Ou devemos dizer «Marcelo Rebelo de Sousa é a criança principal num livro para adultos», conforme a sugestão do amigo José Caniné ?
A notícia pode ler-se aqui (advertência: na grafia brasileira):
mas mais importante do que a notícia, são os comentários, que fiz questão de recolher, porque se isto não fosse trágico, até poderia ter piada.
Mas, infelizmente, não tem.
E narcisicamente Marcelo Rebelo de Sousa lá vai prestando um péssimo serviço ao país e, sobretudo, às crianças, que estão a ser enganadas nas escolas, e ele, como presidente da República, está-se nas tintas para isso.
Em que grafia este livrinho estará escrito?
Pelo andar da carruagem, podemos adivinhar: na grafia brasileira?
Pobres crianças, condenadas a ser os futuros analfabetos escolarizados, se não as salvarmos!
Agora detenhamo-nos nos diversos comentários, que dizem muito do estado deste chefe de estado (assim em letras minúsculas), e com os quais concordo plenamente:
Marie de Montparnasse
16 m
A história começa assim: Era uma vez ... um rei, perdão, uma república que tinha um rei, perdão, um presidente que tinha duas grandes paixões - a água e as fotografias. Não podia ver água fosse limpa ou suja que ele atirava-se logo de cabeça e calções que estavam sempre molhadinhos. Outra paixão eram as fotografias isso então nem se fala, esticava a cabecinha e metia-a toda dentro da câmara cor de rosa com risinhos e olhos esbugalhados. Era muito divertido.
Não se lhe conhecem outras paixões.
dragone, pedro
4 h
Noutros tempos, de má memória, "vendia-se" a imagem do populista (e ditador) Salazar junto das crianças afixando a sua foto em todas escolas. Hoje há formas mais insidiosas de promover um populista (e candidato a ditador…) junto de futuros eleitores, mas o modelo é o mesmo! Apenas difere nos meios utilizados.
Paulo Alvesdragone, pedro
4 h
Candidato a ditador? Discordo. Antes pelo contrário, é uma marioneta às mãos deste governo que ostensivamente nem o respeita. A esmagadora maioria das recomendações de Marcelo são ignoradas pelo cínico Costa.
Pergunto-me mesmo se esta publicação não terá tido uma "mão detrás dos arbustos" patrocinada pelo PS e apoiantes da extrema-esquerda, para perversamente o caricaturar.
José Paulo C Castro
5 h
Por momentos, li o título como Marcelo sendo a personagem infantil de um livro.
E o meu cérebro não corrigiu imediatamente a confusão...
Paulo Alves
5 h
Cada vez me convenço mais de que Marcelo se devia remeter ao comentário de livros.
O destino pregou-lhe uma partida: agora é personagem de mais um livreco infantil, dos que se vendem aos montes nos hipermercados.
O que diria o Marcelo-comentador-de-livros perante esta "erudita" publicação?
Cato Uticensis
6 h
É tipo onde está o Wally mas ao contrário. Temos de procurar nas imagens onde não está o Marcelo. Este cromo devia fazer pausas para compromissos comerciais e não nos obrigar a assistir a isto sem descanso.
Carlos Madeira
7 h
Um país de faz de conta, o problema é que o faz de conta um dia acaba.
Marco Silva
8 h
E cá está...o grande contributo de Marcelo como Presidente. Tirar selfies.
Defender a constituição, aquilo para o qual foi eleito com uma esmagadora maioria de votos? Nada disso. 35 horas para uns, 40 para outros. Privilégios laborais para uns, mais restricções para outros...
Este país já tinha (e continua a ter) problemas demais em termos sociais e especialmente económicos. Não precisava do maior populista que alguma vez assolou esta terra, sem convicções e valores (é apenas um catavento que muda para onde é mais popular) que transformou as noticias no seu reality show. Algo que a comunicação social aceita com todo o prazer.
O quê? As pessoas esperam ainda mais tempo pelas cirurgias e consultas de especialidade, devido aos cortes enormes promovidos por este governo? Espera, vamos antes ver se o Presidente foi a banhos.
Como disse? Quem usa transportes públicos para se deslocar para o trabalho, tem menos comboios, maiores atrasos e carruagens que nem ar condicionado têm, em dias de 40º ? Espera, vamos antes ver o Marcelo a tirar a sua milionésima selfie do dia.
Diga lá? Roubaram armas de guerra de um paiol militar sem que existam quaisquer consequências, e tanto ministro da defesa, como primeiro ministro, como chefes militares dizem nada saber, ou inventam histórias rapidamente desmentidas, algo que dura há mais de um ano? Não faz mal que o Marcelo disse que exige responsabilidades "doa a quem doer"
Hã? Morreram mais de 100 pessoas com graves responsabilidades do governo, ao encher a Protecção Civil de boys do PS, bem como na gestão das autoridades no terreno, inclusivé com crimes practicados por algumas figuras, como apagar registos da fita do temp ?? Não interessa, o Marcelo disse que "se fez tudo o que podia" e quando se soube que era mentira, foi fazer turismo rural e tirar umas selfies nos locais perto da morte das pessoas, para se promover mais uma vez, logo está tudo bem.
Este país é mesmo muito, muito triste.
Joao MA
10 h
É um livro sobre palhaços ou um manual de como tirar selfies?
manel buiça
16 h
Tá certo: o primeiro livro do Presidente Martelo só podia ser mesmo para crianças. Para todas as crianças e cidadãos eleitores desta pobre democracia infantilizadora e infantilizada. Porque só mesmo as crianças conseguem entendê-lo tão bem. Sem espírito crítico. Acham graça a todo este circo e a todas estas pueris e tão engraçadas palhaçadas.
Djodoerahãt
17 h
Não ficava melhor num livro de comédia?
chico fininho
21 h
coitadas das crianças ...
***
Também lamento pelas crianças, que mereciam melhor sorte. E melhor literatura, grafada na Língua Materna delas, e não num dialecto sul-americano.
Isabel A. Ferreira
Cada vez estamos piores.
E os canais de televisão a piorar de dia para dia.
E a Língua Portuguesa a escorrer para o esgoto.
E a ignorância a espalhar-se como um cancro.
E António Costa e Marcelo Rebelo de Sousa circulando por aí, como se Portugal fosse um paraíso.
E não há vagas para se CRESCER, neste país desnorteado…
E o PS sonha com maiorias absolutas…
E o povo, dopado, continua entorpecido…
CRESCES - escrito da mesma maneira nas duas fotografias: em rodapé e no mapa. Donde se prova que não foi gralha, mas tão só a ignorância descomnunal dos "legendadores".
Fonte das imagens:
Será esta mais uma edição, para divulgar a Variante Brasileira do Português, na sua forma grafada, vulgo AO90, que o PR quer impingir aos Portugueses?
Esperemos que a Festa do Livro em Belém seja uma festa em BOM PORTUGUÊS. Se não for, aquilo não será uma festa, mas o prenúncio do FUNERAL da Língua Portuguesa.
É que quando ouvimos o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, usar calão brasileiro em «os carrinhos estão longe para burro», o pior tem toda a probabilidade de acontecer. (***)
Marcelo Rebelo de Sousa parece dizer: «Eis os livros grafados à brasileira, como eu gosto!»
Diz que a Festa do Livro em Belém, a realizar entre 30 de Agosto e 2 de Setembro, é uma ideia do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para divulgar a Literatura em Língua Portuguesa e promover hábitos de leitura.
De que Língua Portuguesa falará MRS? Da nossa Língua Portuguesa, não é com certeza. DaVariante Brasileira do Português ou Língua Brasileira, sim. Acreditamos.
É que a venda de livros é o foco central do evento, para que algumas das 47 editoras, ali representadas, possam escoar os livros encalhados, publicados no mixordês que agora anda por aí disseminado em edições mal escritas, mal cuidadas e mal traduzidas.
Não obrigada!
Fonte da imagem e da notícia:
(***) – No último programa Seis por Meia Dúzia, de Victor Moura-Pinto, transmitido no passado dia 19 de Agosto, na TVI, (que acompanho sempre, porque o Victor é cá dos meus, e, no seu programa, as legendas são escritas em Bom Português), a partir do minuto 2.37, Marcelo Rebelo de Sousa, numa conversa informal (é certo) empregou calão brasileiro na frase «os carrinhos estão longe para burro» (o que significa muito longe, ou, noutras situações, em grande quantidade ou em alto grau), porém, apesar de, naquele contexto, MRS não estivesse a discursar para o País, estava ali como PR, e a televisão estava com ele (como é hábito) e captou a conversa, e até a legendou.
Pasmei!
Isto soou-me a uma rendição ao Brasileirês, que pretendem substituir, na sua forma grafada, quiçá, falada também, pela Língua Portuguesa. Esta expressão talvez Marcelo Rebelo de Sousa a ouça na boca dos netos, que desconheço se são brasileiros, mas sei que residem no Brasil. Eu própria, porque aprendi a falar no Brasil, e conheço bem o calão brasileiro, por vezes, uso esta expressão em ambiente restritamente familiar. Também desconheço se o Celinho (conforme o apelida Victor Moura-Pinto) aprendeu a falar no Brasil. Se aprendeu, já cá não está quem falou.
Poderemos, talvez, conjecturar que o silêncio tumular do presidente, no que respeita à imposição ilegal do AO90 aos Portugueses, também é grande pra burro, por ele ser um fervoroso adepto do falar e do escrever à brasileira. É que além de ter família no Brasil, a ocupar altos cargos, Marcelo Rebelo de Sousa é dado a brasilidades, o que não teria absolutamente nada de errado, se pugnasse pela Língua de Portugal, e cumprisse a Constituição da República Portuguesa, no que a esta matéria diz respeito, e não estivesse envolvido nos conluios para a substituir pela Língua Brasileira, que, ao que parece, ele já domina pra burro.
19 de Agosto – Programa Seis por Meia Dúzia. De Victor Moura Pinto – A partir do minuto 2.37
http://www.tvi24.iol.pt/equipatvi24/victor-moura-pinto/53f614203004bbf68d25ab7b/videos/1/video/5b78264d0cf22e5fe0746f58
Isabel A. Ferreira
No que respeita à aplicação ilegal do fraudulento acordo ortográfico de 1990, a ignorância é descomunal.
Dizem-me que a modernidade exige mudanças. Sim, até posso concordar.
Mas para ser moderno não é obrigatório ser ignorante.
E a ignorância que anda por aí, ao mais alto nível, é realmente o elemento mais violento da sociedade portuguesa. Mete dó e está a levar Portugal pelo caminho de um retrocesso nunca visto.
A gerigonça está muito enferrujada, e não funciona adequadamente…
Esta é uma minúscula amostra do que corre por aí. Proponho-me ir recolhendo mais considerações acerca do AO90 e ir dando conta disso.
«Todo o governante que compactue com o descalabro da abortografia é intelectual e politicamente desonesto e realmente antipatriótico, sem nenhum apego ao nosso povo, à nossa terra, à nossa língua. A qual irradiou da Europa para a América, África e Ásia. E sua raiz europeia, latina, saxónico-latina, inclusive, poluem na mente da juventude, que ainda mais ficará acéfala e sem pátria. Um crime. Uma desonra. Inadmissível. É uma vergonha, o que estão a fazer à Língua Portuguesa. E ninguém demite o governo! Incluso o Augusto Santos Silva, um homem culto, que ministra os assuntos externos, parceiros do PLP's, calado, estúpido, sem a autoridade intelectual de se rebelar perante tamanho abortográfico. Tenho vergonha dos mentecaptos que nos governam. (Vasco Bizarro)
Uma pessoa culta tem de o ser em todas as circunstâncias, porque é da Cultura não ser intelectualmente desonesto ou vendido. Ele (Augusto Santos Silva) terá apenas os conhecimentos que adquiriu quando se licenciou. E apenas isso. Ser Culto é outra coisa. Se fosse realmente culto, teria a capacidade de ver que o lixo AO90 não serve nem para reciclar. (Isabel A. Ferreira)
Só compra um livro com AO90 quem quer. Eu deixei de ir a livrarias comprar livros. Já nem me chateio nem perco tempo a procurar um livro decente no meio daquelas aberrações escritas com AO. Agora, só os compro on-line em editoras que não adoptaram o AO, como é o caso da Tinta-da-China, ou cujos autores que não adoptaram o AO. (Diana Coelho)
Muitos doutores, mas muito ignorantes ...
Muito pouca cultura geral e quanto à língua mãe, cada vez mais se constata que a ignorância é imensa, tanto escrita como falada. (Maria Helena Sousa Moura)
Não, helicópetro, tal qual se lê na imagem, nada tem a ver com a grafia brasileira que nos querem impingir (AO90). Mas é assim que falam, portanto é assim que devem escrever. Não é essa a teoria acordista?
Isto tem a ver também com uma incomum ignorância por parte dos legendadores, que nem à brasileira, nem à portuguesa, simplesmente não sabem escrever, porque erros destes são numerosíssimos. Já ultrapassaram todos os limites.
Isto nunca aconteceu em Portugal. Uma gralha ou outra sempre existiu e sempre foi desculpável, em todos os tempos, mas, hoje em dia, fazem das gralhas e dos erros ortográficos uma linguagem paralela à Língua Portuguesa, e isto é uma coisa muito estranha… E as televisões, sendo o veículo perfeito, através do qual se estupidifica o povo, até nesta questão da linguagem, induzem o povo também a escrever incorreCtamente.
Que mau exemplo! Que falta de brio profissional! Que desleixo!
Como todos já sabemos, a designação AO90 é um disfarce, para impor a Portugal a grafia brasileira, já usada pelos clássicos brasileiros, como Jorge Amado, Machado de Assis, José Mauro de Vasconcelos, entre outros autores, que adoro e li nesta grafia acordista.
Leiam estes autores, que nunca foram "traduzidos" em Portugal para a grafia portuguesa, como os autores portugueses são traduzidos no Brasil, para a grafia brasileira, e confiram a ortografia que nos querem impingir. Nos originais desses autores, lá encontrarão a supressão das consoantes mudas, que, os que se vergaram a esta fraude acordista, usam e, sobretudo, abusam, porque não sabem destrinçar as que se lêem, das que não se lêem, e cortam tudo à ceguinha... demonstrando mais ignorância do que era esperado, e com isso fabricam abortos ortográficos como "interrução", "invita", "receção", “expetativa”, "espetador" (por espeCtador) enfim, aberrações ortográficas à portuguesinho, que nem os Brasileiros empregam.
Mas no Brasil, que usem a grafia brasileira, não tenho nada contra, e o que penso sobre isso, não interessa. Eles são um país livre, e fazem o que bem quiserem do modo como querem expressar-se. Mas não chamem ao que escrevem e falam no Brasil, de Português do Brasil, porque está errado. O que se escreve e fala no Brasil (pela enésima vez) é o Dialecto Brasileiro, oriundo da Língua Portuguesa, tal como o Crioulo Cabo-Verdiano, agora língua oficial de Cabo Verde, procede da Língua Portuguesa.
Em Portugal devemos manter a ortografia portuguesa, porque não estamos interessados em sul-americanizar os nossos vocábulos, até porque Portugal não é uma colónia do Brasil, se bem que vontade não falte, principalmente da parte portuguesa.
Isto é altamente lesivo da nossa identidade. Todos os Países que são PAÍSES a sério, identificam-se pela Bandeira Nacional, pelo Hino Nacional e pela sua Língua Oficial, excePto um país chamado Portugal, que vendeu a Língua a mercenários, e o que restou dela é um mixordês inqualificável, que já não identifica o nosso País.
Se não se tomar medidas urgentes e concretas, não tenho qualquer dúvida de que a Língua Portuguesa desaparecerá do mapa, e não só na sua designação. Mas não será substituída por um qualquer "portunhol", mas sim por algo terminado em leiro que vamos a ver o que será.
Revogar o AO90, não só é um acto de inteligência, como (e segundo Fernando Alberto II) «um acto de conhecimento, de sabedoria, de cultura e de sapiência».
Eis uma consideração que apanhei já não sei aonde, e que é muito significativa da estranheza que o AO90 causa às mentes esclarecidas:
«Com toda a certeza, os neoliberais da treta, que tomaram de assalto este País, respondem unicamente a grupos de interesses, e quem mais teria interesse em promover o Aborto Ortográfico? Claro que sim, em primeira instância, os editores que viram assim um maná das reedições, assassinando por completo a língua, gerando o caos ortográfico, em que ninguém se entende, escrevendo num mesmo texto com a ortografia antiga e com a nova ficando uma salganhada abaixo do execrável. Eu digo não obrigado, não utilizo, nem nunca utilizarei, esta coisa imposta, sem o mínimo de debate, decidido unilateralmente e apenas e só, para dar provimento a interesses e nada mais.»
O que as ex-colónias fizeram ou fazem à língua que decidiram adoptar, depois da independência delas, é problema delas. A Língua Portuguesa é uma língua indo-europeia, e a versão ortográfica de 1945 é a que está efeCtivamente em vigor em Portugal. Portanto, Portugal não tem de italianizar, ou abrasileirar, ou espanholar a sua ortografia, porque a Língua Portuguesa identifica Portugal, assim como as Língua Inglesa identifica a Inglaterra, a Castelhana identifica Espanha, a Italiana identifica Itália, a Francesa identifica a França, etc., etc., etc..
Portugal não tem de se vergar a nenhum país, em matéria nenhuma, muito menos no que concerne à sua Língua Oficial. Portugal é um país livre. Esta dependência do Brasil só significa que temos em Portugal governantes servos da gleba e traidores da pátria.
Ando sempre a bater na mesma tecla. Já é cansativo. Mas como os meus interlocutores parecem ter cérebros cristalizados é preciso martelar, martelar, martelar, até que alguma coisa se quebre e possa deixar entrar a lucidez, que tanta falta faz na governação de um País.
Entretanto, torno a declarar (pela enésima vez) que nada tenho contra o Brasil, minha segunda Pátria, onde contribuí para a sua economia e aprendi a ler e a escrever, usando a mesma ortografia que, sob o disfarce do AO90, estão agora a impingir aos meus netos, que só não são induzidos em erro, porque a Avó não permite; e (pela enésima vez) também nada tenho contra os Brasileiros, até porque a esmagadora maioria da minha família é brasileira e já vai na terceira geração, e conto com muitos e bons amigos no Brasil.
Mas uma coisa, é uma coisa, outra coisa, é outra coisa…
Brasil é Brasil, um país livre da América do Sul.
Portugal é Portugal, um país livre (?) da Europa Ocidental.
Não vamos abdicar desta realidade.
Continuarei a pugnar pela defesa da Língua Portuguesa, indo-europeia, de raiz greco-latina.
Porque a «Língua é um dos elementos da nacionalidade; pugnar pela vernaculidade daquela é pugnar pela autonomia desta» (Leite de Vasconcelos, um dos maiores linguistas e filólogos portugueses). E este é também o meu pensar e o meu sentir, e jamais abdicarei do meu direito cívico de defender a minha Língua Materna, de predadores ignorantes.
Isabel A. Ferreira
Neste texto fazemos uma recolha do que por aí se comenta acerca do acordo ortográfico, que não é novo, e que gerou o maior desacordo da História de Portugal.
E os governantes, quais paus e pedras, remetem-se ao silêncio, como se isso os livrasse do julgamento que os espera.
As crianças do século XXI D.C. não são mais estúpidas do que as de todas as outras gerações, desde que Portugal é Portugal. Os acordistas ao dizerem que elas não conseguem saber se a palavra objeCto leva um C, é passar um atestado de parvoíce a eles próprios.
O que falha aqui? Muita coisa, mas também um sistema de ensino completamente obsoleto, elaborado como se todos os envolvidos (alunos e professores) fossem muito estúpidos.
A começar pela formação dos professores, aos quais falta brio profissional e muita informação acerca do AO90, e que se estão nas tintas (salvo raras excePções) para o que os alunos aprendem ou deixam de aprender, ou mesmo para que aprendam ou deixem de aprender.
As escolas portuguesas, hoje, são um lugar de "matéria a despachar”, e não de aprendizagem. E sim, os alunos mereciam melhor.
A começar pelo estudo da Língua Materna das suas origens: a Língua Portuguesa, que se transformou num farrapo, graças à medíocre classe política portuguesa e aos seus seguidistas, também medíocres, tendo as televisões como os veículos perfeitos, através dos quais se estupidifica o povo.
Diz Bento Caeiro:
«Nesta coisa do dito "AO" é enunciado que certas letras por serem, ou quando são, mudas - não lidas nem ditas - não deverão constar na escrita da palavra a que reportam (algo que se engendrou no Brasil, em 1943, muito antes do AO90). Contudo, apercebemo-nos de que em palavras como percepção, secção, ao retirar o (p) ou o (c), a vogal que a antecede - que antes era aberta -, pela dinâmica da língua, tende a fechar. Teríamos assim: pers'sãu e s'sãu, em lugar de persép'sãu e sék'sãu - do latim: perceptiōne e sectiōne. Obviamente que o que temos aqui é apenas parte da história da formação da língua; a qual leva a que no seu processo de criação a fonética e a escrita se vão mutuamente coadjuvando até que naturalmente é atingido o seu objectivo - a língua em si. Mesmo considerando que este é um processo dinâmico, há a ter em conta que o mesmo não deverá ser objecto de intervenções estranhas que mais não vão que desvirtuar esse desenvolvimento, porventura descaracterizando a própria língua, enquanto tal. Mormente quando são tomadas medidas que poderão romper o equilíbrio obtido ao longo do tempo, como é o presente caso, entre fala e escrita. Assim, eu pergunto - a quem e a quem não concorda com o "AO" (porque defendo o livre exercício do contraditório): nas referidas palavras, abre-se a vogal (é) por a seguir estar a consoante (p, c) ou, pelo contrário, as consoantes estão lá para abrir a vogal».
Para tudo na vida existem regras, que devem ser cumpridas, quando são racionais, de outro modo viveríamos mergulhados no caos, porque o homem não é um ser perfeito, não é Deus, e tão-pouco consegue viver sem regras. Dispensam-se as regras irracionais impostas pelos governantes.
A Linguagem é uma Ciência, e todas as Línguas do mundo assentam numa lógica linguística, criteriosamente elaborada ao longo dos tempos, por estudiosos que a englobaram em regras gramaticais, as quais ou se estudam, para PENSARMOS a Língua e podermos escrevê-la correCtamente, ou não se estudam, e teremos os tais analfabetos escolarizados, que aprenderão a juntar as letras do alfabeto, mas mal sabem ler e escrever.
As Ciências da Linguagem seguem regras específicas. Todas as palavras têm uma história, uma origem, uma raiz. As consoantes mudas existem em todas as línguas, e em algumas delas, em abundância, como no Alemão ou no Inglês, línguas que os acordistas JAMAIS conseguirão escrever correCtamente, por incapacidade intelectual de PENSAR as línguas, e o que deve ou não ser escrito.
As línguas são dinâmicas. Evoluem. Mas evolução não significa mutilar as palavras apenas porque umas espertezas saloias decidiram que as consoantes mudas atrapalham a aprendizagem. Isto é de ignorantes.
Em seCção o cê lê-se. Em percePção, sem o p, obrigatoriamente terá de ler-se “perc’ção” com os és fechados, porque o p tem uma função diacrítica, criada pelas tais regras que são necessárias cumprir, para que as palavras tenham sentido. O vocábulo perceção não existe. Não é nada. Não significa coisa nenhuma. Não pertence a nenhuma língua. É uma invenção saloia de quem nada sabe das Ciências da Linguagem.
Uma acordista desinformada disse-me aqui há tempos: «O que se lê, mantém-se. Só as mudas desaparecem. Lê-se, "optam", escreve-se "optam". Digo, "receção", escrevo "receção", digo "interrupção", escrevo “interrupção". Nestes casos até acho que facilita».
E não, as consoantes mudas não desaparecem, porque estamos em PORTUGAL. No Brasil, as mudas desapareceram com o formulário de 1943, para facilitar a aprendizagem, e porque no Brasil as reformas ortográficas não são formuladas por linguistas, filólogos ou professores de Português, e amplamente debatidas pela sociedade, mas são decididas e engendradas semi-confidencialmente, votadas por políticos e promulgadas pelo Presidente da República. Igual a Portugal. E como sabemos, os políticos são uma classe desinformada, perceberão daquilo que aprenderam (e mal) nas escolas e nas universidades, mas não são especialistas em coisa nenhuma, a não ser em trapaças.
No Brasil, excePcionalmente, nem todas as palavras perderam as consoantes, porque recePção, é recePção em todo o mundo dito lusófono, excePto para os portugueses seguidistas e muito distraídos, para não dizer muito ignorantes, que lhes dão para escrever “receção” que se lê r’c’ção, palavrinha que no mundo inteiro não tem qualquer significado.
A acordista não entendeu. E refuta:
Isabel aqui não temos a mesma opinião. Eu sou pelo novo acordo ortográfico ou dito de outra forma, não sou contra ele. Acho que facilita a escrita pelo que expús acima. Existem confusões por causa da acentuação como por exemplo "para com isso", ou "para que entendas", mas sei que ao ler se deve tirar o sentido e não acho assim tão grave. Julgo que como tudo, até a língua evolui, ou sofre alterações com o tempo. Temos exemplos na história, "pharmácia", "Ermezinde". Sei que não concorda e por isso lhe disse que não quero discutir.
Só que esta acordista nada sabe de evolução da língua, e qual o motivo de passar de pharmacia, para farmácia (que manteve a mesma pronúncia), que sendo a bandeira dos acordistas, passou a ser símbolo da monumental ignorância deles. No entanto, poderíamos manter o ph de pharmacia, mantendo o fonema grego, como nas restantes línguas europeias.
Portanto, o AO90 nada tem a ver com EVOLUÇÃO da linguagem. Tem a ver com ignorância e FACILITISMO, interesses políticos obscuros e repugnantes interesses económicos. Os exemplos que foram dados (farmácia e Ermesinde) têm a ver com EVOLUÇÃO. Agora, escrever "receção" (r’c’ção), "setor" (s’tôr), ação" (âção), etc.... tem a ver com uma monumental ignorância e retrocesso. E estou a ser simpática.
E isto não é uma questão de concordar ou discordar. Isto é uma questão de conhecimentos linguísticos, que falta à esmagadora maioria da nova geração, que confunde evolução com mutilação, porque não estudaram Latim, nem Grego, nem Língua Portuguesa. Tão-só estudaram Português, aligeiradamente, para poderem comunicar o básico. E nada mais.
Esta geração que nos atira com o PH (fonema grego com o som F) como pode saber que o PH é o nosso F latino, e que tendo nós o F no nosso alfabeto, o PH é dispensável, até porque não muda a pronúncia das palavras, nem as desenraíza, ou as transformam em coisa nenhuma, se esta geração não aprende nada disto nas escolas? Fernando Pessoa escrevia "pharmacia" e “philosophia”, mas grafava Fernando. Os acordistas ou os que se renderam à grafia brasileira nada sabem da Língua, porque nada aprenderam para além de juntar as letras do alfabeto. E a culpa de quem será?
O ensino da Língua e da História Portuguesas é uma vergonha. Tive de ensinar estas duas disciplinas no pós-25 de Abril (ou à moda do acordês devo escrever 25 de abril?) e PASMEI com a pobreza e as mentiras que tinha de “ensinar”! Então só tive uma opção: abandonar o ensino. Para analfabetos bastava os governantes. Jamais me prestaria a fazer-de-conta que ENSINAVA, para formar analfabetozinhos escolarizados.
Diz a Idalete Giga:
«Mas veja-se a indiferença do governo e o silêncio sepulcral do PR sobre os protestos, as posições firmes de muitos escritores, poetas , artistas , jornalistas que não seguem o Linguicídio, etc., etc. Felizmente, há cada vez mais vozes a levantar-se contra o AO90 imposto ditatorialmente ao povo português(!). Foi um verdadeiro atentado terrorista contra a Cultura em geral e contra a Língua Portuguesa em particular. O governo e todos os que pariram o Aborto Ortográfico não têm coragem para assumir os tremendos erros que o mesmo contém. Por isso, escondem-se por trás do silêncio cobarde e insultuoso para todos os portugueses! Quando é que este pesadelo acaba, minha amiga?»
Acabará quando encostarmos à parede o presidente da República Portuguesa e o primeiro-ministro de Portugal que, se tivessem brio político e fossem PORTUGUESES já teriam acabado com esta autêntica fantochada.
Qualquer alteração ortográfica é sempre contestada por aqueles que não estão abertos a mudanças, ainda que essas mudanças sejam racionais. A alteração ortográfica de 1911 também foi contestada, ainda que obedecesse a critérios linguísticos, e criasse uma norma onde ela não existia, pretendendo-se simplificar a escrita, sempre seguindo uma lógica linguística. O mesmo se passou com a reforma de 1945, que está em vigor em Portugal. A língua oficial de Portugal é o Português, uma das primeiras línguas cultas da Europa medieval a par do provençal, sendo a sua escrita influenciada por esta última. Não a queremos sul-americanizada.
O fraudulento acordo ortográfico de 1990, pelo contrário, propõe substituir a grafia portuguesa pela grafia brasileira, mutilada em 1943, a qual afastou o Português da sua matriz europeia, com o intuito de unificar grafias que jamais serão unificadas. E só não vê isto quem é muito, mas muito cego mental.
«O que o AO90 propõe vai contra a forma portuguesa de pronúncia e vai atrás de uma ortografia estrangeira, não natural ao falante português. Para no final, um livro editado em Portugal com a nova ortografia, nunca poder ser editado sem alterações no outro país. É um absurdo e uma inutilidade, que obedece a interesses políticos e económicos obscuros e que ninguém tem coragem de enfrentar. Morra este acordo ortográfico e boicote-se o dito até ao último suspiro!» diz J M Santos.
Pois continuaremos a bater nos governantes, como águas moles em pedras duras...
Isabel A. Ferreira
Excelente texto, de Rui Ramos.
Porém, lamentavelmente indecifrável para o primeiro-ministro de Portugal e para o presidente da República Portuguesa.
Rui Ramos
«O Acordo Ortográfico é, entre nós, a última manifestação de um paroquialismo colonial que se voltou contra si próprio: não podendo aportuguesar o Brasil, vamos abrasileirar Portugal.
O chamado “Acordo Ortográfico” tornou-se obrigatório esta semana – ou talvez não, pois que tudo nesta matéria é confuso. O Brasil ou Angola são, geralmente, as razões dadas para passarmos do acto ao ato. Mas o Brasil nunca mostrou demasiado entusiasmo ou pressa em partilhar uma mesma ortografia com Portugal – a nova grafia ainda nem sequer é obrigatória por lá. Quanto a Angola, continua a pensar. A parte portuguesa andou aqui à frente. Porquê?
Para perceber o Acordo Ortográfico, não basta recuar a 1990. É preciso, pelo menos, voltar a 1961. Nesse ano, o ditador Salazar, sem consultar o país, decidiu que Portugal desenvolvera com os povos extra-europeus sujeitos à administração portuguesa uma relação tão especial, que se justificava defender essa administração contra tudo e contra todos. Em 1974, a direcção revolucionária das forças armadas, também sem consultar o país, decidiu abdicar dessa administração e abandonar territórios e populações à ditadura e à guerra civil dos chamados “movimentos de libertação”. Não renunciou, porém, ao mito da relação especial. Essa relação teve um novo avatar enquanto “solidariedade anti-imperialista”, quando uma parte do MFA também quis ser “movimento de libertação”, para depois, em democracia, se redefinir como “comunidade de língua”.
Foi assim que, para além das independências, as oligarquias democráticas mantiveram o império numa versão linguística, a que era consentida por uma das “línguas mais faladas do mundo”. Alguém então se terá lembrado que Fernando Pessoa escreveu algures que “a minha pátria é a língua portuguesa”. Nunca importou a ninguém o que Pessoa quis dizer com a frase, logo entendida como o direito de qualquer português continuar a sonhar com mapas onde Portugal, sendo talvez pequeno, tem uma língua muito grande (“a sexta mais falada do mundo”, etc.). Acontecia, porém, que, entre Portugal e o Brasil, havia diferenças. Era preciso apagar esses vestígios de fronteiras, pelo menos no papel. Só assim (argumentava-se), a língua poderia emergir como única e grandiosa, reunindo o que se separara e impondo-se ao que resistia. No fundo, este acordo ortográfico é apenas o sintoma de uma descolonização mal resolvida.
Dir-me-ão: mas não temos ou não deveremos cultivar as tais relações especiais com os Estados onde o português é língua oficial? Sim, claro. Mas é importante, a esse propósito, não esquecer duas coisas. A primeira é que relações especiais não significam necessariamente ausência de diferenças e de distâncias. Estas diferenças e distâncias são aliás, no que diz respeito ao Brasil, muito mais profundas e irreversíveis do que convém admitir ao imperialismo linguístico. O português escrito no Brasil não se distingue apenas pela ortografia, mas pelo vocabulário e sobretudo pela sintaxe. A existirem, as relações especiais não deviam depender de quaisquer homogeneizações, irrelevantes ou impossíveis, mas de uma maior intensidade de comunicação, que habituasse portugueses e brasileiros às características de escrever e de falar uns dos outros. Ao reconhecer isso, há porém que reconhecer isto: não há assim tanto interesse de um lado e do outro num intercâmbio demasiado enérgico. As culturas que tradicionalmente mais fascinam portugueses e brasileiros não são as dos outros países de língua portuguesa, mas, por muitas razões, a das grandes potências do Ocidente, como os EUA. Este Acordo Ortográfico é, portanto, uma ilusão.
Mas há uma segunda coisa: a língua portuguesa não nos une apenas ao Brasil ou a Angola ou a Moçambique, mas também à Espanha, à Itália, à França, mesmo à Inglaterra e a outros países europeus ou de formação europeia. E a esse respeito, o Acordo Ortográfico tem um efeito perverso: afasta o português escrito dessas outras línguas europeias, com as quais tem raízes comuns, por via da rejeição, como em reformas anteriores, da grafia etimológica. A palavra acto assim escrita ainda sugere a palavra act para um inglês que não fale português. Ato, não. Num momento de integração europeia, optamos por uma grafia tropical, destinada a complicar a decifração do português pelos nossos vizinhos e parceiros mais próximos (como se já não bastasse a nossa pronúncia impenetrável). Não vou reclamar o regresso da philosophia. Mas é pena que tivéssemos deixado de ter uma palavra que evocasse imediatamente a philosophie francesa ou a philosophy inglesa. Era aliás assim que Pessoa gostava da sua pátria: “Philosopho deve escrever-se com 2 vezes PH porque tal é a norma da maioria das nações da Europa, cuja ortografia assenta nas bases clássicas ou pseudo-clássicas”.
O Acordo Ortográfico é, entre nós, a última manifestação de um paroquialismo colonial que se voltou contra si próprio: não podendo aportuguesar o Brasil, vamos abrasileirar Portugal, a ver se salvamos o mapa onde não somos pequenos. Mas é precisamente assim que parecemos e somos pequenos. A grandeza, hoje em dia, deveria consistir em tratar os países que têm o português como língua oficial sem fraternidades falsas, paternalismos deslocados, ou sujeições ridículas. E passa também por perceber que há muito mais populações, para além das que falam português, com quem temos uma história e um destino em comum.
O resultado de todos estes devaneios de imperialismo linguístico é que deixámos de ter uma ortografia consensual. O regime tenta agora compensar isso através do terrorismo escolar exercido sobre crianças e jovens. O que começou como um disparate acaba numa indignidade.»
Fonte:
https://observador.pt/opiniao/o-imperio-ortografico/
O Jornal Expresso, servilmente, até porque não é funcionário público, nem faz parte de nenhum organismo estatal (ou fará) vergou-se à grafia brasileira, que o governo português quer impor a Portugal ilegalmente, sem ao menos se informar se era obrigado, por LEI, a fazê-lo.
Cegamente (ou talvez para servir os interesses do Poder, porque os há assim) optou por trair a Língua Portuguesa. Perdeu leitores, obviamente. E agora deu-lhe para oferecer Camilo à brasileira.
Claro está que um desacordista não compra o Expresso, e jamais leria a prosa impoluta de Camilo, grafada à brasileira.
Isto é um insulto a Camilo e à Língua Portuguesa
Lê-se na apresentação desta oferta, para enganar papalvos: Numa seleção (s’l’ção) (assim, à brasileira) de João Bigotte Chorão, esta coleção (cul’ção) (à brasileira) de oito livros conta com os prefácios de Abel Barros Baptista, A. M. Pires Cabral, Henrique Raposo, Francisco José Viegas, José Viale Moutinho, José Quitério, Maria Alzira Seixo e Mário Cláudio.
Diz que é grátis. Mas nem grátis, nem a pagar, deve ler-se a prosa intocável de Camilo, traduzida para Brasileiro. É um ultraje a Camilo é à Língua Portuguesa.
Assim como seria um ultraje a Jorge Amado e ao Dialecto Brasileiro com que ele escreveu as suas obras-primas, traduzi-lo para Língua Portuguesa.
Os predadores da Língua Portuguesa andam por aí a reeditar os clássicos portugueses em Brasileiro, mas os Brasileiros cultos, que eu conheço, recusam-se a ler os nossos clássicos traduzidos para Brasileiro, porque, dizem eles, perde-se a alma da escrita dos nossos grandes escritores.
Não é hábito das editoras portuguesas traduzirem os clássicos brasileiros para Língua Portuguesa, porque em Portugal, quem sabe ler, pode até não saber o que significa objeto (ôbjêtu), mas isto não é impeditivo de se compreender o resto da obra.
Dizem que, no Brasil, é preciso traduzir as obras dos autores portugueses para Brasileiro, porque os Brasileiros (não os cultos obviamente) não compreendem a Língua Portuguesa. A mim, já me pediram tradução para Brasileiro de um livro meu. Escusado será dizer que me recusei a tal.
Será por isso que nos querem impingir a grafia brasileira, através do fraudulento AO90, para que os tais milhões de Brasileiros que, se excePtuarmos os analfabetos e os analfabetos funcionais, já não serão milhões, mas milhares, possam entender o que escrevemos?
Não haverá nisto algo estranho? Afinal, se é necessário traduzir, a Língua não é a mesma, lá e cá. Para os africanos de expressão portuguesa nunca foi necessário traduzir as nossas obras, africanizando-as, para que eles pudessem entender-nos.
Bem, se me aparecer à frente um Camilo grafado à brasileira, ou um Jorge Amado grafado à portuguesa, irão direCtinhos para o caixote do lixo.
Isabel A. Ferreira
Pedro Santana Lopes é um dos nomes que ficará para a História, na lista negra daqueles que venderam a Língua Portuguesa ao Brasil.
Ser coerente com aquilo que ajudou a destruir seria, no mínimo, obrigatório, por parte dele, porém, Santana Lopes, além de não ter a mínima ideia do estrago que fez, optou por uma grafia híbrida, denominada mixordês, que é a mistura da grafia brasileira, sugerida pelo AO90, e a grafia portuguesa, a que de facto e de direito está em vigor em Portugal.
Para escrever isto, Doutor Santana Lopes, mais valia estar quietinho no seu canto, para não passar vergonha. É que não fica bem a um candidato a primeiro-ministro escrever assim tão mal (mas deixe lá que o actual primeiro-ministro de Portugal não escreve melhor!)
«A ortografia de Pedro Santana Lopes na sua carta de despedida do PSD. Enquanto secretário de Estado da Cultura, negociou politicamente e assinou o Acordo Ortográfico por Portugal a mando de Cavaco Silva, em 1990. Será, então, de estranhar tamanha incongruência gráfica? Não no caso de quem, conquanto defendendo vincadamente o AO, afirmou que «agora "facto" é igual a "fato" (de roupa)» (https://bit.ly/2KsPTPx) e que misturar grafias era para o lado que dormia melhor (https://bit.ly/2D06XZH). Pedir alguma coerência parece ser demasiado.»
Fonte:
Sou fã do Blogue “Delito de Opinião” e, de passagem por lá, encontrei esta “Reflexão do Dia” (que aqui reproduzo) publicada por Pedro Correia, em 09.02.17, e ainda muito actual.
Lá encontrei um comentário, curioso, estranho, absurdo, falacioso, bem ao género dos acordistas, que pretendem vender-nos gato por lebre.
É esse comentário que vou tentar desmontar…
Este é o texto da “Reflexão do Dia”:
«O ministro dos Negócios Estrangeiros diz que rejeita a revisão do acordo ortográfico. E eu rejeito essa forma de rejeição, porque a considero autoritária, arrogante, dogmática e deselegante para com a Academia das Ciências. A Academia, que é, de acordo com a lei, conselheira do Governo em matéria da língua, não foi ouvida nem achada no que diz respeito ao acordo. E limitou-se a apresentar, agora, um conjunto de sugestões indicativas para que se começasse a debater este assunto e para tentar melhorar, se possível, um acordo que nasceu mal, um acordo falhado.
Esta posição do ministro [Augusto Santos Silva], que fala em nome do Governo, revela um grande desprezo por todos aqueles que se têm oposto desde o princípio a este acordo. Desprezo por escritores, por gente das letras, por académicos, por professores e por muitos cidadãos que manifestam a sua oposição a este acordo, que está a fragmentar a língua e a dividir os portugueses. Já nem falo de mim, falo do Vasco Graça Moura, que mostrou de mil e uma maneiras todos os erros deste acordo, que, aliás, considerava inconstitucional. Não conheço nenhum escritor de nomeada que seja favorável a este acordo.»
Manuel Alegre, hoje, no Público
Tudo o que aqui foi escrito, foi reescrito e redito vezes sem conta, mas quando se fala para paredes, a reacção é zero. Daí que Portugal ainda continue a arrastar pelo chão a Língua Portuguesa.
***
Esta reflexão mereceu um comentário muito falacioso de um tal Einstürzende Neubauten (que traduzido dá colapso de novos edifícios) e no final assina Pedro Almeida Cabral, jornalista. Seja quem for o colapso de novos edifícios, colapsou no que respeita à avaliação que fez a esta reflexão de Manuel Alegre.
O colapso de novos edifícios abordou, em oito itens, a questão do AO90, que rebaterei item a item. (O que está em itálico é do colapso, e o que está a negrito é meu):
1 - Começando pelo princípio. Foi Portugal que, em 1911, alterou a grafia da língua portuguesa sem consultar o Brasil, o que fez com que passasse a haver duas ortografias para a mesma língua. O Acordo vem resolver este erro histórico.
Começando pelo princípio, foi Portugal que em 1911, propôs ao Brasil, Estado já livre do jugo português, uma reforma ortográfica que, sem desenraizar as palavras, sem alterar a pronúncia, e sem as desviar do seu significado original, da sua história, da sua origem, simplificou a grafia, para combater o analfabetismo, bastante acentuado num e noutro país. O Brasil não aderiu, e, a partir daí optou por distanciar-se de Portugal. Na verdade, passou a haver duas ortografias: uma portuguesa, outra brasileira, que se prolonga até aos dias de hoje. E o AO90, não veio resolver este erro histórico, porque nisto não há qualquer erro histórico, simplesmente porque o Brasil é, oficialmente, desde 7 de Setembro de 1822, um país LIVRE, com direito a expressar-se diferentemente do seu ex-colonizador, aliás, é do senso comum brasileiro, dizerem que preferiam ter sido colonizados pelos Ingleses. Portanto, fica aqui muita coisa dita a respeito do distanciamento opcional do Brasil, em relação à Língua Portuguesa. Em 1943, elaboraram um Formulário Ortográfico, que mutilou os vocábulos de origem Latina, suprimindo-se as consoantes mudas (ideia que o AO90 foi buscar) afastando ainda mais o Brasil da Língua Portuguesa. Em 1945 elaborou-se a Convenção Ortográfica Luso-Brasileira, que o Brasil assinou, para logo a atirar ao lixo, continuando a distanciar-se do Português, ao implantar definitivamente a Variante Brasileira da Língua Portuguesa, em desfavor da Língua Portuguesa, que, sub-repticiamente, tem sido banida dos currículos escolares brasileiros. Esta é que é a verdade histórica.
2 - As alterações do Acordo Orográfico facilitam a aprendizagem. Quer de crianças, quer de estrangeiros. Por uma razão simples: as palavras passam a ficar mais próximas da forma como se lêem.
As alterações do AO90 não só não facilitam a aprendizagem como passam um atestado de ignorância a quem assim cogita. Por uma razão simples: as palavras mutiladas distanciam-se das suas origens, das suas raízes e passam a ser coisa nenhuma. Todas as coisas têm uma história. Uma origem. As palavras também. E quando se decide, por exemplo, que a palavra aspeCto (do Latim aspeCtus) passe a grafar-se aspeto (que se lê aspÊto), ela não só perde a sua história, como a sua pronúncia e o seu significado, que é completamente desconhecido. E o mesmo acontece a todas as palavras que o Brasil mutilou apartir de 1943, no Formulário Ortográfico, que serve de base ao AO90.
3 - O Acordo Ortográfico apenas afeta (lê-se afÊta) [em POrtuguês afeCta] um número diminuto de palavras, cerca de 1,6%. O que significa que as alterações trazidas pelo Acordo são mínimas face ao português que se escreve.
O AO90 afÊta um número considerável de vocábulos de origem latina, que, desenraizados, nada significam, e isto basta para que a Língua Portuguesa deixe de ser portuguesa e passe a ser uma cópia de uma Variantesul-americana, na sua grafia, agravado por uma hifenização e uma acentuação, baseadas na maior das ignorâncias.
4 - As escolas portuguesas já ensinam conforme o Acordo Ortográfico. As leis portuguesas já são publicadas conforme o Acordo Ortográfico. O Governo já governa conforme o Acordo Ortográfico. A maioria dos jornais já publica conforme o Acordo Ortográfico. Parece impossível, mas tudo isto acontece sem revolta, dor ou trauma.
As escolas portuguesas não ensinam, desensinam as crianças, obrigando-as a grafar à brasileira, quando a Língua Materna delas é a Língua Portuguesa, grafada à portuguesa, constituindo este um dos maiores logros e crime de lesa-infância, jamais visto em todo o mundo. As leis portuguesas são publicadas ignorantemente à brasileira. O governo não governa conforme o AO90, porque ninguém governa conforme um acordo ortográfico. O governo grafa tudo em MIXORDÊS, que é o resultado da aplicação da grafia brasileira misturada com a grafia portuguesa, mostrando o governo com isso que nem domina uma, nem outra, e demonstra uma monumental e vergonhosa subserviência a uma ex-colónia, hoje um Estado livre e independente. Apenas os jornais submissos ao Poder e dotados de uma monumental ignorância da Língua, que usam como instrumento de trabalho, publicam num MIXORDÊS de fazer corar as pedras da calçada portuguesa. Parece impossível, mas tudo isto acontece sem um pingo de vergonha na cara, sem dignidade alguma, e sem o mínimo senso comum.
5 - Entrando no Acordo, é evidente que nunca poderia haver qualquer acordo com o Brasil para unificar a ortografia que não abrangesse as consoantes mudas. É que, simplesmente, os brasileiros não as afloram nem as pronunciam.
Entretanto neste (des)acordo, é evidente que nunca poderia haver qualquer acordo com o Brasil para unificar a ortografia que não abrangesse as consoantes mudas, porque simplesmente esta fraude chamada AO90 assenta na Base IV do Formulário Ortográfico de 1943, e não só no que respeita às consoantes mudas, onde existem umas pouquíssimas excePções, mas também na grafia em minúsculas dos meses do ano. Já agora, não tardam em obrigar os portugueses a grafar AntÔnio, AmazÔnia etc., para UNIFICAR o que nunca será possível unificar.
6 - E quem acha que abdicámos da nossa forma de escrita, é bom lembrar que o Brasil também cedeu e deixou, por exemplo, de usar o trema em algumas palavras, como no "u" em linguiça.
(Este argumento é o mais parvo de todos). E quem acha que não abdicámos da nossa forma de escrita? Só um muito, muito cego mental é que acha que não abdicámos da grafia portuguesa. É bom lembrar que a única coisa que mudou para o Brasil foi a supressão do trema em algumas palavras como no “u” de lingüiça (que os brasileiros continuam a grafar com trema, não haja qualquer dúvida) e na apoucada acentuação e hifenização. Só isto é que mudou para os Brasileiros. De resto, a grafia, à excePção de excePção, recePção, e mais uma ou outra palavra, a grafia que nos querem impingir é a brasileira. Que não reste qualquer dúvida.
7 - Há apenas oito países no mundo que têm o português como língua oficial. E só há duas ortografias, a portuguesa e a brasileira. Chegar a um consenso quanto à forma de escrever é relativamente fácil. O que é altamente vantajoso para uma língua falada em quatro continentes por mais de 250 milhões de pessoas.
Havia oito países (não há mais) no mundo que tinham o Português como língua oficial. Cabo-verde não tem mais. A língua oficial de Cabo-Verde é o Crioulo Cabo-verdiano, oriundo do Português. E existem duas grafias: a portuguesa, em Portugal, Angola, Moçambique, Guiné-Bissau e Timor-Leste. E a brasileira, no Brasil. Chegar a um consenso quanto à forma de escrever é absolutamente impossível, e só não vê isto quem é muito, muito cego mental. Cada país é um país. Cada país fala e escreve com as suas especificidades. Uma grafia comum, só se for a portuguesa, a original, a europeia, que a maioria dos países lusógrafos escreve. Não temos de nos subjugar ao Brasil, apenas porque são milhões. Eles são milhões com uma VARIANTE. Nós somos milhares, com uma Língua. E não vamos passar de uma Língua íntegra, para uma VARIANTE, apenas porque sim.
8 - Numa perspectiva egoísta, o Acordo Ortográfico contribui, de forma modesta, para que o português do Brasil se mantenha português do Brasil e não se torne brasileiro. Sim, interessa-nos que o português seja falado por mais de 200 milhões de pessoas na América do Sul.
Numa perspectiva ignorante, o AO90 contribuiu de uma forma pretensiosa, para que se instalasse em Portugal o MIXORDÊS, e de um modo natural para que a Variante Brasiloeira da Língua Portuguesa (erroneamente tido como Português do Brasil) evolua (como evoluíram outros dialectos) para Língua Brasileira; e a Língua Portuguesa ou continuará a ser Portuguesa através dos países africanos de expressão portuguesa, ou desaparecerá do mapa, se Portugal insistir neste servilismo rastejante, caso único em todo o mundo. E NÃO, não interessa a Portugal que o Português seja falado por mais de 200 milhões de pessoas na América do Sul, simplesmente porque o que se fala na América do Sul não é Português, mas uma Variante do Português, na sua forma grafada e falada, de tanto que se distanciou da sua Matriz. E à América do Sul, o que é da América do Sul. E à Europa, o que é da Europa. É só isso que nos interessa.
Isabel A. Ferreira
Fonte:
http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/reflexao-do-dia-9087915
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