Neste conturbado momento que o nosso País atravessa, quando as injustiças estão a vir à tona, em catadupa, como se não existissem Justos nem Justiça em Portugal, esta carta, de Amadeu M., dirigida a Augusto Santos Silva é uma daquelas pérolas raras, extremamente realista, a qual, se houvesse os tais Justos e Justiça em Portugal, depois da sua publicação, amanhã mesmo, os responsáveis pela mixórdia ortográfica portuguesa, imposta aos Portugueses, sem que lhes fosse pedida licença, os levaria a pedir a demissão, ou, no mínimo, mexer os cordelinhos para acabar com o AO90, como milhares de lusófonos desejam.
Bem sabemos que pedir a demissão de um cargo, que por um qualquer motivo, falhou nos seus objectivos, é algo para gente com espírito superior, com honra, e dotada de uma postura erecta. Contudo, tenhamos esperança de que, entre o joio político, exista um grão de trigo, que possa fazer rejuvenescer o trigal.
Esta carta é de leitura obrigatória, para todos os que abominam o capenga AO90, (para usar um termo brasileiro tão ao gosto dos acordistas).
Isabel A. Ferreira
Por Amadeu M.
«Excelentíssimo Senhor Ministro Augusto Santos Silva,
Na impossibilidade de o contactar, pessoalmente ou pelo endereço electrónico do ministério, venho por este meio notificá-lo e à sua filial governativa, (órgãos do poder, Presidente da República, Justiça e Parlamento), e todos os meios de comunicação social (Jornais, TV e Editoras acordistas) do seguinte:
A maioria dos portugueses está contra o AO90.
Todos temos “o direito à indignação”, frase muito na moda, proferida em tempos por alguém do seu partido (PS), pela falta de respeito e educação do Sr. e dos órgãos de soberania do poder instalado em Portugal, do extravasar das competências limitadas pela Constituição da República, da qual o mais alto magistrado da Nação devia ser o seu garante.
Nos meios académicos do país o AO90 é conhecido por “dialecto brasileiro”, “cartilha brasileira”, “aborto ortográfico”, “mixordês” e “mortografia”, etc., etc., imposto pelos órgãos do Governos de Portugal, com a concordância e prepotência do Exmº Sr. ex-presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.
Isto foi feito à revelia de todos os homens do saber, por uma resolução do Conselho de Ministros, ao tempo do Sr. José Sócrates para que os portugueses, principalmente as crianças em idade escolar, aprendessem a escrever uma língua estranha, imposta a todas as escolas e instituições do Estado.
O AO90 e todo o processo de o tornar válido pelo Sr. Ministro e o seu partido PS, BE, PSD e o CDS, excepcionando o PCP (cuja posição continua dúbia) de que são acérrimos defensores, ficou pela fase da ratificação dos países signatários, Angola, Moçambique, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor!
O Sr. ministro, Augusto S. Silva, como guardião-mor deste “aborto ortográfico” fez questão de, em Janeiro de 2016, afirmar em público e aos órgãos comunicação social:
«Angola e Moçambique estão prestes a ratificar o acordo, é uma questão de tempo», (frase repetida de tempos a tempos para calar as vozes discordantes).
Sr. Ministro, passados cinco anos, a tal ambicionada ratificação por si desejada e pela sua filial, está por executar, e como deve saber, (o Sr. e os órgãos de poder sabem de certeza) nunca será ratificado, por isso é que criaram em 2004 um 2º protocolo modificativo ao Tratado inicial, para tornear o problema, (necessidade absoluta e urgente de o por em prática, sem o consentimento dos outros signatários do tratado).
Angola, Moçambique, Guiné e Timor dizem que o AO90 firmado com o Brasil, é uma autêntica vigarice, está cheio de incongruências e excepções, é mentiroso, criminoso, completamente inútil, patético e, acima de tudo, é ilegal.
Só o Sr. Ministro e a sua filial governativa e os seus membros acordistas acham que não, e vá-se lá saber porquê! Resta saber se ouve dinheiro a passar por baixo da mesa.
Como o povo não é burro, com o devido respeito que se tem pelo “burro”, há muitos interesses obscuros por trás desta tramóia.
O tratado original do chamado Acordo Ortográfico de 1990, garantia que o mesmo só entraria em vigor quando todos os intervenientes o ratificassem na sua ordem jurídica.
Essa intenção foi reafirmada em protocolo modificativo de 1998.
Em 2004, há um segundo protocolo modificativo, em que o governo português, inquietado por tanta demora, (os signatários do tratado não o ratificavam), afirmou:
“Basta haver a ratificação de três países para que o acordo [aborto] entre em vigor”.
Não é preciso ser um génio da jurisprudência para detectar aqui um abuso de poder e má-fé, da parte do poder político.
Como permitir que o segundo protocolo tenha força de lei se ele nem sequer foi ratificado por todos os países?
O resultado está à vista de todos, é o caos ortográfico instalado em todas as instituições do Estado com a gravidade inerente, em tornar a língua numa autêntica mixordice, afastando-a da matriz culta indo-europeia, e obrigatória às crianças em idade escolar, sob coacção, a todos os professores de ensino.
Como alguém escreveu, um caos “tecnicamente insustentável, juridicamente inválido, politicamente inepto e materialmente impraticável”.
E como não há lei alguma que o sustente, nós, pessoas de bem e de carácter, continuamos a escrever correctamente de acordo com a Lei em vigor.
O Sr. e os seus, queriam ou querem uma mera unificação da ortografia em todo o espaço lusófono, e deixar tudo como está, ou melhor tudo como foi feito, agredindo barbaramente a etimologia das palavras, com o propósito de tornar a ortografia portuguesa numa autêntica “mixordice”.
Ninguém percebe esta sua obstinação e a precipitação dos políticos do país.
Sujeitamo-nos agora à vergonha de Angola e Moçambique, Timor-Leste, Guiné Bissau, não aceitar o acordo porque têm demasiado respeito pela Língua Portuguesa!
Quando as Resoluções do Conselho de Ministros são de lesa-pátria, o mínimo que se pede é a desobediência civil.
Ainda bem que há tantos portugueses que não foram no engodo, não ficaram cegos só porque o Sr. e os seus membros acordistas lhes disseram que «está na lei», e ninguém sabe que lei é essa.
Parece que os tempos mudaram, dando a entender que cada qual faz o que bem lhe apetece.
O país já não é de analfabetos, como o Sr. e outros da sua classe querem que seja, embora, com este aborto, queiram fazê-lo regredir para esses tempos de atraso.
O que vemos escrito em textos oficiais, jornais e televisões para nós é uma autêntica vergonha nacional.
O Sr. Ministro devia saber, que na nossa “democracia”, a justiça, as garantias individuais e as leis obedecem a uma série de formalismos e burocracias, são dispendiosos (de iniciativa particular e privada) cuja observância, cega, é mais importante dos que as garantias legais, sociais e pessoais dos cidadãos; nomeadamente de não discriminação em função da situação económica, grau de instrução, capacidade física e intelectual.
Isto porque os despachos normativos e seus formalismos são feitos para permitir estas infâmias, em que o Sr. e o seu Governo são mestres neste tipo de situações.
Estamos perante um Governo de “faz-de-conta”.
Tudo isto acontece apesar de o governo ser de “esquerda”, socialista ou de centro de direita ou esquerda, como gostam de ser chamados.
Citando Guerra Junqueiro:
«Partidos sem ideias, sem planos, sem convicções, incapazes, vivendo do mesmo utilitarismo céptico e pervertido, análogo nas palavras, idêntico nos actos, iguais uns aos outros como metades do mesmo zero, pela razão que alguém deu no Parlamento de não caberem todos de uma vez na mesma sala de jantar…».
Raios partam todos os abutres, vampiros malditos, instituições e os governos que lhes oferecem, de bandeja, as leis e os formalismos (e a inércia das instituições) que permitem a estes vampiros alimentarem-se da destruição da sociedade (a começar pelos valores).
Perdeu-se a noção de norma, aliás com a vossa preciosa ajuda, meteram a colher onde não são chamados, criaram uma coisa a que chamam de AO90, como se fosse um conceito científico - o de "pronúncia culta" para justificar a pseudo aproximação da ortografia à oralidade com o Brasil.
O resultado está à vista de todos, com excepção da inteligência suprema do Sr. Ministro e do governo de um país chamado Portugal, escrevem uma panóplia de vocábulos estranhos à Língua Portuguesa de matriz culta indo-europeia, provenientes dos vários dialectos que se fala no Brasil.
Os exemplos seguintes demonstram a estupidez e o ridículo a que isto chegou.
O país mergulhado num completo “anarquismo ortográfico” (não se sabe o que é certo ou errado), palavras que vão minando a aprendizagem nas escolas, onde as nossas crianças em idade escolar são obrigadas a ler e a escrever:
parabenizar, contato, cidadje, falço, sobrescrite, descaçámos, desfitava, exchefe deceção, registro, reptis, efeituar, abatises, galera, esporte, bilhão, sobetas, esporte, águaardente recetáculo, ruinas , escaço, assignadas, deslisa etc., etc., etc…etc..
E tantos outros disparates, que é impossível enumerá-los a todos.
Erros, em qualquer parte, são erros, insistir nos erros é pura estupidez.
Na ortografia portuguesa, com o mais alto beneplácito dos deputados, Presidente da República e tribunais, um erro passou a ser uma verdade indiscutível.
Está-se a perder cada vez mais a noção do que é certo e do que é errado, e cai-se no ridículo do absurdo.
Os juízes do tribunal constitucional são nomeados pelos partidos. Existem juízes da (relação, supremo e constitucional), de todas as cores partidárias. A justiça ao arbítrio da política.
O que esperar dos tribunais, quando os juízes são nomeados pelo partido do governo? A nosso ver, responda quem souber.
Escrevem alegremente em “acordês”, ou melhor, em “mixordês” que se está a generalizar em todo o espaço português, tornam-no obrigatório nas escolas e nas instituições do país.
Afinal que sentido de Estado?
Será possível confiar no Supremo Tribunal, no Tribunal Constitucional ou no TEDH (Tribunal Europeu dos Direitos do Homem) onde o Estado português tem sido um réu permanente e condenado repetidas vezes?
Está na cara! Toda a gente sabe! Toda a gente vê! É o que diz o povo. Só não vê o Sr. ministro dos Negócios Estrangeiros e a sua filial governativa e os seus membros delatores (Presidente da República, Parlamento, tribunais, jornais, editoras e TV) da república das bananas!
E, nestes casos, não há garantias constitucionais que nos valham, porque ninguém respeita a Constituição, nem mesmo o Sr. Presidente da República, que diz ser o seu garante.
A forma ardilosa com que as instituições judiciais pretendem, neste caso, dar cobertura e protecção aos criminosos, é antiga e muito utilizada em Portugal:
Consiste no arrastar dos processos, na morosidade da justiça, invocando falta de meios, quando o que existe, de facto, é manipulação e falta de “vontade” de actuar.
Um outro factor importante são os testemunhos utilizados para este efeito.
Não tenho dúvidas de que indiciam ser fabricados e obtidos com promessa de protecção para o envolvimento (os crimes) dos seus autores.
Isto só é possível porque nos Tribunais, todos os dias se mente e ninguém é condenado por perjúrio.
Além disso, dentro das instituições, são tolerados todo o tipo de falhas, devidas à incompetência e/ou premeditação; isto é: só existe tolerância absoluta para a incompetência, com que se auto-desculpa a premeditação.
Contudo, torna-se ainda mais complicado confiar nos 230 deputados que compõem a AR, porque 206 são maçónicos, os outros 24 são o que são, ou melhor, são aquilo que quiserem ser!
Quem sabe, por que razão o Sr. Presidente da República, como ilustre professor e jurista, não determina a sua abolição?
O mais alto magistrado da Nação, o Sr. Presidente da Republica, com todos os instrumentos constitucionais que tem ao seu dispor, nada faz, ou melhor, nada tem feito para pôr cobro a esta situação, e faz do assunto “ouvidos de mercador”.
Questionado pelos os órgãos de comunicação social sobre o AO90, prontamente respondeu, como é seu cariz, ser um “não-assunto”, perfilando-se ao lado do Sr. Ministro e do Governo.
Que lástima Sr. Presidente, que falta de senso e carácter!
Não se espere que isto melhore, não existe ninguém que tome uma atitude firme e séria, o mixordês avança, afasta cada vez mais a Língua Portuguesa da sua matriz culta indo-europeia!
E para que se saiba que toda a gente sabe! Como deve ser! Já se passaram dez anos, tudo continua na mesma, apesar da gravidade e da verosimilhança das denúncias.
Isto tem de ter um fim, para bem de todos nós e do País que nem país é com este tipo de democracia, num “Estado de direito democrático”, frase muito ao gosto do poder político.
Portugal, é conhecido lá fora como sendo um país de brandos costumes, e onde os governantes não tomam decisões importantes, para corrigir o que está mal.
O “aborto ortográfico”, foi feito por meia dúzia de imbecis, à pressa e às escondidas, ao serviço dos propósitos políticos, ligados à maçonaria, e a ortografia portuguesa começou a ficar em farrapos.
Os professores sob coacção, e não coação, (acto ou efeito de coar, os brasileiros assim escrevem) palavra muito utilizada pelo Sr. e pelos seus acólitos (jornais, televisões e outros meios de comunicação social) iniciaram nova aprendizagem dos vários dialectos, transmitindo-os às criancinhas em idade escolar, desprezando deste modo a Língua Portuguesa de Matriz Culta Indo-Europeia.
Desde 2011, está instalado o caos ortográfico em Portugal! e tudo isto podia evitar-se, desde que houvesse gente poderosa para o evitar.
Os idiotas, são sempre idiotas, não conseguem ver o que é óbvio, ou se o vêem fazem questão de não o ver, sentem-se realizados por uma coisa qualquer, a destruição do Património Cultural Imaterial de Portugal”, a Língua Portuguesa de matriz culta indo-europeia
Vejam, as palavras acentuadas na penúltima sílaba, como devem ser escritas e por via do “mortográfico” deixaram-no de o ser:
Como deve ser escrito está a negrito.
Entre parêntesis, por via do AO90 é como passou a ser escrito.
pára (para)
móveis (moveis)
úteis (uteis)
fácil (facil)
ordinário (ordinario)
miséria (miseria)
míssil (missil)
ágil (agil)
alcançável (alcançavel)
capitólio (capitolio)
Etc., etc., etc., etc., é impossível enumerar todas, pois só os idiotas, por serem idiotas, é que escrevem desta forma e obrigam a escrever aos demais!
Um país em que a classe política da “república das bananas” pactua com estas anomalias vai destruindo a LÍNGUA Portuguesa de matriz culta indo-europeia muito rapidamente e em força.
O que se pode chamar a isto, senão uma absoluta incompetência?
Na nossa opinião, seria matéria clara para o Tribunal Constitucional, mas como acreditar, se ele próprio escreve em “mixordês”?
Não convém esquecer a violação grosseira, cometida com requintes de bestialidade primitiva, ao simples acto despótico da política.
Irrita haver gente favorável às modas, quando são as modas que conduzem o rebanho, e já basta o que basta, quanto mais ouvir os "méeee" concordantes.
Outro dos problemas do actual “aborto” é que grande parte dos seus paladinos não fazem a menor ideia de como aplicá-lo, precisamente porque é uma autêntica “mixordice”.
Confunde-se dicção com fonética, fixa-se a ortografia com base na fala apenas.
Em termos práticos, a tão apregoada mudança da língua (os defensores valorizam a mudança, confundindo mudança com evolução) começa a ser operada da má escrita para a fala, e não da fala para a escrita.
Só mesmo alguém muito poderoso e com coragem para enfrentar este grupelho sem escrúpulos é capaz de acabar com esta “lama” de vez!
O esquema está tão bem montado e encruzilhado, que nem com um 25 de Abril idêntico ao que houve, se conseguiria deitar abaixo esta máfia!
Uma força muito mais poderosa do que a da ditadura do Salazar!
O único meio não seria começar a desvendar as trafulhices que levaram Portugal à ruína e também daí recuperar o dinheiro que foi roubado neste tipo de situações? Ou confiscar as empresas (jornais, TV e outras) que teriam recebido subornos ou ajudas por baixo da mesa e saber quem serão os próximos a serem denunciados?
Sr. Ministro, para terminar, Portugal será como o Sr. e a sua filial governativa querem que seja: pobre, moribundo, corrupto e traiçoeiro, e de um povo de emigrantes e sem valores.
Homenagem seja feita a Vasco Graça Moura, que tanto lutou contra “esta horda de imbecis” [expressão dele].»
Amadeu M.
Fonte da imagem: https://www.facebook.com/photo?fbid=2292508157551013&set=a.207463709388812
Pois é!
Aguardamos que nos apareça um SALVADOR ou SALVADORES da Pátria, que possam encarrilar o descarrilado vagão de um governo e de um presidente da República, que permitem que se deixe chegar a Língua Portuguesa, aquela que identifica Portugal e o Povo Português, a um estado tão paupérrimo, tão vergonhoso, tão iníquo, tão desprestigiante, tão imbecil, que esmaga a alma portuguesa!
Não haverá, em Portugal, ninguém da classe jurídica, ninguém da classe literária, ninguém da classe linguística, ninguém da classe docente, ou mesmo da classe política, ou todos estes em bloco, que possam pôr a mexer uma engrenagem que destrua, definitivamente, esta massamorda ortográfica que insulta a inteligência dos portugueses e a inocência das crianças, obrigadas a levar com este mistifório na cara, como se fosse uma bofetada?
Já não existirão mais Nun’Alvares Pereiras e Padeiras d’Aljubarrota que possam livrar-nos dos invasores linguísticos, que estão a dar cabo da nossa Língua, da nossa identidade, e da nossa dignidade, como Nação independente?
É como diz o Maestro António Victorino d’Almeida, isto «é mais grave, nas suas consequências, do que (…) cuspir na bandeira!»
Isabel A. Ferreira
Texto recebido, via e-mail, com este recadinho:
«Anglicismos: este texto é dos mais fabulosos e da mais fina mordacidade que tenho recebido. Dá para ver como estamos a deixar-nos “abifalhar” - até dizer basta!» .
Pois é, contudo, com um Português tão abrasileirado e tão maltratado, as pessoas estão a voltar-se para o Inglês, que, esse sim, continuará a ter FUTURO. O Português estará (está) condenado, se não aparecer um cérebro pensante que ponha um fim URGENTE, ao descalabro que por aí vai.
Isabel A. Ferreira
A propósito, sugiro a consulta deste texto:
Ao redor da palavra "parabenizar" ...
Significado de meter em = pôr dentro
Agora fiquemos com os anglicismos que, ao menos, fazem SENTIDO, e pertencem a uma Língua a sério e internacionalmente aceite:
Por Alexandre Borges
'Erradicar o português: ponto de situação'
'« (...) O português está por um fiozinho – não vá cá em conversas de lusofonias e cêpê-élepês. Hoje mesmo, amiúde, já só serve para ligar estes conceitos. (...)»
Tenho a certeza de que sabe que estamos praticamente a caminhar sobre um cadáver. Que nos sirvamos do português roça a profanação de sepultura – deveria dizer: a necrofilia? A língua portuguesa caminha para a extinção mais depressa do que o rinoceronte e, no fim, embora possamos sempre resguardar em cativeiro porventura um bibliotecário macho e uma linguista fêmea, ou vice-versa, com vista à continuação da espécie, eu não depositaria demasiada fé na operação. Sabe-se lá que língua falarão então. E que líbido lhes restará.
Não culparei o infame acordo ortográfico, nem o Instituto Camões, nem as telenovelas, nem os sucessivos governos, nem as pessoas com necessidades especiais que a televisão filantropicamente emprega na inserção de caracteres com vista à criação no indivíduo de um sentimento de dignidade e amor-próprio. Não culparei os professores, nem os alunos, nem os brasileiros, nem os portugueses, nem o fado, nem o kuduro, nem ao menos a quizomba, nem necessariamente a televisão, que é capaz de ainda morrer primeiro. O português está prestes a bater a bota pela mesma razão que todas as outras línguas que não o inglês estão prestes a bater a bota: a monocultura do sucesso.
O que é a monocultura do sucesso? A forma mais curta que o presente autor encontrou de descrever a convicção generalizada de que: a) a felicidade individual é não só possível como o objectivo último da vida; b) a felicidade reside no sucesso; e c) há uma e uma só forma de lá chegar. E essa forma implica teses estruturantes como o trabalho estar acima de tudo e o crescimento ser um fim em si mesmo, e outras aparentemente acidentais, mas de que ninguém abdica, materializadas num comportamento de rebanho ou manada, e que significam, mormente: comermos todos a mesma coisa, fazermos todos o mesmo tipo de exercício, consumirmos todos o mesmo entretenimento, visitarmos todos os mesmos lugares, falarmos todos a mesma língua, através até das mesmas expressões.
Catastrofismo, dirá. Ou bullshit, quem sabe? Digo-lhe que não. Que vamos erradicar o português em poucas gerações. Extirpar da face da Terra essa chatice das línguas estrangeiras e das traduções. E não será preciso qualquer ditadura; fá-lo-emos por vontade própria.'
'Pense no que está no seu top of mind. Se tem ou não tem a drive. Nesse mindset. Estará na cloud? O importante é estar sempre on. Viu o mail? Foi ao chat? Recebeu o briefing. Fez o debriefing. Teve atenção ao target e ao benchmark. Fez o brainstorm com vista ao break-even. O problema é o budget. Mas pense no ROI. Não tem business plan. É um B to B; não um B to C. Não ouviu o chairman? É o nosso core business. Tem de experimentar o coaching. Falta-nos mentoring. Trabalha em cowork. Conseguiu com crowdfunding. Mas não se esqueça do deadline. Recebeu o forward? Agora, faça o follow-up. Dê-nos feedback. E cuidado com o gap.
É uma questão de know-how. A ninguém já interessam qualidades, capacidades ou atributos; somente as skills. Não há fundadores nem criadores; há founders. Já não se conhece pessoas; faz-se networking. Ninguém abre uma pastelaria; tem uma startup. E há o pitch, os players, o spin, o spin-off, os stakeholders, o take off e o set up. O importante é rodear-se dum staff multitasked que entenda as trends, mas pense out of the box. E escolher bem o timing na hora do kickoff.
Confesse lá. Quantos destes termos não percebeu realmente? Quantos não usou na última semana, para não dizer hoje mesmo?
E o pior é o desgaste. O stress. Sim, sim, vimos o que fizemos aqui: o stress. Até isso. Em inglês. Poderia ser outra língua, poderia ser outra filosofia. Pense no francês. Lembra-se de quando era o francês o grande influenciador – influencer? – da língua e cultura pátrias? Ó saudade. O bâton, o parfum, a pâtisserie, o chauffer, o coiffeur, o robe de chambre, a lingerie, o soutien, o boudoir, a boîte, a bohème – as coisas realmente importantes da vida. A chaîse longue, Jesus Cristo, a chaîse longue! A delicadeza, a classe, a preguiça, a demora, a textura de cada palavra destas… Quão longe estávamos do frenesim ruidoso e áspero do think tank e das conference calls, das talks, do downsizing, das key words e dos highlights. Que se passa com essa gente que desce uma rua nas Olaias como se desfilasse para fora dum filme em Wall Street? Ao diabo o corporate e as commodities. Até para descansar é preciso comprar o pack e ir em jeans e t-shirt para o resort, mais o trolley, o tablet, os phones e o streaming.
Está tudo perdido? Claro que está. Estamos on the same page. Diz o report. Precisamos de team building. Tudo ASAP. E até quando rebentamos, já não temos esgotamentos; temos burnouts.
E os trainees, as brands, os accounts e os assets. O cash-flow, a mailing list, o background, o merchandising e o mainstream. Ide à meretriz que vos pôs no mundo, hypes, bits, beats, spots e hipsters, blogs, posts, comments, shares, views, hits e likes. O sentido da vida é agora contabilizável, FYI – For your Information – possivelmente em KPIs – key performance indicators (in case you don’t know). Soft sponsoring, product placement e hard sell, vão ler Eça e encher-se do que de mais haja na choldra.
Mando o layout assim que tiver os teus inputs. Seguindo as guidelines internacionais e os insights locais. Tudo premium, evidentemente. A guita segue em attachment, como vi no showroom, diz o slogan, e o claim, no outdoor, online e offline, se não for para o spam, como aprendemos no workshop. O approach foi acordado com o departamento de research e tem em conta o pipeline e o workflow. Tudo para o melhor outcome.
Querer dormir e acordar, comer e beber, ler e contemplar, estar bem com o que se tem. Não ter urgência alguma de ir descobrir o que ainda não se conhece nem explorar todo o nosso potencial escondido – ó crimes capitais! Aproveita o coffee break, ou o out of office, e fala naquela língua ainda pior, bastarda, filha do inglês e do português, e que diz coisas que dariam ao Camões, se ainda cá estivesse, vontade de vazar a outra vista só para não ter de as ler, como: “mandatório”, “empoderamento” ou “customizável”.
O português está por um fiozinho – não vá cá em conversas de lusofonias e cêpê-élepês. Hoje mesmo, amiúde, já só serve para ligar estes conceitos. Substantivos e adjectivos já foram colonizados pelo inglês; os verbos para lá caminham (veja o googlar, o brandisar ou – desculpa, Camilo, as voltas na tumba – o spoilar); ao português, em breve, não restarão mais do que preposições, conjunções e meia dúzia de advérbios. E não se perder em grandes elaborações frásicas, que, para garantir que o receptor percebe o que queremos que sinta, estão lá os emojis.
E o meu problema, caro leitor, não é sequer só o estar de serviço na hora em que vemos esboroar diante de nós uma língua com 800 anos como quem implode um prédio devoluto na Amadora (com o devido respeito pelo povo irmão da Amadora); é ver a que lhe toma o lugar. Deitamos fora a língua erudita que tivemos a felicidade de herdar do império romano, para pegar numa língua bárbara, minimal e monolítica, incapaz ao menos de conjugar um verbo (I love you – Eu amar tu.) Uma língua que, circunstâncias do tempo, evoluiu na boca daqueles que implantariam a dita monocultura do sucesso, do triunfo pessoal. E eis porque uma pessoa lê os termos inscritos neste texto e fica com palpitações. Em que outro idioma poderia ter nascido uma palavra como “workaholic”?
O português vem doutro tempo, quando se andava mais devagar e sonhava com outras coisas. Foi válido durante uns bons 800 anos, de Dom Dinis ao meu avô Grimanez. Mas, de repente, o mundo decidiu que já chega. O mundo em que ler os 10 resultados da primeira página de resultados do Google é investigação que chegue praticamente para um doutoramento. O mundo em que já não há sapateiros, mas sobram chief operating strategy officers. O mundo em que o palavrão é um dos últimos redutos de verdade entre um falante e a respectiva língua materna.
Sim, ilustre desconhecido que me lês. O foda-se ainda há-de ser o nosso porta-estandarte. Carregar a bandeira do português contra todos os smarts, low costs, take-aways, call centers, old school, fast food, clusters, CEOs, CFOs, partners, managers, consultants, advisors, foodies, selfies e dumpings, gajos do running e do gaming e do cross-fit e do snorkeling.
(...) Deixem-me em paz com o meu Alberto Caeiro e a minha preguiça. A vida também é feita de latas de atum e tédio. Podemos declará-lo no LinkedIn? A linguagem chegará sempre demasiado tarde para explicar o mundo – qualquer filósofo depois de Wittgenstein o dirá. Deixem-nos ficar uma língua ao menos para quando não queremos ser compreendidos.'
in https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/artigos/rubricas/controversias/erradicar-o-portugues-ponto-de-situacao/4406#
Todos o dizem. Mas onde estarão esses “todos” que, subitamente, desapareceram do mapa da contestação? Já depuseram as armas? A guerra, ainda não a ganhámos, há muitas batalhas ainda por vencer, e os guerreiros, já depuseram as armas?
***
A citação do título desta publicação, é da minha amiga Idalete Giga, uma livre-pensadora que, tal como eu, não tem medo de dizer alto o que pensa. E uma mulher que pensa é uma mulher livre, até quando a atiram para as fogueiras ateadas por tiranos.
Corroboro tudo o que Idalete Giga diz acerca do maldito (des)AO90, numa troca de ideias que tivemos:
«Sempre me causou uma grande perplexidade a obediência cega de editoras, jornais, revistas, panfletos sobre tudo e mais alguma coisa, literatura médica, com péssimas traduções e erros execráveis, os lambe-botas dos canais de Televisão que enojam qualquer cidadão consciente do que é a sua Língua Materna, etc., etc.. Sim, o AO90. Este Linguicídio trágico não pode ter qualquer futuro. Uma revisão do mesmo é pior a emenda que o soneto. O que merece tal desastre linguístico é o LIXO (!) Socratistas, santanistas, cavaquistas e toda a restante corte de traidores e ignorantes terão de assumir o gigantesco erro que foi o maldito (des)AO90. No nosso País, tudo é possível, minha amiga. Em cada dia que passa, fico mais revoltada e perplexa com a imbecilidade que invadiu Portugal e, infelizmente, talvez a maioria do povo português.» (Idalete Giga)
Pois também eu fico revoltada e perplexa com a imbecilidade que por aí anda, como se fosse dona do mundo, amiga Idalete. E a imbecilidade é um vírus tão pernicioso como qualquer vírus da família corona.
E quem podia fazer alguma coisa para evitar todo este desaire, ao redor da Língua, escudou-se e continua a escudar-se na falsa obrigatoriedade da sua aplicação, ou na do ser penalizados, optando por ser cúmplices e não opositores.
E as revoluções não se fazem sem resistência e sem perdas, se bem que, neste caso, nada tivessem a perder, muito pelo contrário, só teriam a ganhar.
Os professores, os únicos que tinham a faca e o queijo na mão, para impedirem o avanço da epidemia ortográfica, que, indesejavelmente, está a assolar a Língua Portuguesa, elegeram o lado errado da História, e nela ficarão como os aliados submissos da destruição da nossa Língua, numa época em que foi mais importante obedecer do que lutar pela nobre missão de ENSINAR. Algo imperdoável.
No entanto, ainda vão muito a tempo de reverter a situação.
Basta gritar: BASTA de tanto desacerto!
Isabel A. Ferreira
Um actualíssimo texto da professora Maria João Gaspar Oliveira, escrito em Fevereiro de 2014, que repesco, neste momento, em que a Língua Portuguesa se esboroa, a cada dia que passa, e se caminha para o abismo, seguindo um "acordo" ortográfico que milhares de Portugueses repudiam, e que nenhum outro país lusófono deseja.
Por Maria João Gaspar Oliveira
«Nevoeiro Linguístico»
«Ver a Língua Portuguesa tão maltratada pelo "acordo" ortográfico (AO90), não é fácil para quem a ama profundamente, desde os bancos da escola. Dói-me vê-la desfigurada, a tentar mover-se no caos, sem o conseguir, perdida num nevoeiro que não deixa ver claro... Cada vez mais, me sinto agredida, em cada dia que passa, pelo AO90, através de certos jornais, da televisão, da Internet, e até pelo próprio "Jornal de Letras", cuja leitura deixou de me dar prazer.
Os princípios que (des)orientam este "acordo" são tão incongruentes, confusos e inconsistentes, que contribuem para o desprestígio internacional do nosso país. Não é por acaso que a maioria dos portugueses, incluindo poetas, escritores e professores, repudia este "acordo", que nos foi imposto, sem discussão pública, e que não pode contribuir, de modo algum, para a evolução da nossa Língua, até porque ela não evolui por decisão política, mas sim, naturalmente, nos diferentes contextos socioculturais de cada país.
Ao fazer tábua rasa da sua raiz greco-latina, afastando-a, assim, das grandes Línguas mundiais, este "acordo" roubou, à nossa flor do Lácio, o casulo onde as palavras se metamorfoseiam, até à beleza do voo. Quem já leu o texto do AO90, mais se apercebe da inviabilização do vocabulário formado por via erudita, devido ao afastamento da etimologia das palavras. E isto empobrece, drasticamente, a Língua Portuguesa.
Subordinar a grafia à oralidade, que é tão variada na comunidade lusófona, faz divergir as grafias ainda mais, pelo que deita por terra uma propalada "unificação" que não é desejável (é a diversidade que enriquece a Língua), nem possível, porque este "acordo" admite múltiplas grafias (as famigeradas facultatividades), como por exemplo: corrupto/corruto; dicção/dição; sumptuoso/suntuoso; peremptório/perentório, etc., etc. Além disso, provoca sérias divergências em palavras que tinham a mesma grafia, com a agravante de crias homonímias e homografias que não têm razão de ser, tais como: receção em Portugal e recepção no Brasil; deceção em Portugal e decepção no Brasil; espetador em Portugal e espectador no Brasil, e assim por diante.
A grafia, em função da pronúncia, desrespeita os próprios "objectivos" deste "acordo" que, afinal, nem é um Acordo, visto que, além de ser ilegal e inconstitucional, não foi subscrito por todas as comunidades falantes, e não está a ser aplicado nos países que o ratificaram (Brasil, Angola e Moçambique).
Introduzindo formas tipicamente brasileiras, no Português de Portugal, provocando alterações nas consoantes mudas, acentuação, hifenização, utilização de maiúsculas, etc., este "acordo" incoerente e sem fundamento científico, veio instaurar o caos linguístico na sociedade portuguesa, com consequências devastadoras a nível educacional, cultural, social e económico, coexistindo já três grafias: a do Português, a do AO90 e aquela que dá na real gana a quem é a favor do "acordo", mas que não o leu, ou seja as "multigrafias pessoais"... E a este "acordês", nem alguns responsáveis políticos, jornalistas e professores universitários conseguem escapar.
Como se tudo isto fosse pouco, o referido caos invadiu as escolas, onde também coexistem várias grafias, e onde os professores se vêem obrigados a ir contra a sua própria consciência, "ensinando", nos termos de um "acordo", que, liminarmente, rejeitam, mas que lhes foi arbitrariamente imposto, e ao arrepio de todos os pareceres. Com tal imposição, a maioria dos professores perdeu o prazer de ensinar, numa escola, onde aprender podia ser tão apaixonante como jogar à bola, ou andar de bicicleta. E, perante tamanho descalabro, como estimular, nos alunos, o gosto pela leitura e pela escrita? E o que vai acontecer ao rigor da Língua, na reflexão filosófica e na criação literária?
Um "acordo" que tem a fonética e o mercado livreiro como critérios, manifestando, assim, uma total insensibilidade, perante o valor patrimonial da ortografia, e que enferma de problemas, a nível legal e constitucional, prejudica seriamente o desenvolvimento, a educação, o progresso do país. O "acordo" em causa viola, por exemplo, o artº 78 (alínea c) do nº 2, da Constituição da República Portuguesa), sobre o dever estatal de defesa do património cultural.
Sabe-se que a Língua não evolui por decreto, mas há a considerar que este "acordo", apenas autorizado por uma Resolução da Assembleia da República, é, na verdade, ilegal, estando assim em vigor a anterior ortografia, acordada pelo AO45.
Para cúmulo, o AO90 recorreu a um conversor ortográfico, o Lince, já utilizado na AR e em várias instituições, e a um VOP ("Vocabulário Ortográfico do Português"), que não dignificam a cultura, e que entram em rota de colisão com ele próprio (imagine-se o Lince a abrasileirar Camões, Pessoa, etc.), por mais incrível que pareça.
Os problemas provocados pela aplicação deste "acordo" são tantos, que eu teria de me alongar ainda mais, para tentar fazer uma abordagem mais profunda de todos os pontos.
Como peticionária e amante da Língua Portuguesa, vou estar atenta, no próximo dia 28, ao debate e votação na Assembleia da República, da Petição nº 259/XII/2ª, que foi subscrita por Ivo Barroso e Madalena Homem Cardoso, e que exige a desvinculação de Portugal a este "acordo" ortográfico. Ao fim e ao cabo, todos sabemos que esta é a única solução. Qualquer outro "acordo", ou tentativa de "simplificação" do que já existe, só nos irá levar a novos e onerosos becos sem saída, que terão também, no futuro, graves consequências na Língua Portuguesa. (*)
Perante a selvática destruição da identidade e das raízes da nossa Língua, peço e espero que este Governo tenha o bom senso de pôr fim à imposição de um "acordo" que Portugal repudia, e que nenhum outro país lusófono deseja. Assumir um erro e erradicá-lo, só dignifica quem o pratica.
Caso contrário, ver-me-ei obrigada (e, decerto, a maioria dos portugueses...) a exercer o direito de resistência (artº 21, da Constituição da República Portuguesa).»
Maria João Gaspar Oliveira
Fonte:
https://www.facebook.com/notes/524069947710276/
(*) Malogradamente, a Petição nº 259/XII/2ª, não passou na Assembleia da República, devido à falta de conhecimentos específicos e à submissão do governo português a uma negociata obscura, que constituiu um descomunal erro, que ninguém ainda teve a dignidade, a hombridade, a honestidade de erradicar.
Tudo já foi dito e redito e esmiuçado acerca do maldito AO90 que, em muito má hora, foi parido por quem desejava ver Portugal a rastejar pelo chão, como um réptil.
E eis que, actualmente, temos um Portugal dividido entre os servilistas (que, obedientemente, se mantêm fiéis à aberração ortográfica, mais conhecida por AO90), e os insubmissos que o rejeitam convictamente, precisamente, por se tratar de uma aberração ortográfica, sem paralelo na História da Humanidade.
Para que Portugal regresse à sua condição de País independente, linguisticamente falando, é preciso que o Estado Português deixe de ser servil e recue nesta tentativa de colonização linguística, porque é da inteligência recuar, quando se caminha para o abismo.
Isabel A. Ferreira
Muitas e variadas vezes deparo-me com professores a dizerem que são OBRIGADOS a adoptar o AO90, porque não têm outro remédio, não têm outra opção, senão OBEDECER, etc., etc., etc..
Obedecer a quê?
São obrigados como? Quem os obriga? Baseados em qual Lei? Sim, porque só somos obrigados a alguma coisa através de um Decreto-lei. Ainda assim, se essa lei for contrária às nossas convicções éticas, humanísticas, filosóficas, religiosas, temos o Direito à Objecção de Consciência, consignado no n.º 6 do artigo 41 da Constituição da República Portuguesa (CRP), que permite a um cidadão NÃO cumprir determinadas “obrigações”; e, pelo mesmo motivo, temos ainda o Direito à Resistência, consignado no Artigo 21, da mesma CRP. Mas isto aplica-se quando EXISTE uma Lei que obriga a determinada obrigação legal.
O que não é o caso do AO90. Quando NÃO existe lei, estes direitos são ainda mais direitos.
Nesta questão do AO90, NÃO EXISTE lei alguma que obrigue os professores a ensinarem os alunos a escrever incorretamente (lê-se obrigatoriamente “incurrêtâmente”) a Língua Portuguesa, a que, de facto e de direito, identifica a Nação Portuguesa, a nação-berço dos alunos portugueses, e a qual vem consignada na Constituição da República Portuguesa, que o Presidente da República tem o DEVER de defender, e é o primeiro a descartá-la.
Comecemos por ler atentamente o que nos dizem sábios JURISTAS:
Portanto, o AO90 além de ser INCONSTITUCIONAL, é ILEGAL e NÃO ESTÁ em vigor, nem em Portugal, nem em parte alguma.
O problema é que os professores NÃO estão para se incomodar, e muitos são chantageados com a ameaça de penalizações, que os fazem recuar na afoiteza. Contudo, se os professores se unissem e se recusassem obedecer a uma “ordem” ( = Resolução do Conselho de Ministros) que não faz lei, e não existindo lei, algum governo teria o atrevimento de penalizar, em bloco, os professores que se dispusessem a lutar pela NOBRE missão de ENSINAR?
E ainda que fossem penalizados! Como se pode viver com a consciência do dever cumprido, depois de andar por aí a “ensinar” os estudantes portugueses, que têm o DIREITO a um ENSINO DE QUALIDADE, consignado na CRP, a escrever incurrêtâmente a Língua Materna deles, obrigando-os a usar uma mixórdia ortográfica, imprópria para consumo de seres instruídos?
Contudo, ainda que existisse uma lei que obrigasse a aplicar o AO90, (garantidamente INJUSTA), por substituir a ortografia portuguesa, por uma vergonhosa mixórdia ortográfica, apenas para fazer o jeito a políticos incompetentes, irresponsáveis, servilistas e eivados de prepotência, e a editores mercenários, não teriam os professores o direito de RESISTIR, por não ser da Ética Profissional andar por aí a enganar os alunos, chamando Português ao MIXORDÊS, oriundo do AO90, que os obrigam a escrever?
Não me agrada nada dizer isto, mas isto, além de ser voz corrente, é também a minha voz: o que falta aos professores é BRIO PROFISSIONAL, e vontade de se inteirarem dos seus direitos, porque NÃO SÃO OBRIGADOS a ser cúmplices da injustiça cometida contra crianças e jovens portugueses.
Se queremos ser justos, acima de tudo, não teremos de ser LIVRES?
Para sermos livres, não teremos de ser CORRECTOS?
Se queremos viver de acordo com a nossa consciência livre, justa e correcta, e exercer, plenamente, o nosso direito de cidadania, não teremos o DEVER de desobedecer a uma ordem prepotente, digna apenas de ditadores, e que está a lesar gravemente o Ensino em Portugal, e a gerar os analfabetos funcionais do futuro?
Poderão os professores viver com o peso desta responsabilidade às costas?
Para consulta (obrigatória) deixo aqui este link, onde Portugueses cultos dizem de sua justiça, acerca do monumental erro que foi a criação do AO90, mas mais do que a criação, foi a aplicação ilegal, inconstitucional e unilateral do AO90, porquanto apenas Portugal, servilmente, cedeu à monumental ignorância acordista.
Neste link, existem mais dois links, que conduzem ao que Brasileiros cultos e Africanos cultos, de expressão portuguesa, pensam acerca do AO90.
O que os portugueses cultos pensam sobre o Acordo Ortográfico de 1990
Isabel A. Ferreira
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