Um destes dias, a Susana B., falando da minha (im)popularidade na luta contra o AO90, que leva algumas pessoas e Grupos, que se dizem desacordistas, a bloquearem-me no Facebook, disse-me que o meu estilo por vezes truculento e briguento cria amiúde atritos desnecessários.
Então, é o seguinte:
1 – Eu tenho vários estilos, e aplico-os conforme as circunstâncias. E isto porque não sou hipócrita, nem tenho medo de caras feias. Se é para fazer poesia, uso o meu estilo poético. Se é para escrever um romance, uso o meu estilo romântico. Se é para escrever uma crónica, uso o meu estilo ao correr da pena. Se é para escrever sobre política e políticos, uso o meu estilo mordaz. Se é para escrever uma peça jornalística, uso o meu estilo factual. Se é para escrever sobre flores, uso o meu estilo delicado. Se é para escrever sobre crianças e velhinhos, uso o meu estilo amoroso, mas se é para escrever um artigo sobre a parvoíce do AO90, a estupidez e a ignorância, obviamente, uso o meu estilo audaz.
2 – Chamar truculento e briguento ao estilo que uso quando discorro sobre a parvoíce ortográfica de 1990, a estupidez e a ignorância que andam por aí disseminadas ao redor da nossa Cultura, da nossa História e da nossa Língua, é mandar uma ao lado. Na minha óptica, os adjectivos que a Susana B. aplicou, estão mal aplicados.
3 – Se crio atritos, isso já não é problema meu. Eu apenas uso da minha franqueza, uma vez que não é da minha consciência pôr paninhos quentes em cabeças escavadas, até porque o meu principal objectivo é unicamente agitar as consciências, e o sucesso deste meu objectivo depende do grau da consciência de cada um...
[O título desta publicação é uma adaptação de um pensamento de Bob Marley, que era um ser livre, tal como o meu Mestre Mahatma Gandhi].
Isabel A. Ferreira
«A ortografia é um fenómeno da cultura, e, portanto, um fenómeno espiritual. O Estado nada tem com o espírito. O Estado não tem direito a compelir-me, em matéria estranha ao Estado, a escrever numa ortografia que repugno, como não tem direito a impor-me uma religião que não aceito.»
Fernando Pessoa, Escritor
«Tem sido um desastre a forma como os governos têm gerido a língua portuguesa. O Acordo Ortográfico é um desastre, ninguém o cumpre, uns escrevem assim e outros, assado. No Brasil, o acordo é diferente, é a variante brasileira. Isto é um absurdo! Só estamos a criar muros quando já existem tantos muros. O nosso problema não é obviamente ortográfico, muitas vezes, é semântico, sintáctico e vocabular. O que temos de fazer é publicar os autores como eles escrevem, em Portugal e no Brasil.»
Bárbara Bulhosa, Directora e fundadora das Edições Tinta-da-China
«1. Os opositores ao AO tinham razão quando argumentavam que as grandes diferenças entre o português de Portugal e do Brasil não eram ortográficas, mas sobretudo de sintaxe.
Ana Cristina Leonardo, Escritora e jornalista, em artigo de opinião, no jornal Público, em 29-11-2024
Muito próximo das festas natalícias, ocorreu um facto (e facto agora não é igual a fato, como disse um putativo candidato à Presidência da República) assaz curioso, que pode ter passado despercebido à maioria dos leitores. O DN (Diário de Notícias) publicou um artigo de opinião de José Sócrates, intitulado “Defesa mínima consentida”, constituído por nove parágrafos, terminando os dois primeiros com a interrogação “Compreendido?”.
Tendo em conta o passado, em termos de ortografia, do autor do dito artigo, esperar-se-ia que a sua opção recaísse na ortografia do AO90, mas, surpresa das surpresas, no final do referido escrito, aparece a nota: “Escreve sem aplicação do novo Acordo Ortográfico.”
O leitor mais ingénuo pensaria, certamente, tratar-se de um acto de contrição, mais de um decénio depois. O leitor mais calejado optaria por querer ver, como São Tomé. Para que não fiquem dúvidas, consultou-se, na íntegra, o referido artigo, disponível na página da internet do jornal em
https://www.dn.pt/opiniao/defesa-minima-consentida
Analisando o escrito, parágrafo por parágrafo, conclui-se que é um objecto adequado para um jogo de “Verdadeiro ou falso?”. Expliquemo-nos:
Em conclusão, como muitos outros, José Sócrates embarca no comboio do faroeste ortográfico e usa uma mixórdia ortográfica (que por aí vai circulando), misturando duas normas completamente distintas. Compreendido?
Apetece perguntar, pela enésima vez: se é assim nos círculos cultos, como será com o cidadão comum?
Ah, como se pode ver nas imagens que acompanham este escrito e que foram retiradas de páginas de Facebook de grupos contra o AO90, a ribaldaria não levantou arraiais.
Ah, como Francisco Miguel Valada tem amplamente denunciado no blogue Aventar, no Diário da República, o espe(c)táculo continua.
Ah, a RTP e outros vão tendo umas saudáveis recaídas.
Ah, ainda existem uns comentadores com opções ortográficas coerentes.
Ah, quem pode resolver esta malaquice opta por assobiar para o lado.
João Esperança Barroca
Isto é vergonhoso para Portugal, com um Povo, neste caso JORNALISTAS, que NÃO sabem escrever, e são apoiados por governantes que se estão nas tintas para a Língua, para a Cultura, para a História, para o Saber Português, acumulado há quase 900 anos, e que está a ser vilmente atirado ao esgoto.
Envergonho-me desta gente que escreve mal.
Envergonho-me dos políticos que apoiam essa gente que escreve mal.
Não me envergonho do MEU País, porque ele não tem culpa nenhuma de que lhe tivesse calhado um povinho e uns políticos tão subservientes, tão agarrados à ignorância e à estupidez.
Esta imagem foi-me enviada da Dinamarca, por Fernando Kvistgaard, cidadão português, que lá vive, há vários anos, consternado por ver a sua Língua Materna tão maltratada, tão vilipendiada, tão desprezada por aqueles que têm o DEVER de a defender dos predadores inscientes que estão no Poder.
Como pôde Portugal perder o prestígio que já teve no mundo, e ficar entregue a políticos que exercem o poder sem dignidade alguma? Antes tivesse ficado entregue à bicharada, porque a bicharada nunca trai os seus códigos de conduta, não é estúpida e sabe distinguir o que é bom do que é mau para ela, optando sempre pelo BOM.
O futuro de Portugal é incerto, nas mãos destes políticos que exercem a política sem honra, e de um povo que não quer saber disto para nada.
Para quem não sabe:
Isabel A. Ferreira
Eis aqui uma boa oportunidade de as crianças estrangeiras poderem aprender, como segunda Língua, a Língua Portuguesa, o Português CorreCto.
Andam por aí a vender gato por lebre às crianças e adultos estrangeiros , ou seja, dizem-lhes que vão aprender Português, e impingem-lhes o Mixordês, que consiste na fusão do Português, de origem greco-latina, com o Acordês, mais conhecido por AO90, gerado no Brasil, por Antônio Houaiss, e com a Variante Brasileira do Português, a língua escrita e falada actualmente no Brasil. E a isto chama-se enganar as pessoas.
Isabel A. Ferreira
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Cátia Cassiano is a NAATI Certified translator from English into Portuguese. She was born in Lisbon, Portugal, and mooved to Australia in 2006.
Qualifications:
Diploma in Translation - Chartered Institute of Linguists - 2009
Translation Course - British Council - 2006
Legal Translation Course: Contracts II - Tradilínguas - 2016
Legal Translation Course: Contracts I - Tradulínguas - 2015
BBC Advanced English Course - Ediclube - 2003/2004
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Recebi este texto via e-mail, e dizem-me que o seu autor é desconhecido.
Porém, o autor, aqui, é o elemento menos importante.
O importante é a Aula de Direito, que passo a transcrever, uma aula daquelas que o Povo Português e, principalmente, os decisores políticos portugueses estão a precisar, urgentemente, para ver se uns e outros defendem o Direito de Portugal ter uma das suas Línguas Oficiais, a Língua Portuguesa, inviolada.
A outra Língua Oficial Portuguesa é a Língua Mirandesa, que está ser preservada com unhas e dentes pelo Povo Mirandês, que não perdeu a sua dignidade, não a negociando com traidores.
Isabel A. Ferreira
«(…) E por que ninguém fez nada a respeito? Para que queremos leis e regras se não dispomos da vontade necessária para as pôr em prática? Cada um de vós tem a obrigação de reclamar quando presenciar uma injustiça. Todos. Não voltem a ficar calados, nunca mais! Vá buscar o Juan – disse o professor, olhando-me fixamente.»
AULA DE DIREITO
Uma manhã, quando o nosso novo professor de "Introdução ao Direito" entrou na sala, a primeira coisa que fez foi perguntar o nome a um aluno, que estava sentado na primeira fila:
- Como te chamas?
- Chamo-me Juan, senhor.
- Sai da minha aula e não quero que voltes nunca mais! - gritou o professor.
Juan ficou desconcertado.
Quando voltou a si, levantou-se rapidamente, recolheu as suas coisas e saiu da sala.
Todos estávamos assustados e indignados, porém ninguém falou nada.
- Agora sim! - e o professor perguntou - Para que servem as leis?...
Continuávamos, assustados, porém, pouco a pouco, começámos a responder à sua pergunta:
- Para que haja uma ordem na nossa sociedade.
- Não! - respondeu o professor.
- Para cumpri-las.
- Não!
- Para que as pessoas erradas paguem pelos seus actos.
- Não!! Será que ninguém sabe responder a esta pergunta?!
- Para que haja justiça – disse, timidamente, uma jovem.
- Até que enfim! É isso... para que haja justiça. E agora, para que serve a justiça?
Todos começávamos a ficar incomodados com a atitude do professor.
Porém, continuámos a responder:
- Para salvaguardar os direitos humanos...
- Bem, e que mais? - perguntou o professor.
- Para diferenciar o certo do errado... Para recompensar a quem faz o bem...
- Muito bem, não está mal, porém... respondam a esta pergunta: agi correctamente ao expulsar Juan da sala de aula?...
Todos ficámos calados, ninguém respondia.
- Quero uma resposta decidida e unânime!
- Não!! - respondemos todos a uma só voz.
- Poderia dizer-se que cometi uma injustiça?
- Sim!!!
- E por que ninguém fez nada a respeito? Para que queremos leis e regras se não dispomos da vontade necessária para as pôr em prática? Cada um de vós tem a obrigação de reclamar quando presenciar uma injustiça. Todos. Não voltem a ficar calados, nunca mais! Vá buscar o Juan – disse o professor, olhando-me fixamente.
Naquele dia, recebi a lição mais prática e importante do meu Curso de Direito: quando não defendemos os nossos direitos perdemos a dignidade, e a dignidade não se negocia.
Por Isabel A. Ferreira
Regra nº 1 – Não aceito ir a eventos, cujos convites sejam enviados em acordês, e digo às pessoas que os fazem, o motivo pelo qual não aceito os convites.
Regra nº 2 – Ando sempre com um lápis vermelho na bolsa e corrigir os erros ortográficos dos panfletos que estão, por exemplo, nos Centros de Saúde, ou noutros locais públicos, e depois pô-los no mesmo lugar, já corrigidos.
Regra nº 3 – Não compro nem ofereço livros, jornais ou revistas ou outras publicações que tais, que estejam escritas em acordês.
Regra nº 4 – Nas livrarias digo alto (o suficiente, para quem estiver ao redor ouvir, mas não preciso de gritar) que não compro este livro, ou esta revista ou este jornal por estarem cheios de erros ortográficos, por a ortografia não ser a ortografia portuguesa, e estar a ser imposta ilegalmente em Portugal.
Regra nº 5 – Quando entro em algum lugar e existe cartazes ou outra coisa qualquer escrita em Português mutilado, chamar a atenção para os erros ortográficos, por exemplo, diante de um “quadro elétrico”.
Regra nº 6 – Entro num Grupótico e peço marcação para uma consulta de otorrino.
Regra nº 7 – Quando estou a ler histórias aos netos, pronuncio bem as consoantes mudas para realçar a existência dessa consoante, e claro, nunca lhes ofereço livros em acordês.
Regra nº 8 – Envio todos os textos que escrevo sobre o AO90 aos governantes, como forma de protesto. Se os lêem ou não… é outra história. O que interessa é que saibam que, pelo menos eu, não gosto que me façam de parva.
E se todos os que se têm como anti-acordistas fizessem o que eu faço?
Talvez alguma coisa mudasse, não?
Isabel A. Ferreira
Gostaria de vir aqui desejar-nos um óptimo ano de 2025, porém, ele só será completamente óptimo se os decisores políticos portugueses fizerem com que o Ano Novo seja realmente NOVO, mudando as suas atitudes velhas, rançosas e inscientes, como a de manter activo o inútil AO90, entre outras atitudes que façam Portugal sair da cauda da Europa.
O que temos de fazer para impedir que os decisores políticos portugueses, que não sabem o que fazem, e nós não somos deuses para os perdoar, é insistir e não desistir de levar até ao infinito a nossa RAZÃO, porque a temos, e ninguém poderá tirá-la de nós.
Para terminar, fiquemos com o saber de Nuno Pacheco, esperando que 2025 seja o ano em que tudo o que diz respeito ao AO90 vá à falência.
Isabel A. Ferreira
(Texto publicado no JN em 22/04/2023)
O “VENCIDO DA MORTE” (farsa em três actos)
por António Eça de Queiroz
Devo iniciar este desabafo com uma declaração íntima: preferiria nunca ter escrito este texto: sempre fui amigo dos familiares aqui envolvidos, e sempre defendi a Fundação Eça de Queiroz (FEQ) dentro das minhas possibilidades. Mas, na verdade, fui sempre contra a trasladação dos restos mortais do escritor, meu bisavô, para o Panteão Nacional – desde o dia em que esta me foi comunicada como facto a consumar.
Três razões me levam a ser contra aquilo que considero uma farsa político-cultural: uma é de ordem técnica, outra de ordem, digamos, filosófica, e, por fim, uma de ordem prática.
A razão técnica refere-se ao exercício do facto consumado, pois a FEQ decidiu tudo sem perguntar nada a ninguém. Tal exigência formal ficou-se pela informação. Ora tanto quanto sei a Fundação não é, nem remotamente, dona de cadáver nenhum. Foi dito que a petição velozmente apresentada pelo então deputado e ex-presidente da Câmara de Baião, José Luís Carneiro, à Assembleia da República, tinha sido requerida pelos representantes da família de Eça de Queiroz – o que é falso, pois nem o meu primo Afonso Eça de Queiroz Cabral, nem o seu filho, e menos ainda a FEQ, representam a família, que é constituída por vinte e dois bisnetos do escritor ainda vivos e com filhos, de que o meu irmão mais velho, José Maria, é o decano.
Seguidamente vem a questão filosófica – a mais importante no que se refere às “Honras de Estado” que é suposto a “cerimónia” inscrever. Sejamos um pouco empáticos com o escritor falecido há quase 122 anos – embora empatia a respeito dumas vetustas ossadas só pareça possível na mente desse urbano enfastiado que Eça enjaulou no corpo de Jacinto. Depois de dizer cobras e lagartos dos políticos portugueses, de escaqueirar várias governanças, de ridicularizar o grosso das instituições do Estado, que prazer sentiria agora ele ao ser instado a remover os próprios ossos do cemitério onde jazia finalmente em paz, ao lado da sua filha mais velha, bem perto da sua surrealística “Tormes”, para ir aturar o papaguear duns neo-Abranhos, dúzias de neo-Acácios e no mínimo trinta neo-Pachecos? Mais a fanfarra da Armada, um provável bispo e os sineiros da República? Alguém no seu perfeito juízo pensa que a modéstia pública do escritor apreciaria tamanha parolada? Pode-se dizer que os políticos de hoje não são os mesmos que Eça conheceu, que até mudam de meias todos os dias e por aí fora – além das raras excepções que nunca entrariam neste rol, ontem como hoje. Mas que diria ele dos compadrios político-bancários, das cunhas atomizadas, das trapalhadas aero-marítimas, da venda do país a retalho?… Não, não é o escritor quem vai ser honrado pelo Estado. É o Estado que inchará de orgulho pelo brilhante troféu – como o milionário que comprou uma cabeça de leopardo e a pendura agora na sala, por cima da lareira, para depois poder contar aos seus convivas de ocasião, entre charutos e conhaques, “a tremenda luta” que lhe dera a terrível fera, “onde quase morri!”.
Este troféu não será certamente pendurado por cima de um qualquer fogão de sala, mas no currículo político de alguém terá lugar certo – e assim será utilizado.
Finalmente, a natureza prática das coisas. Alguém irá a Santa Engrácia visitar as ossadas de Eça? Não, pois elas estarão num escondido “ossário de adidos”. E se em vez desta farsa tivessem decido colocar lá a magnífica escultura de Teixeira Lopes, hoje semi-perdida num tal Museu da Cidade que poucos visitam? Dariam destaque a dois génios, e o monumento seria certamente objecto de muitas e interessantes visitas de estudo. Que razão terá levado os familiares de Zeca Afonso e de Salgueiro Maia a enjeitar as ditas “Honras de Estado”? É simples: porque não quiseram misturar alhos com bugalhos cerimoniosos. Qual a razão para que a família de Aristides de Sousa Mendes tenha aceitado tais honras, mas sem a remoção dos restos mortais do justamente célebre cônsul, trocando-os por um funcional cenotáfio alusivo? Porque esses mesmo restos mortais representam um núcleo polarizador para os visitantes da sua futura casa-museu em Cabanas de Viriato e uma mais-valia para os seus habitantes. Parece que alguém se esqueceu disso na FEQ – ou isso ou outra coisa qualquer…»
E esta foi a hipocrisia nº 1.
08 de Janeiro de 2025
Apesar de toda a pompa e circunstância da cerimónia da trasladação dos restos mortais de Eça de Queiroz, para a Igreja de Santa Engrácia, famosa pela morosidade da sua construção (400 anos), hoje transformada em Panteão Nacional, reinou ali muita hipocrisia.
Estive a assistir a toda a cerimónia, e pensei no que estaria a pensar Eça, lá nos confins da Eternidade, ao ouvir os discursos, nomeadamente o do Presidente da Assembleia da República, José Aguiar-Branco, o do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o de Carlos Reis, o acordista que levou o desprestígio à Universidade de Coimbra, ao introduzir-lhe a ilegal e inconstitucional ortografia alienígena (AO90).
O elogio fúnebre, que esteve a cargo do escritor Afonso Reis Cabral, trineto de Eça e presidente da Fundação com o nome do seu trisavô, foi o que tinha de ser: um elogio bem elaborado.
Porém, se Eça pudesse descer das alturas e participar naquela cerimónia, onde se ouviu dizer “convidadas e convidados”, “deputadas e deputados”, entre outros que tais despropósitos, naquele tipo de linguagem que, pretendendo ser inclusiva, é exclusiva de quem não tem a noção do que diz, Eça subiria ao púlpito e repetiria as palavras proferidas em 1867, as quais estão actualíssimas, e encaixam-se perfeitamente no espírito daquela cerimónia, que Eça rejeitaria com grande alarido:
Hipocrisia nº 2.
Já vi, por aí, a obra de Eça de Queiroz escrita na ortografia alienígena (AO90), que ele jamais aceitaria, e dela diria os mais vigorosos impropérios.
É uma hipocrisia estarem a prestar homenagens a Eça de Queiroz, e depois desonrarem a sua escrita, com uma ortografia mutilada, deslusitanizada, truncada, desfeada, que nada tem a ver com Portugal e com as pérolas que Eça deixou na sua Obra.
Se ele pudesse descer à Terra, hoje, e acompanhar o seu cortejo fúnebre, debaixo de um temporal (também os céus se abriram às lágrimas!) até ao Panteão Nacional, e ver o que viu e ouvir o que ouviu, não temos a menor dúvida de que as autoridades ali presentes, PR, PAR, PM e deputados da Nação não teriam motivo algum para se vangloriarem da homenagem que pretenderam prestar-lhe, porque ele questionar-lhes-ia «estando o país a ser governado ao acaso, por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será ainda possível conservar a sua independência»?
Ouvir-se-ia, então, um coro de vozes a gritar um sonoro NÃO, e entre elas estaria a minha voz.
Isabel A. Ferreira
***
Para quem estiver interessado:
- Ver aqui e aqui a opinião de João-Afonso, sobre esta temática
- Ver aqui a cerimónia
- Ver aqui os argumentos de alguns dos bisnetos de Eça, contra esta trasladação
- Ver aqui a Manifestação de Indignação em Baião, por roubarem os restos mortais de Eça, do túmulo onde o Escritor repousava junta da sua filha Maria.
«Agora ‘facto’ é igual a fato (de roupa), mas também ‘caso’ (de justiça) é igual a ‘caso’ (do verbo casar) e ‘falta’ (no desporto) é igual a ‘falta’ (de carência).»
Pedro Santana Lopes, em artigo de opinião no jornal Sol, em 13-02-2012
«Agora, agora, agora, agora, tu és um cavalo de corrida.»
Verso da canção “Cavalos de corrida”, do grupo UHF
As pessoas têm que [sic] estudar mais, têm que [sic] saber do que falam.»
Pedro Santana Lopes no canal “Now”, programa “Informação Privilegiada”, no dia 25/11/2024
«Uma: as línguas são por natureza conservadoras – as suas mudanças raramente se produzem internamente, mas como resultado de tensões e pressões linguísticas externas ou produzidas por artificialismos, como os de reformas ortográficas que possam condicionar a modulação das palavras, o que, traduzido, liquida o argumento da vivacidade estuante das línguas (esse lugar-comum do organismo vivo). Imagine-se uma comunidade isolada do mundo, proceda-se a um estudo diacrónico da língua dos seus falantes e veja-se o que mudou ao longo de séculos. Duas: o Acordo Ortográfico de 1990 (que não chegou, efectivamente, a sê-lo) procura unificar (nem há como camuflar a pretensão deliciosamente fascizante) vertentes que, naturalmente, tendem a afastar-se. Ou seja, ao AO90, para ser bom, só lhe faltam as qualidades…»
António Jacinto Pascoal, em artigo de opinião no jornal Público em 05-12-2024
«Um dos objetivos do Acordo Ortográfico de 1990 era criar uma harmonização entre o português daqui e o do Brasil, e de outros países da lusofonia, até para facilitar a vida às editoras. Acha que isso faz sentido? E que esse caminho foi percorrido?
Não. E até provocou mal-entendidos. Para um leitor brasileiro não é fácil ler Saramago, ou mesmo Eça de Queirós, mas sabemos que são exemplos de boa escrita em português, e isso nunca foi um problema. O Acordo não fez com que se lessem mais autores brasileiros aqui ou mais portugueses no Brasil. Na verdade, não fazia falta. [...] Acho que hoje há um mercado no Brasil para a literatura contemporânea portuguesa, mas isso não teve nada que ver com o Acordo Ortográfico e sim com estas vagas de que falávamos.»
Álvaro Filho, escritor e jornalista brasileiro, em entrevista à revista Visão
Fazendo a habitual incursão por alguns órgãos de Comunicação Social, encontramos, como poderá verificar abaixo, as habituais calinadas que não existiam antes da aplicação do AO90:
Nos sítios do costume, continua a reinar a ortografia do costume, aquela que foi germinando nos infindáveis encontros de turismo ortográfico. Se é assim no meio jornalístico, como será com o cidadão comum?
Ah, a SIC Notícias continua, sem complacência a decepar consoantes.
Ah, como se vê, há gente que continua a ser enganada. Pensam que utilizam a nova ortografia, mas só o fazem parcialmente.
Ah, o Diário da República continua a promover a indústria têxtil. Com esta vaga de frio, o povo agradece.
Ah, Ricardo Araújo Pereira falou, mais uma vez, do AO90. O que disse no “Programa cujo nome estamos legalmente impedidos de dizer “? A propósito da futura plataforma de Inteligência Artificial, afirmou: «O Acordo Ortográfico não constituiu um passo importante para a defesa da unidade essencial da língua, mas, sim, um passo irrelevante».
Ah, é possível que 2025 nos traga uma ortografia coerente e lógica.
«Enquanto há língua, há esperança.» Vasco Graça Moura.
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