ATENÇÃO! Esta NÃO É uma notícia falsa, como os acordistas pretendem e andam por aí a espalhar.
Há quem não queira (por conveniência) ou não saiba (por incapacidade mental) distinguir as notícias falsas, das notícias (muito) verdadeiras.
Felizmente, para a Língua Portuguesa, este Blogue é AVESSO e ABOMINA as notícias falsas.
Neste Blogue lida-se com FACTOS comprovados.
Infelizmente, para os sequestradores da Língua Portuguesa e para os seus serviçais, o que aqui se publica são NOTÍCIAS VERDADEIRAS, que podem ser comprovadas.
A cegueira mental dos acordistas é tal, que até diante das provas, se fazem de desentendidos.
Enfim, quando eles dizem que esta é uma notícia falsa, isso só prova o quanto o que aqui se denuncia é VERDADEIRO. Estão cheios de TEFE-TEFE.
Há quem considere que o que tem sido dado a lume sobre as falcatruas do AO90 «não vai acabar com a estupidez e com a arrogância de quem inventou e ainda tem interesses na manutenção do acordês». Dizem-me: «não lhes vão faltar argumentos!»
Mas… há um mas, que justifica o título desta publicação.
Acontece que contra factos comprovados não há argumentos. Factos são factos. Ninguém pode desmenti-los. A questão do AO90 é uma fraude ao mais alto nível. E se em Portugal ainda houver JUSTIÇA ela será feita.
O que tem sido dado a lume, e proibido de ser divulgado pelos meios televisivos, entre outros, é apenas a ponta do iceberg.
A questão do AO90 é apenasmente uma questão político-jurídico-diplomática. Os kaisers sequestraram a Língua Portuguesa e fizeram dela uma arma de arremesso para situações que nada têm a ver com a unificação das ortografias, porque as ortografias nunca foram obstáculo para coisa nenhuma, desde 1943.
O AO90 é fruto de um monumental complexo de inferioridade desenvolvido pelos políticos portugueses e brasileiros (com motivações diferentes), os quais entenderam que se usassem a Língua Portuguesa, que já não é comum aos dois países (pois o Brasil afastou-se substancialmente da matriz europeia e seguiu um rumo diferente), o soft power seria gigantesco.
O que os políticos não previram foi que, ao longo de todos estes anos, a contestação do AO90 manter-se-ia contínua, e continua. E ao contrário do que os acordistas de vista curta dizem, esta questão não está morta, apenas porque o nosso kaiser diz que se tem de respeitar quem já aplica o AO90. Como disse?
Não, ninguém tem de respeitar os serviçais do Poder, só porque o Poder quer assim. Isso é coisa ditatorial. E as ditaduras derrubam-se com factos. E contra factos não há argumentos.
Os sequestradores da Língua Portuguesa são apenas ídolos de pés de barro mole, muito mole. O que os tem sustentado em pé é a ignorância do povo, e saberem que o povo português é mais dado a futebol, telenovelas e reality shows, e terem os mass media bem controlados e amordaçados. O AO90 é um tema-tabu, em Portugal. Mas há quem não seja servilista, e é com a maioria, que são os não-servilistas, que o futuro do AO90 está a ser jogado.
E tal como Miguel de Cervantes, que viu os seus carrascos a serem condenados ,direi que «Deus suporta os maus, mas não eternamente», algo que a História nos revela tão claramente. E se até os ídolos de pés de bronze caem (lembram-se do derrubamento da estátua de Saddam Hussein?) o que dizer dos ídolos de pés de barro?…
Aguardemos, pois, pelos próximos capítulos desta telenovela fajuta (*).
(*) Para quem não conhece o termo fajuto (mais utilizado no Brasil), significa que algo é de fraca qualidade, que não merece confiança, que foi falsificado = falso ≠ original, significações que tão bem assentam ao AO90.
Isabel A. Ferreira
Um texto muito elucidativo de Nuno Pacheco, no Jornal Público, o qual analisa a primeira audiência do debate que ocorreu no Brasil, na passada terça-feira, em torno do Acordo Ortográfico de 1990, e no qual, ficou bem claro que o AO90, mais do que uma questão linguística, éessencialmente uma questão política que mantém sequestrada a Língua Portuguesa, apenasmente no Brasil e em Portugal.
Texto de Nuno Pacheco
«Na audiência brasileira, o Acordo Ortográfico perdeu por três a um. A diplomacia continua avessa às razões da língua.»
Este podia ser um anúncio barato, daqueles que poupam palavras para economizar dinheiro. Mas é apenas uma reacção, em síntese, ao visionamento do debate que ocorreu no Brasil, na passada terça-feira, em torno do Acordo Ortográfico de 1990 (vulgo AO90). Como anunciado, a sessão (transmitida em directo pela TV da Câmara dos Deputados, daí poder ser vista em Portugal) contou com o deputado Jaziel Pereira de Sousa (o requerente, a presidir), o ex-lexicógrafo chefe da Academia Brasileira de Letras Sérgio de Carvalho Pachá, o escritor Sidney Silveira, a professora Ami Boainain Hauy e a embaixadora Márcia Donner Abreu, em nome do Ministério das Relações Exteriores (MRE, que por cá é Ministério dos Negócios Estrangeiros) – a única representante oficial, já que Ministério da Educação nem vê-lo (talvez a língua tenha pouco que ver com a educação, quem sabe?), tal como a Academia Brasileira de Letras (ABL), que, no seu comportamento distante e reumático, ficará para futura audiência no mesmo local.
Que não era nenhum café, como um leitor do PÚBLICO maldosamente sugeriu nos comentários à notícia da iniciativa, mas sim a Comissão de Educação (como também por cá se usa) da Câmara dos Deputados do Brasil, no coração de Brasília. Tudo muito institucional, como deve ser. Pois bem: o debate começou com as apresentações da praxe e não tardámos a saber as opiniões dos participantes. Sidney Silveira brandiu vários argumentos contra, dizendo mais tarde que o AO tinha sido concebido por “motivos diplomáticos e políticos” e que “está bom para ir para o ferro-velho, não para ser ratificado” (ou rectificado): “Não rectifiquemos, revoguemos”, disse.
Sérgio Pachá (lexicógrafo, filólogo, professor de literatura, tradutor, poeta) voltou a explicar como o AO ressurgiu dos mortos nos idos de 2006-2007, o que já havia feito numa célebre entrevista em 2014 (e o resto desta história sabemo-lo bem), e sublinhou as “razões nada ortográficas pelas quais este mostrengo entrou em vigor”, dizendo que “a pressuposição, a crença, de que a ortografia de uma língua tem de ser idêntica em todos os lugares onde é falada é uma falácia desmentida pelos factos”. E, dando como exemplo o facto de ter vivido 15 anos nos Estados Unidos, onde se foi dando conta da diferença na escrita de vocábulos entre o inglês de lá e o de Inglaterra (sem que isso causasse quaisquer problemas), comparou o português de Portugal ao do Brasil: “É a mesma língua, mas não é a mesma fonologia.”
Ami Boainain Hauy, professora, autora de uma volumosa Gramática da Língua Portuguesa Padrão, além de apontar várias falhas e erros gramaticais às normas do AO90, revelando o “caos, o descaso, com que este texto foi redigido”, declarou-se contra ele: “Abomino a redacção do texto e o seu conteúdo também.” E mais adiante: “Espero que seja revogado.”
De onde veio a concórdia, o assentimento, a paz? Da diplomacia! A embaixadora Márcia Donner Abreu veio então explicar o “quanto este acordo é importante para o Brasil”, até pela “projecção do poder do Brasil no mundo” (“poder brando”, ou soft power, como fez questão de sublinhar), garantindo que o acordo é o “núcleo duro” de uma “língua una”. Disse depois algo aterrador: que não passou para os filhos livros escritos na ortografia anterior (clássicos, até), ninguém saberá por que medos. Devíamos queimar as bibliotecas, será? Explicou ainda que o AO “pode ser aperfeiçoado”, mas que só ele garante “uma variante única da língua”, que as mudanças trazidas pelo acordo “não são gigantescas” (serão apenas estúpidas?) e que tem dificuldade em escrever “idéia” ou “européia” sem acento, mas foi-se acostumando. Porquê? Porque já há “uma geração inteira de brasileirinhos” que só conhecem este português. Ora o que aconteceria se lhes dissessem que “assembléia” tem acento? Teriam um ataque cardíaco? E lá veio outra vez o medo: a “língua começaria a se apartar”; e também a falsidade: o espanhol não tem variantes, a Academia unificou tudo. Deve ser por isso que nos correctores do Word há 22 variantes ortográficas, uma por país. Será pelo prazer de ocupar espaço?
Por fim, a chantagem do costume: ratifiquem que depois logo se rectificará. Já ouvimos isto a Malaca Casteleiro, ao kaiser português do acordo (o MNE em exercício) e também ao Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, que assim foi perorar para a CPLP. Mas alguém ainda acredita nestas presumíveis “boas intenções”? Tiveram 30 anos para limpar nódoas e elas mantêm-se bem vivas. O que levará alguém a acreditar que o façam depois de todos caírem, finalmente, no engodo? Nada. Sidney Silveira lembrou, e bem, que Saramago vendeu muitos milhares de livros no Brasil com a ortografia de cá, e todos sabemos que os livros brasileiros sempre circularam por aí com a ortografia original sem que ninguém disso se queixasse.
Queixas, sim, há da diplomacia, esse monstro que, sendo avesso às coisas da ortografia, não hesita em maltratá-la continuamente a pretexto de um graal que ninguém viu nem verá. No Brasil, haverá mais debates. Com a ABL, espera-se. Mas se alguém responder “sim” ao anúncio do título, agradece-se. Os kaisers não merecem a língua que espezinham.
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