Ray Cunha nasceu em Macapá, à margem esquerda do rio Amazonas, na confluência com a Linha Imaginária do Equador, estado do Amapá, Amazónia Caribenha. É autor de: A Casa Amarela; Fogo No Coração; Jambu; De Tão Azul Sangra.
Ray Cunha publicou um texto, no Diário Carioca, no passado dia 25 de Janeiro (2021) e cuja leitura recomendo vivamente, porque nele está bem explícito os dois aspectos fundamentais desta questão, que, para os nossos governantes, é uma não-questão:
- Ao que veio o AO90;
- E o grande e grave erro em que Augusto Santos Silva (o dono da Língua), Marcelo Rebelo de Sousa (o brasileiro) e António Costa (o bem-mandado), não tendo dotes de timoneiros, insistem em manter (pois não é de bons líderes manter um tão grosso e grosseiro erro).
Diz Ray Cunha:
«A célebre frase literária se ajusta à nomenklatura lulapetista, embora o destino do Brasil, a província agrícola, florestal e mineral mais rica do planeta, é o de ser uma potência mundial, o que só poderá conquistar por meio da democracia. Só então a língua brasileira será respeitada, procurada e aprendida.»
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Não há qualquer dúvidaois píses duas línguas. A nossa colonização, através da Língua, já está em curso há muito, e também há muito vem sendo anunciada e denunciada neste Blogue. Porém, desta vez, não sou eu que o digo.
(Os excertos a negrito são da minha responsabilidade).
Isabel A. Ferreira
Por Ray Cunha
«O português falado e escrito no Brasil tem alegria, sons, cheiros, sol, mar e democracia que nenhum decreto ortográfico de Lula poderá mudar»
RAY CUNHA, DE BRASÍLIA – O ex-presidente e ex-presidiário Luiz Inácio Lula da Silva, presidente de honra do PT (Partido dos Trabalhadores), assinou, em 29 de setembro de 2008, na Academia Brasileira de Letras (ABL), no Rio de Janeiro, quatro decretos de promulgação do novo Acordo Ortográfico no âmbito da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em homenagem ao escritor Machado de Assis, que completava cem anos de morto (1839-1908).
“Com esses atos, Machado de Assis será duplamente exaltado: de um lado, a Academia lhe rende a mais expressiva homenagem neste ano em que celebramos o centenário de sua morte. E, de outro, a assinatura pelo presidente Lula dos decretos que promulgam o Acordo Ortográfico dos sete países lusófonos” – declarou, então, o presidente da ABL, Cícero Sandroni.
Segundo Cícero Sandroni, a promulgação do Acordo Ortográfico concretizava uma antiga aspiração de Machado de Assis, manifestada em um de seus discursos, em 1897. “A Academia buscará ser a guardiã de nosso idioma, fundado em suas legítimas fontes – o povo e os escritores, todos os falantes de língua portuguesa” – disse, na altura, o autor de Memórias Póstumas de Brás Cubas.
O argumento para mudanças ortográficas na língua portuguesa é que a alegada unificação da escrita no Brasil e em Portugal tornaria o português língua oficial da Organização das Nações Unidas (ONU). Supondo-se que fosse possível unificar a escrita das duas variações linguísticas, mesmo frases burocráticas, de documentos, são marcadas pela sintaxe, pelo estilo oriundo da cultura de cada um dos dois países.
O fato é que o novo Acordo Ortográfico não unifica o português de Portugal e o português do Brasil, mesmo que se trate de escrita burocrática. Qualquer tradutor na ONU terá que ser bom de ouvido, tanto para o falar lusitano, típico dos países de clima frio, como para o falar brasileiro, tropical, aberto. Isso, sem mencionar a linguagem crioula.
A pergunta que lateja é: A “unificação” da língua portuguesa escrita no Brasil com o português grafado em Portugal tem alguma utilidade? No caso do Brasil, não seria melhor investir maciçamente no ensino básico? E, depois, o Brasil tem mais com que se preocupar.
Enquanto Lula levava seu palanque para a Academia Brasileira de Letras, o Correio Braziliense, maior jornal da capital do país, publicava uma série de reportagens sobre crianças, meninas e meninos, que embarcavam em carros de luxo, no coração de Brasília, para serem estuprados a troco de comida.
A propósito, exploração sexual de crianças e escravidão sexual são comuns na província potencialmente mais rica do planeta, mas onde a miséria humana, a escravidão, o assassinato, campeiam. Enquanto Lula decretava uma escrita comum entre Brasil e Portugal, a tragédia se abatia na escola pública, por meio da qual universitários semialfabetizados, como Lula, se diplomam.
Não demorou, porém, para que se percebesse a que viera o novo Acordo Ortográfico. Foi para beneficiar editoras, principalmente as que integravam a panelinha do Ministério da Educação. A perspectiva era de faturar bilhões.
Creio que seria mais produtivo criar o Instituto Machado de Assis e, por meio dele, difundir mundialmente a língua portuguesa escrita e falada no Brasil. Os grandes escritores deste continente chamado Brasil são tradutores da nossa mestiçagem mulata, cafuza e mameluca, das nossas cores, cheiros e alegria. Quanto à CPLP, pode e deve influenciar a democracia, que vem sendo defendida com unhas e dentes pelo presidente Jair Bolsonaro, e se aperfeiçoar como bloco econômico.
Considerando-se o Brasil isoladamente, passamos à frente de Portugal, como os Estados Unidos superaram a Inglaterra. No nosso caso linguístico, enquanto o português lusitano se esgotou, o português brasileiro é uma língua jovem, enriquecida por idiomas africanos, pelo tupi-guarani, por estrangeirismos e pelo calor, cores, aromas, sabores e contexturas dos trópicos e da Amazônia.
Cada vez mais o Acordo Ortográfico se assemelha mais a uma peça de marketing do governo lulapetista, em um país de esmagadora maioria de alfabetizados funcionais – que leem mas não entendem o que leem –, com pelo menos 20 milhões de pessoas que vivem na Idade da Pedra – não sabem ler e, muitíssimos deles, não têm sequer certidão de nascimento; outros, são escravos mesmo, principalmente nos medievais estados da Amazônia.
No Brasil, nós não precisávamos de reforma ortográfica. Precisamos de reforma política, de reforma fiscal, de reforma educacional, de reforma do Judiciário, de reforma administrativa, de pacto federativo, e, sobretudo, de jogar os ladrões de colarinho branco na cadeia e fazê-los pagar tudo o que roubaram, mesmo que para isso seja preciso fazê-los trabalhar de sol a sol. É preciso acabar com a indecência da imunidade parlamentar, com a ditadura dos urubus, a quem só interessa carniça; faz-se necessário passar a limpo o Brasil corrupto.
Originada na Península Ibérica, a língua brasileira cada vez mais se impõe no planeta, levando para as regiões frias, que antes sediavam a metrópole, a riqueza cultural e a alegria dos trópicos, por meio da literatura, da tecnologia e do trabalho. Segundo arqueólogos e historiadores, tudo começou na região ocidental da Península Ibérica, há 300 anos Antes de Cristo, com soldados romanos e seu latim vulgar.
Oitocentos anos depois, o Império Romano começou a desabar, mas deixava, firmes, várias línguas, variantes do latim. O português escrito começou a ser utilizado, em documentos, no século IX, e, no século XV, já se tornara língua literária. Desde os romanos, havia duas províncias na região em que se formou a língua portuguesa: Lusitânia, hoje Portugal, e Galécia, ou Galícia para nós, brasileiros, ao norte.
O Império Romano conquistara a região ocidental da Península Ibérica, criando as províncias da Lusitânia e da Galécia, equivalentes, hoje, ao centro-norte de Portugal e à província espanhola da Galícia, a noroeste da Espanha, nas quais se começou a falar latim vulgar, do qual nasceram as línguas neolatinas e 90% do léxico, ou dicionário, do português. Os únicos vestígios das línguas nativas dessa região dormem na toponímia da Galícia e de Portugal.
Entre 409 e 711, depois de Cristo, o Império Romano entrava em colapso e a Península Ibérica era novamente invadida, agora por povos de origem alemã – suevos e visigodos –, que os romanos chamavam de bárbaros. Entretanto, os novos invasores absorveram a língua romana da península. Como cada tribo bárbara falava latim à sua maneira, o resultado foi a formação do galaico-português ou português medieval, espanhol e catalão.
Os estudiosos acreditam que foram os suevos os responsáveis pela diferenciação linguística dos portugueses e galegos quando comparados aos castelhanos. Durante o reinado suevo, palavras guerreiras foram impostas em línguas germânicas, tal como “guerra”.
Em 711, depois de Cristo, a península foi invadida pelos mouros, de língua árabe, oriundos do norte da África. O árabe foi utilizado, nessa época, como língua administrativa nas regiões conquistadas, mas a população continuou a falar latim vulgar.
Em 1249, os mouros foram expulsos, mas deixaram grande número de palavras árabes, especialmente relacionadas à culinária e à agricultura, sem equivalente nas demais línguas neolatinas, além de nomes de locais no sul de Portugal, como Algarve e Alcácer do Sal. Muitas palavras portuguesas que começam por “al” são de origem árabe.
O mais antigo documento latino-português de que se tem conhecimento é a Carta de Fundação e Dotação da Igreja de S. Miguel de Lardosa, datada de 882, depois de Cristo. O Testamento de Afonso II, de 1214, é o texto em escrita portuguesa considerado mais antigo. Esses documentos estão guardados no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa.
O vernáculo escrito passou, gradualmente, para uso geral a partir do fim do século XIII. Portugal se tornou país independente em 1143, com o rei Dom Afonso I. Em 1290, o rei Dom Dinis criava a primeira universidade portuguesa em Lisboa – Estudo Geral – e decretou que o português, então chamado “linguagem”, substituísse o latim no contexto administrativo.
Em 1296, o português foi adotado pela Chancelaria Real. A partir daí, a língua galego-portuguesa passou a ser utilizada também na poesia. Já em meados do século XIV, o português alcançara tradição literária. Nessa época, os nativos da Galícia começaram a ser influenciados pelo castelhano, base do espanhol moderno. Entre os séculos XIV e XVI, com as grandes navegações, a língua portuguesa é difundida na Ásia, África e América.
Na Renascença, aumenta o número de palavras eruditas do latim clássico e do grego arcaico, ampliando a complexidade do português. O fim do português arcaico é marcado pela publicação do Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, em 1516.
Hoje, fala-se oficialmente português nos oito países que integram a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP): Angola (África), Brasil (América do Sul), Cabo Verde (África), Guiné-Bissau (África), Moçambique (África), Portugal (Europa), São Tomé e Príncipe (África), e Timor-Leste (Ásia). Mas em cada uma das ex-colônias portuguesas falam-se, na verdade, variantes do português de Portugal.
Também se fala variantes de português nas seguintes regiões: Galícia (província da Espanha, Europa); Goa, Diu e Damão (Índia, Ásia); Macau (China, Ásia), Málaca (Malásia, Ásia) e Zanzibar (Tanzânia, África).
A escrita da língua portuguesa é semelhante em todos os países da CPLP, com poucas variações gramaticais. O que muda, de forma mais evidente, além da grafia de um certo número de palavras, é o significado de outras tantas palavras, com conotações diferentes de região para região; o modo de se utilizar formas verbais; e o estilo erudito, isto é, o modo de se construir frases e contextos literários.
Quanto ao falar, um brasiliense só se entenderá com um lisboeta, por exemplo, se ambos conversarem vagarosamente e pronunciarem claramente as sílabas das palavras.
Contudo, trata-se da quinta língua mais falada no planeta, por cerca de 240 milhões de pessoas, em quatro continentes. Se Portugal é o portão de entrada da lusofonia no Velho Continente – a Europa –, o Brasil é o gigante do bloco. No Brasil, a língua portuguesa sofreu influências do tupi-guarani – tronco linguístico dos índios da América do Sul – e de várias línguas africanas.
Desde o início do século XX, Portugal e Brasil buscam a unificação da língua portuguesa escrita em ambos os países, para chegar, pelo menos, ao consenso de um texto burocrático, que possa reforçar o idioma na Organização das Nações Unidas (ONU). Mas a verdade não pode ser mudada. O português de Portugal se esgotou, enquanto o português do Brasil foi enriquecido pelo índio, pela África e pelo trópico, e é aberto.
A reforma ortográfica tudo muda para nada mudar, como diz uma personagem do romance O Leopardo, de Giuseppe Tomasi Di Lampedusa, referindo-se à monarquia italiana, então com as ventosas no erário, como ocorre no Brasil de Lula e do patrimonialismo de Sarney, levado à loucura.
A célebre frase literária se ajusta à nomenklatura lulapetista, embora o destino do Brasil, a província agrícola, florestal e mineral mais rica do planeta, é o de ser uma potência mundial, o que só poderá conquistar por meio da democracia. Só então a língua brasileira será respeitada, procurada e aprendida.»
Fonte:
De Manuel Alte da Veiga, Professor aposentado do ensino universitário, recebi, via e-mail, a seguinte mensagem:
«Anexo um artigo publicado no 7 MARGENS, em que remato com uma síntese do «fenómeno AO90». Acho incrível que o chamado Governo guarde silêncio. Não sabe dar atenção. Não revela um nível satisfatório de cultura e sensibilidade. Como é possível elegermos uma Assembleia que não é representante e muito menos defensora da nossa cultura?»
A perplexidade do Professor Manuel Alte da Veiga, é também a minha perplexidade, e a perplexidade de milhares de Portugueses pensantes. Como é possível termos chegado a tão baixo nível linguístico-cultural, a partir do tal “fenómeno AO90”?
Mas vejamos o que nos tem a dizer o Professor Manuel Alte da Veiga sobgbre a nova tradução da Bíblia e sobre o AO90.
Isabel A. Ferreira
Lucas, visto por Andrea Mantegna (c. 1431-1506): Polittico di S. Luca (pormenor); Pinacoteca de Brera (Milão, Itália): “Lucas é o único que nos dá a saber o modo como trabalhou para elaborar a sua obra.”
ENSAIO BÍBLICO DE DIMAS ALMEIDA
(Sobre a nova tradução da Bíblia)
NB: O texto que segue apresenta ligeiras alterações, propostas pelo 7 MARGENS.
SOMOS CONTINUADORES DAS GRANDES PERGUNTAS
Sobre o ensaio bíblico de Dimas Almeida
Os exemplos de tradução dos evangelhos, dados por Dimas Almeida, no 4º texto do ensaio que publicou no 7 MARGENS, foram objecto de discussão num pequeno grupo de amigos. Para os meus 5 anos de grego já patinado, o texto de Dimas é o que melhor representa o original. Ficámos a pensar que os 2000 anos passados não nos fazem mais inteligentes ou mais simples, mas sim continuadores das grandes perguntas e dos grandes interesses, com as mesmas tendências fundamentais positivas e negativas, embora sujeitos continuamente a novos condicionalismos. Até gostamos de usar expressões praticamente idênticas. O que é patente nas traduções propostas por Dimas: parecem mais próprias do que se diria hoje em circunstâncias paralelas.
Mas faltava-me ver traduções de passagens «delicadas», como as que se referem à última ceia e sobretudo aos vários títulos que os evangelistas e escritores ou comentadores ao longo dos tempos foram aplicando, com avanços e recuos, à pessoa e missão de Jesus. O texto nº 9 chamou-me a atenção, ao falar de Logos eterno, de filho de Deus, unigénito, etc..
Como é próprio de conceitos «ricos», o significado de monoghenês e theós dificilmente poderá ser definido e facilmente servirá de apoio a ideias preconcebidas. Mas parece-me demasiado obscura, semântica e estilisticamente, a parte em negrito da frase: «Um Unigénito, Deus, o que está no seio do Pai, é que foi seu intérprete». Já o resto da tradução parece muito feliz e mais afim com a noção de Espírito de Deus (que podemos sentir como experiência relacional da íntima e eterna Palavra e Sabedoria). Aliás, a experiência de Deus como «uno», na Bíblia hebraica e no Corão, deveria ser tida em conta nas traduções, como notas ou até enriquecendo as introduções.
Também se deveria dar atenção explícita ao facto de, por trás desta preocupação pelo sentido original dos termos mais provocadores de dissensões, se desenharem cada vez com mais força sentimentos quer fundamentalistas quer depreciativos. Como acontece aos conceitos de «Palavra de Deus», «Livro sagrado» e «Revelação».
Apresentarei algumas achegas (minhas e não só) sob a forma de questões (à moda das Responsa a Pontificia Commissione De Re Biblica edita, proclamadas sob o fortíssimo peso da autoridade absoluta dessa Pontifícia Comissão – elaboradas desde 1905 até 1933).
QUESTÃO 1: «Palavra de Deus» não será uma expressão compreendida muitas vezes de modo idolátrico e irracional? Como Palavra incarnada, não será equivalente ao estatuto do Corão, à semelhança do que é Cristo para os cristãos?
QUESTÃO 2: Não subsistirá ainda a subterrânea pretensão de descobrir uma «fórmula de Deus» nos chamados livros sagrados? E que cada «fórmula» se apregoa como a única genuína, seja em disputas inter-religiosas seja dentro da mesma confissão de fé? Pior ainda, usando os livros sagrados como se fossem livros de receitas (espirituais, políticas, morais…)?
QUESTÃO 3: Lendo os comentários apensos a The Jewish Study Bible (2.ed.Oxford Univ. Press,USA.2014), The Jewish Annotated New Testament (2.ed.ibidem (2017), The New Oxford Annotated Bible With the Apochrypha.(NRSV.4.ed.Ibidem.2010), guardei a impressão de que o Judaismo, relativamente ao Cristianismo e Islão, aceita melhor a elaboração (razoável) de sentidos diversos. Como que são mais realistas, praticamente admitindo que a palavra original já é uma espécie de tradução do sentimento e pensamento, condicionada pela cultura local, pelas virtualidades da linguagem utilizada e pelas pressões de grupos de poder. Consequentemente, por que não admitir que qualquer edição ou qualquer tradução exprime um incremento da vida espiritual ao reagir perante os textos e comentários ao longo do tempo, estimulando o desejo especificamente humano – compreender-se a si e ao universo e a todas os fenómenos de que vamos tendo consciência? Não teremos que ser mais humildes e enriquecermo-nos com as contínuas interpretações pelos tempos fora?
QUESTÃO 4: As traduções interconfessionais (não só cristãs) não deverão ser preferidas ao trabalho de um só grande autor ou, o que não é melhor, de uma equipa que não se arrisca a pensar fora do respectivo catecismo?
QUESTÃO 5: Se nenhuma tradução é garantidamente livre de contradições, incorrecções e passagens obscuras, em geral já existentes no original, por que não partir do princípio de que TRADUÇÃO NÃO É TRAIÇÃO: é expansão do dinamismo da obra original?
QUESTÃO 6: Por que não aceitar a justificação apresentada pelo próprio texto corânico: as passagens questionáveis só põem à prova a fé ou boa intenção do crente? Aliás, o próprio Maomé (como qualquer outro autor) não evoluiria no pensamento e no agir?
QUESTÃO 7: Por outro lado, se consideramos a Bíblia Hebraica (e os seus Apócrifos e Comentários) como reacção mais ou menos elaborada às várias situações da vida de um povo em formação, não devemos considerar «normais» a existência de passos obscuros e contraditórios?
QUESTÃO 8: Sendo tão importante a exactidão linguística e a retenção dos valores das línguas indo-europeias (particularmente dos ramos germânico e itálico), por que é que se aceitou tão submissa e acriticamente a proposta do chamado AO90? Valerá a pena fechar os olhos às falhas graves quanto à fundamentação científica, legalidade do processo e quais os objectivos que dissimulada, mas realmente interessava atingir? E quanto aos considerandos históricos e geopolíticos? Não importa o embrulho instaurado, que torna mais confusas as traduções (incluindo a mistura brasileiro-português) e delapida a riqueza semântica das palavras (embora estas não sejam «a Palavra»)?
O vírus do facilitismo, interesseirismo disfarçado, mais a indiferença pela cultura e beleza produzem maus originais, péssimas traduções e até abrem portas a pandemias.
MANUEL ALTE DA VEIGA: Professor aposentado do ensino universitário.
Vêm todos para as televisões muito preocupados com a pausa de quinze dias (que podem ser mais, devido ao agravamento da pandemia), porque aqui d’el rei que está provado que se se interromperem as aulas perde-se o fio à meada da aprendizagem, como se não fosse possível recuar, para recomeçar. E tratando-se de crianças, elas têm uma capacidade extraordinária para aprenderem e desaprenderem e tornarem a aprender, e se for preciso desaprenderem novamente, para logo aprenderem outra vez, sem o mínimo prejuízo.
Mas isto, para os decisores, é um bicho de sete cabeças.
Contudo, a grande questão, o grande prejuízo, o grave problema, como refere o escritor Fernando Dacosta, para todos os alunos de todos os níveis de ensinos, é a aplicação da mixórdia ortográfica, que lhes andam a impingir nas escolas, abrangendo todas as disciplinas, todos os alunos, todos os professores.
A Língua Portuguesa bem estruturada e gramaticalmente bem construída é o PILAR de toda a aprendizagem. É absolutamente fundamental, porque o desenvolvimento da inteligência acompanha a evolução da linguagem.
Comunicação, informação, memória cultural, transmissão, inovação e ruptura: eis o que a linguagem permite à inteligência. Clarificação, organização, ordenamento, análise, interpretação, compreensão, síntese, articulação: eis o que a inteligência oferece à linguagem.
Isto está estudado. E quem tiver curiosidade de aprofundar o assunto vá à Internet e procure os muitos estudos já realizados, que o comprovam.
«Fechar as escolas era liquidar o ano lectivo» disse Marcelo Rebelo de Sousa, antes de se fecharem as escolas. Contudo, o ano lectivo, à partida, já está liquidado, pelo vergonhoso ensino da mixórdia ortográfica portuguesa (novo nome da disciplina de Português), que anda a gerar os analfabetos funcionais do futuro.
O ensino está um verdadeiro caos. Só os cegos mentais não vêem isto.
Neste País de faz-de-conta fechem-se as escolas e faça-se de conta que houve um chumbo colectivo. Afinal, a aprendizagem já está perdida, há muito.
Aproveite-se o fecho das escolas para:
- Qualificar o desqualificado ENSINO.
- Dar melhor formação aos professores, nomeadamente aos de Português, para que saibam ler, escrever, usar e falar correCtamente (nada de usar o verbo TAR) a Língua Portuguesa. O nosso País chama-se PORTUGAL.
- Atirem-se ao lixo os manuais escolares amixordizados, e editem-se manuais escorreitamente escritos, em Bom Português.
- Reponha-se a ortografia portuguesa de 1945.
- Revejam-se as matérias curriculares.
- Tornem o ensino mais criativo. Mais aliciante.
- Ensinem os alunos a PENSAR. Não, a simplesmente obedecer.
Depois, abram as portas das escolas, e deixem entrar a LUZ do SABER.
Só então teremos escolas a cumprir a sua função: formar os alunos para o exercício de uma cidadania responsável, em que conte, acima de tudo, o amor pela Cultura e Língua Portuguesas.
Ouvi António Costa dizer que se fechassem as escolas teríamos maus políticos no futuro (mais ou menos isto). Não é verdade. Tanto quanto sabemos, as escolas, que os actuais políticos frequentaram, nunca fecharam, e os políticos são o que são: péssimos!
Ouvi também António Costa dizer, a propósito das restrições da pandemia, que não teria vergonha de recuar (mais ou menos isto).
Pois então? Também não tenha vergonha de recuar no que ao Acordo Ortográfico de 1990 diz respeito, porque é o maior erro de todos os erros que os políticos já cometeram.
Até porque recuar, para melhorar, é da INTELIGÊNCIA.
Manter o erro é da estupidez! E não sou apenas eu a dizê-lo.
Isabel A. Ferreira
Todos os Portugueses pensantes, em Portugal o dizem, o sabem, o demonstram: o AO90 é um aborto ortográfico fraudulento, que apenas os ignorantes ou os muito mal-intencionados, ao serviço da ignorância e da estupidez, crêem que tem pernas para andar, que já assentou arraiais, e não pode ser mandado às malvas.
Puro engano, que um estranho delírio gera.
Mas vamos aos factos:
Em Junho do ano passado, o Partido Os Verdes (PEV), apresentou na Assembleia da República o Projecto de Resolução 533/XIV – Avaliação do Acordo Ortográfico de 1990 - que foi discutido e votado em plenário, na passada sexta-feira, dia 15 de Janeiro, com grande sigilo, por parte da comunicação social servilista.
Como já era de esperar, o resultado foi mais do mesmo, porque nesta questão do AO90, o que impera é uma abismal incompetência, assente numa colossal ignorância que, por sua vez, tem origem na falta de habilitações literárias específicas, que lhes outorguem aptidão para poderem aprofundar esta questão com conhecimentos adequados sobre Língua Portuguesa (que, aliás, poucos deputados escrevem e falam escorreitamente), e um baixo nível intelectual, que os impedem de saber separar o trigo do joio.
E o resultado ficou à vista nas desvairadas intervenções do deputado Pedro Cegonho (PS), e da deputada Fernanda Velez (PSD) que esgrimiram pseudo-argumentos, absolutamente delirantes, sem o mínimo fundamento linguístico-científico, que os sustentasse.
Duas intervenções de amadores, sem os mínimos conhecimentos, nem formação académica adequada para discutir o tema, intervenções essas que podem ser vistas e ouvidas nestes vídeos.
Mas por onde andarão e o que estarão a fazer os habilitados, os profissionais em Língua Portuguesa, os linguistas, os professores que a abandonam às mãos de amadores?
A deputada Fernanda Velez diz que não faz sentido suspender o AO90?
Não faz sentido suspender o AO90 para os ignorantes, senhora deputada. Unicamente para os ignorantes, que negam as mais evidentes evidências. O AO90 está a levar Portugal para um analfabetismo funcional sem precedentes, só os cérebros de pedra não vêem isto. Ouçam os milhares de VOZES DISCORDANTES, que apresentam argumentos que fazem cair por terra o malfadado AO9O!
Abram as mentes e OUÇAM essas vozes: são aos milhares contra uma escassa centena de parlamentares sem habilitações adequadas para abordarem esta matéria.
Nunca pensaram o porquê da existência dos diversos cursos, que outorgam habilitações académicas específicas, para que cada um possa exercer a sua profissão com conhecimentos adequados?
Diz a sabedoria popular que um dentista não opera apendicites.
Desenterrem essas cabeças cheias de nada, da areia, e olhem o estrago, real e concreto, que o AO90 está a espalhar pelo País.
E recuem, porque é da inteligência RECUAR.
Isabel A. Ferreira
Quanta ignorância, quantas mentiras, quanta hipocrisia para aqui vai. Não é com gente deste calibre que Portugal avança. Nem todos, em Portugal, são parvos, para aceitar a vergonhosa intervenção deste deputado ao serviço da ignorância e da estupidez.
Tenham vergonha, e acabem com esta farsa chamada acordo ortográfico de 1990, que só serviu para aumentar a iliteracia e o analfabetismo funcional, em Portugal, bastamente enraizados no parlamento português.
Para memória futura aqui fica registada a enxurrada de disparates que o actual governo socialista quer transformar em verdades, que apenas eles descortinam do nada… Porque, de resto, o desacordo é total e anarcográfico.
Como é que isto é possível?
A quem pretendem enganar?
Porque Marisa Matias tanto quis unir o feminino e o masculino, que acabou por dizer o seu contrário: de um lado ficam as mulheres, do outro, os homens, e todas juntas, de um lado, constroem o tal algo de que não me lembro. Do outro lado, os homens todos juntos constroem outro algo que até pode ser diferente.
Se as mulheres e os homens estivessem TODOS juntos, talvez construíssem algo dignificante para a Língua Portuguesa.
O uso deste tipo de linguagem, a que chamam inclusiva, e é uma das bandeiras do Bloco de Esquerda, só demonstra uma monumental ignorância.
E uma Presidente da República, a falar assim, seria uma vergonha para Portugal, que se preza de ter uma Língua culta e escorreita, considerada uma das mais belas do mundo, e que agora anda por aí feita as manas da Gata Borralheira.
Deixo aqui o significado de Todos, para que TODOS os bloquistas (ou teria de dizer bloquistos?) e os OUTROS aprendam, de uma vez por todas, que esta linguagem é uma monumental parvoíce.
Fonte da imagem:
https://24.sapo.pt/opiniao/artigos/todxs-e-tods-e-todes-linguagem-inclusiva-ou-palermice
Aproveitem este link, e leiam o texto que esta imagem ilustra, da autoria de Guilherme Duarte, com o qual estou totalmente de acordo, excepto quando ele diz «Não tenho nada contra quem diz “todos e todas”, acho desnecessário, mas cada um com a sua mania (…)». Mas eu tenho.
Isabel A. Ferreira
***
to·da |ô| 2
(feminino de todo)
pronome indefinido
adjectivo
Palavras relacionadas:
outrem, algo, ambos, ambinhos, ná, pouquinho, alguém
.
to·do |ô|
(latim totus, -a, -um, todo, inteiro)
quantificador universal e pronome indefinido
adjectivo
nome masculino
todos
nome masculino plural
"toda", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/toda [consultado em 16-01-2021].
Manuel (Matos) Monteiro dixit...
... bem como todos os Portugueses, que têm a capacidade de PENSAR, o gritam, em alta voz, há demasiado tempo.
Aliás, nesta questão do AO90, os acordistas, que se acham progressistas, e consideram os não-acordistas uns pobres diabos reaccionários, demonstram uma ignorância descomunal, porque ser progressista, não significa ir de cavalo para burro, que é o caso deles, pois ao aplicarem o AO90 recuaram ao ano de 1943, quando o Brasil elaborou o seu Formulário Ortográfico, no qual o AO90 assenta, 99%, na aplicação da Base IV, referente às consoantes mudas: extinção completa de quaisquer consoantes que não se proferissem, ressalvadas as palavras que tivessem variantes com letras pronunciadas ou não. Desta devastação salvaram-se, contudo, uns poucos vocábulos, que os acordistas portugueses se apressaram a deformar, seguindo a regra mais parva que já alguma vez se criou - o que não se lê, não se escreve - transformando essas palavras em monos ortográficos: exceto, receção, aspeto, infeto, etc. … E isto é que é ser reaccionário = retrógrado = aquele que anda para trás. E nesta questão, recuou-se de uma Língua para um Dialecto.
Mas a questão não é esta. A questão é entre a inteligência e a estupidez, como bem referiu Manuel Monteiro.
A nossa grafia, a grafia portuguesa é a de 1945, a que está verdadeiramente em vigor. Quem é que andou para trás? Quem recuou até 1943, para ir atrás dos milhões?
Sabemos que a estupidez é algo infinito na dimensão, mas não no tempo. Podemos acabar com ela a qualquer momento.
Isabel A. Ferreira
Diz o seu director-adjunto, Amílcar Correia:
"No ano que terminou, um ano para esquecer, como se chamava o nosso especial dedicado aos acontecimentos de 2020, o PÚBLICO foi o site de referência em Portugal com mais visitas. O PÚBLICO online totalizou mais de 276 milhões visitas durante o último ano, um crescimento de 43% face a 2019. O tempo médio de permanência dos leitores nas páginas do site aumentou 35% nos últimos 12 meses. Comparando com os dados revelados pelo Expresso e pelo Observador, o PÚBLICO teve mais 35% de visitas do que o primeiro (que registou um total de 203 milhões de visitas) e mais 4,3% do que o segundo (que registou 264 milhões de visitas)."
Isto não surpreende, porque os Portugueses que LÊEM não procuram ler textos truncados, escritos no vergonhoso mixordês, que anda por aí, e nada tem a ver com a Cultura Linguística Portuguesa.
Quem LÊ, procura textos escorreitamente escritos em Bom Português, e não só o Jornal PÚBLICO, como LIVROS, que, felizmente, estão a desabrochar, por aí, em Bom Português, incluindo as traduções de obras estrangeiras.
Parabéns PÚBLICO! Parabéns a todos os que preferem o que é Português, porque o que é Português é bom e é nosso!
Isabel A. Ferreira
«Será uma exigência a discussão da Língua Portuguesa e do AO90 nos vossos debates, caros candidatos à Presidência da República. Os Portugueses, de quem se dirão representantes, desejam-na.» (Maria do Carmo Vieira - Professora)
«A Língua Portuguesa também deveria interessar aos candidatos à Presidência»
Por Maria do Carmo Vieira
Todos os cidadãos têm o direito de ser esclarecidos objectivamente sobre actos do Estado e demais entidades públicas e de ser informados pelo Governo e outras autoridades acerca da gestão dos assuntos públicos. N.º 2 do Artigo 48.º da Constituição.
Em qualquer eleição que se realize, não há candidato que não justifique a sua candidatura, invocando o desejo de bem servir o país e o povo, ou que não alerte e incentive para a necessidade de, em democracia, ser benéfica a intervenção dos cidadãos porque forma de a sustentar e fortalecer. Palavras que conduzem ao significado etimológico de Política e que é, ou não, do conhecimento dos candidatos. Inicialmente, congratulámo-nos com a bondade dessas palavras, depois conhecemos a desilusão, mas na complexidade que caracteriza todo o ser humano, apesar de desiludidos, incitamo-nos continuamente a teimar, a recomeçar, como uma espécie de sobrevivência espiritual.
Redigido o preâmbulo, dirijo-me agora a todos os candidatos presidenciais cujos encontros a dois já se iniciaram nas televisões, em princípio, para que os cidadãos conheçam as suas ideias relativamente aos vários temas que caracterizam e tecem a vida de uma sociedade. Relevante será o papel dos jornalistas que moderam os debates e a quem se exige conhecer e estar atento a esses temas essenciais: saúde, educação, cultura, trabalho, migração, economia, política externa, etc. Forçosamente, incidirá a minha atenção sobre a Língua Portuguesa, património privilegiado em duas áreas íntimas entre si – Educação e Cultura – que são substanciais no desenvolvimento de um país e na formação espiritual dos seus cidadãos. Duas mais-valias que não podem ser interpretadas na perspectiva do lucro imediato, mas a médio e a longo prazos.
Assim acontece com a Natureza que requer tempo para criar e que o Homem tem destruído, com uma rapidez estonteante, movido pela ganância do lucro rápido, bem evidente na proliferação de culturas intensivas e na construção desenfreada, com a consequente destruição da biodiversidade e da extinção de espécies (serra de Carnaxide, barragens a eito para depois serem vendidas ou aeroportos sem um sério estudo de impacto ambiental …), numa miríade de exemplos que poderiam ser identificados.
Mencionar a Língua Portuguesa, património identitário que “gerações dos nossos maiores” pacientemente trabalharam, enriqueceram e valorizaram, implica forçosamente pensar na sua ortografia, relíquia que nos conta a história das múltiplas influências geográficas e linguísticas, ao longo dos tempos. Uma ortografia que disputas políticas, negociatas, sucessivas aventuras e irresponsabilidades várias têm vindo a lesar impunemente. E chegamos ao cerne da questão: o Acordo Ortográfico de 1990 que nos foi imposto e cuja discussão nunca foi abertamente feita, com a lamentável cumplicidade da Comunicação Social, na sua generalidade, que se tem recusado abordar o tema quando nesse sentido contactada.
Senhores candidatos à Presidência da República, tendo em conta os ideais democráticos que vos orientam, ou deveriam orientar, e o respeito pela Constituição, no dever de defesa e de preservação do nosso património cultural (artigo 78.º, n.º 1) em que se integra a Língua Portuguesa, será intolerável que não discutam, nos debates em que intervirão, e a par de outros temas, a polémica que se arrasta há anos relativamente ao AO90 (independentemente de serem a favor ou contra) e cujas nefastas consequências são visíveis no dia-a-dia, com uma repercussão fortemente negativa na qualidade do Ensino e da Cultura.
São indesmentíveis a instabilidade e o caos que este acordo trouxe, e não há quem não os presencie, seja na aplicação dos hífens ou na existência das facultatividades ou na supressão de acentos, ou nas novas palavras, como “receção” ou “conceção”… que em flagrante contrariam a impossível “unidade ortográfica” ou ainda na avalancha diária de “corrutos”, “sutis”, “núcias”, “patos”, “impatos”, “contatos”, “convição”, “batérias”, “infeciologia”, “fatos”, “putrefato”, “manânimo”, exemplos que se desdobram numa listagem infindável de palavras inventadas que a Associação Portuguesa de Tradutores, entre outros, tem rigorosamente registado. A própria pronúncia das palavras está a ser atingida por esta voracidade e por isso mesmo ouvimos amiúde, na televisão e na rádio, a euforia de “infeção” (com a vogal fechada) e “infeciologia” (aqui com o “e” aberto, mas falhando um “c”, ao arrepio das próprias regras deste acordo que o mantém porque “pronunciado”).
Tendo ainda em conta que:
Creio, na base do que enumerei, repetindo vozes em número infindável, que será uma exigência a discussão deste tema, nos vossos debates, caros candidatos à Presidência da República. Os Portugueses, de quem se dirão representantes, desejam-na.
Termino com palavras de António Emiliano, conhecendo as nefastas experiências dos professores com o uso forçado do AO90 e certa de que serão também motivo de reflexão: “A ortografia não é apenas património cultural do Povo português […] é a ferramenta que dá acesso a todas as áreas do saber. A estabilidade ortográfica é um bem que importa preservar: pôr em causa a estabilidade ortográfica é atentar contra a qualidade do ensino, contra a integridade do uso da língua e contra o desenvolvimento cultural e científico do povo português.”
Fonte: https://www.facebook.com/groups/178207905663865/permalink/1864409907043648/
O AO90 é um tema tabu para os órgão de comunicação cocial, ou melhor, estão proibidos de o abordar.
«Poderia dizer muita coisa a respeito de tal "jornalismo", que ignora uma das questões mais fracturantes da nossa sociedade, sobre a qual se pronunciaram (e continuam a pronunciar-se) as maiores figuras da Cultura portuguesa. Sobre a qual foram assinados manifestos e petições contra. Sobre a qual, sempre que foram empreendidos inquéritos à opinião pública, o NÃO ganhou com uma votação estrondosa, da ordem dos noventa e tal por cento.
Poderia realmente dizer muita coisa. Mas, sinceramente, é difícil classificar tal atitude jornalística. Uma atitude que, ao fim e ao cabo, traduz apenas a INÉRCIA generalizada de um povo, que permanece impassível perante a paulatina destruição da sua Língua, uma língua centenária e de tantos pergaminhos; destruição essa claramente constatada no dia-a-dia, em que vemos o Português substituído por um "brasileirês/mixordês". Nas televisões, nos jornais, nas revistas, nos livros, nas legendas dos filmes, nos jogos online, para não falar nas dobragens dos desenhos animados. Quando se vê "dobrado em português", depara-se com o português falado pelos brasileiros! Supostamente, o "acordo" pretendia unificar e prestigiar o Português. Em vez disso, conseguiu praticamente acabar com ele, substituindo-o pelo linguajar do colonizado, misturado com um arremedo de si mesmo.
Parabéns (muito cínicos) aos seus fautores!
Poderia realmente dizer muita coisa, mas vou optar pelo termo inglês "disgusting". Numa altura em que também os anglicismos abundam, talvez não melindre tanto...»
Fonte:
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