Quinta-feira, 28 de Março de 2019

Em Portugal as promessas nunca são "compridas" e os órgãos do poder não "foncionam" racionalmente

 

Por isso, o pigmeu rasteja atrás do gigante.

 

Esta é a triste realidade portuguesa, no que respeita a quase tudo, neste nosso País, onde, segundo o nosso mui douto presidente da República somos os melhores dos melhores do mundo.

 

Não concordo inteiramente com este deslumbre do Senhor Presidente, mas numa coisa ele tem razão: somos os melhores dos melhores do mundo a falar e a escrever mal a própria Língua, que é a alma de um povo.

 

Portugal, se já não perdeu, está a perder a sua alma, extinguindo-se lentamente, como uma vela a arder.

 

LÍNGUA ALMA.jpg

 

Quem souber o mínimo de Português e estiver atento, por exemplo, ao que se diz e se lê nas legendas das televisões, comprova inequivocamente que a Língua Portuguesa está a ser não só esmagada pela absurdez do AO90, que obriga à grafia brasileira, (mas já se vai ouvindo umas e outras), como por uma disfunção linguística, inadmissível em jornalistas e personalidades que têm títulos académicos e ocupam altos cargos governamentais, políticos e académicos, e que deviam dar um bom exemplo de locução, uma vez que têm de falar frequentemente diante das câmaras de televisão, para um povo maioritariamente desinstruído, e quiçá para jovens e crianças que estejam a ver e ouvir os telejornais ou outros programas, e sabemos que disparates e mentiras repetidas muitas vezes transformam-se em normas e verdades.

 

Essa de não “comprirem” isto e aquilo é o pão nosso de cada dia, mas também já a ouvi da boca de uma professora que gritava, numa daquelas manifestações de rua, que os governantes não “compriam” as promessas. Na verdade, não “comprem”, mas como poderiam “comprir” se “comprir” é uma coisa anormal? Se bem que a anormalidade esteja instalada no Poder, por isso, as coisas não “foncionam” bem nos órgãos do Poder, os grandes, os maiores, os únicos responsáveis pela anarquia ortográfica, tanto escrita como falada, que se instalou em Portugal, e da qual os órgãos de comunicação social, vergados a esse Poder, nomeadamente as televisões (que dão mais nas vistas e entram pela casa dos Portugueses) são os maiores divulgadores.

 

Dadas estas “circonstâncias” é “óvio” (como constantemente ouvimos, e os disparates não se ficam por aqui) que os políticos portugueses, desde Cavaco Silva a José Sócrates, passando por todos os que já se lhes seguiram, estão-se nas tintas se o rumo da Língua Portuguesa se dirige para uma fossa séptica mandada construir especificamente para este efeito, por todos os que, estando no governo, acham (se ao menos pensassem!), que estão a contribuir para a “evolução” da Língua, desconhecendo que evolução significa avanço e não retrocesso.

 

É bem verdade que estes disparates nada têm a ver com o AO90. Já existiam antes do “aborto” ser imposto, contudo, é a soma de uma e de outra coisa que está a destruir o nosso património linguístico, salvaguardado apenas pelos países africanos de expressão portuguesa. Quem diria?

 

Ouçamos o que nos diz Eugénio Lisboa acerca do AO90, uma pequena grande lição de lucidez:

 

EUGÉNIO LISBOA.png

 

Contudo, não nos deixemos esmorecer, porque onde houver um Português genuíno e um africano de expressão portuguesa, a Língua Portuguesa estará a salvo. E enganem-se aqueles que acham (se ao menos pensassem!) que as crianças, que nas escolas estão a ser forçadas a escrever à brasileira, irão perpetuar essa brasileirice. Muitos Pais, entre os mais cultos, ensinam-lhes a Língua Portuguesa, em casa. Então, muitas crianças portuguesas estão a aprender o linguajar brasileiro, na sua forma grafada, como língua estrangeira, para utilizar apenas na escola e enganar os professores; a Língua Inglesa, para se comunicarem com o mundo, e a Língua Portuguesapara a vida. E serão essas crianças e jovens que farão renascer das cinzas a destruída, Língua que são obrigadas a aprender, num lugar onde ENSINAR deveria ser uma missão das mais nobres, e não passa de uma impostura.

 

Contudo, nem tudo está a perder-se. Existem muitas editoras que estão a desligar-se do AO90, e já encontramos bastantes edições e traduções em bom Português.

Dêem uma voltinha por esta página, e comprovem:

https://www.facebook.com/portuguesdefacto/

 

O problema é que falta superioridade mental à classe política portuguesa, para admitir o grave erro que foi cometido às cegas, e para entender os fenómenos da linguagem, e parar a engrenagem que está a destruir a Língua e a criar analfabetos funcionais, e a construir um futuro esvaziado de Cultura, uma vez que, além da Língua, já estão a descartar a História, a Geografia e a Filosofia, disciplinas essenciais para a construção do Pensamento.

 

E não tenhamos dúvidas: se o AO90 não cair por mão política, cairá de podre, porque já nasceu apodrentado, e sementes podres não medram.

 

Isabel A. Ferreira

 

 

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 10:51

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Quarta-feira, 27 de Março de 2019

Comunicado do Movimento em Prol da Língua Portuguesa (MPLP)

 

MPLP.png

 

O Movimento em Prol da Língua Portuguesa (MPLP) tem o prazer de informar que recebeu uma comunicação oficial da UNESCO em resposta à sua carta de 7 de Setembro de 2018.

 

O núcleo coordenador do MPLP reunir-se-á em breve, para examinar, com a devida atenção, o conteúdo da resposta da UNESCO, que lhe pareceu ser muito interessante e prometedor para a continuação da luta   contra a imposição ilegal e inconstitucional de um pseudo-acordo ortográfico   (AO1990), calcado sobre a grafia da  "Língua Brasileira", e que contribui   para a destruição da Matriz da Língua Portuguesa, a qual é considerada um vector da Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural e Imaterial (CSPCI) da UNESCO.

 

O MPLP relembra que a Língua Oficial da República Portuguesa, tal como consagrada na Constituição, é a Língua Portuguesa, assente na Convenção Ortográfica Luso-Brasileira 1945, segundo o Decreto-lei nº 35.228, de 8 de Dezembro de 1945, e a qual não pode ser alterada ou substituída pela língua de um país estrangeiro, sem uma revisão constitucional, ou um referendo nesse sentido.

 

Na devida altura daremos conta das conclusões do MPLP, relativamente a esta comunicação oficial da UNESCO.

 

Os coordenadores do MPLP,

Francisco João da Silva

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:15

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Terça-feira, 26 de Março de 2019

Ao cuidado do grupo de trabalho para a avaliação do impacto do AO90 (se é que este grupo não está amordaçado!) …

 

… Esta excelente e irrefutável defesa da Língua Portuguesa do escritor  A M Pires Cabral no Grupo de Trabalho para Avaliação do Impacto do AO90, criado no âmbito da Comissão Parlamentar da Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, pelas mãos do PSD.

 

Se, depois desta grande defesa (mais uma entre tantas que já foram feitas) este Grupo não ficar completamente elucidado e não disser: «BASTA! Não precisamos de ouvir mais nada, porque nada mais há a acrescentar. O assunto fica encerrado. O AO90 vai para o caixote do lixo», é porque este Grupo de Trabalho não passa de uma farsa, e ninguém está realmente interessado em ouvir a opinião dos sábios.

 

O que será preciso mais? Fazer um desenho?

***

Excelentíssimos senhores  governantes, políticos e afins...

Esperando que a racionalidade, o bom senso e o senso comum imperem, aqui deixo mais um contributo para a eliminação da ortografia imposta aos portugueses, que está a fabricar analfabetos funcionais, em Portugal, ao mais alto nível. 

(E por favor, não me enviem mais esta resposta Chapa5: «Cumpre-me acusar a receção do e-mail de V. Exa....» Ao menos escrevam recePção, à moda brasileira, angolana, moçambicana, guineense, são tomense e timorense), porque este montinho de letras "receção" é um modismo, que não fica nada bem a quem o aplica). 

Isabel A. Ferreira

 

PIRES CABRAL.jpg

A M Pires Cabral (origem da foto: Internet)

 

«Posição sobre o acordo ortográfico e sua aplicação

 

Começo com uma prevenção: a de que fui, sou e serei sempre adversário do Acordo Ortográfico (AO).

 

Publiquei recentemente um texto de que repesco algumas linhas:

 

«A pendência que anda assanhada entre os antagonistas do AO e os seus defensores é insanável, porque radica em duas atitudes básicas inconciliáveis.

 

De um lado, temos os que olham para a língua acima de tudo como meio de comunicação. São sujeitos práticos e desempoeirados. Para eles, o Português é um instrumento como outro qualquer, uma navalha ou um isqueiro. Usa-se, é tudo — e tanto se lhes dá que se escreva desta como daquela maneira. Que mais dá escrever ‘insecto’ ou ‘inseto’? Desde que o receptor entenda... O importante é pois fazerem-se entender. A sua concepção da língua é utilitária: não lhe pedem mais nada — apenas que funcione.

 

Por outro lado, há os que olham para a língua como ferramenta comunicacional, sim, mas não apenas isso. Olham-na também amorosamente como se deve olhar uma verdadeira obra de arte, nos seus aspectos históricos e, porque não?, estéticos. Acarinham as aderências culturais de que a língua se vai revestindo à passagem dos séculos. A esses repugna escrever — e, se bem os conheço, nunca escreverão — ‘arquiteta’, ‘recetar’, ‘semirreta’, ‘espetador’, ‘ereção’.

 

Não há, nesta história, os bons e os maus. Cada um é como é. E a história terminou com a adopção do AO (com o seu quê de golpada, em boa verdade), porque, naquele momento, a relação de forças pendeu para o lado dos primeiros: os nossos políticos de então, desde os senhores deputados que o aprovaram, ao senhor presidente da República que o promulgou e ao senhor primeiro-ministro que o pôs em marcha, eram todos criaturas práticas, p’rafrentex, que não se deixavam embaraçar por considerações de ordem histórica e estética, isto é, cultural e afectiva. Foram surdos a tudo, excepto ao canto de sereia dos professores Malaca e Houaiss, a anunciar amanhãs que cantavam à língua portuguesa.»

 

Na verdade, o AO, que almejava unificar, acabou em muitos casos por diversificar: onde havia uma só grafia (‘recepção’, por exemplo), passou a haver duas: ‘recepção’ e ‘receção’ (esta correntemente confundida com ‘recessão’). Não vale a pena aduzir mais exemplos.

 

Por outro lado, o AO é um cúmulo de incoerências, que têm sido devidamente apontadas e exploradas. Não vale a pena enumerá-las a todas; bastará o exemplo da retirada do acento em ‘pára’ (do verbo ‘parar’), que era antes do AO justificado pela necessidade de distinguir de ‘para’ (preposição). Ora, se a necessidade de distinção cessou como por milagre (o mirífico contexto! — que estamos fartos de saber que funciona... quando funciona), porque se manteve o acento no verbo ‘pôr’? Incoerência. Ou que justificação séria pode ser encontrada para escrever com hífenes ‘cor-de-rosa’ e sem hífenes ‘cor de laranja’?

 

Não insistirei na enumeração de casos particulares. Direi apenas que o AO não tem qualquer justificação científica em que se apoie. Tem apenas a justificação política de que da sua aplicação resultariam benefícios para a língua portuguesa, a nível de prestígio e mais fácil utilização nos fóruns internacionais. Até hoje, creio que ninguém de boa fé poderá dizer que já notou alguma diferença.

 

Aproximando-nos agora um pouco mais dos objectivos do Grupo de Trabalho, julgo oportuno fazer uma única e definitiva consideração (transcrevendo também palavras já por mim publicadas algures):

 

«O Sr. Professor Malaca Casteleiro, escreveu recentemente, defendendo o AO, que o dito está a ser aplicado “sem problemas”. Santa ingenuidade! Não se dá conta o professor da chusma de ‘fatos’ (em vez de ‘factos’) que enxameia o próprio Diário da República? Se não se dá conta, em que país das maravilhas devaneia o professor? Se dá, não acha o professor que isso é um problema — e bem bicudo —, que rói o próprio cerne da língua portuguesa?»

 

Defendem os apoiantes do AO dizendo que isso não é culpa do acordo, mas do mau uso e ignorância de alguns utentes da língua. É claro que sim. Mas quando é que, antes do AO, se disse ‘fato’ em vez de ‘facto’, e ‘contato’ em vez de ‘contacto’, deste lado do Atlântico? Será arriscado afirmar que foi o AO que criou o ambiente propício para mutilações destas da língua portuguesa, as quais — água mole em pedra dura... — acabarão por se tornar irreversíveis?

 

Contrariamente ao que o Sr. Professor Malaca Casteleiro quer fazer crer, a aplicação do AO tem gerado inúmeros problemas (oiçam os professores!) e está a ser um factor de erosão do Português.

 

Termino, recomendando que Portugal se desvincule, e quanto antes, do tratado do Acordo Ortográfico de 1990.

 

 A. M. Pires Cabral»

 

Fonte:

http://app.parlamento.pt/webutils/docs/doc.pdf?path=6148523063446f764c324679626d56304c334e706447567a4c31684a53556c4d5a5763765130394e4c7a457951304e44536b5176523152425355464254793942636e463161585a765132397461584e7a595738765132397564484a70596e563062334d765132397564484a70596e5630627955794d47526c4a5449775157353077374e756157386c4d6a425161584a6c637955794d454e68596e4a68624639504a54497751574e76636d52764a54497754334a30623264797736466d61574e764c6e426b5a673d3d&fich=Contributo+de+Ant%C3%B3nio+Pires+Cabral_O+Acordo+Ortogr%C3%A1fico.pdf&Inline=true

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:04

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Quinta-feira, 21 de Março de 2019

O que talvez não se saiba sobre o AO90 e é crucial saber, para não se fazer papel de parvo

 

Fico pasmada com a ignorância que por aí vai, no que respeita ao modo como agora se escreve a Língua Portuguesa.

 

A maioria dos Portugueses não sabe o que é isso do AO90. Quando se pergunta por aí por que escrevem “fatura” em vez de faCtura, a resposta é de pasmar: «Agora escreve-se assim». E porquê? «Porquê o quê?». Por que é que agora se escreve assim? «Ora porque agora é assim, mandam escrever assim». Sabe o que é o Acordo Ortográfico de 1990? «O que é isso?».

 

Um destes dias, numa estação de serviço na A7, li o seguinte, num aviso colado à máquina registadora: «Se quiser fatura, deve pedi-la quando afatuar o pagamento». E isto já foge ao âmbito do “acordo”.

 

Ainda estava do lado de cá da fronteira com Espanha. Mas em Espanha não se escreve assim tão mal. Aliás, em país europeu nenhum, se escreve assim tão mal.

 

PARVOÍCE.jpg

 

Os Portugueses, no seu gosto patológico de imitar tudo o que é estrangeiro, acabam por cair na parvoíce e na deselegância, neste caso, na deselegância da escrita.

 

Em Portugal, como aliás em todos os países ditos lusófonos, quase ninguém sabe o que é o Acordo Ortográfico de 1990 (AO90), e as implicações perniciosas da sua aplicação.

 

E quando nos aparece alguém a dizer (uns, parvamente, outros, ingenuamente): «Ah! Agora escreve-se assim» e lhes falamos, por exemplo, no livro do Embaixador Carlos Fernandes «O Acordo Ortográfico de 1990 Não Está em Vigor» os parvos evocam imediatamente o Malaca Casteleiro (esse é que as sabe!); os ingénuos não se interessam por leituras, estão mais virados para o futebol e para os programas altamente "colturais" dos “casamentos” e "namoros", transmitidos na SIC e TVI, a somar às novelas.

 

E quem ganha com esta parvoíce de uns, e ingenuidade de outros?

 

Obviamente, os actuais governantes portugueses, os que se arvoram em "donos da Língua", e que recebem ordens para destruir a Língua Portuguesa e promover a Variante Brasileira do Português.

Até porque eles sabem que Portugal é o país europeu com o maior índice de analfabetismo; e  também sabem que 80% da população não se interessa nada por estas coisas da Cultura, da Língua e da Identidade Portuguesas, e que as informações cruciais acerca das verdades sobre o AO90 confinam-se a um universo de 20% dos Portugueses, até porque os órgãos de informação estão proibidos de abordar esta matéria.

 

É uma falácia dizer que o AO90 tem a ver com a evolução da Língua, quando é um tremendo retrocesso passar de cavalo para burro, ou seja, de Língua para Variante de si mesma.

 

Posto isto, aqui deixo uma informação útil, assente nos pareceres de juristas, de linguistas habilitados (porque os há desabilitados, como Malaca Casteleiro e quejandos)  e dos estudiosos desta droga alucinogénia chamada AO90, e principalmente baseada no livro: «O Acordo Ortográfico de 1990 Não Está em Vigor – Prepotências do Governo de José Sócrates e do Presidente Cavaco Silva», do Embaixador Carlos Fernandes, que nenhum governante, incluindo o PR, e professores de Português leram, para estarem informados acerda do que é essa fraude do AO90.

 

- O AO90 agride barbaramente a etimologia das palavras, empobrecendo a ortografia portuguesa, desenraizando-a da sua família indo-europeia;

 

- O AO90 é tecnicamente insustentável; juridicamente inválido, politicamente insciente e materialmente impraticável;

 

- O AO90 não tem validade internacional, até porque não passa de uma fraude;

 

- O AO90 é ilegal e inconstitucional, não estando em vigor na ordem jurídica internacional;

 

- Os professores ensinam nas escolas portuguesas, sob coacção, uma ortografia baseada na "Cartilha Brasileira", juridicamente ilegal, porquanto não existe lei alguma que o sustente;

 

- Na ordem jurídica internacional a Resolução do Conselho de Ministros (RCM) Nº 8/2011, que “obrigou” à aplicação do AO90, não tem qualquer valor de lei;

 

- Não é preciso ser um génio da jurisprudência para reconhecer que   Portugal agiu de má-fé e com abuso de poder, ao permitir que o 2º protocolo tivesse força de Lei, uma vez que este protocolo não foi ratificado por todos os países, segundo o tratado original;

 

- O AO90 é uma burla à Lei Constitucional e aos princípios elementares da Democracia e do Estado de Direito;

 

- O AO90 viola o princípio da igualdade dos Estados;

 

- Não existe Lei alguma que o torne obrigatório, a única Lei existente que está em vigor em Portugal e na ordem jurídica internacional é o Decreto-Lei Nº 35.228, de 8 de Dezembro de 1945, e alterado pelo Decreto-Lei n.º 32/73, de 6 de Fevereiro de 1973, que não foi revogado;

 

- A Resolução do Conselho de Ministros (RCM) Nº 8/2011, que “obrigou” à aplicação do AO90, não tem valor de lei;

 

- Nenhum cidadão português pode ser penalizado por se recusar a aplicar o AO90, algo que é ilegal, é uma fraude e não tem validade internacional;

 

- Rejeitar o AO90 é um acto de cidadania, não punível por Lei;

 

- Quem aplica o AO90 ou está  mal informado ou de má-fé.

 

- Quem aplica o AO90 é cúmplice de uma ilegalidade, de uma inconstitucionalide, de mentiras e de fraudes cometidas pelos intervenientes;

 

- A aplicação ilegal do AO90 sujeita-nos à vergonha de Angola, Moçambique, Timor, Guiné Bissau e S. Tomé e Príncipe não aceitar o acordo porque têm mais respeito pela Língua Portuguesa do que os portugueses que o aplicam ilegalmente, sendo os governantes,  (presidente da República à cabeça, como Chefe de Estado), o primeiro-ministro, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Educação,  os principais responsáveis pelo caos ortográfico instalado em Portugal.

 

***

 

Depois disto, a grande e crucial pergunta, que todos os Portugueses devem fazer, principalmente os professores, exigindo uma resposta urgente e objectiva, antes de se curvarem servilmente diante do monstro ortográfico, é a seguinte:

 

Qual a Lei ou Decreto-lei que obriga os Portugueses a aplicarem o AO90?

 

É que só uma lei ou um decreto-lei poderá obrigar os cidadãos portugueses a aplicarem a ortografia brasileira, disfarçada de AO90. Onde está essa Lei? E não venham com a RCM Nº 8/201, porque isto não tem qualquer valor de lei.

 

Ninguém é obrigado a fazer o mesmo que as outras pessoas fazem, só por imitação, ignorância ou servilismo (a isto chama-se carneirada). E carneirada é o que mais há em Portugal.

 

E não esquecer que passar a palavra sobre esta informação útil é um dever cívico de todos os Portugueses, que se prezam de o ser.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:27

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Quarta-feira, 20 de Março de 2019

Por onde anda ou o que anda a fazer o Grupo de Trabalho para Avaliação do Impacto da Aplicação do AO90?

 

Mataram-no? Está enterrado em algum canto secreto? Andará a fazer-de-conta-que-faz? Ou puseram-lhe uma mordaça, uma vez que a conclusão da avaliação foi péssima, e isto não convém a um governo que está empenhadíssimo em destruir a Língua Portuguesa, a mando de um poderoso chefe?



Os Portugueses têm o direito de saber o que está a passar-se acerca desta tragédia chamada AO90, que António Emiliano (e todos nós, que amamos a nossa Língua Materna) considera que «põe em causa o desenvolvimento e progresso do nosso País e do nosso Povo e atenta gravosamente contra a nossa Dignidade Nacional. Mais, põe em causa a estabilidade ortográfica em Portugal, logo, a estabilidade do PORTUGUÊS LÍNGUA ESCRITA (e língua padrão), condição sine qua non para o bom funcionamento de um país civilizado».

 

Proponho-me, hoje, trazer uma luz à caverna onde se escondem os desiluminados que, à socapa, andam a destruir a Língua Portuguesa, em nome de uma alucinação.

 

Graça Moura.png

 

Andei a investigar se haveria alguma informação na Internet que nos pudesse dar uma luz sobre por onde anda ou o que anda a fazer este “grupo de trabalho”, que não ata (que não é da família linguística de aCta) nem desata, e que será mais um, entre tantos outros, que são criados para nada fazerem. E encontrei este link:

 

https://www.parlamento.pt/sites/com/XIIILeg/12CCCJD/GTAIAAO/Paginas/default.aspx

 

que nos leva ao seguinte:

 

- Em Atividade [2017-01-20 a ] – (interpreto isto deste modo: este grupo está em aCtividade (assim é que é) desde 20 de Janeiro de 2017 “a”… este “a” será lá para as calendas gregas?)

 

- Não existem reuniões agendadas

- Relatórios: NENHUM

- Iniciativas: NENHUMA

 

- Quanto aos contributos, eles aqui estão, e podem ser consultados, nos respectivos links:

 

 

Contributos

Início

Contributo - Dra Lúcia Vaz Pedro

Contributo - Professora Rita Veloso

Contributo - Professora Sandra Pereira

Contributo Rolf Kemmler - Professor universitário, investigador especializado na área da ortografia portuguesa e Sócio Correspondente Estrangeiro da Academia das Ciências de Lisboa

Contributo - Presidente do Conselho de Administração da Lusa, Dr. Nicolau Santos

Tomada de posição do PEN Clube Português sobre o Acordo Ortográfico de 1990 (AO 1990), pela Direcção do PEN Clube Português

Professor Hélio Alves

Professora M. Carmen de Frias e Gouveia

Dr.ª Ana Salgado

Doutor Rui Duarte - Quadro Comparativo de Lemas

Professor Eduardo Cintra Torres

Professor Fagundes Duarte

António Pires Cabral - O Acordo Ortográfico

Professor João Veloso

Academia de Ciências de Lisboa - Sugestões para o aperfeiçoamento do AO

Doutor Carlos Reis - Faculdade Letras - UC - Sobre a aplicação do AO

Doutora Maria Paula Espinha

Porto Editora

Professor Doutor António Emiliano

Professor Doutor Fernando Paulo Baptista - Academia Ciências

Professor Doutor Fernando Paulo Baptista - Academia Ciências - Em defesa da cientificidade do Codigo Ortográfico da LP

Professor Doutor Fernando Paulo Baptista - Academia Ciências - Lexicologia e Lexicografia

Professor Doutor Fernando Paulo Baptista - Academia Ciências - Ortografia e Literacia

Professor Doutor Fernando Paulo Baptista - Academia Ciências - Por Amor à Língua Portuguesa

Professor Doutor Fernando Paulo Baptista - Academia das Ciências - Contributo para a elaboração da Constituição Ortográfica

Professor Fernando Paulo Baptista - Academia Ciências - Omnipresença e omnipotência semiótica da Língua Portuguesa

Professor Fernando Paulo Baptista - Academia Ciências - Recipiendário

 

De todos estes contributos, destaco o do linguista António Emiliano, enviado à Comissão da AR, no âmbito do Grupo de Trabalho para a Avaliação do Impacto da Aplicação do Acordo Ortográfico de 1990, que, só por si, já dava para atirar ao caixote do lixo este acordo que, todos, excepto o Estado português, consideram ilegal, inconstitucional, inútil, irracional, infantil, inimaginável, incongruente, incompreensível, inculto, insultuoso, insidioso, impotente, e absolutamente impraticável.

 

António Emiliano.jpg

 

De: António Emiliano [FCSH|UNL]

[mail to:antonio.emiliano@fcsh.unl.pt]

Enviada: quarta-feira, 31 de Maio de 2017 10:26

Para: Comissão 12ª - CCCJD XIII 12CCCJD@ar.parlamento.pt

Cc: António Emiliano antonio.emiliano@fcsh.unl.pt

Assunto: [2.ª VIA] [AR - 12CCCJD] Pedido de contributos para a Avaliação do Impacto da Aplicação do Acordo Ortográfico de 1990

 

Importância: Alta

 

Aos membros da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto da Assembleia da República

 

Senhores Deputados,

 

Em resposta ao pedido / convite recebido no dia 24/04/2017, anexo o depoimento que enviei em 29 de Abril de 2013 à Comissão de Educação, Ciência e Cultura. Dado que em 2013 não obtive qualquer resposta ao mail enviado, parto do princípio de que o mesmo se extraviou ou não foi considerado. O mesmo mail contém aquilo que se me oferece dizer sobre a aplicação ilegal da reforma ortográfica ‘Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990)’ (AO90), que é, note-se, o anexo I do tratado internacional Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

 

Resta-me resumir a minha posição sobre a aplicação do AO90 no nosso país, fundada na análise do AO90 e na observação da situação ortográfica actual dos vários países de língua portuguesa da CPLP, sob a forma de duas recomendações simples:

 

1 - O AO90 deve ser — a bem da Nação e do desenvolvimento e progresso do nosso povo — suspenso sem qualquer reserva e sem possibilidade de revisão. É uma péssima reforma ortográfica, que tem como mirífico objectivo a unificação ortográfica da “lusofonia” e que, na realidade, contribui de forma clamorosa, para a acentuação da fragmentação ortográfica da mesma. É uma reforma ortográfica feita sem qualquer transparência no final dos anos 80 do século passado sem os necessários estudos prévios, sem bases científicas e sem a indispensável discussão pública, mormente no seio das várias comunidades científicas e culturais envolvidas mais directamente na codificação e regulação linguísticas, no ensino da Língua e da Gramática, no uso qualificado da língua padrão em contexto administrativo, técnico e literário. O AO90 é, ademais, um anexo dum tratado cujo clausulado nunca foi cumprido e que, por essa razão, não pode estar em vigor em nenhum país da CPLP.

 

2 - A actual ortografia nacional — resultante da Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de 1943 (legiferada em 1945) que atingia a unificação da ortografia a 100% e que foi ratificada e posteriormente rejeitada pela República Federativa do Brasil — pode e deve ser melhorada com os cuidados devidos que merece a reforma da ortografia duma língua de cultura e de civilização altamente textualizada. Esses cuidados incluem parcimónia nas alterações a introduzir, com levantamento prévio e exaustivo de problemas, realização de estudos de incidência vocabular e de impacto social e cultural das soluções propostas (realizados por entidades e indivíduos idóneos não dependentes de, ou associadas a qualquer agenda política) e a mais completa transparência. Tal transparência só se pode alcançar, por um lado, através de discussão pública e de realização de consultas de entidades e especialistas e, por outro lado, pela divulgação dos resultados obtidos nos estudos e consultas prévios e dos anteprojectos da reforma. NINGUÉM SABE que estudos foram feitos (nem por quem, quando, como e onde) para a elaboração das reformas de 1986 e 1990 de má memória: a reforma da ortografia nacional de 1945 — a qual, Senhores Deputados, nunca deixou de estar em vigor — tem de ser conduzida de forma séria, digna e rigorosa, i.e. de forma adequada a uma velha nação europeia soberana, aberta e desenvolvida, sem complexos pós-coloniais ou ambições neo-imperiais e sem qualquer sujeição a pressões externas (da CPLP, do Brasil, de Angola, ou de quem quer que seja).

 

Finalmente, convém que nos recordemos de que TODOS os pareceres sobre o AO90 que foram solicitados pelo Instituto Camões a diversas entidades públicas e privadas (aquando da assinatura do Acordo do 2.º Protocolo Modificativo do Acordo Ortográfico de 2004) eram contra a aplicação do mesmo, com a excepção notável do parecer da Academia das Ciências de Lisboa, redigido e assinado por um dos autores do AO90 (!). Todos esses pareceres negativos, divulgados em 2008 por iniciativa parlamentar, foram ignorados inexplicável e inqualificavelmente pelos decisores políticos. Escrevi algures que «a elaboração, aprovação e aplicação do Acordo Ortográfico é um escândalo nacional. Um verdadeiro case study sobre a falta de transparência e democraticidade com que dossiers da Cultura, da Educação e da Ciência são sistematicamente tratados em Portugal.» (Semanário Economico, 16/05/2009). Naturalmente, mantenho.

 

Sem outro assunto, espero que em 2017 este contributo — que se estriba apenas no desejo de progresso cultural do povo português — receba melhor acolhimento do que em 2013; ou seja, espero que o recebimento do mesmo contributo seja, desta vez, devidamente acusado e registado pelos Serviços da A.R. e pela própria 12.ª Comissão.

 

Como sintetizou brilhantemente o distinto e saudosíssimo SENHOR DR. VASCO DA GRAÇA MOURA, “enquanto há língua há esperança”.

Atentamente,

António Emiliano

Professor de Linguística

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Universidade Nova de Lisboa

Docente responsável das disciplinas de 1.º Ciclo de

LINGUÍSTICA PORTUGUESA · LINGUÍSTICA HISTÓRICA · VARIAÇÃO LINGUÍSTICA · FONÉTICA · FONOLOGIA · TÓPICOS DE LINGUÍSTICA INGLESA

 

(…)

 

Face às diversas declarações públicas (escritas e orais) que fiz até esta data, entendo que não tenho nada de útil a acrescentar.

 

Os efeitos perniciosos do Acordo Ortográfico de 1990 (AO) — cujo texto contém falsidades, falácias diversas, soluções estapafúrdias e resulta de uma profunda incompreensão do que é o papel e a estrutura de uma ortografia — estão à vista de todos.

 

É verdadeiramente extraordinário que a lusofonia pós-AO esteja ortograficamente dividida em três blocos de países por um acordo velho de 20 anos — feito sem competência, sem ciência e sem sentido de preservação do Interesse Nacional — que pretende falsamente unificar a ortografia portuguesa:

 

i) Portugal e o Brasil, que ratificaram e aplicam diversas e distintas versões do AO,

ii) Angola e Moçambique que não ratificaram e mantêm a ortografia (euro-afro-asiático-oceânica) legítima de 1945,

iii) Cabo Verde, Guiné, S. Tomé e Príncipe e Timor Leste, que ratificaram, mas não aplicam o AO, mantendo de facto a ortografia legítima de 1945.

 

A Região Administrativa Especial de Macau da república da China não tomou posição sobre o AO e não o aplica. Também em Portugal e no Brasil diversas instituições, órgãos de comunicação social e personalidades diversas não aplicam.

 

Aliás, se, por absurdo, quiséssemos todos aplicar o AO ninguém saberia como e ninguém poderia de facto e de iure aplicá-lo, pois não existe nenhuma normativa oficial elaborada pela CPLP, nem texto definitivo ou único do AO, nem vocabulário ortográfico comum, nem prontuário comum, nem consenso entre os países da CPLP sobre as vantagens do AO (que são objectivamente nulas) ou sobre a interpretação dos clausulados do tratado de 1990 e do Acordo do 2.º Protocolo Modificativo do AO de 2004.

 

Espero que o Grupo de Trabalho se pronuncie patrioticamente a favor da suspensão imediata entre nós da aplicação do Acordo Ortográfico (e recomende a denúncia unilateral do miserável tratado de 1990 que a República Portuguesa em má hora assinou).

 

A aplicação do AO é ILEGAL — basta considerar atentamente o clausulado do tratado de 1990 e a forma autoritária como o acordo nos foi imposto sem qualquer discussão pública e através de instrumentos legais não idóneos —, põe em causa o desenvolvimento e progresso do nosso País e do nosso Povo e atenta gravosamente contra a nossa Dignidade Nacional.

 

Mais, põe em causa a estabilidade ortográfica em Portugal, logo, a estabilidade do PORTUGUÊS LÍNGUA ESCRITA (e língua padrão), condição sine qua non para o bom funcionamento de um país civilizado.

 

A Constituição da República Portuguesa defende o uso da língua portuguesa e assegura o ensino e a valorização permanente (Art.º 9.º al. f). A Lei de Bases do Património considera a língua portuguesa, enquanto fundamento da soberania nacional, um elemento essencial do património cultural português (Art.º 2.º). São disposições que qualquer Português que ame minimamente o seu País, Nação e Cultura — seja qual for o seu pendor ideológico, classe social, grupo profissional ou grau de educação — aceita sem discussão como valores nacionais básicos. O Acordo Ortográfico de 1990 põe todos esses valores em causa: deve ser imediatamente suspenso e suprimido, em defesa da língua da portuguesa.

 

Sem outro assunto,

Envio os meus cumprimentos atentos.

António Emiliano

Professor de Linguística

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

Universidade Nova de Lisboa

 

Ver o parecer completo neste link:

http://bit.ly/2tDPkv0

 

***

Conclusão:

 

O Estado Português anda a fazer os Portugueses de parvos, e o pior é que uma grande fatia de Portugueses, acríticos e sem a quantidade suficiente de substância cinzenta no cérebro, está a permitir a destruição deliberada da Língua Portuguesa.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 10:50

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Terça-feira, 19 de Março de 2019

Nota da presidência da República Portuguesa grafada em "mixordês"

 

Se me contassem, não acreditaria.

Mas está lá. Eu vi. Eu li. Na página oficial do presidente Marcelo Rebelo de Sousa, o acordista-mor do novo país em que o AO90 transformou Portugal: a República Luso-Brasileira.

 

Transcrevo aqui a nota, e sublinho a vermelho, as palavras grafadas à brasileira que, no Brasil,  NÃO são erros ortográficos, porque fazem parte do léxico brasileiro, mas que em Portugal SÃO erros ortográficos de palmatória.

 

Senhor presidente Marcelo Rebelo de Sousa, que VERGONHA!

Porque o AO90 é ilegal, inconstitucional e não está em vigor em Portugal, nem em nenhum outro país dito lusófono.

 

RP.png

 

«Nota da Presidência da República sobre Pedrogão Grande

 

1 - No passado dia 27 de fevereiro (1), o Presidente da República, instado a pronunciar-se sobre matéria de uma reportagem televisiva, enviou a esse órgão de comunicação social a seguinte nota, que se transcreve tal como enviada:

 

“Em coerência com a posição assumida aquando da tragédia de 2017, o Presidente da República tem estado atento às questões da reconstrução e distribuição de ajudas, públicas e privadas, bem como às iniciativas promovidas ou solicitadas a entidades oficiais, como o Ministério Público e a Provedoria de Justiça.

 

É sensível às preocupações que lhe chegam por várias vias e aguarda o apuramento dos factos.

 

Tenciona, tal o fez como em 2018, visitar os municípios afetados (2) em junho (3) próximo, o que lhe permitirá ouvir as populações e os autarcas, sendo certo que com estes, intencionalmente, não manteve qualquer contato (4) por aguardar o aludido apuramento.

 

Especificamente, o Presidente da República não teve nenhum contato (5) com o Presidente da Câmara Municipal de Pedrógão Grande sobre esta matéria no último ano.

 

Carece, portanto, de qualquer fundamento a afirmação de que teria tido qualquer intervenção na conduta do aludido autarca nesse período de tempo.”

 

2 - Perante os dados que, entretanto, continuam a ser divulgados relativamente à matéria em causa, o Presidente da República reafirma tudo quanto disse e sublinha a necessidade de todos os meios legais, administrativos e judiciais para apurar o sucedido, tendo em conta os generosos contributos dos Portugueses para o processo de reconstrução, que se deve caracterizar pelo rigor, a transparência, a responsabilidade e a celeridade, como, aliás, sempre insistiu desde a primeira hora e recordou nomeadamente na passagem do primeiro aniversário da tragédia de Pedrogão Grande.

 

Página da presidência:

http://www.presidencia.pt/?idc=10&idi=160789&fbclid=IwAR1Kv088gXxdTd0nv8Esfli9XYNp3es4LjXWiImVzqSnX9vNWykTWsOFLFg

 

Porque em Portugal o que vigora é a Grafia da Convenção Ortográfica de 1945:

 

1 e 3 - Os meses do ano, em Portugal, grafam-se com letra maiúscula, porque a maioria tem origem em nomes próprios, de imperadores, de deuses. No Brasil, grafam-se com letra minúscula, à espanhola.

 

2 - O termo afetados, que, obrigatoriamente, se lê âf’tádus, está grafado à brasileira, e, no Brasil, não é erro. Em Língua Portuguesa grafa-se afeCtados, particípio passado do verbo afeCtar, do Latim affectare, para que possamos ler âfétádus. E não me venham falar nos dois éfes do Latim,  porque a supressão de um, não afeCta a pronúncia da palavra, condição sine qua non para que a consoante, apesar de muda, não seja suprimida.

 

4 e 5Contato está grafado à brasileira, porque, no Brasil, os Brasileiros não pronunciam o. Em Portugal a palavra escreve-se contaCto e lê-se contáCtu, com o pronunciado.

 

À escrita, que Marcelo Rebelo de Sousa apresenta na sua página oficial, chama-se mixórdia ortográfica, porque mistura Português com Brasileirês, que nada tem a ver com o AO90.

 

Nenhum país do mundo, numa página oficial da Presidência, apresenta tão vergonhosa mixórdia ortográfica, como Portugal.

 

Que VERGONHA! Que VERGONHA senhor presidente da República, que deixou de ser Portuguesa.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:33

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Segunda-feira, 18 de Março de 2019

«O Acordo nasce do delírio português de que existe uma entidade chamada “lusofonia” e da ambição do Brasil»

 

Sabem o que distingue os  “Velhos do Restelo” (os que defendem a Língua Portuguesa), dos “Novos de São Bento e Belém” (os que estão a destruir a Língua Portuguesa)? Responderei a esta pergunta, mais adiante.

 

 

LUCIANO AMARAL.jpg

 

Para já vamos a outra questão: recebi, via e-mail, a imagem, que aqui reproduzo, de um texto, assinado por Luciano Amaral, publicado no Correio da Manhã em 03 de Março de 2014, um texto com cinco anos, mas de validade actualíssima. Infelizmente.

 

Todos os que estamos a trabalhar para restaurar a Língua Portuguesa, em Portugal, sabemos que ela será restaurada, mais dia, menos dia, porque um País não pode avançar para o futuro, sem uma Língua que o identifique.

 

E neste momento, Portugal não tem uma Língua que seja SUA.

 

O que se passa actualmente é que Portugal perdeu a sua Língua, perdeu a sua identidade linguística, perdeu o brio, perdeu o profissionalismo, perdeu a vergonha, perdeu a dignidade, e agora só quer ser “grande” outra vez, como no tempo do Império, à pala do Brasil.

 

Concordo em absoluto quando Luciano Amaral diz que «os portugueses só entendem a sua imaginada grandeza como algo para além de Portugal: antes era o império. Agora é a lusofonia (…), a coisa vai tão longe que chega muitas vezes ao ponto da anulação do País».

 

Bem, mas acontece que o País já está anulado. Um país que perde a sua Língua, fica automaticamente anulado. Portugal desviou-se da Europa, e anda por aí, à deriva, sem rei nem roque: é que nem é deste lado do Atlântico, nem do outro. Não tem uma Língua que o identifique: nem portuguesa, nem brasileira.

 

Um País que não cuida da sua Língua, não merece o estatuto de País. É simplesmente uma colónia da ex-colónia.

 

Estão muito enganados aqueles que acham que o “Acordo Ortográfico de 1990” é essencial para o “prestígio” da Lusofonia. Mas que acordo, que prestígio, que lusofonia?

 

Uma Língua só dá prestígio a alguma coisa, quando é uma LÍNGUA. Neste momento, a língua que circula em Portugal é apenas uma imitação de língua, que identifica o Brasil, mas não identifica Portugal. Por isso se insiste que cada país fique com a respectiva Língua.

 

A língua que actualmente é grafada (e já começa a ser falada) em Portugal é made in Brazil (escrito assim à americana). E digam-me lá: que outro país do mundo, senão Portugal, mudou a Língua que o identificava, para adoptar uma língua, made num país estrangeiro?

 

Todos sabemos o que está por trás deste “acordo” para o qual não foram chamados os restantes seis países ditos lusófonos. Apenas o Brasil e Portugal se enfronharam numa negociata de bradar aos céus, cheia de mentiras. Repletíssima de fraudes!

 

Como diz Luciano Amaral, e muito bem, este “acordo” nasceu apenas do delírio português de que (ainda) existe uma entidade chamada “Lusofonia” e da ambição do Brasil.

 

Acontece que o Brasil não se distanciou, do modo como se distanciou, e cada vez se distancia mais, da Língua Portuguesa, para ficar eternamente ligado à língua do colonizador, e não fruir de uma língua própria, de uma língua que o identifique como uma Nação independente. E quem não acredita ou não aceita este incontestável facto, é bocó (já agora, e uma vez que estamos numa de brasileirismos…)

 

Portugal amesquinhou-se. Portugal deixou-se levar pelo “sonho brasileiro”. O Brasil acenou-lhe com os “milhões” de falantes e escreventes de uma língua a que eles, por enquanto, ainda chamam Portuguesa, mas que, na verdade, já não é portuguesa, e nem sequer é estudada nas escolas, como tal. E Portugal sentiu-se um pigmeu, e deslumbrou-se com a ideia de se agigantar à pala de uma Língua que tem o destino marcado para ser Brasileira.

 

Nada é mais perverso e caracterizador da pequenez de espírito, do que políticos pigmeus deslumbrados com a fictícia grandeza de um gigante. Se ao menos soubessem a história de David e Golias!

 

O Brasil tem todo o direito de ter o seu “sonho brasileiro”. Porque não? O nosso Rei Dom Diniz também teve o seu “sonho português” e ficou para a História como o responsável pelo nascimento oficial da Língua Portuguesa. Em 1290, Dom Diniz decretou que a “língua vulgar” (o galaico-português falado) fosse usada na corte, em vez do Latim, e designada como “Português”. E é facto que o Rei adoptou uma língua própria para o reino de Portugal, tal como o seu avô Afonso X “O Sábio”, e de quem era tradutor, fizera com o Castelhano.

 

E foi assim que do Latim se passou ao dialecto galaico-português, e deste, à Língua Portuguesa. E será assim que o Português (ainda dito) do Brasil, e que tecnicamente é classificado como um dialecto, evoluirá naturalmente para Língua Brasileira.

 

Resta saber quem será o governante brasileiro que ficará para a História como o responsável pelo nascimento oficial da Língua Brasileira.

 

Este é o percurso natural das línguas que os povos que dominam outros povos vão deixando pelo caminho…

 

No que a isto diz respeito, não entendo a estranheza e os ataques de certas pessoas, que não param para pensar, que não lêem, que não procuram informar-se, nem querem, porque deliram com as falsas grandezas.

 

Portugal está dividido entre os ditos “Velhos do Restelo” e os “Novos de São Bento e Belém”. Qual a diferença entre uns e outros?

 

É que os “Velhos do Restelo” escrevem correCtamente a Língua Portuguesa, a oficial, a que permanece em vigor, a do Convénio Luso-Brasileiro 1945.

 

E os “Novos de São Bento e Belém” desprezaram a Língua Portuguesa, e substituíram-na por uma novilíngua conhecida por Mixordês, uma mistura do Português e do Brasilês.

 

E para que não digam que estou a inventar coisas (o Brasilês) aqui deixo a fonte onde fui beber o significado deste termo, que considero bastante interessante: Dicionário inFormal, neste link:

https://www.dicionarioinformal.com.br/brasil%C3%AAs/

  1. Brasilês

Significado de Brasilês Por C (SP) em 02-03-2011

Brasilês é uma lingua falada no Brasil.

Embora derivada do português, tem sintaxe, morfologia, fonética, semântica e vocabulário autóctones, especialmente pela absorção de elementos lingüísticos de origem indígena e africana,

Em virtude da grande extensão do nosso país, o brasilês apresenta grande diversidade de sotaques sem que isto afete o significado das palavras.

Isto é muito natural para um universo de mais de 180 milhões de pessoas falando o mesmo idioma.

***

Porque é da inteligência olhar para as coisas com olhos de ver, e não com olhos de não-ver.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:51

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Sexta-feira, 15 de Março de 2019

«Monumento de incompetência e ignorância» - AO90

 

E isto não sou eu que o digo, mas personalidades muito mais abalizadas do que eu…

 

Em 2011, o romancista Duarte Afonso, escreveu um artigo de (excelente) opinião no «Jornal da Madeira» em que colocou em causa a insustentável leveza com que os políticos portugueses se vergaram a um “acordo” que, está mais do que provado, é um verdadeiro aborto ortográfico, sem a mínima viabilidade, em nenhum dos países lusófonos.

 

O texto está tão actualíssimo, que poderia ter sido escrito hoje, porque desde 2011 nenhuma medida inteligente foi tomada, no sentido de corrigir o monumental erro que foi a adopção do monte de lixo a que chamam acordo ortográfico (de acordo com Duarte Afonso).

 

Há que continuar a malhar no ferro frio, até o quebrar, e a atirar água mole para cima da pedra dura, porque a água há-de tanto dar até que a fure.

 

Luther king.jpg

 

E na verdade, como diz Martin Luther King, nada no mundo é mais perigoso do que a ignorância sincera e a estupidez conscienciosa que, instaladas no Poder, podem destruir um país, a sua Cultura, a sua Identidade, a sua Língua Materna. Neste momento, uma e outra coisa (a ignorância e a estupidez) mantém a Língua Portuguesa prisioneira de um acordo que uma minoria inculta está a impor a Portugal, e a tentar impor aos restantes países lusófonos, que até agora estiveram a marimbar-se para isto.

 

Com a devida vénia, aqui transcrevo o artigo assinado por Duarte Afonso, e que eu, como sempre faço, enviarei ao presidente da República, ao primeiro-ministro, ao Parlamento, aos partidos políticos e a mais umas tantas autoridades portuguesas e estrangeiras, nomeadamente lusófonas, com a advertência de que já chega de tanta cegueira mental, já chega de fazer ouvidos de mercador às vozes da Razão. Já chega de tanta irracionalidade.

 

E aconselho a todos os que se dizem anti-AO90 que enviem os vossos protestos também, porque é preciso acabar de vez com a lixeira ortográfica que empesta Portugal.

 

***

 

Eis os excelentes e racionais argumentos apresentados por Duarte Afonso, no texto intitulado:

 

«A Assembleia da República e o Acordo Ortográfico»   

 

Por Duarte Afonso

 (As passagens a negrito são da responsabilidade da autora do Blogue)

 

«Depois de a RTP ter anunciado a adopção do acordo ortográfico, agora foi o Dr. Jaime Gama a brindar-nos com mais uma notícia trágica, ao anunciar que a Assembleia da República também o vai adoptar em Janeiro de 2012.

 

A Assembleia antes de adoptar esse monte de lixo a que chamam acordo ortográfico, devia preocupar-se primeiro com os erros e deficiências que existem no mesmo, e explicar ao país por que é que ignorou as recomendações da Comissão de Ética e Cultura da própria Assembleia, que alertava para esses mesmos erros e deficiências, depois de ter analisado e votado por unanimidade a petição contra o aludido acordo, dando razão aos peticionários.

 

Este é o mesmo acordo que em 2005 por solicitação do Instituto Camões a Associação Portuguesa de Linguística, emitiu um parecer que diz bem o que é o acordo ortográfico. Depois de ter demonstrado que o monstro não serve, termina assim:

 

“Em conclusão, por todas as razões acima aduzidas, a Associação Portuguesa de Linguística recomenda:

 

1 - Que seja de imediato suspenso o processo em curso, até uma reavaliação, em termos de política geral, linguística, cultural e educativa, das vantagens e custos da entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990.

 

2 - Que, a manter-se o texto actual do Acordo, Portugal não ratifique o Segundo “Protocolo Modificativo”.

 

Ainda a respeito dos pareceres pedidos pelo Instituto Camões vale a pena referir uma notícia que saiu no Jornal de Notícias em 12-07-2008. Com a devida vénia passo a citar duas pequeninas passagens:

 

A mesma intitula-se: “Peritos arrasam acordo ortográfico”.

 

“Esmagadora maioria dos linguistas, académicos e editores consultados estão contra o tratado. Se a implementação do Acordo Ortográfico dependesse apenas do processo de consulta, há muito que o projecto teria sido abandonado. Das 27 entidades consultadas, apenas duas se mostraram favoráveis.

 

Nas respostas das 14 entidades que participaram no inquérito promovido pelo Instituto Camões abundam as críticas. Entre pedidos adicionais de informação e o desconhecimento sobre as alterações a introduzir, não faltam, também, entidades como a Associação Portuguesa de Linguística, ou Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa que solicitam “a suspensão imediata do processo”.

 

Estes factos demonstram bem o que é o acordo ortográfico, e a atenção que mereceram por parte do Estado. A Assembleia antes de o adoptar também devia ter em atenção o (art.º 2) do próprio acordo que diz o seguinte:

 

“Os Estados signatários tomarão, através das instituições e órgãos competentes, as providências necessárias com vista à elaboração de um vocabulário ortográfico comum da língua portuguesa, tão completo quanto desejável e tão normalizador quanto possível no que se refere às terminologias científicas e técnicas”.

 

Este é o único vocabulário válido para a aplicação do acordo, e não há nenhum outro que o possa substituir. Isto significa que enquanto esse vocabulário comum não for elaborado e não estiver em vigor, o acordo ortográfico não tem qualquer valor, porque foram subvertidas as regras do próprio acordo. É um abuso dizer-se que os textos que seguem as regras do monstro foram escritos ao abrigo do acordo ortográfico, porque o mesmo não tem legitimidade jurídica nem democrática. O único abrigo que dá é à ilegalidade e ao obscurantismo.

 

Não é por acaso que Angola ainda não o ratificou, e o seu deputado Luís Reis Cuanga já veio dizer “que deve haver reciprocidade na aplicação do acordo com a integração do vocabulário angolano no comum”. Deu ainda como exemplo, “que se deve escrever Kanza e não Kuanza como se pretende no novo acordo”. Isto significa ainda que Angola não alinha na irresponsabilidade, e está a chamar a atenção para que as regras do acordo sejam cumpridas.

 

É penoso e revoltante ver a nossa língua ser adulterada por um acordo que nos foi imposto, cheio de erros grosseiros e disparates escandalosos, cozinhado nas costas do povo, protegido pelos nossos governantes e acarinhado por alguns órgãos de comunicação social.

 

Ao longo do tempo, sempre foram introduzidos ajustamentos na nossa língua; mas nunca foram introduzidos através de leis ou decretos, nem o Estado teve intervenção em matérias que dele não dependem nem a ele competem, como é o caso da evolução da nossa língua em qualquer das suas vertentes, sendo a ortografia uma dessas vertentes. Além disso, esses ajustamentos sempre foram elaborados por especialistas sábios e idóneos com conhecimento profundo da nossa língua.

 

Qual é o crédito que merece, este acordo, se o mesmo assenta na facultatividade, na acentuação gráfica, e na consagração pelo uso?

 

A Assembleia da República e o governo, antes de o adoptarem, prestariam um bom serviço à nossa língua e ao nosso país, se tomassem a iniciativa de constituir uma comissão formada por representantes das comunidades cientificas, académicas, literárias, e profissionais, para proceder a uma revisão do texto do acordo, de forma a expurgar os erros e disparates que existem no mesmo.

 

Vejamos agora alguns desses disparates. No preâmbulo do mesmo está escrito o seguinte:

 

“O projecto de texto de ORTOGRAFIA UNIFICADA, de língua portuguesa aprovado em Lisboa, em 12 de Outubro de 1990, constitui um passo importante para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional”.

 

Aqui referem-se à ortografia como se já estivesse unificada. Na nota explicativa (5-2-4) podemos ler:

 

“Considerando que tais casos se encontram perfeitamente delimitados, como se referiu atrás, sendo assim possível enunciar a regra da aplicação, OPTOU-SE por fixar a DUPLA acentuação gráfica como a solução menos ONEROSA para a UNIFICAÇÃO da língua portuguesa”.

 

Esta explicação absurda e ignorante significa precisamente o contrário daquilo que defendem os seus autores. A dupla grafia não une, afasta que é bem diferente. A consagração da grafia dupla reflecte a impossibilidade efectiva e incontornável de unificação. Estes dois exemplos demonstram bem a falta de rigor em que assenta esse embuste a que chamam acordo ortográfico.

 

Primeiro apresentam-no como se a nossa ortografia já estivesse unificada. Depois demonstram que a unificação é impossível. Em que ficamos? Como é que é possível escreverem estes disparates e ao mesmo tempo defenderem esta porcaria de acordo?

 

Perante todos estes factos pergunta-se:

 

Por que é que se dá tanta atenção ao monstro, e por que é que há tanta pressa em adoptá-lo? Por que é que os portugueses foram sempre colocados perante factos consumados e nunca foram ouvidos nesta matéria? Por que é que se vai adoptar um acordo cheio de ilegalidades e erros grosseiros, detectados, inventariados e comentados pelos melhores especialistas do país? Porquê?

 

Por fim, passo a citar com a devida vénia, uma passagem que consta no livro intitulado “Apologia do desacordo ortográfico de António Emiliano, Professor de Linguística da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Investigador – responsável do projecto Origens do Português, no âmbito do qual foi digitalizada, transcrita e objecto de estudo linguístico a mais antiga documentação de Portugal”. Essa passagem consta na página 81 do aludido livro e diz o seguinte:

 

“O Acordo Ortográfico é um monumento de incompetência e ignorância: não interessa que nomes “reputados”, das letras brasileiras e portuguesas tenham nele colaborado; fizeram um mau trabalho e prestaram um péssimo serviço à língua portuguesa e às lusofonias que dizem defender. Meteram-se em assuntos para os quais não tinham, por mais que me custe dizê-lo, competência específica.”

 

Mais palavras para quê? Os factos falam por si. Resta-nos exercer o nosso direito de cidadania, manifestar a nossa indignação de forma activa, responsável, e esperar que os portugueses olhem o mais depressa possível para esta realidade. Temos ainda o dever de apoiar a Iniciativa Legislativa de Cidadãos, para podermos tirar a nossa língua do atoleiro em que a meteram.

 

Duarte Afonso

Romancista»

 

Fonte:

http://www.jornaldamadeira.pt/not2008_12.php?Seccao=12&id=170631&sup=0&sdata

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:06

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Quinta-feira, 14 de Março de 2019

«Arranjem uns assentos para os acentos, senão eles caem»

 

Mais um excelente texto de Nuno Pacheco,  que nos fala do «“lixo linguístico”, que tanto repugna.»

 

NUNO PACHECO.jpg

Nuno Pacheco

 

14 de Março de 2019, 7:30

 

«Em 1986 havia quem propusesse para o “acordo ortográfico” a abolição (ou seria “abolicao”?) dos acentos. Não passou, mas mesmo assim há quem a pratique.

 

Há quem os odeie, ou baralhe, ou ignore, mas é injusto. Porque os acentos operam milagres. Alteram, com um simples traço, pais em país, e transformam uma fracção de unidade, o avo, num avô ou numa avó, consoante se escolha o acento (ou sinal diacrítico) adequado. Isto na escrita, porque na oralidade ninguém confundirá pais, país, avos ou avós. Que se saiba…

Mas, tal como se despreza a boa escrita, há muito que se começou a desprezar os acentos. O cantor e compositor brasileiro Caetano Veloso disse um dia que a língua portuguesa não tem acentos de mais, tem até acentos a menos. Na sequência disso, num artigo que escreveu no jornal O Globo, em 2012, a propósito do “acordo ortográfico” de 1990 (“outra maluquice”, dizia ele), falou assim da língua: “É seguro que a ausência de acentos a torna mais fácil? A facilidade é uma virtude para uma língua? Ouço muitos malucos brasileiros dizerem que ‘o português é uma língua muito difícil’. De onde vem essa ideia? Do Ministério da Pesca?”

 

Sim, o Ministério da Pesca deve ter culpas. Mas antes dele deve haver, até entre escritores, quem ache que a escrita merece tudo menos cuidados e apuro. Não se trata de criatividade gráfica, que essa é também uma arte (veja-se Guimarães Rosa ou Mia Couto), trata-se de desleixo. Num interessantíssimo e acutilante texto publicado no início deste ano na revista do Expresso (em 5 de Janeiro) e intitulado “Lixo linguístico”, Pedro Mexia lembrava que “em 1981 Vasco Graça Moura pediu a 68 poetas, ensaístas, romancistas, historiadores, académicos, críticos e jornalistas um testemunho sobre os desafios que a língua portuguesa enfrentava.” O resultado foi publicado dois anos depois pela Imprensa Nacional: 17 textos. Isto quereria dizer, concluiu então Vasco Graça Moura, que aqueles a quem endereçou tal desafio “não consideravam ‘preocupante’ ou ‘pertinente’ a questão da língua e o seu uso.”

 

Ainda não consideram. Ironia das ironias, acaba de chegar às lojas um volume antológico da obra completa do poeta açoriano J. H. Santos Barros (1946-1983) intitulado Alexandrina, Como Era – Todos os Poemas, editado pela mesma Imprensa Nacional, filtrado pelo “acordo ortográfico” de 1990 mas todo ele ligado, ou escrito, ou prefaciado, por gente que discorda do dito “acordo” e não o usa na escrita (António Lobo Antunes, autor do prefácio, que só escapou à acordização por não usar ali nenhuma palavra propensa a alterações; Jorge Reis-Sá, autor da nota à edição; e, pior ainda, o próprio Vasco Graça Moura, que criou a colecção onde o livro é publicado, a Plural Poesia, e era feroz adversário do “acordo”). Claro que isto não importa aos editores: o desrespeito por tais opções faz-se lei pela imposição.

 

Mas adiante, que ainda não chegámos aos acentos (alguns escreveriam “chegamos”, mas convém sempre distinguir o tempo verbal na escrita, para evitar confusões: aqui é passado, não presente). Em finais do ano passado, coincidiram em Lisboa dois textos exemplares quanto à não-acentuação. O primeiro, em Setembro, foi a edição nacional (igual à brasileira, como deve ser) do mais recente livro do escritor e compositor brasileiro Nelson Motta, Força Estranha. Nele, tão estranha quanto a força intrínseca do livro, estava (e está) a ausência de uma série de acentos gráficos. Podia ser estilo, e assim percebia-se, mas não é. Nem sequer é respeito pelo “acordo ortográfico” de 1990, já que, à data, ele disse ao PÚBLICO: “Achei uma bobagem esse negócio da nova ortografia, não faz o menor sentido.” O que é, então? Ele atribuiu o caso a erro de revisão. O certo é que, no livro, a par de palavras como “côro” e “idéia” acentuadas (respeitando, e bem, a ortografia brasileira pré-1990), surgem palavras sem acento como “voce” (você), “taxi” (táxi), “dificil” (difícil), “ridiculo” (ridículo) ou “Polonia” (Polónia, que é Polônia no Brasil) ou “chines” (chinês). E há incongruências como, na mesma linha (pág. 175) surgir “tablóides” e, a seguir, “escandalos” (sem acento).

 

Mas nada supera o que sucedeu, em Novembro, com o manifesto-convocatória da Marcha Pela Eliminação de Todas as Formas de Violência Contra as Mulheres. Já na palavra de ordem inserida na capa se lia “Basta de violencia” (sem acento). Mas no interior, num texto aliás longo, não há uma única palavra acentuada. E assim temos “sistemica”, “confortavel”, “nao”, “genero”, “assedio”, “adulterio”, “hipocrita”, “indigenas” ou sentencas”, “intencao”, “exploracao” (estas últimas sem cedilha), etc. Os promotores da malograda proposta de acordo ortográfico de 1986 devem ter pulado de gozo: também eles propunham a abolição (ou seria “abolicao”?) dos acentos, poupando-nos a essa maçadoria de uma escrita clara e fácil de entender sem memorizações ou segundas leituras. Também eles, nesse malfadado texto, escreviam “licito” (por lícito), “vocabulos” (por vocábulos) ou “grafica” (por gráfica).

 

Pois bem: tirem os assentos aos acentos, e eles caem; como as pessoas quando lhes tiram, sem aviso, a cadeira. E com os acentos caem as palavras, nesse lamaçal ininteligível para onde os “acordos” têm vindo a arrastá-las.

 

É esse o “lixo linguístico”, que tanto repugna.»

 

Fonte Jornal "Público":
https://www.publico.pt/2019/03/14/culturaipsilon/opiniao/arranjem-assentos-acentos-senao-caem-1865217

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:12

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Quarta-feira, 13 de Março de 2019

«Nasci português e morro angolano» - Tudo por causa do AO90

 

Os governantes portugueses trazem os Portugueses desgostosos, tristes, desiludidos, por muitos, muitos, muitos e variados motivos, e mais um: o da vulgarização, por aí, de um “português” que já deixou de ser Português, para ser brasileiro, e na maioria das vezes, uma mixordice que envergonha Portugal, berço da Língua Portuguesa.

 

O que levou o meu amigo Pedro Soares, a fazer o comentário que abaixo reproduzo, e que diz do estado d’alma dos que estão a ver a sua Língua Materna a escoar-se pelo cano de esgoto…

 

Eu, que também nasci Portuguesa, morrei também Angolana, se esta miséria linguística continuar a aniquilar a harmonia ortográfica que caracterizava a Língua Portuguesa.

 

SÀBADO.png

«Assim se escreve em bom BRASILÊS.» A revista Sábado era editada em Português correcto. A partir de Janeiro deste ano, decidiu "adotar" o COISO ORTOGRÁFICO. Eis o resultado no verso desta capa: BRASILÊS puro. Que falta de brio!» (Nuno Teixeira)

Origem da imagem:

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=2663366350402167&set=a.402416659830492&type=3&theater&ifg=1

 

Comentário de Pedro Soares: Há muito tempo que, em termos de Língua Portuguesa, me considero Angolano. Não só por ter vivido largos anos nessa Terra abençoada por Deus (não é só o Brasil), não só por os restos mortais de meu Pai repousarem em Luanda, não só por ter um filho nascido em Cabinda, não só por ter iniciado a minha carreira bancária no Banco de Angola, mas também porque Angola honra a Língua Portuguesa, a sua matriz, é a sua Língua oficial, sem estrangeirismos, sem brasileirês.

 

Por tudo isto, e também pela vergonha que sinto pelo AO90, um papaguear ridículo, vergonhoso, às portas de um dialecto, em que mercenários portugueses e brasileiros transformaram uma Língua com matriz greco-latina.

 

Mal sabia eu, há mais de 40 anos, quando disse que o meu coração ficava para sempre em Angola, viria a ter razão acrescida.

 

Nasci Português e morro Angolano, com vergonha dos biltres que atraiçoaram a minha Pátria.

 

***

Este sentimento de vergonha, é também o meu sentimento.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:02

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