Um texto de Luís Filipe Pimentel Costa, o qual subscrevo inteiramente e remeto a todos os professores e órgãos de comunicação social seguidistas, os maiores disseminadores da mixórdia ortográfica que substituiu a nossa bela e europeia Língua Portuguesa.
Árvore genealógica das línguas
Por Luís Filipe Pimentel Costa
«A propósito da Língua Portuguesa, vou abordar alguns pontos que considero importantes.
Ponto 1:
Começo por falar da própria Língua Portuguesa. Qualquer indivíduo, com um nível mínimo de capacidade de entendimento, entende que a Língua Portuguesa é a língua dos portugueses.
Quando falamos de Português como língua, falamos, pois, da língua dos portugueses.
Considero este ponto importante, e “sublinho-o” devidamente, pois verifica-se alguma confusão por parte de alguns indivíduos que várias vezes se saem com expressões no estilo “Lá vem o portuga que pensa que é dono da língua”. Sim, os Portugueses são os donos da Língua Portuguesa.
Outros povos, quando receberam o país, fizeram as suas opções que conduziram o país ao estado em que se encontra, entre outros assuntos, também na língua que adoptaram como língua oficial. Alguns foram-na enriquecendo com novos vocábulos, mantendo, no entanto, as suas estruturas quer gramaticais quer ortográficas. Outros optaram por, além de a nível vocabular, também a nível gramatical e ortográfico introduzir alterações. Em ambos os casos falamos, pois, de variantes da Língua Portuguesa, mais ainda no segundo caso.
Fica, pois, claro que temos a Língua portuguesa e as suas variantes, sendo que o português é a língua dos portugueses e, por exemplo, o português do Brasil é a língua dos brasileiros. E sempre haverá as variantes, pois sempre haverá diferenças vocabulares, apesar de todas as tentativas, sempre falhadas para quimeras de unificação.
Ponto 2:
Em 1945, Portugal e o Brasil entraram numa das quiméricas tentativas de unificação do idioma, firmando-o devidamente com Decretos-Lei, que em Portugal recebeu alterações em 1973.
Editou-se, inclusive uma “Enciclopédia Luso Brasileira”.
Quase que desde logo o Brasil começou a desrespeitar este acordo, desviando-se do mesmo.
Portugal, no entanto, com as alterações que introduziu em 1973 e firmou em Decreto-Lei, já o Brasil há muito que se desviara, manteve-se fiel, sendo este o português actualmente legal, sendo ilegal, por falta de legalidade a nível nacional, qualquer outra forma que se pretenda, e se tem pretendido, impor.
Ponto 3:
Mais uma vez, em 1990 se entrou numa quimérica pretensão irrealizável de unificar o português com a sua variante brasileira.
Desta vez a insensatez levou a que se pretendesse incluir todos os povos que adoptaram o português como língua oficial.
Verificando-se o irrealizável que esta tarefa é, entrou-se em remendos ao pretenso acordo, desvirtuando-o e impossibilitando a sua legalização.
Devido a esta impossibilidade de legalizar um acordo que nunca existiu, optou-se, numa claramente cega teimosia política por impor a nível da Função pública este pseudo-acordo.
Tirando proveito da falta de brio nacional da maioria da actual população portuguesa, a classe política portuguesa adoptou a atitude ditatorial e desrespeitosa para com os cidadãos portugueses de impor a nível das escolas a escrita ilegal.
Devido à já referida falta de brio nacional da actual população portuguesa esta ilegalidade linguística tem-se prolongado por tempo já há muito inadmissível.
Coibo-me de referir como a questão se vem desenrolando no Brasil, deixando isso aos brasileiros.
Ponto 4:
Quando esta ilegalidade linguística começou a ser imposta nas escolas, ninguém se importou com o impacto que iria ter nas “criancinhas”, pelo que não se aceita agora esse falacioso argumento de que as “criancinhas” já aprenderam a escrever de forma errada e ilegal. Com maior força se impõe e justifica a reposição da legalidade na Língua Portuguesa.
Quinto e último ponto:
Não é por acaso que o dia 10 de Junho, dia de Portugal e da Língua Portuguesa, está a morrer na sua significância. Ambos estão moribundos, o país como nação e a Língua como idioma.
Por tudo o acima exposto, é facto que a Língua Portuguesa só existe em alguns Portugueses “vero”, não existindo na imposta ilegalidade, oficialmente imposta e agachadamente aceite por portugueses que apenas o são porque têm um cartão de plástico que assim o diz.»
Fonte: https://www.facebook.com/pimentelcosta/posts/3372241392820789
O "10 de Junho" de 2020 vai ser recordado (não celebrado) no Mosteiro dos Jerónimos, apenas com oito presenças: presidente da República, presidente da Assembleia da República, primeiro-ministro; presidentes do Tribunal Constitucional, do STJ, do STA e do Tribunal de Contas; e o Cardeal Tolentino de Mendonça.
E Marcelo Rebelo de Sousa explica: «O 10 de Junho será como achei que deveria ser o 25 de Abril e o 1.º de Maio”.
Será? Eu faço outra leitura desta “celebração” minguada.
Vejamos.
No 10 de Junho (data da morte de Luís Vaz de Camões, em 1580) celebra-se (ou devo dizer celebrava-se?) o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, mas também o Dia da Língua Portuguesa, da nossa Língua Mãe, da original, da europeia – a Língua de Camões - que transferiram para 5 de Maio, para ser o Dia (Mundial) da Língua Portuguesa, começando logo aqui o desvirtuamento desta lembrança.
O que os Portugueses celebravam (não celebram mais) no 10 de Junho era um Portugal que está a perder (se é que já não perdeu) a sua identidade linguística e cultural, ao alienar o seu mais precioso Património Cultural Imaterial - a sua Língua Portuguesa - porque uma Língua também é a sua ortografia, e esta anda por aí mutilada, esfarrapada, depauperada, afastada das suas origens indo-europeias, transformada no dialecto (=variante) de uma ex-colónia (Brasil). O que anda por aí mal escrita e mal falada já não é a nobre e celebrada “Língua de Camões”, mas tão-só uma mixórdia ortográfica e verbal, de que milhares de Portugueses, dentro e fora de Portugal (nas tais Comunidades Portuguesas), se envergonham.
Ó Tágides minhas, que me inspirais estas palavras, dizei-me o que há para celebrar neste dia 10 de Junho, no Mosteiro dos Jerónimos, onde descansam os imortais poetas Luís Vaz de Camões, Alexandre Herculano e Fernando Pessoa, que souberam honrar Portugal, espalhando a glória dos seus feitos e da sua Poesia, por esse mundo onde os Portugueses se abancaram?
Ó Tágides minhas, dizei-me que espécie de homens são estes, que entrarão no Templo e, diante dos túmulos destes imortais, soltarão ao vento vãs palavras, eivadas de vil hipocrisia, quando dos seus actos fazem atos, sem qualquer sentido, desonrando, desta forma, a memória de quem dignificou Portugal, com feitos valorosos.
O 10 de Junho já não é o Dia de Portugal, mas de um País cujos governantes o venderam por trinta dinheiros.
O 10 de Junho já não é o Dia de Camões, pois para o ser, os que vão aos Jerónimos não deviam fazer-de-conta que o celebram, pois se só o desonram, ao desonrarem a Língua que ele representa, e sabemos como o presidente da República de Portugal, a desonra, na sua página oficial!
O 10 de Junho já não é o Dia das Comunidades Portuguesas, porque a identidade portuguesa está a desmoronar-se como um castelo de areia, construído junto à língua das ondas, na orla das águas, das praias do Oceano Atlântico…
O 10 de Junho já não é o Dia da Língua de Camões, porque essa está a aguardar que a libertem dos calabouços do Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal, onde a mantêm impiedosamente cativa.
E é essa Língua Cativa, que me mantém activa, por isso, celebro-a, todos os dias, neste Lugar, onde a Língua Portuguesa chora e clama para que a libertem, e o 10 de Junho possa ser celebrado com a dignidade que merece.
Belíssimo poema de Camões, eternizado por um outro imortal português, Zeca Afonso, nesta belíssima balada.
Esta é a NOSSA CULTURA, a que devia ser celebrada, no 10 de Junho. Não a queiram esmagar.
Isabel A. Ferreira
Respondendo a um comentário que me deixou perplexa, pelo desaforo…
Comentário no post AO90: o maior erro histórico desde a fundação de Portugal, em 1139
Ficar de braços cruzados e ficar a destilar veneno na internet não adianta. Já se passaram dez anos e nada de Portugal voltar atrás com o AO90.O mundo está mudando e precisamos encontrar uma forma genérica para as duas variantes é uma desvantagem continuarmos assim no mercado de softwares. A maioria dos estrangeiros procuram o português brasileiro para aprender a falar. Os padres jesuítas que adaptaram o idioma depois que Marques de Pombal proibiu a pronunciação de qualquer outro idioma que não fosse o português. E anos mais tarde Getúlio Vargas proibiu que os imigrantes europeus e asiáticos famintos, depois da segunda grande guerra, falassem outro idioma além do português.Lembre-se: a língua é um organismo vivo em constante mudanças.
Laura Borelli Cabral
***
Cara Laura Borelli Cabral,
Agradeço este seu comentário, porque me dá oportunidade de esclarecer o que não está claro para si.
Diz a Laura: «Ficar de braços cruzados e ficar a destilar veneno na internet não adianta».
Neste ponto quem pede esclarecimentos sou eu: quem “fica de braços cruzados”, e quem “fica a destilar veneno”??????
Diz a Laura: «Já se passaram dez anos e nada de Portugal voltar atrás com o AO90.»
Quer que eu lhe responda? Porque Portugal não tem gente suficientemente corajosa e lúcida para reconhecer o gravíssimo erro que foi embarcar na canoa furada que o Brasil lhe pôs à porta, e porque os políticos portugueses, tal como os políticos brasileiros, sofrem de um complexo de inferioridade tal, se bem que por motivos diferentes, que uns acham que têm de esmagar o ex-colonizador, através da Língua; os outros acham que como os ex-colonizados são milhões, a escrever uma língua que eles acham que é portuguesa, há que ser subserviente ao “gigante”.
E isto só diz da pequenez de espírito dos que assim pensam.
Diz a Laura: «O mundo está mudando e precisamos encontrar uma forma genérica para as duas variantes é uma desvantagem continuarmos assim no mercado de softwares».
De que “duas” VARIANTES está a falar a Laura? Uma variante eu sei que é o DIALECTO (= variante de uma língua que apresenta particularidades fonéticas, lexicais, morfológicas, sintácticas) BRASILEIRO, que é uma variante da Língua Portuguesa. Chegados aqui, qual é a outra variante? Que eu saiba, todos os outros países da CPLP mantiveram a Língua Portuguesa intacta, e foram enriquecendo-a com os próprios regionalismos. Qual o problema no mercado de software, se a língua do mercado do software é a INGLESA? Pretendem que digamos à brasileira “mercado logiciário ou mercado de suporte lógico”? Mil vezes o anglicismo, porque a linguagem técnica não é traduzível, assim como não são traduzíveis os nomes próprios. Ninguém diz João Lenão. Sabe quem é? Um cantor, dos mais badalados, já falecido, fundador da Banda mais famosa do mundo, cujo nome traduzido é um horror linguístico.
Diz a Laura: «A maioria dos estrangeiros procuram o português brasileiro para aprender a falar.»
A maioria dos estrangeiros procura (não procuram; consegue ver a diferença?) o português brasileiro (= dialecto brasileiro) para FALAR, comunicar, porém, quando querem aprender o IDIOMA PORTUGUÊS não é o “brasileiro” que eles procuram, mas sim o PORTUGUÊS, o original, o europeu, o que é da grande família indo-europeia. E isto é um facto, não é uma ideia. Contudo, agora, vêm-se aflitos por causa do mal-amanhado acordês. A Língua Portuguesa, tal como está, será uma Língua para esquecer. E isto é um facto. Não, uma ideia.
Diz a Laura: «Os padres jesuítas que adaptaram o idioma depois que Marques de Pombal proibiu a pronunciação de qualquer outro idioma que não fosse o português».
E o Marquês de Pombal estava no seu direito, uma vez que o Brasil, naquela época, era território português e em território português fala-se a Língua oficial, ou seja, o PORTUGUÊS. Com toda a lógica. E os padres jesuítas também fizeram bem em adaptar a Língua, uma vez que o objectivo deles era evangelizar, e não se pode evangelizar numa Língua que os indígenas não conhecem. E isto faz parte da História da época. Quer se goste, ou não se goste.
Ora acontece que, hoje, o Brasil é um país independente e Portugal NÃO É território brasileiro. Então, por alma de quem é que os PORTUGUESES têm de grafar à brasileira, se os brasileiros se recusaram a grafar à portuguesa? Por serem milhões? A quantidade jamais foi bitola para esmagar a qualidade. Muito pelo contrário: quanto maior a quantidade, menor a qualidade. Isto acontece em tudo.
Dia a Laura: « E anos mais tarde Getúlio Vargas proibiu que os imigrantes europeus e asiáticos famintos, depois da segunda grande guerra, falassem outro idioma além do português.»
E Getúlio Vargas fez muito bem em proibir as “outras falas” que não a brasileira. Se assim não fosse o Brasil viraria uma BABEL. E não sei se sabe que para se ter uma determinada NACIONALIDADE um dos requisitos é saber falar a língua do país, e em Portugal, fala-se Português, não, Brasileiro.
E por fim a Laura diz algo muito estranho: «Lembre-se: a língua é um organismo vivo em constante mudanças.»
É verdade que a Língua é um organismo vivo em constantes mudanças (plural). Mas não é verdade que nessas constantes mudanças a Língua tenha de sofrer mutilações e reduzir-se ao dialecto (= variante) de uma ex-colónia.
As mudanças sempre se fizeram com fito no AVANÇO, não, no RECUO.
E o AO90, impingido a Portugal ilegalmente, constitui um monumental recuo, um retrocesso único no mundo: fazer regressar uma Língua, que deixou de ser um dialecto do Latim, para se tornar numa Língua Independente e Íntegra, a um dialecto oriundo dessa mesma Língua, que uma ex-colónia adoptou, com a agravante de se ter tornado numa “coisa” que nem é português, nem brasileiro; mas simplesmente numa mixórdia ortográfica que põe Portugal fora da família linguística indo-europeia.
E isto não é algo que os Portugueses dotados de espinha dorsal possam aceitar de ânimo leve.
Daí que, cara Laura Borelli Cabral, não venha para aqui tentar que atiremos fora a Cultura de um dos países mais antigos da Europa, que tem uma das também mais antigas Línguas da Europa, só por causa da desvantagem no mercado do software, que não é por acaso que se serve da Língua Inglesa para comunicar. Ou os Brasileiros não são capazes de escrever em Inglês, os vocábulos próprios da tecnologia informática, por terem muitas consoantes não-pronunciáveis, e querem reduzi-la ao básico e traduzi-la inabilmente?
Isabel A. Ferreira
Este texto, que ora público, foi escrito em 14 de Julho de 2019, na infocul.pt
Quase passado um ano, o título do artigo é o mesmo, só se acrescenta o AMANHÃ, porque amanhã, e vamos lá a ver se é desta, o assunto vai ser discutido no Parlamento.
Manuel Maria Carrilho (ex-ministro da Cultura) e autor do texto, intitula esta chamada de atenção como “Acordo Ortográfico: a última oportunidade para evitar um crime de lesa-pátria”, com a qual concordo plenamente.
O texto é de 2019, mas (como sempre), poderia ter sido escrito HOJE, porque nada avança neste nosso Portugal, cheio de gente com mentes demasiado lentas…
Milhares de olhos estarão postos, amanhã, nas cerca de duas centenas de parlamentares, que, numa tarde, podem fazer mais por Portugal, do que todos os outros, em trinta anos, (não) fizeram.
«– Ao trabalho, pois, senhores deputados – a “coisa” é exigente, é verdade, mas bem mais fácil do que parece.» (Manuel Maria Carrilho)
Por favor, amanhã, não esmaguem a alma portuguesa.
Isabel A. Ferreira
Por Manuel Maria Carrilho
«Acordo Ortográfico: a última oportunidade para evitar um crime de lesa-pátria
– (…) [Amanhã] o Parlamento vai, através da sua Comissão de Cultura, analisar a situação exposta – na verdade imposta – pelos mais de 20 mil subscritores da oportuna “Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico”, que ilegitimamente, num arroubo do mais ignorante voluntarismo, o governo de José Sócrates impôs ao país em 2009.
– É talvez a última oportunidade de evitar a consumação definitiva de um crime de lesa-pátria – a “minha pátria é a língua portuguesa”, escreveu e bem Fernando Pessoa -, crime que nos tornou, e tornará cada vez mais, minoritários (é isso, “minoritários”!) na nossa própria língua.
É uma oportunidade única que não se pode perder, que poderá evitar consequências tremendas para o nosso país em todos os planos, pelas quais temos que responsabilizar os nossos representantes e os nossos governantes. Aqui incluindo naturalmente o Presidente da República que, num assunto desta natureza, não se pode acocorar atrás de formalidades, sejam elas quais forem.
– Se nada de corajoso, rápido e inteligente for feito, é isto que vai acontecer: o português “de Portugal”, com os seus escassos 10 milhões de falantes, vai tornar-se num mero dialecto (é isso, “dialecto) do português “do mundo”, com os seus 250 milhões de falantes. E a tendência é que no fim do século este número ande perto de 400 milhões, enquanto Portugal cairá para os 8 milhões…
– Um dia contarei mais em detalhe o meu, digamos, envolvimento com o “Acordo Ortográfico”, quando fui ministro da Cultura, entre 1995 e 2000: seja quanto à sua inutilidade, seja quanto aos seus erros e aberrações.
– Para já, basta lembrar que nunca ninguém me ouviu falar dele, o que aconteceu por uma razão bem simples: pensei – e nisso tive todo o apoio do primeiro-ministro António Guterres [que acabou por se virar para o AO90] – que a melhor estratégia para liquidar aquele inútil aborto da herança cavaquista-santanista era justamente não falar dele, era metê-lo numa gaveta e votá-lo ao mais completo esquecimento.
– Cedo percebi que a estratégia resultava em pleno, porque se eu não falava do “Acordo Ortográfico”, a verdade é que nas dezenas de entrevistas que dei também nunca nenhum jornalista se lembrou sequer de me perguntar por ele…E o mesmo acontecia nos contactos com os meus homólogos dos outros países da CPLP. O assunto morria…de morte natural.
– Tudo se complicou um pouco, é certo, quando Durão Barroso aprovou em 2004 uma alteração ao “Acordo”, que limitava a três os Estados que, dos sete países da CPLP, o teriam que ratificar, “golpe” que revela bem a enorme fragilidade em que o processo se encontrava, e de que creio que não sairia.
– Seria preciso o voluntarismo patológico de José Sócrates para, mais tarde, quando na realidade o esquecimento tinha quase resolvido o problema (é esse justamente, como Nietzsche ensinou, um dos trunfos, e não dos menores, do esquecimento), subitamente se consumar o desastre, fazendo o Parlamento ratificar em 2008 a alteração de 2004 e decretando, logo a seguir, a sua ilegítima, ilegal e a meu ver inconstitucional entrada em vigor em 2009.
– É isto que agora, com determinação, mas também com um talento que não pode ignorar que já vamos em 10 anos de prática do “Acordo” (nos media, no ensino, etc., com todas as consequências que é preciso avaliar bem), é preciso resolver, limitando os danos causados até aos limites do possível, repondo a nossa língua no centro, não só do nosso patriotismo, mas também do nosso cosmopolitismo.
– Ao trabalho, pois, senhores deputados – a “coisa” é exigente, é verdade, mas bem mais fácil do que parece.
Boa sorte.»
Fonte do texto:
***
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Todos os dias deveriam ser dias para celebrar as crianças, tratando-as com o respeito que elas merecem, e não como se fossem muito estúpidas, que é como os governantes, nomeadamente o Ministério da Educação, as tratam ao impingir-lhes a mixórdia ortográfica (= AO90) que são obrigadas a “aprender”, sem qualquer outra opção, pois, de outro modo, serão cobardemente penalizadas, nas escolas, uma vez que a pretensão é "fabricar" semianalfabetos, para serem cidadãos mais fáceis de subjugar.
E isto, além de uma vergonha e desonra para o País, é um colossal insulto e um monstruoso desrespeito pelas crianças.
Por isso, excelências, não venham, hoje, Dia Mundial da Criança, pretender, hipocritamente, “celebrá-las”, neste dia, quando são os primeiros a menosprezá-las, pela via infame de as obrigar a escrever e a ler “incorretamente” (“incurrêtâment’”) a própria Língua Materna.
Isabel A. Ferreira
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