E em que matéria Portugal não está na cauda da Europa?
Mas em questão de Cultura, Educação e Ensino, Portugal deixa muito a desejar, porque não tem uma política cultural e educacional de primeiro-mundo.
Os maiores veículos de cultura são as televisões, que só oferecem futebol, novelas brasileiras e luso-brasileiras, e programas muito "pimba", que deixam o povo em banho-maria, e usam uma linguagem bastante inculta e incorreCtamente escrita e falada. Um péssimo exemplo para as crianças e jovens.
Nas escolas não se incentiva nem ao Saber (os manuais escolares são um monumento à imbecilidade) nem à leitura, porque também não se incentiva à aprendizagem da Língua Portuguesa na sua versão culta e europeia. E se não se aprende a ler e a escrever um Português correCto, para que servirá a leitura?
E a culpa é nossa? Minha não será, que não voto em inscientes, apesar de ser povo, como todo o povo.
Mas o povo, altamente "analfabetizado", contribui para que se mantenha a iliteracia, e o statu quo político, desastrosamente impróprio para consumo de primeiro-mundo.
Daí que não me admira nada este rastejar de Portugal na cauda da Europa, em matérias cruciais, ao desenvolvimento de uma sociedade que se quer evoluída.
Origem da notícia:
Isabel A. Ferreira
Existe um vocábulo bem português para designar isto, o qual me dispenso a proferir, porque será óbvio para as mentes pensantes.
A nossa guerra não está perdida. Faltam (ainda) algumas poucas batalhas a vencer, por isso, em 2019, continuaremos a dizer o que centenas já disseram e redisseram, porque há mentes que não encaixam as coisas à primeira.
Nesta imagem, que encontrei na Internet, podemos ler os quatro principais pretensos objeCtivos do acordo ortográfico que impingiram a sete países da dita lusofonia (excluo o Brasil, porque a grafia preconizada pelo AO90 é a grafia brasileira (excePtuando algumas excePções), e eles, lá no Brasil, só tiveram de mudar as mal-amanhadas acentuação e hifenização, e o protesto deles limita-se unicamente a elas).
Então vejamos:
Nota prévia: o vocábulo objetivo (lê-se obrigatoriamente ôb’j’tivu) pertence à grafia brasileira, introduzida no Brasil em 1943. Em Língua Portuguesa escreve-se objeCtivo (lê-se ôb’jétivu) palavra que deriva do Latim objectus + sufixo -ivo.
ObjeCtivo um:
Pôr fim à existência de duas normas ortográficas oficiais divergentes.
ObjeCtivo falhado, porquanto, em vez de duas normas ortográficas divergentes, temos agora umas quantas normas ortográficas divergentes: a norma ortográfica portuguesa (intocável nos países africanos de expressão portuguesa, e mantida em Portugal pelos Portugueses que não se vergaram à imposição ilegal de um acordo que nem sequer existe); a norma ortográfica do acordês assente na grafia brasileira, e que, em Portugal, criou palavras que nem na norma brasileira existem (ex.: receção, exceção, perceção, etc.), continuando a grafar-se diferentemente AmazÔnia e anistia (Brasil) e AmazÓnia e amnistia (restantes países lusófonos); a norma do mixordês (a mistura da grafia brasileira com a grafia portuguesa numa mesma frase (actual, mas atualidade) intercalando palavras inexistentes cá (ex.: fato por faCto; contato por contaCto; intato por intaCto, etc.); e a norma do à vontade do freguês, a mais generalizada, ou seja, cada um escreve conforme lhe dá na gana (ex.: corrução, exeto, interrução, invita, etc.); fora as numerosas grafias que as chamadas facultatividades proporcionam.
ObjeCtivo dois:
Permitir que um único documento, numa grafia única, represente todos os países da CPLP internacionalmente.
Objectivo falhado. Porquê? Porque nenhum país da dita CPLP (uma comunidade muito colonial, para países que lutaram pela sua independência, com o intuito de se livrarem do colonizador, mas esquecendo-se de cortar o cordão umbilical) escreverá numa grafia única, simplesmente porque não existe uma grafia única, como ficou demonstrado. E se quisessem escrever numa grafia única qual grafia escolheriam: AmazÔnia ou AmazÓnia? ExcePção ou exceção? Anistia ou amnistia? (Isto apenas para simplificar a ideia).
ObjeCtivo três (o mais estúpido dos objeCtivos):
Facilitar a aprendizagem no ensino do Português como língua estrangeira.
ObjeCtivo falhadíssimo. Nunca nenhum país do mundo e arredores mutilou ou simplificou a sua grafia para facilitar o ensino da sua Língua aos estrangeiros. Até porque um inglês, um francês, um alemão, um espanhol ou mesmo um oriental aprenderá mais facilmente a Língua Portuguesa original, uma língua greco-latina, com todas as consoantes mudas nos respeCtivos lugares, do que uma língua sul-americanizada, mutilada, desenraizada, que nada tem a ver com a grande família linguística Indo-Europeia, que deu origem às línguas europeias mais faladas do mundo, na qual está incluída a Língua Portuguesa e a Língua Inglesa, a língua de comunicação INTERNACIONAL, e jamais a Língua Portuguesa acordizada será uma língua de comunicação internacional, simplesmente porque essa não é uma Língua, mas tão-só um dialecto que já foi Língua e, por uma questão político-económica com muita ignorância à mistura, passou de cavalo para burro. E um dialecto jamais poderá ser língua de comunicação internacional. E, porque não pode, o que é dialecto (brasileiro) passará a língua, que, contudo, não terá a designação de Portuguesa, muito brevemente. Além disso, qualquer estrangeiro aprenderá muito mais facilmente o Português correCto, do que o Português mutilado. Para eles, o termo correto à brasileira (lê-se obrigatoriamente currÊtu) não tem o mínimo sentido. E a razão é bastante óbvia.
ObjeCtivo quatro (outro objeCtivo dos mais parvos):
Promover a unidade ortográfica do Português, concedendo-lhe assim uma maior visibilidade internacional.
ObjeCtivo com falhanço total. Porquê? Porque jamais haverá uma unidade ortográfica do Português, conforme já ficou demonstrado. E ainda que isto pudesse acontecer, a maior visibilidade internacional que se pretende dar à língua é à da norma brasileira, que se afastou substancialmente do Português, e o que circularia por aí seria (será) em breve designado por Língua Brasileira, conforme já se vê, ouve e lê. Quando se ouve um brasileiro a falar diz-se que fala brasileiro. Ou não?
Ainda ontem, no YouTube, e a este propósito, um cidadão brasileiro dizia-me isto num comentário:
@Isabel A. Ferreira Aliás, que coisa feia, hein, Dona Isabel! Cuspindo no prato que comeu. Viveu um pedacinho da infância no Brasil e fala mal desse jeito da nossa variante. A senhora não sabe que não se deve cuspir no prato que comeu? Repense seus conceitos.
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E eu respondi-lhe isto:
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Sinto muito que não saiba INTERPRETAR o que escrevi. A Literacia não é o seu forte, estou a ver. Sim, eu vivi parte da minha infância e parte da minha adolescência e juventude no Brasil, e aprendi a ler e a escrever no Brasil, sim. O Brasil é a minha segunda pátria, e tal como a minha primeira pátria (Portugal) é passível de CRÍTICAS. Não tenho nada contra o DIALECTO BRASILEIRO, desde que não lhe chamem PORTUGUÊS. Para dialeCto, a palavra "dialeto" (como vocês escrevem) está muito bem. Em Português essa palavrinha sem o CÊ, lê-se OBRIGATORIAMENTE dialÊtu, e "dialÊtu” não faz parte do vocabulário PORTUGUÊS. E já agora, QUEM CUSPIU NO PRATO EM QUE COMERAM foram os brasileiros, ao mutilarem a Língua dos seus antepassados: o Português. Nenhuma outra ex-colónia o fez.
Fui clara?
***
Ainda não obtive resposta.
O problema aqui é essencialmente este: o Brasil quer impor-se ao mundo através da Língua do ex-colonizador, deslusitanizada, reduzida a dialecto, mutilada, afastada das suas raízes europeias greco-latinas, como o preconizou Antônio Houaiss, tudo isto assente numa inconcebível lusofobia, introduzida no Brasil pelos marxistas brasileiros que, ignorantemente, lêem a História à luz dos valores actuais, e não à luz dos valores da época dos Descobrimentos. Isto é como criticar o Homem das Cavernas por usar a moca para resolver problemas, e não o diálogo, como as gentes civilizadas hoje fazem (e apenas as civilizadas, as outras, as incivilizadas, usam armas nucleares).
E este é o busílis da questão, que os governantes portugueses, enceguecidos pelo deslumbre de eles (os Brasileiros) serem milhões e nós milhares, se recusam a ver. E jamais a quantidade foi bitola para descartar a qualidade. Em parte alguma do mundo e, quiçá, do Universo.
Isabel A. Ferreira
Mais um texto que explica, muito bem explicadinho, as aventuras insólitas do AO90 e de algo muito importante: nos finais do século XVIII e início do XIX, Portugal foi o único país da Europa que se esqueceu de elaborar um dicionário para fixar a Língua. O ÚNICO.
Por António Fernando Nabais
«A imagem é do Jornal de Notícias, um dos muitos jornais que acreditam ter adoptado o acordo ortográfico, optando, ainda assim, por acentuar graficamente a terceira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo “parar”.
No meio das muitas facultatividades delirantes (porque, em ortografia, o aumento de facultatividades é delirante), o chamado acordo ortográfico, aqui, é muito claro: “(…) deixam de se distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão de parar, e para, preposição” (Base IX, art. 9º).
Segundo o AO90, a primeira afirmação – “Salvio para a história” – está impecável. Se for verbo, a frase ganha uma força poética; se for preposição, Salvio vai em direcção a um lugar em que merece estar.
No caso de Felipe, segundo o AO90, há um erro, o que se pode relativizar se pensarmos que o AO90 é um erro.
Há uns anos, Rui Tavares defendia o AO90 e o direito a escrever “pára”, defendendo, portanto, que a ortografia não tem importância nenhuma, juntando-se a intelectuais da dimensão de Santana Lopes e de Maria João Marques.
Quando se fizer a história da ortografia em Portugal, o JN ficará do lado errado.
***
Comentário:
Elvimonte
As línguas evoluem por via erudita e por via popular. À evolução por via popular preside a lei do menor esforço. Que interessam a etimologia e os étimos, quando duas consoantes consecutivas dão muito trabalho a pronunciar? As palavras “adivogado”, “onipresente” e “onipotente”, a primeira do brasileiro popular e as restantes do brasileiro (já?) erudito, caem nesta categoria.
Mas não se pense que a lei do menor esforço não assume um carácter mais universal. Em finais do século XVIII e início do seguinte, já todas as Reais Academias por essa Europa fora tinham elaborado os primeiros dicionários, que viriam a fixar as respectivas línguas. Todas? Todas excepto a Real Academia Portuguesa, que nunca passou do “A” (não me esqueci das invasões francesas e da ida da corte para o Brasil). Sem a língua fixada, entrou-se numa deriva que permitiu ao português ser a língua europeia com mais reformas nos últimos 200 anos. E, regra geral, todas deram primazia à lei do menor esforço, em detrimento de regras fundamentadas e da clareza.
Fonte:
Quando acabarem de ler texto, ponham mãos à obra e lutem contra a destruição da NOSSA Língua Portuguesa.
Não permitam que nos façam passar por parvos!
Tinha o texto, que abaixo transcrevo, da autoria de Amadeu Mata, entre muitos outros textos que me vão chegando, a modos que esquecido.
Este é um texto que reduz o AO90, os acordistas e os seus apoiantes, a ZERO.
Muito bom. Não deixem de o ler.
Isabel A. Ferreira
Por Amadeu Mata
«A Língua Materna agradece!»
«Para quem acha que o Acordo é bom, ficam aqui algumas razões:
1 - É apenas o 1º de mais acordos que se seguirão, já se diz até que este será insignificante. Se prosseguir, outros virão. O que virá nos próximos? Se falam e escrevem "tu quer" e nós “tu queres”, um dia falaremos igual. Entre outras coisas lol.
2 - O "C" de Directo serve para algo. Para os Brasileiros é mudo. Eles acentuam todas as sílabas como os Espanhóis.
Nós não precisamos de ter o "C" para nos dizer que "directo" é lido como "diréto", senão seria como coreto ("corêto"), cloreto ("clorêto"), luneta ("lunêta"), não dizemos "lunéta" nem "cloréto" nem "coréto" não é? Vamos ler "direto" como? "dirêto"?
Enfim, o "C" serve para algo cá, no Brasil não, mas cá serve.
Ou sem o “P” em Baptismo ficar “bâtismo” como “batida” já que é o “P” que abre a vogal? Será melhor em vez desta regra do “C” e “P” dizermos antes às crianças e estrangeiros que têm de decorar uma lista de centenas de palavras de excepção onde se deve ler “Á” sem ter o “P” ou “C”, etc, ou mais fácil ensinar a regra do “P” e “C”?
3 - Vai ser bonito falarmos Egipto com o P e lermos Egito sem o P. Como as crianças aprendem o que é Egipto na escola e não em casa (não andamos a falar no Egipto a crianças de 3 ou 4 anos), irão aprender a falá-lo e escrever como "Egito" sem "P", mesmo que os pais falem com "P" (eu falo o “P” em Egipto, por acaso). Prova de que a escrita alterará a fonética. Depois as criancinhas ao escrever Egipto sem o “p”, irão adivinhar que o habitante local é Egípcio e não Egício.
4 - Vamos ensinar um Inglês como? Dizer-lhe «olhe, você aqui lê EGITO mas NESTE CASO específico, fale "EGIPTO" finja que existe lá um "P" imaginário, finja que é como o "EGYPT" do seu país, mas escreva só "EGITO" não tente perceber, o Português é assim! E olhe há egípcios, egiptólogos, tudo tem P, mas em Egipto é EGITO, sem "P"!» - É isto que vamos dizer ao ensinar Português? Obrigá-los a decorar palavras de “excepção à regra”?
5 - E que mal tem "pêlo" ter o acento? É mais bonito escrever: "agarrar o cão pelo pelo"?...
6 - Não há qualquer desvantagem em existir Português-PT e o dialecto-BR, como há Inglês diferente em UK e USA (doughnut e donut), como com o Espanhol onde "coche" na Espanha será "carro" na América do Sul, etc.. Cá só há desvantagens e custos com o Acordo. Seremos os únicos ex-colonizadores a escrever e falar como a colónia (por algum motivo obscuro). Não nos entendemos assim? Só pouparíamos dinheiro e neurónios.
7 - Peçam a um Brasileiro para dizer "Peniche".
Ao falar, notem a palavra que sai, ao tentarem imitar. O Português - PT tem muito mais riqueza fonética e linguística do que o dialecto - BR.
Aprendemos facilmente o dialecto - BR e eles não aprendem facilmente o Português – PT, falta-lhes a prática no range maior de sons da língua portuguesa. Há quem diga que somos os melhores a aprender línguas e sotaques no mundo devido à riqueza da nossa língua.
Vamos aproximar-nos do dialecto - BR porquê?
8 - Corretora Oanda, movimenta triliões, é a maior corretora cambial do mundo, traduziu os seus manuais para Português -PT. Isso mesmo, nada de Acordo, nada de dialecto -BR.
Português-PT.
Vamos nós andar a alterar o Português e mostrar-lhes que afinal fizeram a escolha errada? Entre muitas outras empresas.
9 - Querem que os livros escolares de 2012/13 sejam já com o novo acordo. As crianças serão ensinadas neste primeiro passo a ler e escrever de forma diferente.
Será assim opcional a mudança como nos querem fazer querer.
A mudança é obrigatória, é imposta nas escolas, já está nos media, etc.
Não podemos escolher continuar como estamos porque daqui a uns anos será mesmo errado.
Os Brasileiros cortam "C" e "P" e podem ler da mesma forma, nós não! Esqueçam a dupla grafia.
O que fazer com a palavra recepção.
Se o “p” desaparece fica receção. O que fazer depois com a palavra recessão, que tem outro significado e que se lê exactamente da mesma forma?
10 - O que é que o povo mandou? Inquéritos em que 65% das pessoas rejeitaram o acordo, umas 30% não sabem o que é, e o resto diz que sim? E que salvo erro umas 28 em 30 universidades e editoras consultadas disseram que não? Além de muitos linguistas? Porque é que é aprovado o acordo contra a vontade do próprio povo? Mesmo uma petição com 120.000 assinaturas foi apresentada a 50 deputados dos quais 49 faltaram e uma apareceu e ignorou. Para ir mesmo à Assembleia, só com uma ILC!
11 - Os Portugueses devem estar mesmo no fundo. A falar do glorioso povo do passado e ninguém quer saber da língua. Os Espanhóis nunca aceitariam um acordo destes para os obrigar a falar como os Argentinos! Os Bascos, são apenas uns 100.000 ou 200.000 a falar Basco, nunca desistiram até ao fim e agora têm até a língua Basca como oficial no seu pequeno "país". Só o Português é que deixa andar e desleixa a língua e deixa que outros façam o que querem dela...
12 - Estamos nós a defender letras como "C" em Directo que realmente são úteis, têm a sua função, e lá fora há línguas que mantêm letras que dizem ser desnecessárias, como "Dupond" ou "Dupont" em Francês o T permanece só porque não é lido, vamos suprimi-lo ? Apagar porquê? É difícil perceber para que servem e por isso cortamos? Agora um espectador passou a espetador = aquele que espéta o quê?
13 - Há mais falantes nativos de Inglês mais Espanhol juntos (Espanhol mais ainda que Inglês), que passam de um bilião de nativos, e mais de 2 biliões de falantes não nativos das mesmas, do que os 200 milhões de Brasileiros. Estarmos a afastar a língua de 2 biliões de pessoas para ficarmos mais próximos do Brasil é disparate.
Mais uma vez, para facilitar a vida aos Brasileiros, vamos dificultar a vida a quem quer aprender Português lá fora e tornar a língua portuguesa mais obsoleta.
Vejam: "Actor" aqui, "Actor" no Latim, "Acteur" no Francês, "Actor" no Espanhol, "Actor" no Inglês, "Akteur" no Alemão, tudo com o "C" ou "K", e depois vêm os Brasileiros com o seu novo: "Ator" (devem ser Influências dos milhões de Italianos que foram para o Brasil e falam "attore").
Algumas outras: Factor, Reactor, Sector, Protector, Selecção, Exacto, Baptismo, Excepção, Óptimo, Excepto, Recepção etc, "P", "C", etc. Estamos a fugir das origens, do mundo, para ir atrás dos Brasileiros.
14 - Alguém quis saber do resto das colónias que não falam da mesma forma que os Brasileiros? Só ao Brasil é que interessou o Acordo (Portugal foi o único que cedeu).
Tenho amigos Angolanos que dizem falar como o Português - PT e nunca quiseram o dialecto-BR nem o Acordo, não foram consultados! O Brasil quer tornar-se dono da língua portuguesa porque pertence ao G20!?
15 - O Galego-Português da Galiza, o da variante da AGLP, é mais parecido com o Português de Portugal neste momento que o próprio dialecto -BR. Os Brasileiros têm alterado a língua sem se preocupar com o resto do mundo, porque é que temos de ser nós a pagar pelos seus erros e prepotência?
16 - Sempre odiei instalar um software e ver que vem tudo em Português do Acordo, e fóruns também, em que uma votação é uma "ENQUETE" (sei lá como foram inventar isto), em que um utilizador é um usuário, em que "apagar" é "DELETAR" (do "Delete" Inglês, por incrível que pareça nos seus dicionários), ou Printar, ou etc. Por vezes sou obrigado a utilizar softwares em Inglês para aguentar... Como haverá agora Português-PT e o dialecto-BR ao gosto de cada um, se só existirá um "Português"? Eu quero sites e softwares que entenda e na minha língua e isso SÓ É POSSÍVEL mantendo o português-PT e o dialecto-BR separados! Senão será tudo misturado para sempre! E depois lá vamos nós "enquetar" (votar) e coisas assim (enquetes = votações)...
17 - A prova do ponto 16, é que o próprio Google Translator já só tem o "Português" e tudo o que escreverem ficará no dialecto-BR, e até "facto" que ainda não mudará já aparece lá como "fato", é bom que nos habituemos pois será o que virá nos próximos acordos, bem como "oje", "abitação", aja, aver = existir etc.
18 - No Brasil mesmo não sofrendo as alterações que temos, há milhões contra o acordo também por coisas insignificantes como a supressão do "trema"!!! Vejam na net!! Nós com alterações brutais, muito contentes sem fazer nada!!!
19 - Existirão sempre pseudo-intelectuais em todas as línguas que irão dar a vida pelo acordo (sem querer ofender ninguém), achando que é o ideal, e que salvará o país e que dará emprego ao país, e até que sem isto a Língua Portuguesa morre e haverá uma língua "Brasileira".
A variante dialectos-BR nunca poderia ser uma língua independente como "Brasileiro" só pelas alterações que fazem, não há esse perigo, teria de ser radicalmente mudada (nunca acontecerá) de propósito para o efeito. Não inventemos.
A variante dialecto-BR nunca poderia ser considerada outra língua.
E não deixem que pseudo-intelectuais nos tratem como burros só porque defendemos a Língua.
São chicos espertos, pessoal de manias ou megalomanias para a defesa do acordo (existirão também pessoas decentes a defendê-lo é certo).
20 - Nada impede que haja uma espécie de concordância mais simples em que digam apenas que incluímos palavras deles e nossas num dicionário universal mas SEM IMPOR regras a ninguém. No futuro cada um dos países só alterará a SUA PRÓPRIA variante com acordo dos outros, sem impingir aos outros essas mudanças, apenas para evitar que as mudanças no Brasil possam ir ainda mais longe e arruinar ainda mais o Português das restantes colónias. Nada impede isso.
21 - Com o Português unido, como ficará a bandeira oficial? Já se vê por todo o lado a bandeira do Brasil no Português, mas se tivesse Brasil para o dialecto-BR e a Portuguesa para Português-PT, ainda era aceitável, apesar de sabermos que só há uma bandeira oficial que é a Portuguesa, mas é difícil impedir o patriotismo Brasileiro, com tudo unido, haverá a tendência das empresas adoptarem a bandeira do país que tem mais população, o Brasil. Então as variantes da língua?
22 - Cada vez que me lembro que lá se escreve "mais" em vez de "mas" porque falam no fundo "mais" com o sotaque têm a tendência de passar para a escrita a forma como falam.
Em futuros acordos seremos obrigados a escrever também: "eu fui lá MAIS não vi ninguém".
Há a tendência de se escrever como se fala.
“Presidenta” está nos dicionários, só falta transformar o “Presidente” em “Presidento”, era só o que faltava...
Há muito tempo que o Brasil anda a adulterar a língua sem ninguém intervir, e agora ALTERAM A NOSSA!
23 - Existem formas de travar este acordo!
Petições ou clicarmos num LIKE no Facebook não fazem nada. Há uma ILC em movimento que será entregue em breve, prazo final para impedir esta desgraça.
Porque temos de imprimir um miserável papel e enviá-lo, porque é para a Assembleia, mas quem é que diz ser contra e fica sem agir?
Se 20 pessoas assinarem, fica a 2 cêntimos cada o envio dessas assinaturas por correio. É só colocar num marco de correio! Houve uma ILC antes, e entrou na Assembleia, e anulou uma lei de Arquitectura.
As ILC's podem ter esse poder. É uma forma do POVO LEGISLAR. Do povo criar leis, e acabar com leis. O Governo fez isto sem apoio de ninguém e nós podemos tentar fazer algo para corrigir. Quem é o Governo para legislar sobre a língua, sem apoio dos letrados e da ciência e academia de letras, ilegitimamente?
24 - Há mil outras razões para dizer não ao acordo, mas... para quê? Estas não chegam?
25 -Para terminar fica uma frase de Edmund Burke: "Tudo o que é necessário fazer para que o mal triunfe, é que os homens bons nada façam." Neste caso, tudo o que é necessário fazer para que o Acordo triunfe, é que NÓS continuemos à sombra da bananeira, a deixar o tempo passar. Porque o Acordo foi aprovado e se ninguém lutar contra ele, já cá anda.
A RTP está a dar um triste espectáculo, faz disso a sua Bandeira.»
Um texto do jovem Mark, no Blogue As Aventuras de Mark, publicado em 2017, e que poderá servir de orientação para todos aqueles que, à ceguinha, andam por aí a achar que o AO90 é um acordo ortográfico, e mais do que um acordo: uma reforma ortográfica do género das de 1911 e de 1945.
E o AO90 não é nem uma coisa, nem outra. É apenas a ilusão de que sete países (Portugal, Angola, Moçambique, Timor-Leste, Guiné-Bissau, São-Tomé e Príncipe e Cabo Verde) que tinham a ortografia uniformizada, começassem a grafar à moda de um (o Brasil), que deslusitanizou o Português, tanto ao gosto de Antônio Houaiss, afastando-o da matriz unificadora.
E hoje, quem está a assegurar a Língua Portuguesa são os países africanos de expressão portuguesa.
Ainda o Acordo Ortográfico
Texto de Mark
O assunto está praticamente dado por encerrado entre todos, não obstante ainda proliferarem movimentos que se lhe opõem. Entre os organismos estatais, foi adoptado; órgãos de Comunicação Social e demais imprensa, de igual modo, gradualmente o implantaram, com uns quantos que se recusam. Há individualidades que lhe fazem frente, e eu, um fiel apoiante, vejo-me do outro lado. Não farei militância anti-AO, se bem que lhe retirei todo o apoio. Torna-se oportuno contextualizar.
Quando o AO entrou em vigor em Portugal, adoptei-o na minha escrita, inclusive no blogue. Por pouco tempo, porque cedo me dei conta da minha impossibilidade em adaptar-me às novas regras, ainda que as tenha, por conta própria, estudado. Esteticamente, foi-me impossível. Mantive, entretanto, o meu apoio ao Acordo. Perfilhei da maioria das razões invocadas pelos seus defensores, as quais expus aqui no blogue - tenho textos escritos, antigos, sobre esta matéria; por 2011, inclusive, lerão textos meus com a ortografia reformada. O principal argumento prende-se à disparidade entre as normas portuguesa e brasileira. Consoantes mudas, acentuação gráfica, sobretudo, o que levava, numa primeira análise, a que os leitores se apercebessem das divergências quase incomportáveis num mesmo idioma, divergências essas que o enfraqueciam no plano internacional, designadamente na hora de um aluno escolher entre qual norma aprender. Anos depois, continuo a considerar este argumento como aceitável e pertinente. A Língua Portuguesa queda enfraquecida com tamanhas, embora não abismais, diferenças, que existem nalguns idiomas, como no inglês, mas que não existem noutros, como no castelhano, sendo que o português goza de bastante menos prestígio do que ambos.
O que terá mudado? Sucintamente, o modo como encaro o Acordo. Continuo a ser partidário de uma uniformização, opondo-me veementemente ao processo em curso de simplificação. O Acordo Ortográfico de 1990 descaracteriza o idioma. A raiz etimológica, em detrimento do critério meramente fonético, sofreu um duro golpe. O primeiro foi-lhe dado justamente por Portugal, em 1911 (*). Não sou um purista; todavia, não posso compactuar com este atentado ao idioma. Uniformização ortográfica, sim, AO de 1990, não. (**)
Também mudou a minha percepção política. Portugal viu-se quase que compulsivamente obrigado a ceder. Propôs-se, em 1945, que o Brasil reintroduzisse as consoantes ditas mudas. O Brasil rejeitou. Quarenta e cinco anos depois, foi Portugal que se comprometeu em eliminá-las. Houve uma pressão desmedida sobre Portugal, que ainda é, muito embora geográfica e demograficamente menor, o país que viu nascer a Língua Portuguesa, com a Galiza - o idioma surgiu justamente na actual Galiza e no norte de Portugal, na Gallaecia. Outrossim, o Acordo serve propósitos duvidosos de uma parte da esquerda brasileira: simplificar, custe o que custar, porque, segundo defendem, " o português é difícil " (soube de um plano que preconizava, sem mais, a abolição de toda a acentuação gráfica). Seria a lógica de um inglês simples aplicada a um idioma romance. Talvez num futuro acordo, não? Pois não. Jamais. O mercado lusófono em África e na Ásia, em Timor, foi bastante sedutor às editoras do país irmão. O Acordo Ortográfico, sendo adoptado pelos PALOP e por Timor, derrubaria todos os entraves à comercialização de livros brasileiros na África Lusófona. É uma especulação válida, um tanto ou quanto demagógica, aceito, mas não é, de longe, o que me fez recuar. É apenas um exemplo dos interesses que se movimentam à retaguarda de um acordo aparentemente desprovido de qualquer outra intenção que não a defesa do idioma uno e coeso.
O Acordo Ortográfico aproveita ao Brasil. Aproximou-se a ortografia da norma brasileira e simplificou-se. As mudanças no Brasil foram mínimas. Aboliu-se o trema e pouco mais. Não houve uniformização harmoniosa e razoável; houve, sim, um país que se soube impor sobre os seus parceiros. Mérito do Brasil. Inteiramente. Ora, não me é permitido transigir com um cenário que em nada dignifica as nossas relações no seio da CPLP e, menos ainda, a Língua Portuguesa, que considero um património imaterial de todos os lusófonos, não só dos brasileiros e dos portugueses, verdadeira pátria para mim, citando Pessoa.
Serei sensível a todos os projectos equitativos de uniformização que não comportem lacunas e casos omissos como este (des)acordo (saberão, certamente, que o Acordo não uniformizou vocábulos como Humidade, em Portugal, Umidade, no Brasil, ou, citando outro exemplo, Beringela, em Portugal, Berinjela, no Brasil). Prevê duplas grafias, cá e lá. Surreal. Em breve, nem saberemos como escrever. O caminho para a arbitrariedade linguística está a descoberto. Há casos em que a consoante é ou não articulada. Aspeto e Aspecto, nomeadamente. Em Portugal, há quem a pronuncie, há quem não a pronuncie. O que dizer de Recepção, que no Brasil assim se escreve, e que em Portugal passou a Receção? Paradoxalmente, em razão do critério fonético, eis um vocábulo em que o Acordo veio desarmonizar. Receção que, diga-se, corre o risco de ser confundida com Recessão, de valor semântico totalmente distinto. Não sairia daqui.
Não se brinca com uma língua comum a povos, com o idioma que aprendemos desde o berço, que utilizamos para exprimir os nossos sentimentos, medos, estados de espírito. O idioma faz a nossa identidade, liga-nos a uma sociedade, a uma nação. No limite, distingue-nos de croatas e de mongóis. É um elemento para ser encarado com toda a seriedade, e não pode ficar à mercê de conveniências e de politiquices baratas.
Mark
Fonte:
(*) Na reforma de 1911, não houve duro golpe na ortografia. Evoluiu-se, houve uma simplificação, sem mexer na pronúncia. Substituiu-se as consoantes duplas, por simples, e os fonemas gregos, pelos latinos (pharmacia – farmácia, ella – ela); lyrio – lírio), enfim nada que chocasse a vista, ou os ouvidos.
(**) Mark pugna pela uniformização ortográfica, mas não o AO90.
Para haver uniformização ortográfica na (ainda) colonialista CPLP, terá o Brasil de se submeter à grafia dos restantes SEIS países de grafia portuguesa, uma vez que Cabo Verde está fora da lusofonia, pois adoptou o Crioulo Cabo-Verdiano (oriundo do Português) como língua oficial.
Estará o Brasil disposto a ceder? Os Brasileiros até podem ser milhões, mas num todo de OITO países lusófonos, é apenas UM. E não são SETE que têm de ceder a UM, mas UM que tem de ceder a SETE, isto se se quisesse unificar a ortografia, que, a acontecer, empobreceria a Língua Portuguesa, pois o que lhe dá brilho e riqueza é a diversidade linguística que Portugal espalhou pelo mundo. Não esquecer este detalhe importante.
Mais um excelente texto de Manuel Monteiro, que nos diz que o acordo ortográfico «é uma grande comédia. Uma grande paródia.»
Texto de Manuel Monteiro
Recentemente, apareceu escrito num canal televisivo: “Aconselhou-me a fazer uma comediação.” Nada que ver com comédia — trata-se da versão acordizada de “co-mediação”. Em suma, o Acordo é uma comédia, uma grande paródia.
Há uns anos, na RTP2, vi uma série em que, numa faculdade, o professor pedia aos alunos que, na aula seguinte, defendessem uma ideia ou ideologia contrária àquela que era a sua crença arraigada. Tento aqui executar semelhante exercício.
Comecemos com algumas frases.
“Tirámos o curso de Medicina.”
“Andámos expectantes na Rua do Ouro e na descaracterizada Avenida Almirante Reis.”
“Rezámos a Santo António.”
“Desligámos o interruptor.”
“Visitámos o Palácio Nacional da Ajuda, o Largo do Carmo, a Igreja do Bonfim e o Pavilhão de Portugal.”
“Iremos à Sé de Braga.”
“Descaracterizámos ou deixámos descaracterizar Lisboa.”
“Chegámos ao Templo de Salomão.”
“O professor quer que dêmos tudo na aula de Matemática.”
As frases apresentadas, sem o Novo Acordo, têm uma forma ortográfica. Com o novo, terão quantas? Vejamos.
“Tirámos [com ou sem acento] o curso de Medicina [com maiúscula ou minúscula inicial].”
“Andámos [com ou sem acento] expectantes [com ou sem c] na Rua do Ouro [com maiúscula ou minúscula inicial] e na descaracterizada [com ou sem c] Avenida Almirante Reis [com maiúscula ou minúscula inicial].”
“Rezámos [com ou sem acento] a Santo António [com maiúscula ou minúscula inicial].”
“Desligámos [com ou sem acento] o interruptor [com ou sem p para a Porto Editora ou o Portal da Língua Portuguesa, por exemplo].”
“Visitámos [com ou sem acento] o Palácio Nacional da Ajuda [com maiúscula ou minúscula inicial], o Largo do Carmo [com maiúscula ou minúscula inicial], a Igreja do Bonfim [com maiúscula ou minúscula inicial] e o Pavilhão de Portugal [com maiúscula ou minúscula inicial].”
“Iremos à Sé de Braga [com maiúscula ou minúscula inicial].”
“Descaracterizámos [com ou sem c e com ou sem acento, ou seja, quatro formas ortográficas] ou deixámos [com ou sem acento] descaracterizar [com ou sem c] Lisboa.”
“Chegámos [com ou sem acento] ao Templo [com maiúscula ou minúscula inicial] de Salomão.”
“O professor quer que dêmos [com ou sem acento] tudo na aula de Matemática [com maiúscula ou minúscula inicial].”
Resposta: 33 554 432 formas ortográficas. A conta: 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 x 2 = 33 554 432.
O Acordo permite a plurigrafia e esta pode ser bem divertida. Morte à ortografia!
Acresce uma nota curiosa. Quando à primeira pessoa do plural se liga a forma pronominal “nos”, o s desaparece. Exemplos: “Nós amámos”, “Nós sentámos”. Pospondo-lhe “-nos”, ficará “Nós amámo-nos”, “Nós sentámo-nos”. Com o Novo Acordo, “amámos” e “sentámos” (meros exemplos entre uma miríade), referindo-nos a um tempo pretérito, podem ter ou não ter acento. Ou seja, poderemos suprimir o s de “sentámos” ou “sentamos” quando se liga à forma pronominal “nos”, referindo-nos ao pretérito perfeito. “Sentamo-nos”[1] poderá ser, com o Acordo, uma ordem, uma sugestão ou uma referência ao passado — aquilo que, sem o Acordo, será obrigatoriamente “Sentámo-nos”.
Como é divertido ainda usar o prefixo “co-”. Temos “conavegante”, “corrés”. Sem o Acordo: “co-navegante”, “co-rés”. Temos “cocomissário”, “cocomandante”; não, não é o missário do coco nem o mandante do coco — vejamos sem Acordo: “co-comissário”, “co-comandante”. Temos ainda o “co-mandante” transformado em “comandante”. Recentemente, como poderá ver na página dos Tradutores contra o Acordo Ortográfico, numa publicação de 27 de Outubro, apareceu escrito num canal televisivo: “Aconselhou-me a fazer uma comediação.” Nada que ver com comédia — trata-se da versão acordizada de “co-mediação”.
Em suma, o Acordo é uma comédia, uma grande paródia. E quem não gosta de uma boa pândega?
[1] No imperativo: “sentemo-nos”.
Autor de Por Amor à Língua — Contra a Linguagem Que por aí Circula
Fonte:
https://www.publico.pt/2018/07/16/culturaipsilon/opiniao/admiravel-lingua-nova-parte-viii-1838111
Na convenção do Partido Ecologista "Os Verdes", realizada recentemente, foi aprovada uma moção que considera "falhados" os objectivos do Acordo Ortográfico (unificação, simplificação e ajuda ao ensino), e sendo assim, «o AO90 deve ser posto em causa. O Partido Ecologista «Os Verdes» tem um papel, e mesmo uma responsabilidade de se interessar por esta problemática (assim como todos os portugueses o deveriam fazer).»
Parabéns PEV por esta sábia tomada de posição.
PELA AVALIAÇÃO DO ACORDO ORTOGRÁFICO DE 1990 |
17/11/2018
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Nos anos 80, um grupo de especialistas da Língua Portuguesa reuniu-se e criou uma série de regras ortográficas modificativas, alegadamente para "unificação e simplificação da escrita do Português".
Assim surgiu o Acordo Ortográfico de 1990 (AO90), assinado a 15 de Setembro de 1990, pelos sete (então) países de língua portuguesa. Como se sabe, até agora não foi ratificado por todos. Foram estabelecidas diversas regras ortográficas, que se concentraram em queda de consoantes mudas, na retirada de hífenes em locuções nominais, na passagem a minúscula inicial em várias palavras, na eliminação de acentos, e outras.
Existiram rectificações, protocolos rectificativos e uma Nota Explicativa do AO90, que foram ratificadas, em geral, por três países. Em 1991 e 2008 foram aprovadas resoluções na Assembleia da República. Em 25 de Janeiro de 2011, foi decidida em Decreto de Resolução, no Governo de José Sócrates, a entrada em vigor do AO90. Este acto poderá não ter valor governativo, podendo ter a consequência de ser anti-constitucional.
Emitiu-se uma Nota Explicativa, nos primeiros anos, em que se indicavam as razões de tais modificações, e os objectivos que esperavam os autores obter, para eles, na utilização do AO90, na Língua, escrita e oral. Eram apresentados alguns exemplos, para esclarecer a sua efectuação, com listas (nunca exaustivas) de palavras alteradas pelo Acordo.
Para além destas regras, e para abordar casos difíceis, apresentavam-se complementarmente noções elucidadoras como: «pronúncia erudita», para resolver dúvidas no caso das consoantes que não se pronunciam; noção de «consagrado pelo uso» para resolver casos em que as palavras não perderiam os hífenes; e a noção de que «o contexto define a semântica», no caso da eliminação de acentos que permitiam discernir significados.
Os objectivos mais salientados na «Nota Explicativa» seriam três, na tal ambição de melhorar a Língua Portuguesa, nas suas gerais utilizações, nos vários Países de Língua Oficial Portuguesa:
1) Unificação da Língua;
2) Simplificação da Língua;
3) Facilitação da aprendizagem da Língua, para crianças em fase escolar, e para estrangeiros.
Após cerca de seis anos de efectiva aplicação do AO90, nas escolas, em documentos oficiais, em órgãos de comunicação, importa avaliar o efeito (benéfico e prejudicial) causado por estas modificações, com base na maior ou menor consecução dos três objectivos.
1) Verifica-se, em estudos estatísticos realizados fiavelmente, numa comparação de palavras modificadas, no português falado no Brasil, e o falado em Portugal: que 2691 palavras se mantiveram diferentes, que 569 palavras se tornaram iguais, e que 1235 palavras, de iguais que eram, se fizeram diferentes. A diversidade da escrita entre os dois países aumentou.
Unificação - FALHADA.
2) No segundo objectivo, tornou-se visível que, pela razão de que foi instituída largamente, em muitas palavras afectadas pelo AO90, a adopção de «dupla grafia» (nos casos em que a «pronúncia culta» e a «consagração pelo uso», conceitos aconselhados, vagos e insuficentes, não decidiam se a consoante era ou não pronunciada), se geraram muitas ambiguidades, e mesmo, um caos linguístico.
Simplificação - FALHADA.
3) Na terceira alínea, verificou-se, com base em análises 'retrouativas' (como se lê a palavra pelo AO90) à sua aplicação, que a «ajuda» para facilitar a aprendizagem do Português, não deveria ser muita, dado que os erros ortográficos, de crianças e de adultos em aprendizagem, nunca incidiram, com relevo, neste tipo de grafias.
Mas mais, dadas as ambiguidades geradas pelo AO90, os agentes de ensino, apesar de esforços seus de resolução racional, nunca foram capazes de resolver as dualidades e dificuldades criadas (bem patentes na variabilidade de escritas até hoje encontradas nos diversos dicionários, portais e prontuários ortográficos acordistas), tornando quase impossível transmitir informação segura e lógica aos alunos. Em consequência, os alunos e interessados na Língua passaram a sentir maior dificuldade de aprendizagem.
Ajuda ao Ensino - FALHADA.
Também os falantes de outras línguas deverão ter sentido estranheza em palavras como «exato», «ator», «cato» e «seleção», que deixou de se assemelhar às palavras correspondentes das suas línguas: «exact», «exacto», «exakt», «sélection», «selection», «seleccion», «selektion».
Acrescentando ainda, pela consumação de uma verdadeira deslatinização do Português, e por uma perda maior do sentido etimológico das palavras (e real desvirtuação da Etimologia), e até por uma tranformação fonética de certas palavras, que roça a ridicularização e mutilação do Português (já se ouve quem pronuncia «expetativa» e «nuturno»); e mais, por torções linguísticas e pelo caos em geral criado, no grafismo e na semântica das palavras intervindas, chega-se a uma hipótese de que o AO90 falhou em criar alguns benefícios para os falantes da nossa Língua, e, ao contrário, lhes criou múltiplos e novos problemas.
Sendo assim, considera-se que o AO90 deve ser posto em causa. O Partido Ecologista «Os Verdes» tem um papel, e mesmo uma responsabilidade de se interessar por esta problemática (assim como todos os portugueses o deveriam fazer).
Pelo exposto, O Partido Ecologista Os Verdes, reunido na sua 14ª Convenção, delibera:
1 - que após os cerca de seis anos de aplicação geral do AO90, seja feita uma avaliação científica global dos seus efeitos;
2 - que o Partido Ecologista «Os Verdes» tome iniciativas para prossecução deste desiderato, de maneira que, através da Assembleia da República, por uma comissão de especialistas, ou entidade competente, ou outras formas para o fim adequado, se torne público, de modo explícito, estas (aqui expostas) e outras consequências da aplicação desta radical mudança na Língua, e portanto sirva de base a acções que levem a que se possa corrigir os seus efeitos nefastos e negativos;
3 - que estas acções poderão incluir, se os achados de tal estudo assim apontarem, numa situação limite, a orientação para a suspensão do AO90.
Nota: Por opção dos subscritores a presente Moção não foi redigida ao abrigo do AO 1990.
Caso seja aprovada, a moção deverá conter a seguinte nota de rodapé: “ O texto original da moção foi escrito sem AO 1990”.
Fonte:
«Camaradas e Camarados. Assim começou, Pedro Filipe Soares, a sua intervenção na Convenção do BE. Linguagem inclusiva, chamou-lhe o dirigente bloquista» (Eduardo Cintra Torres).
Há muito que o Bloco de Esquerda vem sugerindo um linguajar assente na mais completa ausência de conhecimento (= insciência) da Língua Portuguesa, (aliás basta ser-se adepto do AO90) desconhecendo o significado das palavras que utilizam, para se referirem a um todo, diferenciando os géneros feminino e masculino, como se todos não fossem todos e todas.
Depois, é claro (e clara), bloquistas (e bloquistos) estão expostos (e expostas) à ridiculização, como no espectacular texto de Eduardo Cintra Torres (Doutorado em Sociologia no ICS/UL (2010), Mestre em Comunicação, Cultura e Tecnologias da Informação (ISCTE/UL, 2003) e Licenciado em História (FLUL), que passo a transcrever.
«Nova Dicionária do Línguo Português»
Por Eduardo Cintra Torres
«Apoiando a revolução linguística iniciada por Pedro Filipe Soares, deputado do Bloco de Esquerda, ao falar às “camaradas e camarados”, aqui trago a minha modesta proposta para uma “Nova Dicionária do Línguo Português”, à moda do Bloco. Não segue a ordem alfabética, porque isso é para totós.
- Harpisto, pianisto, violinisto: camarados artistos, tal como a actora e o actrizo.
- Electricisto: camarado trabalhadoro.
- Parlamenta: também chamado Assembleio do Repúblico; local onde os camarados têm de aturar os fascistos.
- Bloca de Esquerdo: uma das partidas que pregam na Parlamenta. Pedra Filipa Soaras é a presidenta da sua Grupa Parlamentária.
- Polvo (feminino de Lula): ex-presidento da Brasil. Preso pelos fascistos.
- Presidenta: lá na Brasil, parece que também vai a caminho da prisã.
- Cubo: Hasta lo victorio, siempre, camarado Fidel!
- Venezuelo: o outro país socialisto preferido da Bloca de Esquerdo.
- Francisca Loução: a Deusa da Bloca. Está na Conselha de Estada e na Banca de Portugália. Na BE, decide o estratégio e assinala as inimigas dos trotskistos.
- Catarino Martins: o Santo do Ladeiro da Bloca. Só lhe faltam milagres.
- Causos fracturentos: a chã que deu uvos durante o legislaturo. Agora a Bloca está mais virada para se sentar ao meso da orçamenta.
- Cativaçãs e corrupçã: meias de roubar que a Bloca não vê.
- Televisã: meia de comunicaçã que dedica mais minutas à Bloca do que o tempo de atenção de qualquer portuguesa ou portugueso.
- “Linguagem inclusiva”: expressõ erradamente usado por Pedra Filipa para justificar o seu bacorado. Deve ler-se: linguagem inclusivo.
- Génera: refere-se às duas géneras, masculina e feminina. Não confundir com sexo. Ou sexa.
- “Machista”: em portuguesa correcta diz-se machisto.
- Governa. Dizia-se “governo” no tempo da fascisma. Aproximação lexical a “governa-se”.
- Poeto: hómã ou mulhera que escreve poemos, como sonetas ou redondilhos.
- Eleitorada: pipis de Lisbôo da BE para quem o povo começa na Chiada e acaba na Princesa Real.
- “Agenda patriarcal”: justificaçã para Pedra Filipa Soaras dar pontapés no gramático, confundindo-o com o linguagem.
- Brasil: a eleitorada da Bloca não deve lá ir agora, excepto em férios na Nordesta.
- Pôva trabalhadora: uma coisa giríssima. Faz coisas! E tem um linguagem engraçadíssimo. A Bloca adora vê-la no televisã ou no Internet, porque ao vivo lhe cheira mal.
- Robles: nunca existiu. Palavro excluído da dicionária. Sinónimo de um pedro na sapata.
- Tourado: só se for em Salvaterro de Magas, uma municípia histórica para a Bloca.
- Primário: o autor deste texto.
Fonte:
https://portugalglorioso.blogspot.com/2018/12/novo-dicionario-moda-do-bloco.html
***
Bem, e se o autor deste texto é primário, eu serei primária, e, aproveitando o embalo do autor, tentarei explicar o que acima referi (a insciência que por aí vai), como se estivesse numa sala de aula, a explicar a alunos do Ensino Básico, por que não devemos linguajar à moda e ao modo bloquista e bloquisto, infelizmente, algo extensivo a outros e outras governantos e governantas do nosso País, abandonado à pouca sorte de os ter tão inscientes.
Eles dizem assim: todos e todas; portugueses e portuguesas; caros e caras; adeptos e adeptas: amigos e amigas, camaradas e camarados (esta é de bradar aos céus!) etc., etc., etc…
Isto só demonstra que bloquistas (e bloquistos) desconhecem o significado dos vocábulos todos ( = toda a gente; humanidade); portugueses ( = povo luso, habitantes de Portugal); caros (adjectivo masculino plural = as pessoas que estimamos, seja do sexo masculino ou feminino); adeptos (adjectivo/substantivo masculino plural = as pessoas que apoiam, sejam do sexo masculino ou feminino); amigos (adjectivo/substantivo mascuklino plural = as pessoas a quem nos ligamos por afectos); camaradas (substantivo de dois géneros = as pessoas que connosco partilham uma função comum); e de todos os outros vocábulos que englobam o feminino e o masculino, porque se referem a PESSOAS no seu todo: homens, mulheres, e todos os outros géneros, crianças, novos e velhos, menos novos e menos velhos. Simplesmente todos.
Diferente é dizer especificamente minhas senhoras (porque, em princípio, não serão homens) e meus senhores (porque, em princípio, não serão mulheres). E isto sem qualquer segundo sentido, porque aceito a condição humana, tal qual ela é concebida. Só não sou tolerante (nem tenho de ser) com os que tendo obrigação de evoluir, porque lhes foram dadas todas as oportunidades e privilégios, se recusam a evoluir. E para tal não há perdão.
Suponho que bloquistas (e bloquistos) queiram imitar algumas línguas estrangeiras, como o Inglês ou o Castelhano, que especificam, por exemplo, filhos e filhas (sons and daughters, hijos e hijas), quando querem referir-se a boys and girls, e a chicos y chicas. Porém quando se referem à sua prole (filhos) dizem children e niños (ou também hijos).
Contudo, na Língua Portuguesa o vocábulo Filhos é um substantivo masculino plural = conjunto dos descendentes = DESCENDÊNCIA, PROLE…
E o vocábulo filho é um substantivo masculino singular = indivíduo do sexo masculino (ou animal macho) em relação a seus pais. Se queremos dizer que tivemos mais de um indivíduo do sexo masculino, dizemos que temos X filho(s). Mas se quisermos dizer que, no todo, tivemos seis descendentes, dizemos seis filhos.
Portanto, quem anda agora, por aí, (e, infelizmente, não são apenas bloquistas e bloquistos), a imitar línguas estrangeiras, não conhecem nem essas línguas, nem a própria língua.
Experimentem traduzir isto para Inglês: meus queridos e queridas amigos e amigas = my dear and dear friends and friends. Experimentem traduzir também: Ingleses e Inglesas = English and English.
Agora reparem: como se traduz o modismo (= idiotismo) Portugueses e Portuguesas:
Para Inglês = Portuguese and Portuguese
Para Castelhano = Portugués y portugués
Para Italiano = Portoghese e portoghese
Para Francês = Portugais et portugais
Para Alemão = Portugiesisch und Portugiesisch
No que pretendem transformar a Língua Portuguesa?
Numa língua extraterrestre? Extra-europeia? Extra-indo-europeia? Numa parvoíce?
Já não será tempo de deixar os modismos e regressar ao que estava bem e não necessitava de remendos mal costurados?
Sempre ouvi dizer que o que é demais, é moléstia.
Já chega de tanta moléstia!
Isabel A. Ferreira
Sugestões de Português de Facto (link):
https://www.facebook.com/pg/portuguesdefacto/posts/?ref=notif
Os GRANDES AUTORES recusam-se a adoptar o AO90.
Nem todos são servis e escravos do Poder.
Ainda há quem seja livre.
Ainda há quem ame a Língua Portuguesa. Nem tudo está perdido, em Portugal.
Uma vez que há o hábito de oferecer livros, no Natal (como já li algures), ao menos que sejam em Português escorreito.
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