O que a escritora Teolinda Gersão proferiu durante a Conferência, e anda a circular pelo Facebook, induzindo os menos atentos em erro, foi o seguinte (destaco a vermelho as incorrecções):
«O Acordo Ortográfico é demasiado irracional para ser levado a sério. Não posso entender como escrevemos "pára" sem acento ou "receção", que não existe em língua nenhuma e que os Brasileiros escrevem com "p". Nós começámos a cortar à toa as consoantes que não lemos e a língua tornou-se uma trapalhada. Nunca usarei o Acordo. Aliás, o "Diário da República" também não usa — linha sim, linha não, as coisas variam. A língua não evolui por decreto, e os Governos, que têm sido cegos, surdos e mudos, não mandam nela. Estou aberta a todas as mudanças, desde que elas sejam feitas pelo povo, pelos artistas e pelos escritores.»
Não é verdade que nós [eu não me incluo neste nós] começámos a cortar à toa as consoantes que não lemos. O facto é que o AO90, engendrado pelo enciclopedista brasileiro, Antônio Houaiss, com a cumplicidade do linguista português, Malaca Casteleiro, que na altura andava de candeias às avessas com Portugal, trouxe na bagagem a supressão das consoantes não-pronunciadas no Brasil. Escaparam algumas, porque os Brasileiros as pronunciavam, como percePção, aspeCto, perspeCtiva, infeCção e suas derivadas, entre outros poucos vocábulos, que escaparam à mutilação.
E se o AO90 não explica que a supressão das consoantes é coisa brasileira, tenho os meus apontamentos da Universidade Gama Filho, que frequentei no Brasil, em 1967, que não deixam dúvidas: a grafia que eu usava era a preconizada pelo AO90, suprimindo as consoantes não-pronunciadas. Também é um facto que eu aprendi a ler e a escrever no Brasil, com seis anos, e já escrevia setor, objeto, direto, teto, etc., etc., etc..
Portanto, os portugueses que se prestaram a ser cúmplices do acordo ilegal, começaram a suprimir as consoantes que o AO90 “obrigava”, mas também, e aqui sim, começaram a suprimir a torto e a direito as consoantes que pronunciavam, como em corrução, fato, contato, e tantas outras.
Seria de toda a conveniência que os Portugueses começassem a interessar-se mais por ler os textos que já foram publicados, ainda que em Blogues, onde se conta a história deste acordo. O problema é o preconceito: «ai os Blogues, os Bloggers, o que sabem eles?!!!!»
Sabem o que há a saber, através de fontes fidedignas.
Andam por aí a divulgar que o autor do AO90 foi Malaca Casteleiro. Malaca foi cúmplice do autor do abortográfico, Antônio Houaiss, um brasileiro-libanês que pretendeu e conseguiu deslusitanizar o Português. O papel de Malaca Casteleiro foi vir a Portugal convencer os políticos da época, um tanto ignorantes em questões linguísticas, que o AO90 era bom para Portugal. E os políticos acreditaram.
De leitura obrigatória é a investigação criteriosa, encetada e publicada pelo Jornal O DIABO em 05/12/2015, sob o título «O negócio do Acordo Ortográfico», que partilhei no meu Blogue («O negócio do Acordo Ortográfico»), como também João Pedro Graça, infelizmente já falecido, partilhou no seu Blogue Apartado 53, também infelizmente, já desactivado.
É de lamentar que os intelectuais portugueses sintam tanta aversão pelos Blogues, e só leiam os jornais de referência. É que nos Blogues está muita documentação oficial, que os jornais de referência não publicam, e muita informação válida, porque comprovada.
Depois há aquele medo de serem taxados de racistas ou xenófobos, e melindrar o Brasil, desconhecendo o conceito de uma coisa e outra. O Brasil não tem prurido algum em melindrar Portugal, quando usa a bandeira brasileira entre as bandeiras das Línguas Europeias para assinalar o Português.
O texto do negócio da Língua começa assim:
«O projecto, nascido da cabeça do intelectual esquerdista brasileiro Antônio Houaiss, foi desde o início um empreendimento com fins lucrativos, apoiado por uma poderosa máquina política e comercial com ramificações em Portugal.»
A partir daqui a história é contada com todos os pormenores.
***
Teolinda Gersão diz que o "Diário da República" também não usa [o AO90]. Isto só em parte é verdade, porque o “Diário da República” vai mais longe, aliás como os documentos oficiais do governo português: todos usam a linguagem mixordesa, criada a partir do AO90, e que integra o Português, a Variante Brasileira do Português, o acordês e o palermês (cmo contato, fato, entre outras, palavras que, em Portugal, de acordo com o acordo, se escrevem contacto e facto, porque nós pronunciamos o cê.
O Facebook tornou-se num lugar de desinformação e disseminação de mentiras acerca do acordo ortográfico de 1990.
É preciso acabar com este insulto a Portugal.
Isabel A. Ferreira
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