Terça-feira, 24 de Agosto de 2021

Reduzir a língua escrita ao modo de dizer, não tendo em conta a etimologia das palavras, é um acto de incultura

 

ASPETO.PNG

 

A legenda desta imagem (retirada do documentário “Primeiras Civilizações”, na RTP 1) lê-se do seguinte modo, de acordo com as regras gramaticais da Língua Portuguesa: «u fâtôr âtrâtivo érâ u âspêto sucial».

 

Se alguém for capaz de me demonstrar, através de argumentos relacionados com as Ciências da Linguagem ou com a Evolução da Língua que as palavras a negrito têm alguma relação com a cultura linguística portuguesa, eu atiro a toalha ao chão, [não esquecer que passámos de ella para ela, porque a supressão de um dos L não mudava a pronúncia, nem o sentido do vocábulo, e isto é que se encaixa na linha evolutiva da Língua].

 

Aqui há tempos, perguntei a um determinado líder político, qual a posição do seu Partido acerca do AO90.

 

A resposta veio assim, via e-mail: “Eu, pessoalmente, escrevo e continuarei a escrever como sempre escrevi, mas o Partido, constituído maioritariamente por gente mais jovem, entende que a língua é um organismo vivo em evolução, portanto, estando o AO90 nessa linha evolutiva, optaram por aplicá-lo».

 

Esta seria a resposta perfeita, se o AO90 tivesse alguma coisa (ainda que muito remotamente) a ver com a linha evolutiva da Língua. Que é um organismo vivo, é verdade. Mas que retroceda de Língua para Variante dela própria, já nada tem a ver com vida ou com evolução, mas somente com um retrocesso assente numa espantosa ignorância.

 

Acontece que o AO90 nada tem a ver, nem de perto nem de longe, nem pouco mais ou menos, com evolução alguma. Muito menos da Língua.

 

E porquê?

 

Simplesmente porque o AO90 não foi engendrado a partir de motivações evolucionistas da Língua, ou assente nas Ciências da Linguagem, mas tão-só em interesses económicos de uns tantos editores/livreiros brasileiros e portugueses (reparem que eu não incluo aqui os africanos de expressão portuguesa, porque esses não foram para ali chamados) e, por arrasto (porque nestas coisas de interesses económicos sempre se vai por arrasto), de uns tantos políticos portugueses que, sem o menor pejo, patriotismo ou sentido de Estado, decidiram vender a Língua Portuguesa, culta e europeia (é bom referir este pormenor) ao Brasil e impor ilegalmente, vergonhosamente, impatrioticamente, a ortografia de 1943, adoptada unilateralmente pelo Brasil, e adaptada em 1990, à qual retiram uns acentos e uns hífenes , e chamaram-lhe Acordo Ortográfico de 1990,  algo tirado, à força, da ignorância mais profunda sobre a Língua Portuguesa, um dos maiores símbolos da Identidade de Portugal, aquele que exprime o ser e o sentir de todo um povo, porque sem a Língua, expressão oral e escrita, como saberíamos dos feitos tão excelentemente cantados por Luís Vaz de Camões?

 

A Língua de um povo diz da dignidade desse povo. Não pode ser o simples linguajar que os iletrados utilizam para se comunicarem entre si.

 

Quis o destino que Portugal, por ser um pequeno país, entalado entre o Oceano Atlântico e a gigantesca Espanha, ousasse rasgar as águas desse mar, em busca de outros mundos, para poder sobreviver.

 

Quis igualmente o destino que os Portugueses fossem um povo destemido e dotado para as marinhagens, e que «navegando mares nunca dantes navegados», de légua em légua, foram descobrindo terras, nelas se fixando e deixando a “marca” de Portugal.

 

Não caberá aqui discutir o mérito ou o demérito da colonização portuguesa, que não foi nem pior nem melhor do que a dos outros povos colonizadores.

 

Chegados aqui, falemos da Língua que deixámos aos povos que foram sendo colonizados, e que, no caso do Brasil (o grande responsável pela disseminação do mau Português, perdoem-me os meus quase compatriotas brasileiros, mas isto é um facto) foram primeiramente os indígenas (os mais genuínos daqueles que vieram a denominar-se brasileiros), e depois os colonos portugueses e de muitas outras origens, que foram assentando arraiais no gigantesco território que os Portugueses conseguiram tornar seu.

 

Até 1822, o Brasil (achado em 1500) existiu sob o “domínio português”. Mas depois desta data, já com brasileiros de terceira geração, libertaram-se desse domínio, e o que os recém-libertos fizeram com essa liberdade, também não é agora para aqui chamado.

 

O que é para aqui chamado é que esses brasileiros, por vontade própria, adoptaram a Língua Portuguesa como língua oficial (e poderiam ter escolhido qualquer uma das muitas línguas indígenas que então existiam) a qual foi sendo enriquecida pelo léxico autóctone e dos vários povos que no Brasil se foram fixando, incluindo o riquíssimo léxico africano, levado pelos escravos.

 

E isso foi muito bom para a Língua Portuguesa.

 

O que não foi bom foi o facto de, a dada altura, os políticos marxistas brasileiros, avessos ao colonialismo (como se pudessem mudar a História) para baixarem o elevado índice de analfabetismo,  decidirem simplificar e deslusitanizar arbitrariamente, a língua escrita, retirando-lhe as consoantes mudas, sem terem a mínima noção de que, ao fazerem-no, estavam pura e simplesmente a mutilar a língua, introduzindo palavras que antes tinham nexo e, bruscamente, por mera vontade política, deixaram de não ter sentido, nem origem, nem história, e transformaram-se em erros ortográficos (e passo por cima dos outros erros, incluindo os da concordância, espelhados também na linguagem oral). 

 

Além desta mutilação, castelhanizaram, italianizaram, americanizaram, afrancesaram a Língua Portuguesa, de tal forma que ela deixou de ser portuguesa e passou a ser uma mescla de várias línguas, algumas delas traduzidas à letra (e disto há inúmeros exemplos que ando a catalogar).

 

E são precisamente essas palavras mutiladas e mescladas, sem qualquer motivação científica ou evolucionista, que os políticos portugueses impatriotas e completamente desinformados (se é que me entendem) impingiram aos portugueses mais servilistas e acríticos, porque sim, por teimosia, por ignorância, por meros interesses económicos, por conveniências políticas obscuras.

 

Concluindo: não existe, nem pode coexistir um Português de Portugal e um Português do Brasil.

 

O Português é Português em qualquer país lusófono. Ponto final.

 

Dentre os oito países que fazem parte da Lusofonia (Portugal, Brasil, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, Cabo Verde e Timor) apenas o Brasil desvirtuou a Língua Portuguesa, e não foi por motivos evolucionistas, como já referi.

 

O Português, dito do Brasil, não é mais do que uma Variante do Português, na sua versão mais pobre, ortograficamente falando, porque desenraizada da sua matriz culta greco-latina. Mas não só.  Também na Fonética/Fonologia, no Léxico, na Morfologia, na Sintaxe, na Semântica, a Língua que se fala e escreve no Brasil já é outra Língua - uma Variante da Língua Portuguesa.

 

Não existe um Português de Angola, ou de Moçambique ou de Cabo Verde, ou da Guiné, ou de São Tomé e Príncipe, ou de Timor.

 

O que há é muitos modos de dizer. A expressão oral pode variar até de cidade para cidade, dentro de um mesmo país. Mas não a escrita. A escrita é a portuguesa.

 

Os Brasileiros até podem dizer “mulé”, “muié”, “mulherrr”, mas se escreverem mulher, escrevem correCtamente.

 

Não critico o modo de falar de nenhum povo, se bem que falar bem não fica mal a ninguém.

 

Reduzir a língua escrita ao modo de dizer, não tendo em conta a etimologia das palavras, é um acto de incultura.

 

É triste, muito triste, vermos a nossa bela Língua Portuguesa escrita por aí, em documentos oficiais, nas televisões (as maiores divulgadoras da Língua deturpada), em jornais e revistas (salvo raras excepções), em  livros de (alguns) escritores menores, com a puerilidade de uma criança que acaba de se sentar nos bancos da escola primária, para aprender as primeiras letras, e junta-as conforme as ouve:

 

«Çaberão vóçax eisçelênciax u tamanhu da inurmidade da vóça falta de cunheçimentu da língua purtugeza [aqui o U não se lê, daí ser purtugeza, à moda acordista]?»

 

Tenham vergonha na cara, tenham dignidade, tenham a hombridade e a coragem de restituir a Portugal a ortografia portuguesa. Poderemos não ser milhões, mas somos milhares, e não nos embaraça nada ser uma das línguas minoritárias da Europa. Atrás do Português estão o Finlandês, o Dinamarquês, o Sueco. E estes três povos sofrem de algum complexo de inferioridade por causa disso? Obviamente que NÃO. Os Portugueses também NÃO!



Apenas os políticos portugueses e os seus servis seguidores, sofrendo desse complexo, arrastam-se atrás dos milhões, ainda que façam figura de parvos, e sejam gozados, por isso, em toda a parte.

 

Isabel A. Ferreira

***

 

Nota marginal:

 

Crítica de Pedro Luís Azevedo a este texto no Grupo «Em ACção contra o Acordo Ortográfico»

 

Discordo absolutamente da opinião da autora sobre um suposto abastardamento linguístico da nossa língua comum pela variante brasileira face à geratriz portuguesa.

Ambas têm rigorosamente a mesma valia. Há muitas palavras que, não fosse o Brasil, teriam desaparecido da língua viva portuguesa.

E muito mais.

E acho um erro crasso criar divisionismos artificiais na luta contra o "A"O90, até porque muitos expoentes da cultura brasileira rejeitam igualmente o aborto ortográfico.

 

Defesa do texto pela autora Isabel A. Ferreira

 

Pedro Luís Azevedo o senhor tem toda a liberdade de discordar da autora do texto.

Eu, pela minha parte, concordo com o senhor: a Língua Portuguesa e a Variante Brasileira da Língua Portuguesa têm, de facto, a MESMA VALIA: a Variante Brasileira da Língua Portuguesa tem valia no Brasil; a Língua Portuguesa tem valia em Portugal e nos países lusófonos que não aderiram ao AO90, assente na ortografia brasileira de 1943.

Aqui não se trata de criar divisionismos. Aqui há que defender a Língua Portuguesa, de Portugal, e a Variante Brasileira, do Brasil, que é o que fazem os expoentes da Cultura Brasileira, que MUITO prezo, porque no Brasil o aborto ortográfico limita-se aos acentos, nomeadamente ao trema, e hífenes, cuja supressão criou palavras HORROROSAS. Em Portugal são os acentos, os hífenes e a GRAFIA (que no Brasil ficou impoluta, e em Portugal foi mutilada, nada tendo a ver com a nossa Cultura linguística greco-latina.)

Quanto às muitas palavras que, não fosse o Brasil, teriam desaparecido da Língua viva portuguesa, há muitas, muitas outras que foram americanizadas, afrancesadas, italianizadas, castelhanizadas e deixaram de ser portuguesas. Certo?

Nada contra a Variante Brasileira. Tudo contra a imposição da Variante Brasileira aos Portugueses. E é isto que aqui está em causa.

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:55

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Quarta-feira, 18 de Agosto de 2021

Jair Bolsonaro constrangeu Marcelo Rebelo de Sousa e Augusto Santos Silva em almoço de Estado? Eu, que não sou hipócrita, penso que Marcelo e SS tiveram o que mereceram

 

Porquê?


Não andam ambos a arrastar-se aos pés do gigante brasileiro, no que ao AO90 diz respeito? Não andou Marcelo a fazer rapapés a Lula da Silva, promotor do AO90, e inimigo de Bolsonaro, o qual (Lula) numa viagem a Espanha, disse alto e em bom som que se havia corrupção no Brasil a CULPA era dos Portugueses? 

 

E andam os governantes portugueses a bajular estas personagens, que se estão nas tintas para Portugal, para os Portugueses e para a Língua Portuguesa!

 

O que espero agora é que ambos tenham aprendido a lição e deixem de fazer salamaleques ao Brasil (*) e devolvam a Portugal a ortografia que nos representa: a PORTUGUESA, a de 1945.

Porque amigos, amigos, negócios à parte.

 

Marcelo no Brasil.jpg

Bolsonaro e Marcelo durante a visita do PR português ao Brasil© EPA/Marcos Correa

Ler notícia aqui:

https://www.dn.pt/internacional/bolsonaro-constrangeu-marcelo-em-almoco-diz-o-globo-14037104.html

***

(*) Quando me refiro ao "Brasil" não estão aqui incluídos TODOS os Brasileiros, obviamente, mas apenas os POLÍTICOS e os seus subjugados, que espalham uma ignorância gigantesca pela Internet, pelo YouTube no que respeita a Portugal e aos Portugueses, envergonhando o Brasil.


Toda esta questão da Língua e a relação Brasil/Portugal é uma questão meramente de política marxista mal-amanhada, e de políticos portugueses muito subservientes.


Os nossos governantes arrastam-se aos pés dos políticos brasileiros que nos pisam há bastante tempo, e surpreenderam-se com o que se passou no almoço de Estado?  


E mais, no dia em que em Portugal se soube que Bolsonaro havia ganho as eleições, Marcelo Rebelo de Sousa acerca disso disse: «Isto é uma MÁ notícia». Depois, com a maior lata, foi à tomada de posse de Bolsonaro. E é óbvio que Bolsonaro soube deste dito de Marcelo, que nesta última viagem ao Brasil, foi fazer salamaleques ao Lula, e  à reinauguração do Museu da Língua Portuguesa onde todas, todos e todes estavam presentes, excepto Bolsonaro, que se esteve nas tintas para a cerimónia da atribuição da primeira Medalha de Camões (pobre Camões!) a um Museu que guardará o AO90 e a linguagem neutra, mas não a Língua Portuguesa. 

A terminar esta visita ao Brasil, Marcelo e Santos Silva, apesar da desfeita no Museu, aceitaram ir ao almoço de Estado, onde se sentiram constrangidos, com a linguagem livre de Bolsonaro. 


Esperavam o quê? Serem recebidos com pompa e circuntância?


Há erros que se pagam muito caro.

E mais caro irão pagar o facto de estarem a contribuir para a destruição da Língua Portuguesa.


Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:24

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Sexta-feira, 13 de Agosto de 2021

Considerações, actos e factos ao redor da (re)inauguração do Museu da Língua Portuguesa, com a presença de Marcelo Rebelo de Sousa, e a ausência de Jair Bolsonaro

 

Marcelo Rebelo de Sousa, mais conhecido por presidente da República Portuguesa, foi recentemente ao Brasil, com o pretexto de estar presente na inauguração do Museu da Língua Portuguesa (?), da cidade de São Paulo, à qual nem o presidente da República Federativa do Brasil, Jair Bolsonaro, nem sequer um seu representante, estiveram presentes.

 

Sabendo, como sabemos, que a Língua Portuguesa, por aqueles lados, já não é o que era, e sabendo como sabemos que o Museu foi reaberto para TODAS, TODOS e TODES, foi com enorme perplexidade que TODOS os Portugueses PENSANTES viram o “nosso” presidente a atribuir, àquele Museu, a primeira “Medalha Camões” (*)

 

E o resultado é o que se segue, retirado da página do Facebook  «Em aCção contra o Acordo Ortográfico»: https://www.facebook.com/groups/emaccao

 

MUSEU 1.PNG

 

Na minha modesta opinião, o Museu é mais mausoléu do que museu. Um mausoléu obscurecido, onde se guardará as obras acordizadas, porque as de Língua Portuguesa foram queimadas, umas no incêndio que destruiu o Museu, outras, nas fogueiras da Inquisição Acordista.   

 

MUSEU 2.PNG

 

Sobre esta questão deixo-vos com a excelente análise de Carlos Mota, que vai ao encontro de TODOS os que lutam pela defesa da NOSSA Língua Portuguesa:

 

MOTA1.PNG

CARLOS MOTA.PNG

 

MUSEU 5.png

 

E onde se começará a usar a inacreditável e parola “linguagem neutra» onde os (ou será as?) ILES darão as boas-vindas a «todas, todos e todes…» 

 

E o PR português só lá foi fazer má figura e desonrar o nome de Luís de Camões.

 

***

«Museu da Língua Portuguesa erra ao adotar [em Português, adoPtar] linguagem neutra»

 

Eis um vídeo muito interessante, onde se critica e fundamenta o uso deste tipo de linguagem, que destrói ainda mais a já tão destruída Língua Portuguesa.

 

Estou estarrecida com o rumo que está a tomar a Língua Portuguesa, que no Brasil já não é mais portuguesa, porque dela se distanciou consideravelmente, a todos os níveis. E esta da "linguagem neutra" (neutra como? dirigida a gente neutra? e haverá gente neutra neste nosso Planeta já tão destrambelhado?) é o cúmulo de todos os cúmulos que têm destruído uma Língua que nasceu com cabeça, tronco e membros, e actualmente está reduzida apenas aos membros inferiores, nomeadamente em Portugal, BERÇO da Última Flor do Lácio, que hoje é apenas a última erva daninha do Lácio. 🤢

 

 

«Novo acordo ortográfico continua a dividir opiniões»

 

Reportagem para ouvir e reflectir, emitida pela RTC - Rádio Televisão Cabo-verdiana, onde se dizem muitas verdades, que as televisões portuguesas ocultam, por mero servilismo ao Poder.

 

Todos sabemos que o Acordo Ortográfico de 1990 não tem ponta por onde se lhe pegue, nada nele pode ser polido, é uma fraude, é ilegal, é inconstitucional, não une coisa nenhuma, e os países envolvidos estão desunidos, então por que ainda continuam com esta farsa? Não estará na hora de dar o dito pelo não dito, e cada país da CPLP ficar com as respectivas línguas nacionais, porque jamais, com tanta diversidade linguística, poder-se-á unificar as Línguas derivadas da Língua Portuguesa, usadas nesses países. E não será a diversidade uma mais valia para a Língua?

 

Pois é, mas diversidade não é sinónimo de uniformidade. Cada Língua de cada país, dito lusófono, foi enriquecida com os dialectos locais e o léxico dos povos que se foram fixando em cada país.

 

Deixo-vos aqui um texto que pode auxiliar na única e racional tomada de posição, quanto ao AO90, ou seja, pura e simplesmente, na sua extinção:

 

 https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/quanto-mais-ignorantes-sao-os-povos-243638

 

MUSEU 6.PNG

 

Antonio Aguiar partilhou uma ligação.

 

De facto, e apesar do livro de Nuno Pacheco, ainda é um beco sem saída.

 

«Acordo Ortográfico ou beco sem saída

 

Volta e não volta o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa traz à discussão a diferença entre o que representa um propósito de ortografia oficial unificada nos países da CPLP e o seu reverso, cuja realidade aponta para um desinteresse na sua aplicação.

 

Datado de 1990 e assinado com empenho por todos os Estados membros (o último foi Timor-Leste em 2004), foi esbarrando posteriormente na sua oficialização por tardia ratificação de alguns dos seus parlamentos, ao ponto de 21 anos passados Moçambique ainda não a ter feito e Angola nem sequer o regulamentou de alguma forma.

 

Pretendendo, na origem, tornar mais convergentes normas ortográficas diversas, uma no Brasil e outra nos restantes países, acabou por perder dinâmica e mesmo em Portugal são muitos os críticos na sua aplicação, ao ponto do Presidente da República admitir, em São Paulo, liberdade de escolha na sua adoção [adopção]. Perante tantos entraves vale a pena perguntar se o Acordo ainda se justifica ou conduziu a um beco sem saída ortográfica e sem remédio?!

 

Eduardo Fidalgo, Linda-a-Velha»

in PUBLICO.PT

Cartas ao director    

 

MUSEU 7.png

 

O PR teve a lata de admitir, em São Paulo, liberdade de escolha na adoPção do bicho? O que é que ele pretende com isto? Anarquizar e aniquilar a Língua Portuguesa? Na entrevista à CNN brasileira adoptou a fala brasileira, ele, que é o presidente da República Portuguesa!!!! Uma verdadeira vergonha! Um insulto, uma gigantesca afronta à dignidade e à inteligência dos Portugueses, e pior, à identidade de Portugal.


O presidente de um país livre e DEMOCRÁTICO (?) como se diz ser Portugal, jamais deveria ter dito o que disse. Jamais deve falar à brasileira, quando está a ser entrevistado, ou em qualquer outra circunstância pública.



Em Portugal democrático, cada um tem a liberdade de adoptar ou não adoptar o AO90? Então porque é que tantos professores e alunos, que são contra o AO90 são ameaçados com penalizações, se pretenderem NÃO aplicar o AO90?

 

A quem quer o presidente da República Portuguesa enganar?

 

Perante tal discurso, só podemos concluir que Marcelo Rebelo de Sousa anda a fazer pouco dos (e pelos) Portugueses.
 

Isabel A. Ferreira

***


Nota marginal:

Quem considera que esta publicação desrespeita o Brasil ou o Museu da Língua Portuguesa, não percebeu nada do que aqui está em causa. E o que aqui está em causa é o enorme DESRESPEITO pela Língua Portuguesa - a Língua de CAMÕES - que ocorreu na cerimónia de (re)inauguração do citado Museu, e o triste desempenho do presidente da República Portuguesa, que deveria defender a Língua Portuguesa e não defendeu, nem defende. Bem fez Jair Bolsonaro, que se esteve nas tintas para a farsa que esta (re)inauguração constituiu.

 

***

 

(*)  Criada em Junho passado por iniciativa da Assembleia da República, a medalha Camões, destina-se a "galardoar serviços relevantes prestados por pessoas singulares ou colectivas nacionais ou estrangeiras à cultura portuguesa, à sua projecção no mundo, à conservação dos laços dos emigrantes com a mãe-pátria, à promoção da língua portuguesa e à intensificação das relações culturais entre os povos e as comunidades que se exprimam em português”.​

 

A condecoração foi atribuída “em nome do futuro” da língua portuguesa, para o qual “os mais jovens e mais numerosos” são “mais essenciais”, afirmou o Presidente da República numa alusão ao número de falantes brasileiros, que apenas em São Paulo são mais de 12 milhões.

 

“É esse futuro que, em nome de Portugal e de todos os portugueses, celebro, agraciando o Museu da Língua Portuguesa com uma ordem honorífica acabada de criar”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, acrescentando: “Este museu será o primeiro dos primeiros galardoados. Este museu, que o mesmo é dizer este São Paulo, este Brasil e esta língua portuguesa que nos une por todo o mundo”.

 

Ler mais aqui:

https://www.publico.pt/2021/07/31/culturaipsilon/noticia/museu-lingua-portuguesa-receber-nova-medalha-camoes-1972619

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:21

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Sábado, 7 de Agosto de 2021

Portugal vs. Brasil: a ignorante Isabel A. Ferreira responde à sábia Cristiellen

 

Comentário no post O que talvez não se saiba sobre o AO90 e é crucial saber, para não se fazer papel de parvo

 

Que vergonha de texto. Quanta xenofobia! A “variante brasileira” é cultural. E deve ser respeitada tanto quanto a lingua raiz. Percebe-se bem que você entende pouco da língua e suas nuances, descriminar o português falado no Brasil é discriminar o povo e sua cultura, o que é crime. Também nao concordo com o acordo, como também nao concordo que o português “brasileiro” nao seja aceito em Portugal. Seus argumentos só sustenta uma ignorância predominante aqui em Portugal, a falta de respeito e a soberba com outros povos. Retrato.

 

Cristiellen a 1 de Agosto 2021, 02:25

 

mucolinho_sabios_sao_aqueles_que_partilham_seus_co

 

(Para bom entendedor...)

 

Cristiellen, vamos aos factos, porque FACTOS não são FATOS:

 

Mas antes de ler esta minha resposta ao seu comentário, aconselho-a a consultar, num bom dicionário de Língua Portuguesa, o significado da palavra XENOFOBIA. E a propósito poderia pesquisar também o significado de LUSOFOBIA, que se adapta perfeitamente ao que o Brasil fez com a Língua Portuguesa, algo que mais nenhum país, dito “lusófono”, que adoptou o Português como língua oficial, fez.

 

Facto 1: A VARIANTE BRASILEIRA da Língua Portuguesa (NUNCA esquecer que PORTUGAL é o BERÇO da Língua Portuguesa) é muito cultural, sob o ponto de vista da Cultura Brasileira, aliás, riquíssima, mas muito mal apoiada e divulgada, por falta de uma política cultural elevada, obviamente por culpa dos políticos, e esse “cultural” ninguém contesta. E obviamente que essa VARIANTE deve ser respeitada como Língua do Brasil, e isto também ninguém contesta.

 

Facto 2: se você tivesse lido o texto com olhos de VER e não apenas de olhar (e olhe que estou a ser delicada, porque poderia adjectivar esta sua “leitura” de outro modo), não diria este absurdo: «percebe-se bem que você entende pouco da língua e suas nuances, descriminar o português falado no Brasil é discriminar o povo e sua cultura, o que é crime». Minha cara, o que é CRIME é pegar na Língua Portuguesa (a língua de outro povo) e DESLUSITANIZÁ-LA, americanizando-a, afrancesando-a, castelhanizando-a, italianizando-a, mutilando-a, afastando-a das suas raízes indo-europeias, por motivos POLÍTICOS bastante OBSCUROS, e continuar a chamar-lhe LÍNGUA PORTUGUESA. Chamem-lhe Língua Brasileira, porque portuguesa ela já não é, incluindo na fonética/fonologia, na sintaxe, no léxico, na morfologia, na semântica. Mas pior do que isso é tentar impingir aos Portugueses essa VARIANTE, quando Portugal TEM uma Língua europeia íntegra: a sua própria Língua.

 

Facto 3: a VARIANTE BRASILEIRA do Português é ACEITE em Portugal, (não ACEITA) desde que falada pelos Brasileiros. Se os Brasileiros frequentam escolas portuguesas terão de aprender PORTUGUÊS, tal como EU tive de aprender BRASILEIRO quando estudei nas escolas brasileiras, que não aceitavam e não aceitam o NOSSO Português. Se os Brasileiros forem estudar para Inglaterra terão de aprender Inglês, não é verdade? É que a VARIANTE BRASILEIRA do Português está tão distanciada do NOSSO Português, que já é OUTRA Língua.

 

Facto 4: a ignorância predominante não está em Portugal, nem a falta de respeito e a soberba com outros povos, como você diz, também não está em Portugal, até porque nas escolas portuguesas estudam Ucranianos, Indianos, Chineses, Franceses, entre outras nacionalidades, que se integram perfeitamente, porque não têm a pretensão de serem MAIS do que nós e exigir MORDOMIAS. Quando vamos para um país estrangeiro, dançamos conforme a música desse país. Foi o que EU fiz no Brasil. E SEM REFILAR, porque refilar, nessa circunstância, é da IGNORÂNCIA. Não vamos MUDAR a NOSSA Cultura apenas para fazer o jeito aos estrangeiros, nem a tal somos obrigados. E quem não estiver bem, que se mude. Nenhum estrangeiro jamais mudou a sua CULTURA para fazer o jeito a quem emigra. Nunca ouviu dizer que «em Roma sê romano»? Pois em Portugal seja portuguesa, como eu fui brasileira, no Brasil, e adorei. Até porque 80% da minha família é BRASILEIRA.

 

Posto isto, e porque FACTOS não são FATOS, fique lá com a sua sabedoria, que eu ficarei com a minha IGNORÂNCIA.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:04

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Terça-feira, 3 de Agosto de 2021

Ministério dos Negócios Estrangeiros de Portugal mentiu: Cabo Verde não ratificou o AO90, que nunca esteve em vigor, de acordo com todos os juristas portugueses, que já se declararam sobre esta matéria

 

Uma fraude chamada Acordo Ortográfico de 1990, acolitada pelo governo português e (pior ainda) pelo presidente da República Portuguesa (que deu uma entrevista à CNN brasileira, em brasileiro), e pelo Ministro dos Negócios Estrangeiros (aquele que mantém a Língua Portuguesa no cativeiro da ignorância) que foram ao Brasil insultar a nossa inteligência e envergonhar todos os Portugueses pensantes, como podemos comprovar neste artigo:


https://www.publico.pt/2021/07/31/culturaipsilon/noticia/museu-lingua-portuguesa-receber-nova-medalha-camoes-1972619?fbclid=IwAR2TERfwu0EGkLyczqa71bWW154IqH0ioBNTo40WehxpQybaSwFbuXPTf4Y


 Isabel A. Ferreira

 

ILegalidade do AO90.jpg

 

«Se dúvidas havia, elas não existem mais. Segundo o proferido, há dias, pelo presidente Jorge Carlos Fonseca, Cabo Verde não ratificou oficialmente o Acordo Ortográfico. O PR cabo-verdiano afirmou que «toda a gente diz que Cabo Verde ratificou», mas declarou-se «prudente» em relação a essa suposta realidade jurídica (refira-se que o próprio é jurista), tendo também avançado (https://bit.ly/3xjcWEV) que espera que o processo esteja concluído antes de Outubro (curiosamente, quando abandonará a presidência devido ao limite de mandatos).

 

Daqui decorre que o Ministério dos Negócios Estrangeiros português mentiu quando, em 2017, em resposta à petição "Cidadãos contra o Acordo Ortográfico de 1990", informou que, a par de Portugal e do Brasil, a ratificação fora efectivada por Cabo Verde e São Tomé e Príncipe (https://bit.ly/3ykQM6x). Acresce que também existem dúvidas quanto à ratificação por parte deste último, uma vez que «de São Tomé não se conhece registo de que tal protocolo tenha sido mesmo ratificado», conforme observou o jornalista Nuno Pacheco (https://bit.ly/3j83hMk).

 

Posto isto, se já havia incertezas relativamente aos trâmites de todo o processo, com a introdução do Segundo Protocolo Modificativo, que determinava que bastariam três ratificações para que o AO entrasse em vigor, sabe-se agora que, num universo de oito países, afinal o documento poderá só ter sido devidamente ratificado por dois: Portugal e Brasil. Temos, assim, um acordo preso por arames. Será possível continuar a insistir-se nesta mentira de Estado, eivada de fraudes jurídicas e diplomáticas?

 

Adenda 1:

Nestas declarações de Jorge Carlos Fonseca, ficou também a perceber-se que o PR de Cabo Verde tem dúvidas sobre a bondade do AO e que, tal como em Portugal, ele é aplicado de forma atabalhoada e incongruente, o que faz cair por terra o tal objectivo da unificação, com uma ortografia cada vez mais desagregada e ao sabor da escrita de cada um.

 

Adenda 2:

Como é sabido, Angola e Moçambique nunca ratificaram, e Guiné-Bissau e Timor-Leste nunca chegaram a fazer o depósito dos respectivos instrumentos de ratificação e adesão.

Vídeo daqui: https://youtu.be/T37Ri7eKgO8

 

 

Fonte: https://www.facebook.com/TradutoresContraAO90/posts/3905752382859734

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:12

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