fazer à Língua Portuguesa?

 

Josefina Maller

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:04

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Quinta-feira, 17 de Maio de 2018

A NEGLIGÊNCIA NA LÍNGUA E NA ESCRITA É PRINCÍPIO DA DECADÊNCIA DE UM PAÍS

 

«Se tivermos presentes os inúmeros exemplos da aberração, mais do que documentada, do Acordo Ortográfico, estas rápidas considerações que fiz deviam bastar para se ter consciência da monstruosidade que foi fabricada, decidida e tão célere e surdamente imposta.»

 

Excelente texto para ler e reflectir.

 

DECADÊNCIA.jpg

(Origem da imagem: Internet)

 

Texto de Guilherme Valente

 

A escrita não é uma arbitrariedade. Tem uma lógica, uma história, uma função, valor e importância inestimáveis.

 

"Patriotismo é o amor pela nossa Terra. Nacionalismo é o ódio à Terra dos outros” Romain Gary

 

"É sempre um défice de pátria que atiça o nacionalismo, nunca um excesso" Pascal Bruckner

 

  1. A escrita não é “uma mera representação do idioma” (1). Nem é uma arbitrariedade. Tem uma lógica, uma história, uma função, valor e importância inestimáveis.

 

A gramática, a sua nomenclatura e terminologia também não podem ser o tricot com que os nossos linguistas alteraram recorrentemente os programas de Português. Talvez para fazerem passar por avanços de ciência o que na realidade não o é.

 

Mas a gramática e a sua nomenclatura têm também uma lógica e uma história.

 

Do mesmo modo que os Jerónimos ou a Batalha também não são a construção de lego com que uma criança possa brincar, ou mamarrachos que se possam alterar ou destruir à vontade. Nem a obra Os Maias pode ser trocada por uma versão facilitista, idiota dela. De facilitismo em facilitismo, de simplificação em simplificação, é inteligência que se atrofia e que matam.

 

A língua, organismo vivo, enriquecível pela interacção inevitável das culturas, não deixa de ser por isso a herança matricial que é, que tem de ser cuidada, ensinada e amada - escola é, sempre, a palavra-chave.

 

Por isso, a escrita, que reflecte essa natureza da língua, pode e deve ser actualizada. Mas no seu tempo e com critério, tocando-se nela com precisão cirúrgica, sem ferir a sua lógica, sem quebrar o fio agregador da sua origem e da sua história. Porque tal como todos os outros elementos que referi, tal como a História, é constitutiva e constituinte duma identidade humana, que é, na sua universalidade, singular. Porque tudo o que somos, pensamos ou fazemos é resultado duma cultura, isto é, "duma compreensão do mundo historicamente adquirida". Que devemos assumir e de nos devemos orgulhar.

 

  1. Se tivermos presentes os inúmeros exemplos da aberração, mais do que documentada, do Acordo Ortográfico, estas rápidas considerações que fiz deviam bastar para se ter consciência da monstruosidade que foi fabricada, decidida e tão célere e surdamente imposta.

 

Tão célere e surdamente que se impõe a pergunta metódica que deve ser colocada quando, entre nós, algo é decidido e imposto tão célere e surdamente: que interesses beneficiou este AO?

 

Devo declarar que muito boa gente lutou por este AO por muito boas razões, sobretudo de política cultural e mesmo económica, designadamente as relações, de vária natureza, com o Brasil, e a valorização da língua portuguesa na comunidade internacional. Na minha opinião, contudo, que os factos confirmam, não era correcta a avaliação que fizeram. E essas bem-intencionadas razões não deviam ter ignorado o desiderato que acima formulei.

 

  1. Na verdade, depois de tudo o que recorrentemente foi sendo imposto na Educação, este AO era, e continua a ser na escola, a bomba atómica que faltava. Que ainda faltava, depois da mediocrização dos programas de Português, da liquidação da História e dos seus protagonistas, da ignorância das datas, do desaparecimento da Geografia, da estigmatização da literatura, da desvalorização do conhecimento substantivo e da cultura (colocaram a palavra entre aspas e estigmatizaram-na chamando-lhe "erudita"), depois da dissolução ou relativização de tudo o que nos torna Portugueses e, sem contradição, cidadãos do mundo.

 

Cidadãos do mundo, porque amar a nossa Terra não é incompatível, bem pelo contrário, com o sonho empolgante de podermos contribuir, com a oferta do que conseguirmos ser, da nossa diferença, para o progresso de todas as nações.

 

Argumentou Henrique Monteiro, no Expresso, que muitos milhares de miúdos já aprenderam as novas regras. Diz isso porque não tem reparado como escrevem hoje os alunos e... muitos professores. E está a esquecer os milhões de portugueses que não as aprenderam e nunca aprenderão. E se muitos miúdos as aprenderam, estão na idade perfeita para aprenderem o que deve ser ensinado.

 

Um dos danos mais profundos e irreversíveis deste AO, tal como acontecera com as sucessivas alterações absolutamente gratuitas na nomenclatura e na terminologia da gramática, foi separar os pais dos filhos, foi impedir que os apoiassem no estudo do Português. Como me aconteceu a mim há trinta e tal anos.

 

  1. Não há Nação sem língua, sem escrita, sem escola. Sem memória, sem História, sem afectos. Que só o conhecimento pode gerar. Sem herança imaterial e material, que se ensine e se aprenda a reconhecer, a compreender, a valorizar criticamente, a continuar. A amar.

 

Não se “nasce” português, ou francês, ou chinês, qualquer um de nós, ser biológico, poderia ter nascido num lugar qualquer. E seria desse lugar. É-se verdadeiramente português, mais português, por se querer ser Português. Wenceslau de Moraes, por exemplo, escolheu ser japonês, e foi tão japonês, mais japonês, seguramente, do que muitos japoneses. Portugueses de Macau, como eu os conheci, mesmo sem nunca terem vindo a Portugal, são mais portugueses do que inúmeros cidadãos portugueses que aqui nasceram, cujos antepassados viveram desde sempre em Portugal.

 

Apagamento da História que foi fazendo com que as gerações que começam hoje a chegar aos 50 anos vivam, na generalidade, sem dimensão do passado, por isso sem sentimento do futuro. Num eterno presente em que só o egoísmo pode dominar.

 

  1. Atente-se na língua e na escrita que cada vez mais frequentemente se ouve e se lê, em que tantas vezes se diz e se escreve exactamente o contrário do que se queria transmitir, na comunicação social ou nas universidades.

 

"A minha pátria é a língua portuguesa", escreveu Pessoa. Neste sentido parece estarmos a tornar-nos rapidamente apátridas.

 

A negligência e a arbitrariedade com que se trata a língua e a escrita são o primeiro sinal da decadência de uma cultura e de uma nação.

 

Mas tudo depende da inteligência e da vontade dos homens. Por isso estou certo que Portugal será esse País por tantos de tantas gerações sonhado. Por isso combati persistentemente contra as ideias e os actos que livre e convictamente considerei adiarem esse desígnio, bem ao alcance dos Portugueses, não tenho dúvidas. Para que também nós, Portugueses, participemos de novo no destino de conhecimento e solidariedade que tem de ser o destino do Homem.

 

(1) Henrique Monteiro, Expresso, 7/5/16.

P.S.: Gosto muito de me ver representado pelo actual PR. O que não impede, naturalmente, que não subscreva a sua decisão de só intervir na questão do AO se este não obtiver a aprovação dos países que o não aprovaram.

 

Editor da Gradiva

Fonte:

https://www.publico.pt/culturaipsilon/noticia/a-negligencia-na-lingua-e-na-escrita-sao-principio-da-decadencia-dum-pais-1731784?page=-1

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:49

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Quarta-feira, 16 de Maio de 2018

Guiné Equatorial não mostra vontade de promover o "Português"?

 

E por que carga d’água haveria de fazê-lo, se esse “português” não é Português?

 

GUINÉ.gif

 

Lemos na notícia que a recém-eleita presidente do conselho científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), a portuguesa Margarita Correia (***), afirmou hoje que "não tem sido muito visível a vontade" da Guiné Equatorial para difundir o português no país.

 

Qual o espanto? Por que haveria a Guiné Equatorial de fazê-lo?

O que é que a Guiné Equatorial tem a ver connosco? NADA.

Qual o interesse da Guiné Equatorial em promover o dialecto brasileiro (porque é disto que se trata) no país? Interesse ZERO.

 

Margarita Correia diz estar «consciente e disponível para enveredar esforços para que o “Português” venha a ter outra representatividade na Guiné Equatorial, assim as autoridades do país o desejem».

 

A Guiné Equatorial já foi portuguesa e perdemo-la para Espanha. O cordão umbilical foi cortado. Impor o dialecto brasileiro ( = variante brasileira do Português) porque é disso que se trata, no país não será uma opção muito inteligente. Esquecem-se os promotores do AO90 de que nem todos são parvos, como os subservientes parvos portugueses,  para aceitarem um dialecto quando existe uma Língua.

 

A nova presidente do conselho científico do IILP defende que "tem de haver um esforço também da própria CPLP (…) "a difusão e desenvolvimento do português na Guiné Equatorial também tem de resultar de vontade política, e essa vontade política não diz respeito ao IILP, mas é assumida por outros órgãos da CPLP».

 

Ainda não pararam para pensar que a Guiné Equatorial pode estar-se nas tintas para o “português” mal-amanhado que lhe querem impingir? Como os países ditos lusófonos (a Guiné Equatorial nem sequer é lusófona) à excepção de Portugal, também se estão nas tintas para este “português” mal-amanhado que lhes querem impor?

 

Margarita Correia salientou ainda que têm havido apoios de Portugal e do Brasil à promoção do “português” (leia-se AO90) na Guiné Equatorial, um compromisso da adesão desta antiga colónia espanhola quando aderiu à CPLP, em 2014 (uma adesão extemporânea, diga-se de passagem) quando tornou a Língua Portuguesa como uma das línguas oficiais, a par do Castelhano e do Francês.

 

Ora acontece que a Guiné Equatorial talvez, na altura, tivesse pensado que essa língua portuguesa era a Língua Portuguesa e não o dialecto brasileiro ( = variante brasileira do Português) porque nem o Castelhano, nem o Francês usado na Guiné Equatorial são os dialectos oriundos do Castelhano e do Francês, usados nas ex-colónias espanholas e francesas.

 

Concluindo:

 

Qual o interesse da Guiné Equatorial e dos países africanos de expressão portuguesa em mudar da Língua Portuguesa para o dialecto brasileiro ( = variante brasileira do Português)? Interesse ZERO.

 

Vamos ser realistas: a CPLP e a IILP também não interessam para nada. Já deviam estar extintas há muito. A época colonial finou-se. Está morta, mas pelo que se vê, não foi ainda enterrada. E é preciso enterrá-la para que os povos possam seguir o seu caminho, livres dos ignorantes do país ex-colonizador.

 

Deixemos as ex-colónias seguir o destino delas, e deixem-se de saudosismos bacocos.

 

(***) "Linguista" e "professora" da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, que foi eleita na semana passada presidente (até 2020) do conselho científico do IILP, organismo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) para a promoção e desenvolvimento do Português, melhor dizendo, do dialecto brasileiro ( = variante brasileira do Português)

 

Fonte da notícia:

https://www.dn.pt/lusa/interior/guine-equatorial-nao-mostra-vontade-de-promover-portugues----conselho-cientifico-do-iilp-9338026.html

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:16

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