Segunda-feira, 18 de Novembro de 2024
Ora Brasileiros, ora Portugueses acordistas não conseguem deixar a Língua Portuguesa em paz.
Os primeiros, porque a Língua Portuguesa é a pedra no sapato deles.
Os segundos, porque venderam a Língua Portuguesa ao Brasil, deslumbrados com os milhões, não tendo em conta que não falamos a mesma Língua: uma é A Língua, outra, é a sua Variante.
Chamaram-me a atenção para o artigo publicado, hoje, no Diário de Notícias, intitulado Língua Portuguesa e os desafios da Inteligência Artificial, da autoria de Ana Paula Laborinho, DireCtora (na grafia em vigor de jure) em Portugal, da Organização de Estados Ibero-americanos.
Esta não será mais uma estratégia para implantar a Variante Brasileira do Português, embrulhada na Inteligência Artificial que, sendo artificial, saberá destrinçar a Língua da sua Variante dependendo de quem estiver por detrás da máquina? E, como sabemos, os Brasileiros, por serem milhões, infiltraram-se em todos os lugares-chave, e é a Variante Brasileira do Português que domina a Internet disfarçada de Português assinalado com a bandeira brasileira, aliás, uma coisa muito feia.
Mediante isto, deixarei aqui alguns exemplos do Brutuguês que a Inteligência Artificial talvez possa vir a usar nos desafios que aí vêm.
Nota: não esquecer que a grafia que está em vigor de jure, em Portugal, é a grafia de 1945.
Isabel A. Ferreira
tags: ana paula laborinho,
bandeira brasileira,
brasil,
brasileiros,
diário de notícias,
grafia de 1945,
inteligência artificial,
internet,
língua portuguesa,
organização de estados ibero-americanos,
portugal,
portugueses,
variante brasileira do português
Domingo, 17 de Novembro de 2024
in Blogue
Há fatos, mas o rei vai nu
por
«Os maquinistas estão indignados com o Governo e o ministro da Presidência por ligar, de forma “despropositada”, a má classificação de Portugal na segurança ferroviária a nível europeu e a taxa de álcool dos maquinistas. À Renascença, o presidente do sindicato descreve as declarações desta quinta-feira como resultado de uma “perfeita ignorância”, aponta que “um ministro ignorante é um ministro perigoso” e pede a demissão de António Leitão Amaro» («“Um ministro ignorante é perigoso”. Maquinistas indignados por Governo ligar acidentes na ferrovia a álcool», João Pedro Quesado, Rádio Renascença, 14.11.2024, 20h50)
Assim, de repente, Luís Montenegro já podia substituir pelo menos quatro ministros. É obra. E por ignorância: logo depois, o presidente do Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos-de-Ferro Portugueses (SMAQ) borra a pintura: «“Aquilo que nós assistimos esta tarde, na conferência de imprensa, foi um insulto aos maquinistas. O senhor ministro faz uma relação entre taxas de alcoolemia e sinistros na ferrovia quando não há um nexo causal”, afirma António Domingues» (idem, ibidem). Em português, o verbo assistir no sentido de presenciar ou ver deve ser usado com a preposição a. Portanto, a forma correcta seria esta: «Aquilo a que nós assistimos esta tarde...» Culpa também do jornalista, evidentemente: corrigia. Não contente, ainda anexou a carta enviada ao ministro da Presidência, e eu tive a imprudência de clicar nela para a ampliar. Saltaram-me logo os olhos para isto: «Assim, solicitamos que V. Exa. se retrate publicamente e corrija as suas declarações, esclarecendo a realidade dos fatos e mostrando o devido respeito por todos os profissionais que, diariamente, trabalham para garantir a segurança no transporte ferroviário em Portugal.» Já não quis ler mais. Mas já vou ter pesadelos esta noite.
tags: antónio domingues,
antónio leitão amaro,
ao90,
governo,
helder guégués,
joão pedro quesado,
luís montenegro,
ministro da presidência,
o rei vai nu,
portugal,
rádio renascença
Quinta-feira, 14 de Novembro de 2024
Isto, infelizmente, é Portugal!
A grafia portuguesa vigente em Portugal é a seguinte: contaCto, direCto, afeCtadas, afeCtada, de faCto, impaCto, conviCção, One DireCtion.
A grafia brasileira vigente no Brasil é a seguinte: contato, direto (dirêtu), afetadas (âf’tádâs), afetada (af’tádâ), de fato, impaCto, conviCção, One DireCtion.
Quem impôs o ilegal AO90 aos Portugueses, nem sequer se deu ao trabalho de o ler.
Se o tivesse lido com olhos de ver e cérebro de ler teria chegado à conclusão de que, além de inúmeras incongruências, está repleto de ignorâncias visíveis a olho nu.
Contudo, como em Portugal se um grita méeeeeee há sempre alguém que segue o rebanho, sem questionar, sem sentido crítico, sem um pingo de brio profissional, eis o resultado.
Senhores decisores políticos portugueses, NÃO se sentem mal por serem os principais culpados da introdução em Portugal de uma praga tão abominável como o é o acordo ortográfico de 1990, que transformou a nossa bela grafia portuguesa numa grafia pobre, deformada, básica, uma grafia de gente que não sabe o que é a escrita, o seu significado, a sua função...?
Simplesmente lastimável!
***
De FATO, com uma gravatinha às bolinhas amarelas, podem evitar uma guerra mais alargadO...
***
E quando o IMPATO é a dobrar, como podem os municÍpes terem compreensão?
***
***
Convicão: uma vez já era demasiado, mas duas vezes é demasiado elevado ao quadrado
***
Até a Língua Inglesa leva pancada, à conta do AO90!
ISTO, INFELIZMENTE, É PORTUGAL!
SOCOOOOOOOOORRO!
Faço minhas as palavras de José Antunes.
Isabel A. Ferreira
Quarta-feira, 13 de Novembro de 2024
É que nem seria preciso dizer mais nada...
Porém, é preciso dizer que foi a esta absurda grafia amixordizada [grafia portuguesa misturada com grafia brasileira] disseminada por aí, como uma praga, que os decisores políticos portugueses deixaram chegar a NOSSA Língua Portuguesa.
Não se sentem minimamente culpados por isto?
Não sentem vergonha por NÃO serem competentes ao NÃO defender os interesses de Portugal e dos Portugueses, e imporem o ilegal e inconstitucional acordo ortográfico de 1990 (AO90) contra tudo e contra todos, incluindo contra o BOM SENSO?
Não sentem remorsos por terem permitido que a Língua Portuguesa fosse atacada por esta bichenta mixórdia ortográfica?
Como puderam chegar ao Poder?
Obviamente, por via do voto inculto.
Isabel A. Ferreira
Mais MIXORDÊS:
Segunda-feira, 11 de Novembro de 2024
Porquê?
Porque o que pretendem impingir aos estrangeiros é o MIXORDÊS, que está bem patente no texto de propaganda desta iniciativa, transcrito mais abaixo.
Todos sabem, excePto alguns, que em Português, com ou sem AO90, escreve-se contaCto, porque em Portugal pronuncia-se o CÊ, mas a RTP, descaradamente, usa a grafia brasileira contato.
Por alma de quem?
Depois escreve, também à brasileira, objeto (que se lê, por via das regras gramaticais usadas em Portugal, mas NÃO no Brasil, ôbjêtu), quando no Português, que está em vigor, em Portugal, se escreve objeCto.
E se me vierem dizer que objeto (léxico brasileiro) é o modo como se grafa esta palavra de acordo com o ilegal AO90, que NÃO está em vigor em Portugal, temos que a RTP mistura Português com Brasileiro, o que dá uma nova linguagem a que se dá o nome de MIXORDÊS.
E é esse MIXORDÊS que a RTP quer “ensinar” aos estrangeiros, como sendo PORTUGUÊS, fazendo deles uns analfabetozinhos funcionais?
A isto, na minha terra, chama-se VIGARIZAR.
E há mais: o Espanhol, como Língua, NÃO existe. O que existe é a Língua Castelhana (Castelhano) a Língua Oficial de Espanha, juntamente com o Galego, o Catalão e o Basco.
Nesta página
a RTP diz o seguinte:
«Esta nova área temática do RTP Ensina está vocacionada para ajudar os estudantes com línguas maternas diferentes do português. Simultaneamente, possibilita aos alunos portugueses conviver com palavras de outras línguas.
A área de PLNM disponibiliza um conjunto de palavras em português, com tradução em diversas línguas, para promover a compreensão e o vocabulário básicos em um contato inicial com a língua. De forma semelhante ao projeto ‘Português para Ucranianos’, que também aqui se encontra, o Português Língua Não Materna está em desenvolvimento e passa por um processo de crescimento para incluir outros idiomas e mais conteúdos.
Para já, podem ser visionadas e ouvidas cerca de 200 palavras traduzidas de português para espanhol, francês, inglês, romeno e ucraniano
Aproveitamos para nos despedir:
Obrigado, gracias, merci, thank you, multumesc e Дякую.
***
Eis um texto em Mixordês, e é isto que a RTP pretende impingir aos estrangeiros?
Que miséria!
Que vergonha!
Que falta de brio profissional!
Isabel A. Ferreira
tags: ao90,
basco,
brasileiro,
castelhano,
espanhol,
francês,
galego,
inglês,
o catalão,
português,
português língua não materna,
romeno,
rtp,
rtp ensina,
ucraniano
Sábado, 9 de Novembro de 2024
Há dias, foi publicado no jornal Público-Brasil, um texto intitulado «A língua portuguesa como política pública», da autoria do linguista brasileiro José Luís Landeira, e que a Professora Maria José Abranches, em declarações a este Blogue, considera que «constitui uma boa ocasião para que os portugueses reconsiderem a estupidez da argumentação usada pelos que consideram o AO90 útil, linguisticamente correcto e indispensável para o futuro da Língua de Portugal».
Maria José Abranches recordou ainda «a “brilhante” argumentação do ex-Ministro da Cultura, Pinto Ribeiro, convicto defensor do AO90 e da "universalização ortográfica", em entrevista ao "Público" (04/02/2009): "Nós afirmamo-nos enquanto identidade e enquanto povo através da língua que falamos e da expansão que demos a essa língua. Neste momento, o número de falantes do português andará pelos 230, 240, 250 milhões. Mas desses 250 milhões, 200 milhões são brasileiros. E eles eram apenas 70 milhões em 1960. De 1960 para 2008, triplicaram, e isso significa fazer 130 milhões de falantes do português, mais do que nós fizemos em todo o nosso passado.»
Esta argumentação, por si só, diz da gigantesca falta de lucidez dos que embarcaram na canoa furada que o Brasil impingiu a Portugal, onde meteu a Língua Portuguesa embrulhada nos 200 milhões de brasileiros, e os nossos políticos, que pensam pequeno, deslumbraram-se com estes números e consideraram que com o Brasil a Língua Portuguesa estaria garantida per omnia saecula saeculorum, o que constitui um desmesurado embuste.
Não vou analisar o texto de Landeira, apenas, a partir dele, quero demonstrar que, uma vez mais, e coisa única e inusitada em todo o mundo, a Língua Portuguesa continua a ser o centro da inquietação dos Brasileiros que, por motivos incompreensíveis – até porque em nenhum outro País colonizado por Portugal, tal aconteceu – nunca se entenderam com a Língua do ex-colonizador, e, por esse motivo, a deslusitanizaram, criando a Variante Brasileira do Português, porque, em nome da verdade, o português brasileiro NÃO existe.
***
Vou aqui transcrever apenas os três primeiros parágrafos do texto de José Luís Landeira, para que o leitor possa avaliar o que está errado nisto tudo:
«A relação do brasileiro com a língua portuguesa é complexa. Ou, como brincamos, “deveria ser estudada pela NASA”. De um modo geral, a língua portuguesa é e não é sentida como “nossa”. É a língua pela qual nos comunicamos, amamos, realizamos a nossa vida, somos quem somos, mas é também uma língua de fora que, para muitos, descendentes de imigrantes ou de escravizados, soa como uma realidade aleatória em suas vidas. Isso traz um problema a mais à sua escolarização.
O português brasileiro é plural e, por vezes, rebelde, nega-se a ser domesticado. Curiosamente, é, ao mesmo tempo, conservador e aceita bem novas palavras e muito mal mudanças sintáticas. As razões são muitas. Ocorre-me, por exemplo, que há uns 100 anos, por volta de 1920, na cidade de São Paulo, apenas pouco mais de 20% das pessoas falavam português. A maioria, formada por imigrantes, falava as muitas línguas de onde emigraram. Não houve uma efetiva política pública de aprendizagem do português. Hoje, passeando pelo centro da cidade, entre os muitos africanos, chineses e pessoas de outras nacionalidades, vivencio uma realidade parecida. Talvez se tenha tornado um traço de nossa cultura: deixamos o português solto. Temos dificuldades com as regras.
Apesar disso, a língua portuguesa está na escola. A sua introdução no currículo escolar deu-se de modo tardio em relação a outros componentes curriculares como as matemáticas ou as ciências. Afinal, para que ensinar algo que a pessoa já chega à escola sabendo? Essa pergunta foi respondida com a gramática. Encheu-se o currículo escolar com aulas de gramática do que se considera o "bom português". O resultado não produziu os efeitos pretendidos, pelo menos no Brasil. Apesar dos esforços, há ainda muito descaso com a nossa língua materna e o ensino, por vezes, excessivo de regras não produziu falantes mais eficientes de português. (...)».
***
Por que motivo «apesar dos esforços, há ainda muito descaso com a nossa língua materna [???] e o ensino, por vezes, excessivo de regras não produziu falantes mais eficientes de português. (...)»?
Porque a aprendizagem da Língua Portuguesa, da sua Gramática, das suas regras, da sua estrutura frásica bem elaborada, NÃO é para qualquer um, e isto justifica esta obsessão patológica pela Língua de Portugal, sempre em bolandas, na boca dos Brasileiros, e que o Brasil NÃO consegue encaixar como os Africanos, de expressão portuguesa, conseguiram.
Posto isto, e devido a tão grandes dificuldades de aprendizagem, por que o Brasil não deixa em paz a Língua Portuguesa, e assume a Língua Brasileira, que gerou a partir do Português? Este seria o modo mais inteligente de resolver a já cansativa e anómala obsessão dos Brasileiros, por uma Língua da qual NÃO têm a mínima vocação para aprendê-la, e que andam por aí a desrespeitá-la e a transformá-la numa linguagem indigente, sem o menor pudor.
***
Dos comentários que se fizeram ao texto (podendo ser consultados ao clicar no link), vou destacar um, que, em parte, corroboro, uma vez que, tendo continuado os meus estudos no Brasil, depois de ter passado por escolas portuguesas, sei bem o que é a pobreza do ensino em geral e particularmente o ensino do Português escrito e falado, naquele país/filho de Portugal. Por isso, afirmo com conhecimento de causa que, de tanto o maltratarem, o Português no Brasil já não existe mais.
Diz Paulo Abreu:
«O Português no Brasil agoniza. É uma amálgama disforme analfabeta de ausência de regras. Institucionalizou-se o tu foi, nóis vai, para mim fazer, para nóis ir lá, etc., etc., etc.; o ensino é pobre; os media tão-pouco ajudam, pois a pobreza escrita e falada é enorme. O Brasil tem 10 milhões de analfabetos, fora os que pouco mais sabem do que juntar duas letras e assinar o nome. O que é visto como " português à solta" mais não é que ausência de ensino e incúria. Cada um diz o que quer, como quer, sem ser recriminado por isso. O português no Brasil agoniza.»
***
Posto isto, e dadas as muitas evidências de que há alguma coisa errada com os Brasileiros no que à aprendizagem da Língua Portuguesa diz respeito, não conseguindo cumprir as regras desta que é uma Língua Românica, da Família Indo-Europeia, com cerca de 800 anos de história, deixem em PAZ o Português, e assumam de uma vez por todas a Língua Brasileira – aliás, designação já adoptada por milhares de brasileiros – oriunda da Língua de Portugal, que o nosso Vergílio Ferreira eternizou em 1991, no que foi considerado um dos mais belos textos que se escreveram sobre a Língua Portuguesa:
(...) e da Língua Brasileira ouvem-se os rumores de muitas gentes, e vê-se o Corcovado [que os Portugueses, no século XVI, chamavam o Pináculo, da Tentação]...
Isabel A. Ferreira
Quinta-feira, 7 de Novembro de 2024
«Com o novo Acordo Ortográfico, introduziu-se o caos: neste dicionário uma palavra tem "c", neste é dupla grafia, neste tem "p", neste não tem. As palavras em que se mexeu são palavras em que ninguém errava, e em que agora se erra. Temos ainda outro problema, que é haver palavras que estão a ser pronunciadas de outra forma porque perderam a consoante muda que guardava a vogal aberta. Há inúmeros exemplos na televisão e na rádio.»
Manuel Monteiro, escritor, tradutor e revisor, Página Um, 03-10-2024
«Há deputados incomodados com os silêncios de Lacerda Sales e de Rebelo de Sousa. Todavia, não vejo qualquer deputado incomodado com o permanente silêncio de quem escreveu “agora facto é igual a fato (de roupa)”. É silêncio antigo, mas sem referir razões. No entanto, aparentemente, não incomoda.»
Francisco Miguel Valada, Intérprete de Conferência, no blogue Aventar
«É incompreensível que um inglês leia Walter Scott ou Oscar Wilde na grafia original, o mesmo sucedendo a um francês em relação a Balzac ou Zola, um espanhol em relação a Pérez Galdós e um norte-americano em relação a Mark Twain, enquanto as obras de um Camilo ou um Eça de Queiroz já foram impressas em quatro diferentes grafias do nosso idioma.
As sucessivas reformas da ortografia portuguesa são um péssimo exemplo de intromissão do poder político numa área que devia ser reservada à comunidade científica.
Cada mudança de regime produziu uma "reforma ortográfica" em Portugal. Para efeitos que nada tinham a ver com o amor à língua portuguesa, antes pelo contrário.»
Pedro Correia, jornalista e autor no blogue Delito de Opinião
Nos últimos “Em Defesa da Ortografia LXXI”, alertámos para a afirmação de Pedro Correia, e de muitos outros, no programa “Prova Oral”, de que, hoje, sem recurso às múltiplas ferramentas tecnológicas, ninguém sabe aplicar devidamente o Acordo Ortográfico de 1990 (AO90).
Para provar a veracidade desta afirmação, leia-se, por exemplo, o artigo de opinião de Margarida Marrucho Mota Amador, Coach (seja lá o que isso for) e ex-directora do Colégio do Sagrado Coração de Maria e do Externato O Beiral em Lisboa, “A educação compensatória: gueto ou valorização”, publicado no jornal Público, em 4 de Julho do corrente ano.
A autora, como outros, afirma que toma a opção de escrever na nova ortografia e usa, por ordem alfabética, como se pode comprovar na imagem, retirada do blogue Tradutores Contra o Acordo Ortográfico os seguintes termos: ação, antevêem, características, expectativas, factores, objetivos, e projectos. Como se vê, Margarida Amador labora num erro, pois parece ter preferência por uma ortografia coerente e respeitadora da etimologia. Conviria, contudo, que alguém lhe chamasse a atenção, dizendo: Não, Margarida Amador, a senhora não utiliza a nova ortografia; utiliza, no geral, a ortografia de 1945, polvilhada de umas aberrações, à laia de enxertos, trazidas pelo AO90.
Continuando a pesquisa de aberrações que preenchem e preencheram a Comunicação Social, deparámos com os fatos e os contatos do costume, a que se junta a ficção, que abre a porta a outras aberrações como ficionar e ficionista, por exemplo:
- "Eu aqui estou para ser presidente da Câmara de Lisboa", contrapôs, referindo que deu "tudo" para isso e para lutar "contra o adormecimento social em que o PS vive, em que o Governo vive, numa ilusão, numa fição". RTP, 28-08-2021;
- “Aquele que é designado de “segundo cérebro” vive, de forma secreta, nos intestinos. Porquê? Vamos esclarecer, com a ajuda dos nossos convidados: Ricardo Rangel, médico de Endocrinologia e nutrição orientado para saúde da mulher, e a naturopata Cátia Antunes, especialista em patologia inflamatória do intestino. E porque o refluxo do ácido gástrico pode causar ou agravar as úlceras de contato das cordas vocais, mais à frente, Clara Capucho, otorrinolaringologista especialista em voz, vai juntar-se a nós.” Expresso 14-08-2024;
- Ele analisa que, embora haja tendências mundiais – como o fato de populações votarem sempre nos candidatos oposicionistas, uma expressão da irritação do público com as democracias –, o que leva autocratas ao poder são as circunstâncias locais de cada país. “No final das contas, a política latino-americana é moldada por dinâmicas latino-americanas, não por eventos nos Estados Unidos.”
Não era previsível, mas os EUA são um país grande, com alto nível de doenças mentais não tratadas, um número extraordinariamente grande de armas que são facilmente acessíveis e em meio a [sic] uma campanha eleitoral muito, muito polarizada, dramaticamente reforçada pelas redes sociais. Então, o fato de que um jovem de 20 anos poderia facilmente conseguir uma arma e tentar assassinar um dos candidatos nos Estados Unidos, dadas as condições, não deveria chocar ninguém. Não que seja previsível, mas não é chocante. Expresso, 22-07-2024
Como vê, caro leitor, nos sítios do costume, mora a ortografia do costume. Quase ninguém fala do elefante na sala, não é?
Se é assim na Comunicação Social, como será com o cidadão comum?
Ah, parece que cada vez há mais restaurantes especializados em espetadas ou existe um incremento de bandarilheiros na indústria tauromáquica.
Ah, a TVI 24 precisa de mais umas horitas para interiorizar as regras do AO90.
Ah, o Observador também tem, recorrentemente, umas saudáveis recaídas…
João Esperança Barroca
tags: acordo ortográfico,
acordo ortográfico de 1990,
ao90,
balzac,
blogue aventar,
blogue delito de opinião,
camilo,
colégio do sagrado coração de maria,
comunicação social,
cãmara de lisboa,
eua,
expresso,
externato o beiral,
eça de queiroz,
francisco manuel valada,
indústria tauromáquica,
jornal público,
joão esperança barroca,
lisboa,
manuel monteiro,
margarida marrucho mota amador,
mark twain,
observador,
oscar wilde,
pedro correia,
portugal,
página um,
pérez galdós,
reforma ortográfica,
tvi 24,
walter scott,
zola
Terça-feira, 5 de Novembro de 2024
A imagem à esquerda, assinalada a vermelho, que ilustra esta publicação, foi-me enviada da Dinamarca, por um Português, que tal como eu, se envergonha dos políticos que temos, por permitir que gente ignorante ande pela Internet a fazer gato-sapato [para quem não sabe, esta expressão significa humilhar] o Povo Português, ao andar por aí a vigarizar descaradamente as pessoas, atirando mentiras para o ventilador, acerca do Português=Língua Portuguesa, induzindo-as ao engano, com a cumplicidade dos decisores políticos portugueses, que sem um pingo de dignidade, permitem-se ser, eles próprios, capachos dos vigaristas.
Eu, pessoalmente, além de sentir vergonha de quem assim se deixa humilhar, sinto também uma profunda desconsideração por todos os envolvidos nesta tramóia, cujo objectivo é dar tratos de polé, ou seja, maltratar intencionalmente a Língua de Portugal, para dar visibilidade à variante brasileira do Português = conjunto de linguajares oriundo da Língua pertencente ao Povo Português, e a mais nenhum.
Como sou Portuguesa, descendente de gente que nunca se deixou calcar por aqueles que pretenderam, ao longo dos séculos, domar Portugal, como se fosse um País que cedesse à fraqueza, à cobardia, à ignorância dos seus invasores, reponho a VERDADE sobre Portugal, os Portugueses e a SUA Língua – a Portuguesa ou Português.
O que anda a circular pela Wikipédia-app é fruto da mais desmedida má-fé, e até passível de um processo-crime, por usurpação da Língua do NOSSO País. E se tivéssemos governantes ou um presidente da República com vergonha na cara, não permitiriam que andassem, por aí, a enxovalhá-los, porque não é apenas a Língua que enxovalham, enxovalham também aqueles que, por LEI, deviam defendê-la, mas NÃO defendem.
Isabel A. Ferreira
Quinta-feira, 24 de Outubro de 2024
Raramente trato em público assuntos que são do meu foro privado.
Desta vez abrirei uma excepção, porque fiquei bastante transtornada com aquela história que a Professora Maria do Carmo Vieira contou no seu artigo
A instabilidade ortográfica ameaça um património identitário
que envolveu uma resposta a uma questão de escolha múltipla, na disciplina de História, a propósito do estudo da invasão e conquista da Península Ibérica pelos Muçulmanos do Norte de África, no séc. VIII
A questão era a seguinte, com as respectivas opções de resposta:
«Os Muçulmanos também deram a conhecer processos de rega até aí desconhecidos:
a) a tia, a picota e o açude;
b) a prima, a picota e o açude;
c) a sogra, a picota e o açude;
d) a nora, a picota e o açude.»
Isto só é aceitável sendo uma anedota contada à mesa de um café.
***
Os meus netos (ambos a frequentar o Ensino Secundário) andam sempre a enviar-me os erros [não só ortográficos, mas os de conteúdo também] que encontram nos manuais escolares. Eles sabem que existem três grafias em Portugal: a portuguesa, a brasileira e a acordista. Também sabem que na escola são obrigados, ainda que contra sua vontade, a usar a grafia brasileira (setor, diretor, teto, arquiteto, etc.) e a grafia acordista (exceto, receção, aspeto, infeção, perspetiva) de outro modo, serão ilegalmente penalizados.
Principalmente o meu neto, que tem 12 anos, e não anda no mundo só por ver andar os outros, e está sempre atento a tudo, e tem um espírito crítico muito desenvolvido para a idade. Gosta de estudar, mas o estudo para ele tem um grande MAS: os professores. A Matemática, uma disciplina de que ele até gosta, começou a detestá-la, porque muitos dos exercícios que os mandam fazer nos manuais é pintar de amarelo a figura que corresponde à resposta certa à pergunta que é feita. Ele até denomina a Matemática como “Pinta d’Amarelo»: «Hoje tenho aula de «Pinta d’Amarelo», costuma dizer-me, acompanhado de um suspiro desiludido.
No ano passado, quis fazer uma experiência jornalística, até porque gosta muito de escrever e inventar histórias, para ser como a Avó, e, para tal, foi colaborar no Jornal Escolar. E logo no primeiro número, ele fez uma reportagem sobre futebol (uma actividade que ele pratica) e a dada altura referiu que a equipa [já não me recordo de quem] mostrou-se bem preparada, ou coisa parecida. E não é que a professora, que era de Português e portuguesa (andam por aí brasileiros a ensinar Português em determinadas escolas, segundo me informaram, mas esta era portuguesa) teve o desplante de marcar erro no vocábulo equipa (palavra portuguesa) substituindo-a por TIME (vocábulo usado pelos brasileiros, para referir equipa). O meu neto explicou-lhe isso mesmo, mas a professora não quis ouvi-lo, e o artiguinho dele saiu com o TIME. A outra palavra que ele escreveu correCtamente no mesmo artigo, foi objeCtivo [ele está a aprender Inglês e sabe que aquele CÊ pertence também ao Português], e a professora marcou erro e corrigiu para “objetivo”, que ele lê “obj’tivu”, instintivamente, como qualquer pessoa que sabe ler, lê.
Veio, choroso, dizer-me: «Vovó eu escrevi certo, mas a professora pôs lá as palavras erradas». Ele ficou tão triste, tão triste, que desistiu do Jornal Escolar. Eu faria o mesmo. Fiquei furiosa. Não pude fazer o que queria fazer: ir à escola perguntar à professora o motivo de tamanha falta de respeito por um aluno que sabe escrever em Português, mas a minha filha e o meu genro não consideraram boa ideia, porque o meu neto poderia ser perseguido, por isso. O que é verdade. Penalizam os alunos que sabem escrever correCtamente a sua Língua Materna, a que está em vigor em Portugal, o que configurará um crime de lesa-infância.
Então, ele disse-me esta coisa que me deixou incomodadíssima: «Sabes o que te digo, Vovó, os professores estão a formar ignorantes».
Nunca uma verdade me doeu tanto, porque ele tem a noção do mal que lhe estão a fazer e ele NÃO pode fazer nada, para mudar as coisas.
Compreendem agora, porque me empenho tanto na Defesa da Língua Materna dos meus netos, e da dos netos dos restantes portugueses, e do meu mais precioso instrumento de trabalho – a Língua Portuguesa grafada conforme a grafia de 1945, a que está em vigor, porque nenhum decreto-lei veio revogá-la?
A Educação Escolar deve ser uma coisa muito, muito séria. Não podem andar a brincar com a inteligência das crianças, usando estratégias tão básicas, tão ridículas, tão anedóticas, tão de gosto duvidoso, tão de má-fé...
As nossas Crianças NÃO são as imbecis que os decisores políticos e os professores e os fazedores de manuais querem fazer delas.
BASTA!
senhores decisores políticos, senhor presidente da República, senhores professores!
Sigam o sábio Sófocles, porque fracassar com HONRA garante um lugar na História. O sucesso pela FRAUDE [e o AO90 nada mais é do que uma grande fraude] é apenas a vã ilusão de quem não sabe ocupar o seu lugar no mundo...
Isabel A. Ferreira
tags: a instabilidade ortográfica ameaça um pa,
acordo ortográfico de 1990,
crime de lesa-infância,
educação escolar,
ensino secundário,
história,
língua materna,
língua portuguesa,
maria do carmo vieira,
matemática,
muçulmanos,
norte de áfrica,
península ibérica,
português,
presidente da república,
sófocles
Quarta-feira, 23 de Outubro de 2024
Obrigada, Professora Maria do Carmo Vieira, por mais este excelente texto.
Esperemos que a sua voz chegue aos decisores políticos, para que as nossas crianças, que não são imbecis, não tenham mais de responder, a propósito do estudo da invasão e conquista da Península Ibérica pelos Muçulmanos do Norte de África, no séc. VIII a esta questão de escolha múltipla, na disciplina de História:
«Os Muçulmanos também deram a conhecer processos de rega até aí desconhecidos:
a) a tia, a picota e o açude;
b) a prima, a picota e o açude;
c) a sogra, a picota e o açude;
d) a nora, a picota e o açude.»
Isto só é aceitável, sendo uma anedota contada à mesa de um café.
Mas a Educação Escolar deve ser uma coisa muito, muito séria. Não podem brincar com a inteligência das crianças, usando estratégias tão básicas, tão ridículas, tão anedóticas, tão de gosto duvidoso...
Isabel A. Ferreira
***
«A instabilidade ortográfica ameaça um património identitário»
Maria do Carmo Vieira
«Assistimos de contínuo à banalização do impensável e do absurdo não só na política, externa e interna, mas também na cultura, sendo sobre este último aspecto que me debruçarei.
A Academia das Ciência é um exemplo flagrante, se lembrarmos a forçada implementação do Acordo Ortográfico de 1990, que persiste intocável apesar das suas «contradições, controvérsias e erros» que os próprios mentores admitiram. Somos com efeito confrontados com uma instituição que em lugar de pugnar sempre, sem tréguas, pelo Conhecimento, o desfigura e desvirtua, com um à-vontade
chocante, e penso, de novo, no AO. A inércia e a indiferença actuais perante a instabilidade ortográfica, causada pela imposição do famigerado, nomeadamente no ensino, pondo em causa a sua qualidade, são atitudes intoleráveis, tanto mais que envolve um património identitário. Mas esta Academia não está só, porque sofrendo do mesmo mal, acompanham-na duas associações de professores de Português que, na sua estreita cumplicidade com o Ministério da Educação, respiram livremente perante o aviltamento da ortografia da Língua Portuguesa, indiferentes ao sentido de responsabilidade que a sua função exigiria. Refiro-me à APP (Associação de Professores de Português) e de forma mais crítica à ANPROPORT (Associação Nacional de Professores de Português) porquanto, ao invés da APP, fervorosa apoiante do AO, desde o primeiro momento, a ANPROPORT propôs, entre os seus objectivos primeiros, lutar contra o acordo ortográfico, o que nunca aconteceu.
Foi sempre para mim incompreensível a aceitação acrítica da «Nota Explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa» (1990), texto único que os defensores do AO invocam, muitos dos quais sem nunca o terem lido e creio que se alguns o fizessem corariam de vergonha perante os disparates. A própria Academia continua estranhamente a aceitar a argumentação aí desenvolvida, não discutindo com académicos críticos, antes pactuando com a ligeireza, a ignorância e até o ridículo evidenciados no texto.
A «teimosia lusitana» em manter as consoantes c e p não pronunciados, a defesa das crianças cuja memória é prejudicada pelo esforço em reter as tais consoantes ou «a pronúncia» como «critério científico» são alguns dos exemplos anedóticos que aí encontramos, num testemunho trágico sobre o que se perspectiva relativamente ao estudo e ao conhecimento. Os próprios alunos reagem criticamente à nova ortografia decretada não só pela falta de lógica em algumas situações, e lembramos o «Egito e o egípcio», como pelo facto de em lugar de evitar os equívocos os fomentar. «Pêlo», por exemplo, perdeu o acento e tornou-se igual a «pelo», o mesmo acontecendo com o verbo parar na 3.ª pessoa do sing. do Presente do Indicativo que, tendo perdido o acento, se confunde com a preposição «para» , «retractar», do latim retractare, tem novo traje, distorcendo a sua etimologia, ao escrever-se como «retratar» (fazer um retrato), «espectador» tornou-se «espetador» e o ridículo é tal que houve editoras que, mesmo cumprindo o AO, decidiram, neste caso, usar sempre «espectador».
Não é de mais repetir as palavras do Professor, António Emiliano, da Universidade Nova, a propósito da «aprendizagem de qualquer ortografia […] que não é tarefa fácil para ninguém nem é suposto ser: «A função de uma ortografia não é nem facilitar o ensino da escrita nem reflectir a oralidade; a ortografia serve para codificar e garantir a coesão da língua escrita normalizada de uma comunidade nacional.» Depois da implementação forçada do AO, à revelia da vontade dos portugueses (lembre-se também os 25 pareceres contrários) tudo tem acontecido como se a ortografia fosse a representação de um espectáculo em que cada um escreve para o «lado que lhe dá mais jeito», como galhofeiramente afirmou Pedro Santana Lopes. Compreender-se-á em parte a sua boa disposição porque este AO foi, na verdade, cozinhado e pretensamente discutido entre muita galhofa e gargalhada, como testemunham as actas da sua discussão, na Assembleia da República, na qual participou também Pedro Santana Lopes.
Este gosto pelo lúdico boçal, retrato da crescente falta de cultura e reflexo de uma crescente infantilização, expõe-se também exuberantemente na Escola através de muitos manuais, nos quais já encontrei, por várias vezes, a convivência entre «espetáculo» e «espectador», e «espetáculo» e «espetador», neste último caso em sintonia com o disposto no AO, tropeçando os alunos no «espetador», pela estranheza: «espetador?», perguntam.
Confirmando ainda o que escrevi, no início deste parágrafo, deixo-vos dois exemplos elucidativos que retirei de um manual do 2.º ciclo, de História, disciplina que, a par de Geografia, se encontra em vias de extinção. A propósito do estudo da invasão e conquista da Península Ibérica pelos Muçulmanos do Norte de África, no séc. VIII, os autores apresentam várias questões de escolha múltipla, onde a escrita obviamente não intervém, substituída por uma cruz. Transcrevo o primeiro exemplo: «Aos muçulmanos do Norte de África que invadiram a Península Ibérica os cristãos chamavam: a) Alás, b) Mouros, c) Andaluses, (*) d) Moçárabes; e o segundo: «Os Muçulmanos também deram a conhecer processos de rega até aí desconhecidos: a) a tia, a picota e o açude; b) a prima, a picota e o açude; c) a sogra, a picota e o açude; d) a nora, a picota e o açude.» Posso dizer que algumas alunas, perante o primeiro exemplo, acharam que a colega muçulmana da sua turma «ia ficar triste porque se sentiria gozada», reagindo também com estupefacção ao absurdo de «tias, primas e sogras». «O que é isto?, foi o que perguntaram incrédulas com o que viam escrito. Se os autores pretendiam suscitar o riso, nesse doentio e exasperante lúdico, a reacção foi precisamente a inversa porque as crianças não são imbecis, se bem que desde a Reforma de 2003 se tenha vindo a actuar para que assim aconteça, prejudicando o seu desenvolvimento e perigando o seu futuro.
Num ambiente tão propício ao riso e à brincadeira, nem a Academia das Ciências escapa, alastrando o pântano cultural, lamentavelmente perante a nossa indiferença colectiva.
Maria do Carmo Vieira
Lisboa, 18 de Outubro de 2024»
***
(*) É lamentável que o erros ortográficos, nos manuais escolares, sejam demasiado frequentes, tais como este: “adaluses”, que em Português se escreve andaluzes. As crianças merecem muito mais e muito melhor. (IAF)
***
Comentários ao texto:
tags: academia das ciências,
acordo ortográfico,
anproport,
antónio emiliano,
app,
associação de professores de português,
associação nacional de professores de po,
história,
maria do carmo vieira,
muçulmanos,
norte de áfrica,
pedro santana lopes,
península ibérica,
universidade nova