Segunda-feira, 25 de Março de 2024

«Se quisesse, o Governo podia denunciar o acordo ortográfico. Mas não quer», quem o disse foi Augusto Santos Silva, em 2017, no tempo em que era o dono disto tudo...

 

... no tempo em que era ministro dos Negócios DOS Estrangeiros. O governo podia, mas não quer. Esta foi a resposta que SS deu à petição “Cidadãos contra o Acordo Ortográfico de 1990”, entregue na Assembleia da República em 09 de Março de 2017, e assinada por mais de 20 mil cidadãos e com mais de 200 subscritores. E o governo podia denunciar o AO90, mas não quis porquê? Para obedecer a ordens superiores, porque os governos pós-Aníbal Cavaco Silva e José Sócrates nada mandam na Língua de Portugal.

 

 Se quisesse, o Governo poderia ter denunciado o acordo ortográfico, mas não quis.

 

E agora, que SS, ironicamente, foi corrido da política pelo “Chega”, o partido que mais lhe fez frente, e que o obrigava a descer do seu pedestal de presidente da Assembleia da República, de dedo em riste, fazendo lembrar uma figura sinistra da II Grande Guerra Mundial, o que vai fazer o próximo governo, quanto a esta questão? Continuará a obedecer a ordens superiores, ou tomará uma posição que livre Portugal do jugo dos usurpadores da Língua Portuguesa, que estão a espezinhá-la e a encher a Internet com uma linguagem escrita absolutamente tosca, a que teima em chamar “português”, com abandeira brasileira a assinalá-la.

Fonte da notícia:

https://leitor.expresso.pt/diario/26-04-2017/html/caderno-1/temas-principais/se-quisesse-o-governo-podia-denunciar-o-acordo-ortografico-mas-nao-quer

Partilhado no Facebook.PNG

Esta imagem foi publicada no Facebook. Porém, este tipo de publicações NÃO deve ser, de modo algum, partilhado, em parte alguma, porque dissemina uma linguagem a que chamam indevidamenteportuguês”, e, como sabemos, os disparates repetidos muitas vezes, consolidam-se, e este é um fenómeno designado como analfabetização, que NÃO queremos aliado à nossa Língua Portuguesa.

 

Tudo isto vem a propósito deste vídeo onde SS, aquele que podia ter acabado com o AO90, mas NÃO quis, é desmascarado.

 

 

Depois de ver o vídeo não resisti a deixar lá o seguinte comentário:

 

Então? E não se fala da fraude ortográfica, mais conhecida por AO90, em que SS esteve metido, aprisionando a Língua Portuguesa nos calabouços do Ministério dos Negócios DOS Estrangeiros, do qual ele era ministro, e andou por aí a espalhar mentiras a este propósito, conduzindo Portugal para o CAOS ortográfico, nomeadamente,  nas escolas, enganando os alunos e muita gentinha desprevenida ou distraída, com uma lavagem cerebral vergonhosa? Disto não se fala? E não se fala porquê? Porque os partidos políticos foram todos coniventes com a fraude ortográfica que ainda está em curso, e ao que parece, não querem saber disto para nada, sendo todos cúmplices da maior traição jamais cometida por governantes portugueses contra Portugal, desde que Portugal é Portugal. 

Os leitores que se dignarem a ver o vídeo, não se esqueçam de ler os comentários, porque há ali muita matéria para reflectir.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:25

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Quinta-feira, 21 de Março de 2024

Lídia Jorge defendeu, em Goiás (Brasil), que a ideia de que a “variante europeia da Língua Portuguesa” ia ser preponderante “caiu por terra", só que Lídia Jorge esqueceu-se de que a “variante europeia da Língua Portuguesa” NÃO existe

 

Esta afirmação vem publicada num artigo sob o título Ideia de português europeu ser preponderante “caiu por terra (clicar no link para ler as declarações da escritora), no Jornal online “Notícias ao Minuto”.

 

Este é um texto onde Lídia Jorge fica muito mal na fotografia, porque só diz disparates, se bem que dizer disparates é a sina dos que acham que o Brasil é que é dono da Língua Portuguesa, só porque são milhões.

 

Lídia Jorge.png

 

Para quem considera uma “coisa humana(*), um embrião, fruto da fertilização de um óvulo por um espermatozóide, ambos da espécie humana, o qual, se NÃO o destruírem no santuário da vida, que é o útero materno, transformar-se-á num ser humano e não num réptil, não me surpreende nada que trate a Língua Portuguesa com igual desprezo.

 

Deixei de ler Lídia Jorge, há muito.

 

Um escritor, que se preze de ser português, rejeita instintivamente a linguagem preconizada pelo AO90, assente na base IV do Formulário Ortográfico Brasileiro, de 1943, uma vez que NÃO pertence à nossa Cultura Linguística, e se tem um saber aprofundado sobre a Língua Portuguesa, não diz que ela é uma variante europeia do Português.

 

 As declarações de Lídia Jorge só demonstram que para Lídia Jorge, a Língua Portuguesa, que deveria ser o seu mais precioso instrumento de trabalho, não passa de uma “coisa” que tanto faz, escrever assim como assado, até porque é preciso assegurar um lugar ao sol no mundo editorial, e Lídia Jorge talvez desconheça (ou não) que a Língua Portuguesa foi vendida ao desbarato ao Brasil, por meia dúzia de ignorantes desgovernantes portugueses, como se de um saco de bolotas se tratasse.

 

Lídia Jorge demonstra um desconhecimento espantoso sobre a Língua Portuguesa e a sua essência e significado, quando diz que a ideia do Português europeu ser preponderante "caiu por terra". Lídia Jorge desconhece que o Português europeu NÃO existe. O que existe é simplesmente a Língua Portuguesa, que teve origem em Portugal, por obra e graça do Rei Dom Diniz, e se espalhou pelo mundo com a expansão marítima, gerando Variantes do Português em todos os territórios conquistados, uns, colonizados, outros, incluindo, obviamente, a Variante Brasileira do Português.

 

Não existe uma Língua Inglesa europeia, ou uma Língua Castelhana europeia, ou uma Língua Francesa europeia. O que existe são Variantes dessas Línguas, geradas nos territórios que os respectivos países colonizaram.

 

Ao contrário do que afirmou na sua declaração, à margem da inauguração da cátedra com o SEU nome, na Universidade Federal brasileira de Goiás, qualquer pessoa que é mais ou menos inteligente e se apercebe da realidade (leia-se CAOS ortográfico no território Português, onde já são poucos os que escrevem correCtamente a sua Língua Materna, aquela que está consignada na Constituição da República Portuguesa), compreende que, de faCto, a ideia de Fernando Pessoa de que «a minha pátria é a Língua Portuguesa» é muitíssimo bem apropriada, porque a Língua Portuguesa é um dos símbolos maiores da Identidade Portuguesa, da Nação Portuguesa, de Portugal, agora usurpada pelo Brasil através da Língua e da Bandeira.

 

Os Portugueses que NÃO sofrem do complexo de inferioridade, como os políticos portugueses e seus lacaios acordistas, NÃO têm a pretensão de que a Língua Portuguesa seja preponderante. Têm a pretensão, sim, de que ela seja correCtamente escrita e falada, e nos identifique como um País livre e soberano, dono da nossa Cultura, da nossa História e da nossa Língua, e não estar indevidamente à mercê  da vontade política de um país estrangeiro.


A Língua Portuguesa só será forte na sua diversidade.

 

O que Lídia Jorge não sabe, mas devia saber, é que esta questão da Língua nada tem a ver com a Língua, mas com objectivos políticos dos mais obscuros, e não sabe o que diz, quando fala no «"carinho que os brasileiros têm" pelos estudos da literatura portuguesa...». Lídia Jorge desconhece que no Brasil já NÃO se estuda a disciplina de Português, que foi substituída por «Comunicação e Expressão, para aliviar os alunos dos textos clássicos, das construções sintácticas, das imagens literárias, dos códices gramaticais, e de tudo o que até então servia nas escolas para aprendizagem do idioma», in «Destratando o Português», crónica de A. Gomes da Costa, de 20/08/2001, inserida no livro «A Brasilidade dos Portugueses», pela Nórdica Editora, no Brasil.

 

Nem a Literatura Portuguesa, nem a Literatura Brasileira são estudadas nas escolas brasileiras. Os alunos servem-se de notícias dos jornais, para aprenderem o que restou do Português na Variante Brasileira.

 

Não me surpreenderam, pois, os disparates que Lídia Jorge proferiu, porque afinal, tem de defender o seu lugar ao sol, no mundo da literatura, ainda mais no Brasil.

 

Se ela NÃO desprezasse a Língua Portuguesa, do modo como a desprezou, em favor da Variante Brasileira do Português, como poderia inaugurar uma cátedra com o SEU nome na Universidade Federal Brasileira de Goiás?

 

Só o facto de se referir ao Português como "variante europeia da Língua Portuguesa", já demonstra um  gigantesco desconhecimento, porque a Língua Portuguesa NÃO é uma variante. A Língua Portuguesa é A Língua Portuguesa. A única.  As outras é que são as variantes.

 

Isto acontece quando não se quer perder os privilégios que o Poder reserva aos "yes man".

A mim jamais me dariam uma cátedra, fosse onde fosse, fosse por que fosse, se o preço a pagar fosse o desprezo pela minha Língua Materna.

 

Isabel A. Ferreira

Fonte: https://www.noticiasaominuto.com/cultura/2524630/ideia-de-portugues-europeu-ser-preponderante-caiu-por-terra

(*) Expressão proferida por Lídia Jorge aquando uma discussão sobre o aborto (abreviação de "matar filhos no útero materno")

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:25

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Quinta-feira, 14 de Março de 2024

«Língua portuguesa e integração» ou uma aldrabice para enganar os estrangeiros?

 

Língua portuguesa e integração é o título de um artigo de opinião, da autoria do acordista Diogo Godinho, e publicado no passado dia 09 de Março, no Jornal “Observador”.

 

Diz o opinante que «O conhecimento e uso da língua portuguesa torna-se condição indispensável para a integração de cidadãos de origem estrangeira», o que é algo absolutamente correCto.

E acrescenta: «Conforme prevê a nossa Constituição, a língua oficial da República Portuguesa é o Português, sendo tarefa fundamental do Estado a sua defesa e a sua difusão (art.º 9º, al. f) e art.º 11º, nº3 da CRP). Porém, não bastando tal obviedade, o legislador português clarificou ainda explicitamente noutros diplomas legais que a língua portuguesa seria a língua usada nas tramitações administrativas e judiciais do Estado (cfr. arts.º 54º C.P. Administrativo; 133º C.P. Civil ; 92º, nº1 C.P. Penal).»



Neste último parágrafo é que a porca torce o rabo, porque a questão é:

1 - A que Português a Constituição da República Portuguesa (CRP) se refere?

 

A Constituição da República Portuguesa refere-se ao Português ainda em vigor em Portugal, através do Decreto 35.228, de 08 de Dezembro de 1945, que estabelece os princípios de fixação para a grafia da Língua Portuguesa, que entrou em vigor em 01 de Janeiro de 1946, e a qual ainda não foi revogada, por Lei alguma, e apenas uma LEI pode revogar outra Lei. Portanto, todos os que aplicam o chamado acordo ortográfico de 1990, desde o mais letrado ao mais ignorante, estão a infringir a Lei.

O próprio Estado Português, o próprio presidente da República Portuguesa, os governantes portugueses, os deputados da Nação, à excePção dos do Partido Comunista Português (PCP), que não se deixou deslumbrar pelo aceno dos milhões, estão a violar a Constituição da República Portuguesa, ao aplicarem um acordo ilegal e inconstitucional, segundo os pareceres, bem fundamentados juridicamente, de inúmeros juristas não-afectos ao regime, porque aos afectos ao regime, como os Profs. Jorge Miranda e Vital Moreira, parece-lhes que o AO90 é legal ainda que não ratificado, por todos os signatários, e, para tal, dão desculpas de mal pagador, que só convencem os ignorantes.

 

2 - Estará o Estado Português a cumprir a tarefa fundamental de defender e difundir o Português, de acordo com os artigos mencionados, no parágrafo referido mais acima?

Obviamente, NÃO está.

Neste artigo de Diogo Godinho, NÃO se fala da Língua Portuguesa, do Português, consignado na CRP. Fala-se do ACORDÊS, muitas vezes amixordizado, ou seja, a mistura da grafia portuguesa com a grafia brasileira, preconizada no mal engendrado AO90, que andam por aí a impingir aos estrangeiros, dizendo-lhes que é Português, enganando-os descaradamente. E isto devia ser tratado como crime.

 

E o que é mais estranho é o absurdo silêncio da Academia das Ciências de Lisboa (que ao que parece, actualmente, é uma mera serviçal da Academia Brasileira de Letras, pois é esta última que dá cartas nesta “Questão da Língua Portuguesa”, que ficará para a História, como o acto mais infame, mais vergonhoso, mais servil, mais idiota perpetrado por governantes portugueses do pós 25 de Abril, bem identificados, os quais, por mais incrível que possa parecer, permitiram que Portugal se transformasse no albergue dos medíocres, dos incompetentes, dos analfabetizados, dos que não querem saber, dos sem-brio, dos apátridas, dos acordistas que não conseguem PENSAR a Língua de Portugal!

 

AO90.png

Liberdade de sermos portugueses.png

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:45

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Quarta-feira, 13 de Março de 2024

«A beleza das palavras», por Manuel Matos Monteiro, Director da Escola da Língua



Manuel Matos Monteiro.png

Por Manuel Matos Monteiro

Director da Escola da Língua

 

A beleza das palavras

 

Num tempo em que a lusa língua é tão maltratada, poderia vituperar contra o paupérrimo artigo de Jorge Miranda em que o constitucionalista defende um Acordo Cacográfico que não sabe aplicar (veja-se “heróica”) e cuja própria data desconhece (imagine-se o texto de um historiador a comemorar os cinquenta anos do 25 de Abril… de 1975…), mas que defende e propagandeia há anos sem conseguir observar a condição sine qua non para a sua defesa e apologia: inventariar as vantagens (uma só!) desse instrumento ante o anterior.

 

Quanto ao mais, o artigo está pejado de enfermidades linguísticas e de considerações desastradas sobre erros de português (veja-se o caso do «porque»/«por que»), sem um singelo exemplo ilustrativo. Poderia ainda bradar contra a ausência desse crime de leso-idioma (o Acordo Cacográfico) na discussão eleitoral, instrumento esse que os partidos políticos e os mais altos dignitários do Estado continuam sem saber aplicar, enquanto decretam, cegos e surdos (porque o Acordo tem consequências na língua escrita e falada), que seja aplicado.

 

Poderia até enumerar a quantidade de vezes que ouvi “acórdos” (isso mesmo) nos debates das legislativas. “A minha pátria é a língua portuguesa”, papagueiam com frequência e solenidade os habitantes do espaço público, mormente políticos, que (com louváveis excepções) estão sempre mortos por usar uma palavra estrangeira para exprimir determinado conceito que, na língua portuguesa, tem quatro, cinco ou seis palavras (por vezes, até mais) que dizem a mesmíssima coisa, enquanto apresentam um vocabulário reduzido e estereotipado, debitando a ladainha de dois em dois minutos: “empatia”,   impacto”, “inclusivo”, “expectável”, “expectativas”, “janela de oportunidades”, “recorrente” e o verbo “colocar”. Será, por tudo isso, natural que os efeitos (“impactos”, para melhor compreensão) do Acordo Cacográfico não os afectem (“afetem”, escreverão eles, se souberem ou se a tecnologia os ajudar).

 

(Concedo ter cedido parcialmente à paralipse até aqui.)

 

Sucede que falar sempre mal faz mal, pelo que me dedicarei a boiar, garantidamente mais feliz, pelo que o título deste texto anuncia, preferindo de ora em diante algo deleitoso a algo deletério.

 

Estamos em Fevereiro de 2016, na sala de aula da terceira classe de uma pequena e tranquila cidade (Copparo) no Norte de Itália, e a professora Margherita Aurora pede aos seus alunos que escrevam dois adjectivos para cada vocábulo que dita.

Uma dessas palavras é “flor”.

Matteo, um menino de oito anos, escreve: “perfumada e petalosa”.

A professora assinala o segundo adjectivo, a palavra petalosa, como um “erro

bonito”.

A professora diz a Matteo e aos colegas que redijam uma carta à Accademia della Crusca, a mais alta instância linguística italiana.

Passadas três semanas…

… chega uma carta à escola de Matteo.

 

Diz a carta:

Querido Matteo, a palavra que inventaste é uma palavra bem formada e poderia ser usada em italiano, assim como são usadas palavras formadas da mesma maneira.

Tu juntaste petalo + oso ➞ petaloso = cheio de pétalas, com muitas pétalas

Da mesma forma, existem em italiano:

pelo + oso ➞ peloso = cheio de pêlos, com muitos pêlos

coraggio + oso ➞ coraggioso = cheio de coragem, com muita coragem.

A tua palavra é bonita e clara […].

[…]

Obrigada por nos teres escrito.

Cumprimentos para ti, para os teus companheiros e para a tua professora.

 

Maria Cristina Torchia

Redacção da Consultoria Linguística

Accademia della Crusca

 

A história — … e, com ela, a palavra… — difundiu-se pela televisão, pela rádio, pelos jornais, pelas redes sociais. O próprio primeiro-ministro italiano Matteo Renzi felicitou Matteo num tuíte. O já saudoso Fernando Alves, que só sabia fabricar superbíssimas crónicas, dedicou-lhe uma superbíssima crónica.

 

Tropeçamos na beleza e desatamos a correr?

James Joyce, na sua obra mais difícil, Finnegans Wake, criou palavras que fundiam dois verbos. Por exemplo, pegou em “catapultar” e “arremessar”, e escreveu: “catapultarremessam”. Pegou em “arrasar” e “massacrar”, e escreveu: “avançam para arrasamassacrar”.

Pegando numa onomatopeia e num substantivo, o escritor irlandês deu-nos a sonora e expressiva ideia de uma… “pftjqueda”.

 

Lembrei-me disto, porque escrevi ao Instituto de Lexicologia e Lexicografia da

Língua Portuguesa (ILLLP) propondo os vocábulos “lucivelo” e “ancenúbio”,

vocábulos esses que foram felizmente acolhidos no Dicionário da Língua

Portuguesa (DLP). “Lucivelo” e “ancenúbio” são as palavras portuguesas que

exprimem respectivamente os francesismos abat-jour e nuance.

“Lucivelo” vem de luz e véu, e significa o mesmo que o galicismo “abajur”. O DLP acolhia a palavra francesa abat-jour, mas não acolhia a palavra portuguesa

“lucivelo”.

 

Recorde-se que, para o galicismo abat-jour, temos:

“quebra-luz”

“pára-luz”

“tapa-luz”

“veda-luz”

“abaixa-luz”

e… claro… lu-ci-ve-lo.

É digno de nota que estas seis palavras portuguesas sejam muitíssimo menos usadas do que a palavra do francês.

 

“Ancenúbio”, que também já mora no DLP, significa o mesmo que o francesismo nuance, sendo formada pelos mesmos elementos latinos presentes na criação do termo estrangeiro. An-ce-nú-bi-o, que palavra tão suave e melodiosa, tão replena de eufonia.

 

Continuo ainda a aguardar que “intimilhação” (1), “trabalhólico”, “calipedia”, “aletia”, “fenotexto”, “tecnofilia”, “tecnófilo” e “tecnodeslumbrado” tenham o mesmo destino: que tais propostas que enviei por escrito ao ILLLP desaguem igualmente no DLP.

 

“Intimilhação” nasce de “intimidação” e “humilhação”. “Intimilhação”, quanto ao mais, traduz muito bem o bullying. Espero ainda que o aportuguesamento de workaholic desague no dicionário da Academia das Ciências de Lisboa (o já referido DLP). Alguém estranha a palavra “alcoólico”? Porquê estranhar então “trabalhólico”? Mera falta de hábito que domestica e amestra o paladar.

 

Manuel Matos Monteiro, Director da Escola da Língua

 

(1) A primeira vez que tropecei neste prodígio foi num texto do tradutor A. Gonçalves.

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:40

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Quarta-feira, 6 de Março de 2024

Legislativas 2024: nenhum dos candidatos a primeiro-ministro merece ser primeiro-ministro, à excepção (talvez) de Paulo Raimundo, porque ao menos este escreve correCtamente a Língua Oficial de Portugal

 

Mas isto, só por si, não basta, para merecer o meu voto!
Daí que não tenha em quem votar.

Dirão: e o que vale o voto daquela? Não valerá nada para quem assim pensa. Valerá para mim, e para a minha consciência, e isso é o que mais importa.

 

O mínimo que se exige de um governante é que saiba escrever correCtamente a Língua Oficial do País que representa.

 

O Grupo Cívico de Cidadãos Portugueses Pensantes enviou a todos os partidos políticos, com assento no Parlamento, esta solicitação  para que introduzissem a gravíssima questão da Língua Portuguesa, destruída pelo AO90 e usurpada pelo Brasil, nos debates e nos seus programas eleitorais, pois sem uma Língua bem estruturada, não há Ensino de qualidade, nem Cultura, nem  coisa nenhuma, e teremos um País cheio de gente analfabetizada.

 

E isto foi o mesmo que falar para as paredes.

 

Nenhum partido se dignou a responder.

Aliás, seguindo o exemplo do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que também NÃO se dignou a responder ao nosso Apelo, ao contrário da Senhora Von der Leyen que, usando da sua boa educação, respondeu a uma denúncia que fizemos por a União Europeia estar a usar no Português, que é uma das línguas oficiais da UE, uma ortografia ilegal e inconstitucional, algo que ainda não tornei público, mas brevemente virá a público.

Agora falando apenas por mim: que consideração podem merecer os candidatos, de uma cidadã que tem o dever de votar, se não é considerada por eles, pelos que têm a pretensão de governar, deixando de fora uma questão que está a levar-nos à ruína de um dos nossos principais símbolos identitários: a NOSSA Língua Portuguesa.

Nenhuma consideração.

 

Bitola.png

 

Além disso,  gostaria de saber se alguém responsável pela governação de Portugal, ou algum dos que têm a pretensão de (des)governar Portugal, a partir do dia 10 de  Março, têm uma explicação racional para a usurpação da Bandeira de Portugal, apresentada na imagem que ilustra este exercício da minha muito legítima indignação.

 

O silêncio que fizerem a esta usurpação dirá do que Portugal vale para os políticos portugueses, ou seja: NADA.

Isabel A. Ferreira

 

Bandeira Portuguesa - Brasil.PNG

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 19:23

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Em Defesa da Ortografia (LXVI), por João Esperança Barroca

 

«Acho o AO90 uma máquina de fomentar erros, de criar aberrações e instaurar o caos ortográfico […]. Quando os seguidores e legitimadores deste acordo instaurado por errados e perniciosos cálculos políticos recuam perante algumas das suas regras mais pitorescas […], então é caso para perguntar o que se passa com a monstruosa criatura que não é respeitada nem sequer por quem lhe quer bem. Devo confessar que às vezes até tenho pena do enjeitado, embora não hesitasse em infligir-lhe o golpe de misericórdia

António Guerreiro, Cronista e Crítico Literário

 

«O Acordo Ortográfico é uma das coisas que mais abastardaram a língua portuguesa nos últimos anos, e sobre o qual ninguém se pronuncia. São todos muito patriotas, têm todos Portugal e a bandeirinha na cabeça e no corpo, mas coisas que efectivamente atentaram contra a nossa identidade, que depende em muitos aspectos da língua, ninguém liga nenhuma. O Acordo Ortográfico mantém-se, em grande parte, por inércia, não é porque haja muitos defensores. A maioria das pessoas que escreve bem português não escreve naquela coisa.»

José Pacheco Pereira no programa "O Princípio da Incerteza" 11/02/2024

 

«A coisa foi caindo no esquecimento, embora muitos jornais e revistas tenham decidido adoptar a coisa, que era uma maneira de ir impondo a coisa, em jeito de dose maciça a ver se nos habituamos. A verdade, sejamos claros, é que nunca nos habituámos. E a coisa é confusa mesmo para professores que têm de pregar o Acordo Ortográfico às criancinhas […]. Nunca escrevi segundo o Acordo, porque estou contra, […] sobretudo por isso, por me parecer uma imposição sem grandes bases de verdadeira discussão pública, uma coisa acelerada, precipitada

Rodrigo Guedes de Carvalho, Jornalista e Escritor

 

«Prescinde-se, quer do acento agudo, quer do circunflexo, para distinguir palavras paroxítonas que, tendo respectivamente vogal tónica/tônica aberta ou fechada, são homógrafas de palavras proclíticas. Assim, deixam de se distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão de parar, e para, preposição; pela(s) (é), substantivo e flexão de pelar, e pela(s), combinação de per e la(s); pelo (é), flexão de pelar, pelo(s) (é), substantivo ou combinação de per e lo(s); polo(s) (ó), substantivo, e polo(s), combinação antiga e popular de por e lo(s); etc

Ponto 9 da Base IX do Acordo Ortográfico de 1990

 

Quando se olha com alguma atenção para a linguagem que por aí vai circulando, à boleia do AO90, uma das situações que nos salta à vista é a da confusão entre pára (forma verbal) e para (preposição). Os bonzos do AO90, enquanto assobiam para o lado, costumam afirmar que o contexto é sempre esclarecedor. Parafraseando um dos mais famosos debates da história da democracia portuguesa, apetece dizer-lhes: — Olhe que não, olhe que não…

 

Para ilustrar a nossa opinião, incluímos uma recolha de títulos, em vários órgãos da comunicação social, nos quais não é clara a classe gramatical do vocábulo para. Consequentemente, ninguém sabe como pronunciar essa palavra. Abrindo ou fechando a primeira vogal?

 

Vejamos, então, o resultado do nosso trabalho de pesquisa: a) Razão para ida ao cinema. b) Sobreprocura para pedopsiquiatria. c) A chegada de Ronaldo para o jogo com o Benfica. d) Horta para o estágio. e) Ritual indonésio para a chuva. f) Estudo para protecção das dunas. g) Ninguém para Portugal. h) Ninguém para o Benfica. i) Ninguém para a juventude do Brasil. j) Médio livre para as águias. k) Certificado digital ou teste negativo para acesso a restaurantes. l) Uma ligação para a vida. m) Mulher de Cabrita para a supervisão dos transportes. n) Ricardo Horta para a história. o) Modric para a história. p) Tudo para o Bessa. q) Para já, o estado de emergência não avança. r) Aliança mundial para a vacina? s) Jesus para três épocas? t) Escutismo, de onde e para onde. u) Bilhete para o clássico. v) Sterling com entrada 'assassina' sobre Dele Alli e Mourinho reage em bom português: «Para o car****, pá! w) Mariano Díaz para o ataque do Benfica. x) Palco para Díaz. y) Carro de vogal para as modalidades com vidro partido. z) Benfica demasiado forte para Braga. a’) Aviso para Páscoa. b’) Defesa reforçada para FCPorto. c’) Mercado ferve: Salin ruma a França, João Félix para quarta-feira e Benfica contrata brasileiro. d’) Penálti para o Vizela.

 

Como vê, caro leitor, nas imagens que acompanham este escrito, muitas vezes a única solução viável, quer nas notícias sobre os futebolistas Evanílson ou Zaidu, quer na imagem televisiva, é acentuar a forma verbal, diferenciando-a da preposição. Isto é, estes órgãos dizem aplicar o AO90, mas fazem-no parcelarmente, considerando-o assim um instrumento defeituoso.

 

Ah, e como se lê mais neste exemplo?

O comboio deslizou lentamente pelos carris.

— Para o comboio! — gritou o chefe da estação.

O chefe da estação ordena que as pessoas entrem no comboio ou manda parar esse mesmo comboio?

Ah, pois é. Como escrevemos no mês passado, dispensar os neurónios dá mau resultado.

 

João Esperança Barroca

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publicado por Isabel A. Ferreira às 15:21

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Terça-feira, 5 de Março de 2024

AO90: «Uma causa “fraturante”»

 

Um precioso texto do Jornalista Octávio dos Santos, que esmaga (e bem) o AO90 e as individualidades que a ele estão associadas.

 

Os excertos a negrito são da responsabilidade da autora do Blogue, que também deixa aqui esta Nota:

Para quem não sabe, as palavrinhas “fraturante”, “correto” e “adoção” que aparecem neste texto, lêem-se “frâturant”, “currêtu” e “âdução”m,  segundo as regras da Gramática Portuguesa, porque lhes falta o e o , que servem de sinais diacríticos, para que as vogais possam pronunciar-se abertas: “fráCturant”, “curréCtu”, ”adóPção”.

Isabel A. Ferreira

 

Octávio dos Santos.png

 

Uma causa «fraturante»

 

Para os republicanos de Portugal e do Brasil alterar frequentemente a ortografia da dita «Língua de Camões» tornou-se não só um hábito, mas também uma obsessão, um vício, com várias mudanças prepotentes e incompetentes a ocorrerem nos últimos cem anos. E nenhuma foi, e é, pior, mais ofensiva e mais ridícula do que a consagrada no denominado «Acordo Ortográfico de 1990». 

 

Porquê? Porque, na verdade, não se trata de um acordo, mas sim de um exercício em estupidez, de uma rendição, de uma submissão, por parte de Portugal, aos grupos e às individualidades mais anti-portuguesas no Brasil. Porque é a aceitação de uma «ortografia» absurda, «anti-natura», distópica… porque introduzida e imposta nas terras de Vera Cruz em 1943 por um ditador, Getúlio Vargas, num impulso ultra-nacionalista que visava, ultimamente, cortar o mais possível as ligações, as influências e as ascendências europeias e lusitanas. Compare-se: nenhum país hispânico, nenhuma das ex-colónias espanholas nas Américas cometeu o mesmo crime com o legado linguístico que receberam da metrópole em Madrid; aliás, nenhuma ex-colónia em qualquer parte do Mundo procedeu a uma tal mutilação – de consoantes supostamente «mudas» ou de outras letras – da ortografia recebida da antiga potência colonizadora. Diferenças há sim, evidentemente, e daí as várias variantes de Inglês, Francês… e Castelhano que existem, mas são pequenas, poucas, não significativas.

 

A «adoção» oficial – mas ilegítima, ilegal, inconstitucional – em Portugal da ortografia brasileira é a expressão máxima da convicção por parte de muitos iludidos deste lado do Atlântico de que os «tugas» devem aceitar e celebrar a supremacia e a superioridade dos «brazucas» a todos os níveis de actividade. Porém, o Brasil não nos respeitará por nos submetermos e ajoelharmos, por – e Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa fizeram isso – elogiarmos o sotaque deles. Tanto mais que o Brasil não é um país «irmão» mas sim um país «filho» de Portugal. E se o «filho» deve respeitar o «pai» este também tem a obrigação se fazer respeitar. Tal não acontecerá se o «pai» aceitar escrever, e até falar, segundo o dialecto degenerado que o seu «filho», em acto de rebeldia, decidiu rabiscar. 

 

A introdução do AO90 em Portugal começou, é certo, com Cavaco Silva, mas a verdade é que a sua imposição só aconteceu de facto com José Sócrates… e com Lula da Silva. É por isso que é contraditório e descredibilizador, para qualquer partido e qualquer político, criticar e condenar aqueles dois presidiários irresponsáveis usando, ao mesmo tempo, a infame ortografia que os dois energúmenos protagonizaram e promoveram. Em Portugal quem obedece ao AO prostra-se perante o PS. Quem critica a Esquerda recorrendo a uma – à sua – linguagem adulterada perde toda e qualquer autoridade moral para a criticar. O AO90 é também como que uma causa «fracturante» (ou «fraturante»), uma medida «politicamente correcta» (ou «correta»), qual aborto ou eutanásia do idioma, uma «transição» da identidade de género da cultura (com «cirurgias» atrozes que se pretendem irreversíveis), uma reparação contemporânea pelos alegados crimes dos antigos conquistadores.     

     

É por tudo isto que o combate anti-acordista, sendo justo, indispensável e urgente, pode e deve ser igualmente um trunfo eleitoral. Tem mais hipóteses de ganhar votos e deputados um partido que se comprometa seriamente e solenemente a acabar definitivamente com este atentado à dignidade nacional. E um excelente meio para esse fim aguarda a sua recuperação das «catacumbas» da Assembleia da República: a Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico, quiçá a derradeira e maior de todas as petições (e existiram várias ao longo dos anos) contra a aberração, e que, cumprindo todos os critérios exigidos por lei, deu entrada em 2019 para ser depois boicotada, impedida de ser levada a plenário para discussão e votação, pelo PS com a conivência do PSD. Já é mais do que tempo de, também aqui, se dizer, gritar, e escrever, «chega»!    

 

Fonte do texto: https://folhanacional.pt/2024/03/04/uma-causa-fraturante/

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 11:46

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Domingo, 3 de Março de 2024

«O Brasil se quiser ser um grande país e construir uma nação nesse mesmo país não pode ser leviano e pretender ser professor da Língua Portuguesa»

 

A propósito do texto publicado em «O Lugar da Língua Portuguesa» sob o título  (...) «E a campanha eleitoral continua a ignorar a questão da imposição política 'criminosa' do indefensável AO90 a Portugal! Democracia isto?! Com os tiques da ditadura e da censura?!...» e partilhado no Novo Movimento Contra o AO90 gerou-se uma troca de comentários entre mim e João Robalo de Carvalho, e que aqui reproduzo, por existir matéria de interesse público.

 

É preciso, de uma vez por todas que o Brasil siga o seu caminho, e deixe de humilhar Portugal, algo que já tem barbas brancas e muito, muito longas e que vai muito para além desta declaração de Evanildo Bechara (sucessor de Antônio Houaiss, o brasileiro-libanês, pai do AO90) que em conluio com Malaca Casteleiro, engendraram esta aberração ortográfica. A declaração de Bechara é de 2016, mas antes desta data, esta ideia já estava cimentada, e depois dela, as coisas têm vindo a piorar, devido à repugnante subserviência dos governantes portugueses, desprovidos de coluna vertebral, que rastejam, como lagartos, aos pés do Brasil.

 

Não podemos admitir que o Brasil continue a HUMILHAR-NOS deste modo tão grosseiro, e que se ande por aí a vender gato por lebre, chamando “português” à Variante Brasileira do Português, que está a circular efusivamente na Internet, cheia de disparates. Uma vergonha! Um insulto!


Isabel A. Ferreira

 

***

 

 João Robalo de Carvalho

Quanto a este assunto nacional da alteração da escrita da Língua Portuguesa através de imposição de regras vindas dos órgãos nacionais e com a anuência da figuras representativas do Estado e de alguma parte da intelectualidade portuguesa como o caso do prof. Jorge Miranda, membros da Academia de Lisboa e prof. de língua portuguesa, este caso nacional está para durar enquanto houver desacordistas e se não houver um despertar nacional para este assunto nacional, a Língua Portuguesa de seu nome, identificando um idioma nascido e construído em Portugal chegou ao fim.

 

O Brasil com o seu jeito manhoso e provinciano utilizando a manha ou má-fé, já que usou caminhos desviantes para chegar ao destino que foi alterar escrita da Língua Portuguesa através de um chamado "Acordo" quando é do conhecimento público que esse acordo foi forjado com o intuito de tirar proveitos políticos a seu favor, nada há a fazer, a não ser pela desconstrução do processo que construiu esse "Acordo", ou seja: Revogação.

Para chegar à revogação serão os deputados da A. R. a iniciar o processo, logo que reconheçam que o chamado acordo ofende os interesses de Portugal, já que, se a asneira começou por eles, devem ser eles, deputados, a reconhecer a asneira e com a sua legitimidade própria desfazerem-se dela.

 

A Língua Portuguesa como a conhecemos no século XX está morta e não mais Portugal terá controlo do seu desenvolvimento uma vez que o Brasil tomou o controlo da sua expansão através dos "acordos" estabelecidos entre o Brasil e Portugal.

Portanto, sejamos lúcidos, da forma como o cozinhado foi elaborado será apenas por duas vias. Ou Revogação ou por todos os portugueses que conscientes do valor da sua Língua se prestem a lutar por ela uma vez que ela já não é nossa, mas uma língua desvairada e perdida por aí, pelo mundo, mas sem controlo e com regras comandadas pelo terceiro mundo ou mundo subdesenvolvido, como lhe queiram chamar.

Este é o meu grito de despedida da língua que eu ainda tenho por não aceitar a imposição que me foi imposta, mas que não deixarei de continuar a escrever como me ensinaram em Portugal, meu país.

 

Este caso é sério e nacional e como cidadão consciente de que Portugal como país ocidental bateu no fundo e perdeu consciência dos seus clássicos valores Europeus e ocidentais, digo apenas, Portugal cansa e oprime um homem que pensa.

 

***

BECHARADA.png

Fonte da imagem: https://cedilha.net/ap53/2024/02/becharadas/

 

***

Isabel A. Ferreira

Autor

João Robalo de Carvalho fala em "revogação", a revogação de quê? Sempre ouvi dizer que só se "revogam" leis. Ora não existe uma lei que obrigue ao uso do AO90. Por outro lado, o AO90 não está em vigor, devido à sua inconstitucionalidade e ilegalidade, e só se "revoga" algo que é lei e está em vigor.

 

Ou estarei enganada? Se não estou, o termo a usar não é "revogar", mas será eliminar?

Além disso, sempre ouvi dizer que a Lei que obrigou à grafia de 1945, continua em vigor, porque não foi revogada por outra lei.

 

Tudo isto poderia ser esmiuçado e denunciado aos tribunais, por quem sabe de Leis. Eu não sei, mas tento saber.

 

***

João Robalo de Carvalho

Isabel A. Ferreira a revogação é em linguagem não jurídica a eliminação da produção de efeitos jurídicos e como entre dois Estados soberanos e independentes houve actos que foram assinados por representantes de ambos comprometendo-se mutuamente, para que esse chamado acordo desapareça ou seja eliminado seria bom para Portugal que tal processo de eliminação da produção de efeitos desaparecesse definitivamente para que os arrufos desaparecessem, usando linguagem popular, tanto do lado de cá como do lado de lá do Atlântico.

 

Seria a lavagem da roupa suja que todo este processo originou, porque originado em interesses em nada relacionados com a defesa da evolução da Língua Portuguesa, mas sim por simples motivações ainda nacionalistas como refere Maurício Silva da USP no documento apresentado por Maria José Abranches e com o qual estou de acordo.

 

É um documento interessante e com um apanhado histórico em linha seguida acompanhando o rasto das emoções que trouxeram o caso das divergências na matéria.

 

O Brasil ainda se está a construir como nação e será bom que os brasileiros tenham bem a noção disso para que se dediquem, estudem, divulguem segundo princípios de gramática e estrutura sólida e estimem a Língua Portuguesa para que através dela possam manter a unidade de um território de 8,5 milhões de Kms quadrados. A unidade da língua faz a unidade de um território.

 

JOÃO R CARVALHO.png

Portanto, este problema que o Estado português criou aos seus cidadãos não é coisa de somenos, mas sim um atentado a um símbolo nacional e para que o símbolo não fique manchado deve ser todo o processo bem lavado.

Outro caminho a seguir entre nós é o de os portugueses não respeitarem as novas regras de escrita, mas isso, entre nós, não me parece ser solução para que o Português como idioma original volte ao seu estádio de evolução que adquiriu no sec. XX, já que pessoas como o prof. Jorge Miranda diz o que diz, os homens e mulheres da Academia e professores de Língua Portuguesa se calam, parece estar tudo dito.

 

É verdade que a Lei de 1945 é a lei que está em vigor por ser uma lei de grau superior à Resolução do Conselho de Ministros que criou o AO90, pois trata-se aqui de hierarquia de leis e por essa razão a Lei que é emanada da AR ou o Dec.-Lei emanados do Governo da República sobrepõem-se à Resolução do Conselho de Ministros.

 

***

 

Isabel A. Ferreira

Autor

Muito boa a sua análise João Robalo de CarvalhoObrigada pelos seus esclarecimentos, até porque não percebo muito de leis, percebo das que fui obrigada a aprender para me defender em tribunal, nos diversos processos em que estive envolvida, sem nunca ter sido levada a julgamento, porque segui sempre os ditames da Lei. O que eu disse da "revogação" foi o que me disse um jurista: não se pode revogar o que NÃO está em vigor.

Estou sempre a aprender.
O que interessa fundamentalmente é que se faça alguma coisa para que o AO90 desapareça da face da Terra, para sempre.

 

 ****

Para completar esta reflexão, sobre a ingerência do Brasil no que pertence exclusivamente a Portugal, embora com o vil consentimento dos que cá (des)mandam, acrescento estes comentários, da autoria de Maria José Abranches, Professora de Português, e grande lutadora em prol da Língua Portuguesa, desde 2008, publicados no Jornal Público aqui

 

«(...) Contrariamente a outros povos que tiveram impérios coloniais - ingleses, franceses, espanhóis - Portugal despreza a sua própria língua, para a submeter aos interesses da língua do Brasil. Ora o Brasil, no seu respeitável direito, logo em 1907 fez a sua própria reforma ortográfica e, desde então, Portugal e o Brasil têm andado entretidos num combate estéril e nocivo, sobretudo para Portugal, entre as respectivas ortografias! Quando virá um português que, à imagem de D. Pedro -- 07 de Setembro de 1822 -- proclame a independência da língua do Brasil, libertando-nos enfim desta 'guerra' estúpida e interminável, que está a destruir a nossa língua? Ignorância, estupidez, cobardia, 'em nossa perdição se conjuraram'! «Coragem, portugueses, só vos faltam as qualidades.» - A. N."

"E a campanha eleitoral continua, todos silenciando a imposição política do AO90 a Portugal, reagindo como analfabetos que ignoram o que significa a ortografia para uma língua escrita há séculos! Todos empenhados na promoção do imperialismo linguístico brasileiro, com os seus milhões!!! de falantes e os seus 210 idiomas em vigor! Balanço dos 50 anos da Democracia: afinal mantêm-se os tiques da ditadura e a censura continua eficaz!"

 

Maria José Abranches

***

Entretanto...

BECHARADA 3.png

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:18

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