A consulta das mais variadas produções escritas de grande difusão continua a ser, na nossa modesta opinião, a forma mais fiável de aferir a qualidade e a estabilidade da ortografia que por aí circula.
Assim, no nosso escrito de Maio, usaremos um exemplo retirado de um órgão da Comunicação Social e um texto de opinião de uma candidata a deputada nas eleições legislativas de 18 de Maio.
1 - «Mycola operava uma retro-escavadora e apercebeu-se das cerâmicas. Deu o alerta ao colega de serviço Yevhen, que diz ter um grande interesse em história e foram juntos entregar os artefatos ao Museu Staroflotski Barracks.
Os especialistas do museu analisaram os materiais arqueológicos e confirmaram mais tarde que o pequeno recipiente cerâmico é uma ânfora grega em miniatura de origem jônica. Tem a configuração de um jarro com duas pegas e um gargalo alto.
Este tipo de artefacto era usado para fins rituais e usada em cerimónias de fúnebres em período grego clássico.
Para além destes artefactos terem feito a viagem da antiga Grécia para a costa norte do Mar Negro, “o fato de os vasos estarem intactos e sem marca de uso - sugere que os indivíduos enterrados teriam um alto estatuto social”.
Junto destes artefatos foram também encontrados restos de esqueletos humanos, entretanto entregues a antropólogos. A análise aprofundada dos vestigios osteológicos dará pistas sobre a vida dos habitantes da região de há 2600 anos.» RTP, 02-04-2025
Ah, como se vê, é uma oscilografia rectígrada que cambaleia, acertando aqui, errando ali…
Ah, os vasos estão intactos… E os fatos?
Outro texto que nos chamou a atenção foi o curioso artigo de opinião (que transcrevemos integralmente) de Joana Amaral Dias, activista política e candidata a deputada pela ADN:
«Os caniches de Bruxelas
Todos os partidos com representação parlamentar – todos! – são responsáveis pelo apagão de 28 de Abril de 2025. Afinal, todos eles, sem excepção, têm sido seguidistas acríticos destas políticas europeias psicopatas: desde a chamada transição energética à dita transcrição digital.
São todos caniches de Bruxelas, focas amestradas de Von Der Leyen e Lagarde, mas, agora, perante o forte abanão que todos levamos, querem hipocritamente posicionar-se como grandes salvadores da situação, críticos das causas do desastre. Balelas. Fungos oportunistas.
A transição energética ou verde é uma das maiores burlas da história da humanidade. Com o pretexto da proteção do clima, não apenas se cobram mais taxas e taxinhas aos pobres cidadãos, como se dá a ganhar muito (mas mesmo muito) dinheiro às empresas dos hidrogénios verdes, dos carros eléctricos, do lítio, etc., escondendo às populações que essas indústrias são tão ou mais poluentes do que os combustíveis fósseis. Além disso, do ponto de vista político estratégico, afunilar todas as fontes de energia na electricidade, colocar todos os ovos no mesmo cesto, é um erro fatal, como se viu neste blackout, como se observou na crise energética aquando do começo da guerra na Ucrânia e da evidente dependência da Alemanha perante a Rússia.
Aliás, esta Europa acarinhada e aplaudida por partidos tão díspares como o Livre ou o Chega, é a Europa Globalista, a que defende sobretudo a centralização, a perigosa centralização com redes de interdependência, que leva a fenómenos dominó como este de dia 28. Esta é a Europa dos grandes interesses e dos poderes fácticos. Não é a Europa dos povos. É a Europa dos tubarões brancos, misantropa e anti-regionalismos, contrária às pequenas e médias empresas, adversa à diversidade e à localização da economia. Nenhum dos deputados tem promovido a nossa autonomia nacional, o Estado Nação, a soberania, na qual se inclui a segurança energética. Nem um.
Já a transição digital, a confiança cega e quase religiosa na desmaterialização é também burlona. Mata o ensino, destrói a medicina e toda a prática clínica, rebenta com a socialização e extermina os nossos direitos, liberdades e garantias. Basta ver a introdução do euro digital e a morte lenta do dinheiro físico para o entender. Aliás, todo o projecto da identidade digital é um caminho despótico e totalitário, que começou com o passaporte digital na era covid que, repito, nenhum partido com assento parlamentar contestou.
Até ao dia 28 de Abril de 2025, nunca se ouviu um pio que fosse de reparo ou reflexão sobre esta Europa a caminho do totalitarismo por parte dos partidos da Assembleia da República. Portanto, que verdadeira convicção podem estar agora a verter nos seus discursos? Nenhuma, claro. Tudo não passa de surfar a onda do momento, de rentabilizar a ocasião, de aproveitamento político. Para a semana, quando o povo já estiver de novo distraído com a bola, a praia e o ordenado que não estica para tudo pagar, já voltam a lamber as botas da Úrsula e Christine. E nós às escuras.»
***
Ah, como se vê, outro exemplo de oscilografia, assinalada a negrito, embora aqui pareça haver alguma vontade de escrever na legítima ortografia de 1945.
Ah, os ingleses, esse povo atrasado, escreve phatic, quando quer dizer fáctico. Com “ph”, vede lá!
Ah, tubarão-branco, em qualquer ortografia, é sempre, sempre com hífen. Hipercorrecção, já deveis ter ouvido.
Ah, a propósito da imagem, copiada da internet, galáctico é a única forma aceite, quer numa, quer noutra ortografia.
João Esperança Barroca
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