Rezam as crónicas que há precisamente 524 anos, no dia 22 de Abril de 1500, Pedro Álvares Cabral e a sua Armada aportaram a terras de um continente, que viria a ser chamado América (do Sul), habitado por indígenas com uma Cultura própria. Os Portugueses não sabiam, mas aportaram a um território a que os indígenas chamavam Pindorama, ao qual os Portugueses deram o nome de Terra de Vera Cruz, e só em 1527 passou a ser designado como Brasil, que passou a fazer parte do Reino de Portugal e dos Algarves. Com a transferência da Corte de Dom João VI para o Brasil, em 1808, o Brasil ficou integrado no Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves, em 16 de Dezembro de 1815.
Em 07 de Setembro de 1822, Dom Pedro I, nas margens do Rio Ipiranga, gritou lá do alto do seu Cavalo: «Independência ou morte». E o Brasil, nesse dia, deixou de pertencer à Coroa Portuguesa.
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Costumava-se (tempo passado) dizer que de Espanha, nem bons ventos, nem bons casamentos.
Mas HOJE nada temos a lamentar sobre os ventos e os casamentos que vêm de Espanha, pois nós e os de Espanha soubemos encontrar o nosso lugar na História, e o espírito de fraternidade sobrepôs-se a malquerenças antigas. E é deste modo civilizado que devemos estar no mundo, e não cegos por vinganças, que só inferiorizam quem as quer levar a cabo.
Isto para dizer que o mesmo já não podemos dizer em relação ao Brasil, pois é de lá que actualmente vêem os maus ventos e os casamentos de conveniência, passados que são 524 anos desde a descoberta de um território que viria, mais tarde a chamar-se Brasil, um país que, se existe, aos Portugueses o deve. Os Portugueses fizeram do Brasil um país com um enorme território, situado na América do Sul, e que se estende desde a Bacia Amazónica, no Norte, até às gigantescas Cataratas do Iguaçu, no Sul.
O que fizeram dele, ou melhor, o que NÃO fizeram dele os Brasileiros, os Portugueses nada têm a ver com isso, desde 07 de Setembro de 1822. Quinhentos e vinte e quatro anos já não seria tempo mais do que suficiente para terem cortado o cordão umbilical com os senhores do antigo Reino, ao qual pertenceram?
E, inexplicavelmente, hoje, os de cá aceitam ser vassalos do Brasil, muito servilmente, diria até, muito sofregamente, como bons sedentos de uma grandeza que NÃO existe.
Como é lamentável o espírito de vassalagem que assentou arraiais em Portugal!
E pensar que Portugal, já foi um País de bravos navegadores, que deram a conhecer novos mundos ao mundo, e que hoje não passa de um país pequeno, cheio de servis vassalos dentro.
E isto é caso único no mundo.
Eu, por mim, fazendo os dois Países parte da minha História, não posso deixar de assinalar esta data, que poderia ser festiva, se a relação Brasil/Portugal não estivesse manchada por um obscuro sentimento de vingança de um lado, e, de uma vergonhosa submissão, do outro.
Os motivos deste desprezo que o Filho (Brasil) dedica ao Pai (Portugal), são bem visíveis no Mundo da Cibernética. E não se vê ninguém com lucidez, para pôr ordem na casa, e dizer a essa gente que estão a apoucar o Brasil, com essa desmedida sede de vingança.
Temo que tudo se encaminhe para que venhamos a LAMENTAR que Pedro Álvares Cabral não estivesse a dormir a sesta, em Belmonte, naquele dia 22 de Abril de 1500...
No entanto, tenho esperança de que o Brasil ponha a mão na consciência, e decida deixar Portugal e a sua Língua Portuguesa, para os Portugueses, e vá tratar da sua vida, para poder construir um Grande País, com real importância no mundo, sem precisar da muleta do Pai Português. Os filhos que com 524 anos de existência ainda não conseguiram separar-se do Pai, é porque não têm maturidade nem capacidade suficientes para caminharem pelo próprio pé.
Por enquanto, o Brasil é apenas um País grande, passados que são 524 anos desde a chegada dos Portugueses ao que é hoje o território de Porto Seguro, no estado da Bahia (na altura o Brasil NÃO existia), onde, conforme a imagem documenta, foram recebidos por indígenas, em alvoroço.
Desembarque dos Portugueses em território ocupado por indígenas, os verdadeiros donos das terras que vieram a ser designadas como Brasil. Pintura a óleo sobre tela (acabado em 1900) do artista brasileiro Óscar Pereira da Silva.
É urgente acabar com a lusofobia tanto quanto com a lusofonia
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Recebi o comentário de uma/um (?) brasileira/o (?) que reproduzo mais abaixo, e destacá-lo-ei no Blogue, para ver se, de uma vez por todas, os brasileiros, a quem fizeram lavagem cerebral, encaixam que, se querem fazer do grande Brasil em território, um Brasil GRANDE em nobreza, devem aceitar o seu passado, tal como ele foi e não como gostariam que tivesse sido, e o deixem lá, nesse tempo antigo, de onde os mortos jamais virão reclamar o que era natural na vida de todos os povos dessa época. Lembrem-se de que os vindouros irão criticar, no futuro, o que os seus antepassados NÃO fizeram para lhes deixar um mundo melhor, por ficarem presos a um passado que não volta mais.
É, pois, da ESTUPIDEZ pretender julgar o passado através dos valores culturais, sociais e morais do presente.
Também é preciso que os brasileiros, a quem fizeram lavagem cerebral, encaixem, de uma vez por todas, que não é soltando, por aí, a sua LUSOFOBIA patológica que alcançarão o reino dos céus de Portugal.
Obviamente, este pensamento de Epicuro não se aplica aos que SOFRERAM e SOFREM horrores às mãos de carrascos. Os outros, os que nunca estiveram no lugar desses que SOFRERAM e SOFREM horrores, devem reflectir sobre as palavras de Epicuro, e não andar por aí a cobrar dos outros, o que esses outros nunca fizeram, porém, lamentam que a vida seja tão cruel para uns, e tão benevolente para outros.
Nayara comentou o post A notícia «Há crianças portuguesas que só falam 'brasileiro'» gerou comentários que dizem de uma exacerbada e incompreensível LUSOFOBIA e da ignorância optativa às 03:13, 05/04/2024 :
Claramente alguns comentários destacados estão em português de Portugal portanto devem ser descartados visto que como a própria senhora pontuou não temos capacidade para tal. Logo são comentários maliciosos falsos feitos por outros portugueses. Quanto as influências que o português do Brasil sofreu, você sabia que o sotaque do sul foi predominantemente moldado por portugueses dos Açores que é muito peculiar? Já em 1808 quando a coroa portuguesa se mudou para o Rio de Janeiro o “R” com fonema do francês chegou ao Brasil Os integrantes da realeza imitavam o “R” falado pelos franceses, referência cultural e intelectual europeia naquela época. Em pouco tempo, a elite local também passou a copiar esse jeito de falar e assim permaneceu. Quanto a suas outras pontuações eu não sou esquerdista e não preciso ser pra dizer que os 388 anos de escravidão no Brasil implantado por portugueses foi um crime contra a humanidade. Esse é um capítulo tenebroso e inegável na história de Portugal o qual a senhora recusa-se a admitir. Foi uma colonização no mínimo revoltante mas é passado. Passado no qual precisamos admitir, aprender e nos distanciar enquanto sociedade. |
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1 – NÃO existe Português de Portugal, bem como NÃO existe Português do Brasil. O que existe é a Língua Portuguesa, o PORTUGUÊS, e a VARIANTE BRASILEIRA DO PORTUGUÊS, entre outras Variantes, geradas noutras esferas.
2 – O Português até pode ser razoavelmente compreensível, para os brasileiros, na sua forma escrita, porém, na sua forma oral NÃO é, tanto que dobram e legendam tudo o que é falado em Português, nas televisões brasileiras, e não nos percebem quando falamos cara a cara, com eles.
3 – Aconselho-a a reler o que escrevi, para avaliar a que “capacidade” me referi, no meu texto, em relação aos Brasileiros. Isto já é uma prova da iliteracia brasileira em relação ao Português escrito.
4 –Os comentários publicados, além de não serem falaciosos, são escritos por brasileiros incultos, basta considerar o léxico e a construção frásica. O YouTube está cheio de vídeos brasileiros com conteúdos iguais.
5 – Aos Portugueses não interessa para nada os sotaques brasileiros, que variam de região para região. Interessa a FONOLOGIA, que é completamente outra coisa, e nada tem a ver com a Fonologia da Língua Portuguesa.
6 – O vosso problema é terem uma fixação doentia e complexada pelo vosso passado, negligenciando o presente e ignorando o futuro. Os Brasileiros são o ÚNICO povo colonizado que ainda mantém uma relação/ódio com o ex-colonizador. Aceitem o vosso passado, porque NÃO podem mudá-lo. Além disso, os únicos brasileiros com direito a protestar são os INDÍGENAS brasileiros, os donos das terras do Brasil. Se você é brasileira, a Portugal o deve, e se não gosta, mude de nacionalidade, mas não queira ter a nacionalidade portuguesa – que muitos têm apenas para obterem privilégios e darem o salto para outros países europeus, por odiarem estar em Portugal, mas sem a muleta portuguesa, jamais conseguiriam – porque sentir-se-ia como um peixe fora d’água.
7 – Não nos interessa NADA como se falava em 1808. Interessa, sim, como se fala e escreve em 2024 d.C., e o que se escreve e fala no Brasil, actualmente, NÃO nos diz respeito.
8 – Não interessa se você é esquerdista ou não. O que interessa é que foram os esquerdistas brasileiros, da ala mais ignorante, que decidiram DETURPAR a Língua do ex-colonizador, continuando a designá-la como Português, e a isso chama-se USURPAÇÃO do IDIOMA ALHEIO, com a agravante de o terem deformado.
9 – A escravidão no Brasil foi exactamente igual a todas as outras escravidões, desde o Egipto antigo até aos tempos que correm. Sempre houve escravidão. Ainda há escravidão e tráfico humano no Brasil. Deviam preocupar-se com isso, não, com o que não pode voltar atrás, para ser redimido. Também deviam preocupar-se com as barbaridades que HOJE o Brasil está a cometer contra os Indígenas brasileiros, algo que os colonizadores nunca fizeram. Apenas os descendentes dos escravos africanos podem sentir-se “incomodados”, com a escravidão dos seus antepassados, mas têm de saber que SE os seus antepassados foram escravizados, aos próprios africanos o devem, pois eram eles que os apanhavam nas tribos vizinhas, os traficavam, os vendiam aos Portugueses, aos Ingleses, aos Castelhanos, aos Holandeses, aos Franceses. Se devemos condenar a escravidão? Claro que devemos condenar TODAS as escravidões, desde a Antiguidade até aos nossos dias. Mas o que interessa condenar a escravidão de tempos antigos se são mantidas nos tempos modernos? Crime contra a Humanidade são todas as escravidões, todas as guerras, todas as torturas, todas as crianças deixadas a morrer à fome, a serem exploradas, a serem violadas, a servirem de objectos sexuais, HOJE. Mas o que importa para si a escravidão actual? Só interessa o que se passou há séculos, no Brasil, algo, de que NÓS, Portugueses do século XXI d. C., NÃO fomos responsáveis? É, pois, da estupidez julgar os actos do passado à luz dos valores do presente.
10 – Vejo que nada sabe das minhas posições sobre o que chama “capítulo tenebroso da História de Portugal”. A propósito disso, até escrevi um livro. E sobre os capítulos tenebrosos da História do Brasil pós-1822, a Nayara sabe alguma coisa? Não lhe interessaria saber?
11 – Para sua informação, e uma vez que os brasileiros, descendentes de europeus e de outras paragens, dizem que preferiam ter sido colonizados pelos Ingleses (como se pudessem fazer recuar o tempo!) as colonizações inglesa e castelhana foram muito mais bárbaras e cruéis do que a colonização portuguesa. Nós não exterminámos impérios, nem tribos inteiras de indígenas. Vejo que nada sabe da História da América do Norte e da História da América do Sul. Aconselho-a a informar-se melhor, antes de vir comentar o que quer que seja, e também aconselho a não seguir as mentiras que os esquerdistas ignorantes andam a espalhar por aí...
12 – Por fim, deixe-me dizer-lhe que o seu comentário é de alguém a quem fizeram lavagem cerebral, que não estudou por livros, mas por “bocas”, algo que não lhe permite viver no século XXI d. C., estando especada num tempo que jamais será reescrito, ainda que o Brasil estrebuche até à exaustão.
Isabel A. Ferreira
Com que intenção o teria feito?
Os Portugueses, que NÃO usam palas, sabem muito bem os motivos obscuros que levaram o governo socialista a destruir um símbolo do Governo de Portugal, para o substituir por três figuras geométricas que podem representar qualquer coisa que se queira, mas JAMAIS poderá representar o Governo de Portugal, e pior, usurparam algo da exclusividade do Estado Português, ao substituírem "Governo de Portugal", por "República Portuguesa". E Marcelo Rebelo de Sousa calou-se. Na verdade, a República Portuguesa NÃO tem logótipos, tem SÍMBOLOS, e os símbolos são intocáveis. E o que fizeram não tem nada a ver com modernices, com inovações, mas com outra coisa: a intenção clara de desidentificar Portugal, para dar lugar a usurpadores.
Atentem bem nestas duas imagens, e digam-me qual das duas, de imediato, nos leva a Portugal, sem precisar de outra qualquer identificação?
Pode ser que não interesse a ninguém, mas, ainda assim, vou aqui deixar a minha interpretação sobre o ex-símbolo do ex-governo destruidor de símbolos portugueses, aqui incluída a Língua Portuguesa, que também está totalmente descaracterizada, e pelos mesmos motivos.
Como sabemos, o partido comuno-socialista rasteja aos pés do Brasil, e até permite que seja ele o dono da NOSSA Língua, e faça acordos, por detrás do pano, para beneficiar o País do “verde e amarelo” (cores brasileiras).
A primeira vez com que me deparei com o novo símbolo do ex-governo, constituído por um rectângulo verde, um círculo amarelo e um quadrado vermelho, veio-me imediatamente à cabeça a descarada subserviência dos ex-governantes portugueses ao Brasil.
Este símbolo descaracterizado, que daria para representar qualquer país do mundo, serviria para fazer o frete ao Brasil com o "Verde e Amarelo" correspondente à Bandeira Brasileira, e o quadrado vermelho, numa alusão à Bandeira Portuguesa, em posição subalterna e quadrada?
Para quem não sabe, no Brasil, designar uma pessoa como quadrada é chamá-la de bota-de-elástico, antiquada, chata, retrógrada, ultrapassada. Foi o que chamaram, nas televisões brasileiras, à Selecção Portuguesa e também à bola quadrada com que os portugueses iriam jogar, em 1966, aquando da realização do Campeonato do Mundo de Futebol, antes do jogo Brasil-Portugal, em que Portugal ganhou ao Brasil por 3-1, e ficou em terceiro lugar, facto que levou à destruição de muitas lojas de portugueses. Eu estava lá, e vi, com os meus próprios olhos, a destruição das montras dos negócios dos portugueses. Uma coisa realmente muito, muito feia. Eu era ainda uma adolescente, mas não era cega e já era dotada de espírito crítico.
Quando vi aquele símbolo descaracterizado com as cores do Brasil (verde e amarelo) em primeiro lugar e o quadrado vermelho em lugar subalterno, tudo isto me veio à cabeça, e não me surpreendi que tivesse vindo, devido ao mais que evidente CAPACHISMO dos governantes Portugueses. Quiseram imitar o símbolo também descaracterizado do governo de Lula da Silva, que mais parece uma bandeira LGBTQIA+? E nada tenho contra esta sigla, apenas com o símbolo descaracterizado.
Nada naquele símbolo socialista nos levava a Portugal.
E eu, quando o vi pela primeira vez, conhecendo como conheço as manhas e artimanhas dos políticos de lá e de cá, fiz, de imediato, esta leitura. Tô certa ou tô errada? -- (Como diria Sinhozinho Malta, personagem da extraordinária novela brasileira Roque Santeiro).
Pode ser que esteja errada. Mas o que é que isso importa?
O que importa é que descaracterizaram um símbolo português, porque talvez a intenção fosse desidentificar Portugal, e se a este barbarismo juntarmos a descaracterização da Língua Portuguesa, que anda por aí a circular como Português, assinalado com a Bandeira Brasileira, temos um quadro bastante elucidativo.
E a isto que se vê na imagem abaixo chama-se USURPAÇÃO do Idioma de um País alheio.
NOTA: e que ninguém diga que sou xenófoba, porque xenofobia não rima com o direito de defender os valores do MEU País, além disso, o Brasil faz parte da minha história, e irrito-me quando os brasileiros incultos insultam o Brasil, ao insultarem acintosamente Portugal e os Portugueses.
Isabel A. Ferreira
Mas isto, só por si, não basta, para merecer o meu voto!
Daí que não tenha em quem votar.
Dirão: e o que vale o voto daquela? Não valerá nada para quem assim pensa. Valerá para mim, e para a minha consciência, e isso é o que mais importa.
O mínimo que se exige de um governante é que saiba escrever correCtamente a Língua Oficial do País que representa.
O Grupo Cívico de Cidadãos Portugueses Pensantes enviou a todos os partidos políticos, com assento no Parlamento, esta solicitação para que introduzissem a gravíssima questão da Língua Portuguesa, destruída pelo AO90 e usurpada pelo Brasil, nos debates e nos seus programas eleitorais, pois sem uma Língua bem estruturada, não há Ensino de qualidade, nem Cultura, nem coisa nenhuma, e teremos um País cheio de gente analfabetizada.
E isto foi o mesmo que falar para as paredes.
Nenhum partido se dignou a responder.
Aliás, seguindo o exemplo do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que também NÃO se dignou a responder ao nosso Apelo, ao contrário da Senhora Von der Leyen que, usando da sua boa educação, respondeu a uma denúncia que fizemos por a União Europeia estar a usar no Português, que é uma das línguas oficiais da UE, uma ortografia ilegal e inconstitucional, algo que ainda não tornei público, mas brevemente virá a público.
Agora falando apenas por mim: que consideração podem merecer os candidatos, de uma cidadã que tem o dever de votar, se não é considerada por eles, pelos que têm a pretensão de governar, deixando de fora uma questão que está a levar-nos à ruína de um dos nossos principais símbolos identitários: a NOSSA Língua Portuguesa.
Nenhuma consideração.
Além disso, gostaria de saber se alguém responsável pela governação de Portugal, ou algum dos que têm a pretensão de (des)governar Portugal, a partir do dia 10 de Março, têm uma explicação racional para a usurpação da Bandeira de Portugal, apresentada na imagem que ilustra este exercício da minha muito legítima indignação.
O silêncio que fizerem a esta usurpação dirá do que Portugal vale para os políticos portugueses, ou seja: NADA.
Isabel A. Ferreira
Um precioso texto do Jornalista Octávio dos Santos, que esmaga (e bem) o AO90 e as individualidades que a ele estão associadas.
Os excertos a negrito são da responsabilidade da autora do Blogue, que também deixa aqui esta Nota:
Para quem não sabe, as palavrinhas “fraturante”, “correto” e “adoção” que aparecem neste texto, lêem-se “frâturant”, “currêtu” e “âdução”m, segundo as regras da Gramática Portuguesa, porque lhes falta o cê e o pê, que servem de sinais diacríticos, para que as vogais possam pronunciar-se abertas: “fráCturant”, “curréCtu”, ”adóPção”.
Isabel A. Ferreira
Uma causa «fraturante»
Para os republicanos de Portugal e do Brasil alterar frequentemente a ortografia da dita «Língua de Camões» tornou-se não só um hábito, mas também uma obsessão, um vício, com várias mudanças prepotentes e incompetentes a ocorrerem nos últimos cem anos. E nenhuma foi, e é, pior, mais ofensiva e mais ridícula do que a consagrada no denominado «Acordo Ortográfico de 1990».
Porquê? Porque, na verdade, não se trata de um acordo, mas sim de um exercício em estupidez, de uma rendição, de uma submissão, por parte de Portugal, aos grupos e às individualidades mais anti-portuguesas no Brasil. Porque é a aceitação de uma «ortografia» absurda, «anti-natura», distópica… porque introduzida e imposta nas terras de Vera Cruz em 1943 por um ditador, Getúlio Vargas, num impulso ultra-nacionalista que visava, ultimamente, cortar o mais possível as ligações, as influências e as ascendências europeias e lusitanas. Compare-se: nenhum país hispânico, nenhuma das ex-colónias espanholas nas Américas cometeu o mesmo crime com o legado linguístico que receberam da metrópole em Madrid; aliás, nenhuma ex-colónia em qualquer parte do Mundo procedeu a uma tal mutilação – de consoantes supostamente «mudas» ou de outras letras – da ortografia recebida da antiga potência colonizadora. Diferenças há sim, evidentemente, e daí as várias variantes de Inglês, Francês… e Castelhano que existem, mas são pequenas, poucas, não significativas.
A «adoção» oficial – mas ilegítima, ilegal, inconstitucional – em Portugal da ortografia brasileira é a expressão máxima da convicção por parte de muitos iludidos deste lado do Atlântico de que os «tugas» devem aceitar e celebrar a supremacia e a superioridade dos «brazucas» a todos os níveis de actividade. Porém, o Brasil não nos respeitará por nos submetermos e ajoelharmos, por – e Marcelo Rebelo de Sousa e António Costa fizeram isso – elogiarmos o sotaque deles. Tanto mais que o Brasil não é um país «irmão» mas sim um país «filho» de Portugal. E se o «filho» deve respeitar o «pai» este também tem a obrigação se fazer respeitar. Tal não acontecerá se o «pai» aceitar escrever, e até falar, segundo o dialecto degenerado que o seu «filho», em acto de rebeldia, decidiu rabiscar.
A introdução do AO90 em Portugal começou, é certo, com Cavaco Silva, mas a verdade é que a sua imposição só aconteceu de facto com José Sócrates… e com Lula da Silva. É por isso que é contraditório e descredibilizador, para qualquer partido e qualquer político, criticar e condenar aqueles dois presidiários irresponsáveis usando, ao mesmo tempo, a infame ortografia que os dois energúmenos protagonizaram e promoveram. Em Portugal quem obedece ao AO prostra-se perante o PS. Quem critica a Esquerda recorrendo a uma – à sua – linguagem adulterada perde toda e qualquer autoridade moral para a criticar. O AO90 é também como que uma causa «fracturante» (ou «fraturante»), uma medida «politicamente correcta» (ou «correta»), qual aborto ou eutanásia do idioma, uma «transição» da identidade de género da cultura (com «cirurgias» atrozes que se pretendem irreversíveis), uma reparação contemporânea pelos alegados crimes dos antigos conquistadores.
É por tudo isto que o combate anti-acordista, sendo justo, indispensável e urgente, pode e deve ser igualmente um trunfo eleitoral. Tem mais hipóteses de ganhar votos e deputados um partido que se comprometa seriamente e solenemente a acabar definitivamente com este atentado à dignidade nacional. E um excelente meio para esse fim aguarda a sua recuperação das «catacumbas» da Assembleia da República: a Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o Acordo Ortográfico, quiçá a derradeira e maior de todas as petições (e existiram várias ao longo dos anos) contra a aberração, e que, cumprindo todos os critérios exigidos por lei, deu entrada em 2019 para ser depois boicotada, impedida de ser levada a plenário para discussão e votação, pelo PS com a conivência do PSD. Já é mais do que tempo de, também aqui, se dizer, gritar, e escrever, «chega»!
Fonte do texto: https://folhanacional.pt/2024/03/04/uma-causa-fraturante/
A propósito do texto publicado em «O Lugar da Língua Portuguesa» sob o título (...) «E a campanha eleitoral continua a ignorar a questão da imposição política 'criminosa' do indefensável AO90 a Portugal! Democracia isto?! Com os tiques da ditadura e da censura?!...» e partilhado no Novo Movimento Contra o AO90 gerou-se uma troca de comentários entre mim e João Robalo de Carvalho, e que aqui reproduzo, por existir matéria de interesse público.
É preciso, de uma vez por todas que o Brasil siga o seu caminho, e deixe de humilhar Portugal, algo que já tem barbas brancas e muito, muito longas e que vai muito para além desta declaração de Evanildo Bechara (sucessor de Antônio Houaiss, o brasileiro-libanês, pai do AO90) que em conluio com Malaca Casteleiro, engendraram esta aberração ortográfica. A declaração de Bechara é de 2016, mas antes desta data, esta ideia já estava cimentada, e depois dela, as coisas têm vindo a piorar, devido à repugnante subserviência dos governantes portugueses, desprovidos de coluna vertebral, que rastejam, como lagartos, aos pés do Brasil.
Não podemos admitir que o Brasil continue a HUMILHAR-NOS deste modo tão grosseiro, e que se ande por aí a vender gato por lebre, chamando “português” à Variante Brasileira do Português, que está a circular efusivamente na Internet, cheia de disparates. Uma vergonha! Um insulto!
Isabel A. Ferreira
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Quanto a este assunto nacional da alteração da escrita da Língua Portuguesa através de imposição de regras vindas dos órgãos nacionais e com a anuência da figuras representativas do Estado e de alguma parte da intelectualidade portuguesa como o caso do prof. Jorge Miranda, membros da Academia de Lisboa e prof. de língua portuguesa, este caso nacional está para durar enquanto houver desacordistas e se não houver um despertar nacional para este assunto nacional, a Língua Portuguesa de seu nome, identificando um idioma nascido e construído em Portugal chegou ao fim.
O Brasil com o seu jeito manhoso e provinciano utilizando a manha ou má-fé, já que usou caminhos desviantes para chegar ao destino que foi alterar escrita da Língua Portuguesa através de um chamado "Acordo" quando é do conhecimento público que esse acordo foi forjado com o intuito de tirar proveitos políticos a seu favor, nada há a fazer, a não ser pela desconstrução do processo que construiu esse "Acordo", ou seja: Revogação.
Para chegar à revogação serão os deputados da A. R. a iniciar o processo, logo que reconheçam que o chamado acordo ofende os interesses de Portugal, já que, se a asneira começou por eles, devem ser eles, deputados, a reconhecer a asneira e com a sua legitimidade própria desfazerem-se dela.
A Língua Portuguesa como a conhecemos no século XX está morta e não mais Portugal terá controlo do seu desenvolvimento uma vez que o Brasil tomou o controlo da sua expansão através dos "acordos" estabelecidos entre o Brasil e Portugal.
Portanto, sejamos lúcidos, da forma como o cozinhado foi elaborado será apenas por duas vias. Ou Revogação ou por todos os portugueses que conscientes do valor da sua Língua se prestem a lutar por ela uma vez que ela já não é nossa, mas uma língua desvairada e perdida por aí, pelo mundo, mas sem controlo e com regras comandadas pelo terceiro mundo ou mundo subdesenvolvido, como lhe queiram chamar.
Este é o meu grito de despedida da língua que eu ainda tenho por não aceitar a imposição que me foi imposta, mas que não deixarei de continuar a escrever como me ensinaram em Portugal, meu país.
Este caso é sério e nacional e como cidadão consciente de que Portugal como país ocidental bateu no fundo e perdeu consciência dos seus clássicos valores Europeus e ocidentais, digo apenas, Portugal cansa e oprime um homem que pensa.
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Fonte da imagem: https://cedilha.net/ap53/2024/02/becharadas/
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Autor
O João Robalo de Carvalho fala em "revogação", a revogação de quê? Sempre ouvi dizer que só se "revogam" leis. Ora não existe uma lei que obrigue ao uso do AO90. Por outro lado, o AO90 não está em vigor, devido à sua inconstitucionalidade e ilegalidade, e só se "revoga" algo que é lei e está em vigor.
Ou estarei enganada? Se não estou, o termo a usar não é "revogar", mas será eliminar?
Além disso, sempre ouvi dizer que a Lei que obrigou à grafia de 1945, continua em vigor, porque não foi revogada por outra lei.
Tudo isto poderia ser esmiuçado e denunciado aos tribunais, por quem sabe de Leis. Eu não sei, mas tento saber.
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Isabel A. Ferreira a revogação é em linguagem não jurídica a eliminação da produção de efeitos jurídicos e como entre dois Estados soberanos e independentes houve actos que foram assinados por representantes de ambos comprometendo-se mutuamente, para que esse chamado acordo desapareça ou seja eliminado seria bom para Portugal que tal processo de eliminação da produção de efeitos desaparecesse definitivamente para que os arrufos desaparecessem, usando linguagem popular, tanto do lado de cá como do lado de lá do Atlântico.
Seria a lavagem da roupa suja que todo este processo originou, porque originado em interesses em nada relacionados com a defesa da evolução da Língua Portuguesa, mas sim por simples motivações ainda nacionalistas como refere Maurício Silva da USP no documento apresentado por Maria José Abranches e com o qual estou de acordo.
É um documento interessante e com um apanhado histórico em linha seguida acompanhando o rasto das emoções que trouxeram o caso das divergências na matéria.
O Brasil ainda se está a construir como nação e será bom que os brasileiros tenham bem a noção disso para que se dediquem, estudem, divulguem segundo princípios de gramática e estrutura sólida e estimem a Língua Portuguesa para que através dela possam manter a unidade de um território de 8,5 milhões de Kms quadrados. A unidade da língua faz a unidade de um território.
Portanto, este problema que o Estado português criou aos seus cidadãos não é coisa de somenos, mas sim um atentado a um símbolo nacional e para que o símbolo não fique manchado deve ser todo o processo bem lavado.
Outro caminho a seguir entre nós é o de os portugueses não respeitarem as novas regras de escrita, mas isso, entre nós, não me parece ser solução para que o Português como idioma original volte ao seu estádio de evolução que adquiriu no sec. XX, já que pessoas como o prof. Jorge Miranda diz o que diz, os homens e mulheres da Academia e professores de Língua Portuguesa se calam, parece estar tudo dito.
É verdade que a Lei de 1945 é a lei que está em vigor por ser uma lei de grau superior à Resolução do Conselho de Ministros que criou o AO90, pois trata-se aqui de hierarquia de leis e por essa razão a Lei que é emanada da AR ou o Dec.-Lei emanados do Governo da República sobrepõem-se à Resolução do Conselho de Ministros.
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Autor
Muito boa a sua análise João Robalo de Carvalho. Obrigada pelos seus esclarecimentos, até porque não percebo muito de leis, percebo das que fui obrigada a aprender para me defender em tribunal, nos diversos processos em que estive envolvida, sem nunca ter sido levada a julgamento, porque segui sempre os ditames da Lei. O que eu disse da "revogação" foi o que me disse um jurista: não se pode revogar o que NÃO está em vigor.
Estou sempre a aprender.
O que interessa fundamentalmente é que se faça alguma coisa para que o AO90 desapareça da face da Terra, para sempre.
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Para completar esta reflexão, sobre a ingerência do Brasil no que pertence exclusivamente a Portugal, embora com o vil consentimento dos que cá (des)mandam, acrescento estes comentários, da autoria de Maria José Abranches, Professora de Português, e grande lutadora em prol da Língua Portuguesa, desde 2008, publicados no Jornal Público aqui
«(...) Contrariamente a outros povos que tiveram impérios coloniais - ingleses, franceses, espanhóis - Portugal despreza a sua própria língua, para a submeter aos interesses da língua do Brasil. Ora o Brasil, no seu respeitável direito, logo em 1907 fez a sua própria reforma ortográfica e, desde então, Portugal e o Brasil têm andado entretidos num combate estéril e nocivo, sobretudo para Portugal, entre as respectivas ortografias! Quando virá um português que, à imagem de D. Pedro -- 07 de Setembro de 1822 -- proclame a independência da língua do Brasil, libertando-nos enfim desta 'guerra' estúpida e interminável, que está a destruir a nossa língua? Ignorância, estupidez, cobardia, 'em nossa perdição se conjuraram'! «Coragem, portugueses, só vos faltam as qualidades.» - A. N."
"E a campanha eleitoral continua, todos silenciando a imposição política do AO90 a Portugal, reagindo como analfabetos que ignoram o que significa a ortografia para uma língua escrita há séculos! Todos empenhados na promoção do imperialismo linguístico brasileiro, com os seus milhões!!! de falantes e os seus 210 idiomas em vigor! Balanço dos 50 anos da Democracia: afinal mantêm-se os tiques da ditadura e a censura continua eficaz!"
Maria José Abranches
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Entretanto...
Por Maria José Abranches
Anteontem, 25/02/2024, no "Público", um surpreendente artigo (ver abaixo) do notável constitucionalista Jorge Miranda: "O uso e o não uso da língua", fazendo a apologia do AO90 (aliás, para o autor "AO91")! Espantoso como a nossa 'elite' intelectual se permite exibir a sua ignorância, sempre que é a nossa língua que está em causa!
Permito-me citar esta passagem, chamando a vossa atenção para o que assinalei a negrito:
«No século XIX, em Portugal houve um projeto de alterações que, no entanto, não teve seguimento. Seria, após a proclamação da República, que se faria um decreto a estabelecê-las. Como foi uma decisão unilateral, dele resultaram graves desentendimentos com o Brasil, que naturalmente não poderia aceitar essa decisão.»
Comparem-se estas afirmações, com estas outras, com que se inicia o Anexo II- Nota explicativa do AO90:
«A existência de duas ortografias oficiais da língua portuguesa, a lusitana e a brasileira, tem sido considerada como largamente prejudicial para a unidade intercontinental do português e para o seu prestígio no Mundo.
Tal situação remonta, como é sabido, a 1911, em que foi adoptada em Portugal a primeira grande reforma ortográfica, mas que não foi extensiva ao Brasil. [...] com o objectivo de se minimizarem os inconvenientes desta situação, foi aprovado em 1931 o primeiro acordo ortográfico entre Portugal e o Brasil. Todavia, por razões que não importa agora mencionar, este acordo não produziu, afinal, a tão desejada unificação dos dois sistemas ortográficos, (...)»
A existência de duas ortografias, a portuguesa e a brasileira, que já vem de muito longe, não tem a mínima importância. Mas sempre que se reacende o anseio pela 'unificação' ortográfica, lá vem a acusação usual: a culpa é de Portugal!
Qual o objectivo desta insistência em responsabilizar a reforma ortográfica portuguesa de 1911 pela existência de duas ortografias, ignorando voluntariamente a reforma ortográfica brasileira de 1907? E qual é o significado de Portugal aparecer sempre como 'obrigado' a sujeitar-se aos desejos do Brasil, por estar em falta?!
No meu comentário ao artigo de Jorge Miranda, já publicado, procurei fazer um rápido historial deste 'romance' ortográfico interminável. Recolhi o essencial da minha informação, sobre este longo e tortuoso processo, num artigo excepcional que encontrei na 'net' (ver abaixo), dum professor brasileiro, da Universidade de São Paulo, Maurício Silva, que vos peço que leiam com a atenção que merece a seriedade e a profundidade com que esta questão aqui é tratada.
Parêntese: E a campanha eleitoral continua a ignorar a questão da imposição política 'criminosa' do indefensável AO90 a Portugal! Democracia isto?! Com os tiques da ditadura e da censura?!...
Os meus comentários, já publicados:
«Fundamental: estamos, com a introdução do AO90 no ensino, em 2011, a destruir o esforço feito nas últimas décadas, para combater o nosso vergonhoso analfabetismo (1960: 33,1%; 1970: 25,7%; 2001: 9,0%; 2011: 5,2%); 2021: 3,1%)! Recapitulando: 1907- Academia Brasileira de Letras (ABL) reforma, simplificando-a, a ortografia brasileira, para a aproximar da fonética; 1911 - uma Comissão de filólogos notáveis é responsável pela Reforma Ortográfica da língua de Portugal; 1915: ABL resolve aplicar a reforma portuguesa; 1919: ABL revoga a resolução de 1915; 1931: Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro; 1940: acordo respeitado no Vocabulário Ortográfico, português, organizado por Rebelo Gonçalves; 1943: Brasil publica Formulário Ortográfico da Língua Portuguesa, que diverge em vários aspectos; cont.»
«(cont.) É este Formulário de 1943 que tem regido a ortografia brasileira; 1945: Acordo Ortográfico Luso-Brasileiro -- no Brasil aprovado pelo Decreto-lei 8.286, mas não aceite, a própria Constituição de 1946 aplicando a grafia de 1943, e a Assembleia Legislativa acabando por revogar o anterior decreto-lei, com um novo Decreto-lei 2.623, de 21.10.1955. Os anseios de unificação mantêm-se - Acordo de 1986, não aprovado e agora este AO90! Querem unificar o quê? A língua evoluiu de modo diferente em Portugal -- falada por todos e escrita, há séculos -- e no Brasil, língua oficial desde 1758, país gigantesco, com população diversa, e com cerca de 210 idiomas ainda falados no país. Querem unificar o quê? Ou querem mesmo destruir a nossa língua, que aqui nasceu e espalhámos pelo mundo?! Vergonha!»
O artigo referido:
"Reforma Ortográfica e nacionalismo linguístico no Brasil", Maurício Silva (USP)
http://www.filologia.org.br/revista/15/07.pdf
Maria José Abranches
«... Ah grita:
importa pouco se te escuta alguém,
no redemoinho tenso da surdez danada.
Porque há-de haver quem ouça, ainda há-de haver
quem ouça. ...»
(Jorge de Sena, "O grito do silêncio")
No ano em que celebramos o cinquentenário do 25 de Abril, que libertou o país da ditadura e nos trouxe a democracia, os partidos políticos, assim como os media, que lhes dão visibilidade, não podem, mais uma vez, por prepotência, cobardia ou ignorância, silenciar a questão da imposição política a Portugal do Acordo Ortográfico de 1990.
Cidadã portuguesa - professora de Português, em Paris e em Lagos, agora reformada - consciente da minha responsabilidade, dos meus deveres e dos meus direitos, num país democrático, permito-me chamar a vossa atenção para a imperiosa necessidade de zelarmos pela defesa da nossa língua, actualmente gravemente fragilizada e em risco, pela imposição política antidemocrática do Acordo Ortográfico de 1990, a Portugal.
O desinteresse do nosso país pela nossa língua, suporte essencial da nossa identidade e da nossa cultura, é algo que vem de longe e é totalmente incompreensível. Recordemos alguns aspectos do mesmo: a Academia das Ciências de Lisboa, fundada a 24 de Dezembro de 1779, levou 222 anos para publicar o seu primeiro e único dicionário (2001), agora com uma versão na 'net'; compare-se com a Real Academia Española, de 1713, que publicou, em Outubro de 2014, a 23.ª edição do seu dicionário! E, além da falta de investimento no estudo da língua, inclusivamente no nosso sistema de ensino, convém também lembrar o esquecimento e o desrespeito a que são votados os nossos emigrantes - imagem fora de portas da nossa língua e cultura - o que Carlos Reis justifica, por isso ter pouco a ver com a 'internacionalização' da língua portuguesa!...
A política de língua nacional tem-se sobretudo empenhado em fazer Acordos ortográficos com o Brasil, que desde 1907 decidiu - e está no seu direito - escrever a sua língua de forma própria.
Estamos em 2024, um ano particularmente assinalável no desenrolar da História nacional. Evoquemos três datas essenciais e recordemos o modo como o poder político as tem tratado:
1 - 500 anos do nascimento de Camões
«Este país te mata lentamente»
("Camões e a Tença", Sophia de M. B. A.)
Num artigo do "Público" de 20 de Dezembro de 2023, intitulado «Programa das comemorações dos 500 anos de Camões em 2024 está por fazer», podemos ler:
«Resolução em Conselho de Ministros que há dois anos e meio determinou realização das comemorações estabelecia criação de estruturas que ainda não existem, diz comissária nomeada para fazer o programa.
(...) Nada existe além do anúncio da intenção do Governo de comemorar este feito, disse à agência Lusa a catedrática Rita Marnoto, comissária designada para preparar o programa das comemorações, em coordenação com as estruturas previstas. (...)»
A propósito deste 'esquecimento' nacional, recordo Jorge de Sena:
«Se me centrei em Camões, numa das minhas direcções, é porque o admiro tremendamente, tenho pena de que tão grande poeta tenha nascido português e para pasto de raça tão ordinarizada, e porque, sendo o maior e o eixo da nossa literatura, é em relação a ele que tudo tem de ser feito.» (Carta a Eduardo Lourenço, 13 de Janeiro de1968, in "Eduardo Lourenço - Correspondência - Jorge de Sena", ed. Gradiva)
«Ignorar ou renegar Camões não é só renegar o Portugal a que pertencemos, tal como ele foi, gostemos ou não da história dele. É renegarmos a nossa mesma humanidade na mais alta e pura expressão que ela alguma vez assumiu. É esquecermos que Portugal, como Camões, é a vida pelo mundo em pedaços repartida.» ("Discurso da Guarda", Paris, 3 de Junho de 1977, in "Jorge de Sena, Rever Portugal - Textos Políticos e Afins, ed. Guimarães)
Ouçamos ainda Vasco Graça Moura: «As questões da identidade começam por estar relacionadas com a língua materna e esta deve a Camões a sua dimensão moderna. (...) A língua de Camões está irreconhecível. Se ele voltasse ao mundo, decerto pensaria em rasgar a sua obra. Deixámos de ser dignos dela.» (in "A língua de Camões?"- "Público", 09 de Junho de 2010)
2 - 50 anos do 25 de Abril
«Ou poderemos Abril ter perdido
O dia inicial inteiro e limpo
Que habitou nosso tempo mais concreto?»
(Sophia de M. B. A.)
A imposição política do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90) a Portugal é um verdadeiro atentado contra a democracia que nos trouxe o 25 de Abril de 1974. Todo o processo político que conduziu à sua implementação no nosso país é antidemocrático.
Começo por dar a palavra a Vítor Aguiar e Silva:
"A língua, na sua existência profunda e multissecular, vive antes de nós e sobrevive depois de nós, não podendo ser objecto, no seu corpo e no seu espírito, de alterações ocasionais e circunstancialmente políticas, que desfiguram a sua «lei secreta», ou seja, o «seu génio», como aconteceu com o aberrativo «acordo ortográfico» que constitui um inominável crime imposto politicamente à língua portuguesa.» (in "Diário do Minho", 06/01/2019)
Convém recordar que a língua de Portugal - país independente desde 1143, Tratado de Zamora - que aqui nasceu, cresceu e se formou, é falada e escrita há séculos, em todo o território nacional. "A individualidade da língua portuguesa começou a desenhar-se no domínio do léxico e pode remeter-se para uma data próxima do século VI. (...) Os dois primeiros textos escritos em português - a «Notícia de Torto» e o «Testamento» de D. Afonso II - datam de 1214-1216." (Maria Helena Mira Mateus). Em 1296, no reinado de D. Dinis (1279-1325), esta língua foi adoptada pela chancelaria régia.
Quanto ao Brasil, onde chegámos em 1500, país gigantesco e de diversa população, no século XVIII, em 1758, a língua portuguesa tornou-se língua oficial, por imposição do Marquês de Pombal, em detrimento da 'língua geral', anteriormente forjada para os contactos com a população local. Actualmente, no Brasil, além da língua portuguesa, oficial, haverá mais de 210 idiomas, uns indígenas e outros falados por várias comunidades de imigrantes.
Pessoalmente sou contra o AO90 desde que o conheci, aquando da sua publicação no Diário da República. Desde 2008, tenho lutado contra este crime de lesa-pátria, por todos os meios ao meu alcance - textos publicados, contributos enviados para os grupos de trabalho sobre o AO90 da Assembleia da República, contactos diversos por correspondência, recolha de centenas de assinaturas para a Iniciativa Legislativa de Cidadãos contra o AO90, entregue na Assembleia da República (https://ilcao.com/ ), com 22.047 assinaturas, e que a Assembleia da República ostensivamente ignorou, etc.... Aliás, logo no início, em 2008, escrevi à Associação de Professores de Português (APP), e à FENPROF (sindicato dos Professores), insistindo na necessidade de promoverem o debate sobre o AO90, no sistema de Ensino... Não fizeram nada! Aceitaram a imposição do mesmo no ensino, esquecendo o esforço que, nas últimas décadas, tinha sido feito para combater o analfabetismo nacional...
Quando ainda estava a trabalhar, fui a Portimão ouvir Malaca Casteleiro, grande responsável pelo AO90, que defendia o dito, insistindo na vantagem da simplificação da aprendizagem da ortografia pelas criancinhas! Perguntei-lhe publicamente se as crianças portuguesas tinham algum atraso mental, visto que as crianças francesas, inglesas, italianas, alemãs, espanholas, etc., conseguiam aprender ortografias muito mais complexas do que a nossa!
Há muito que me preocupa esta espécie de - já antigo - desprezo pela língua de Portugal, assumido pela política, e também pela 'elite', nacional. O esforço feito, há décadas, para combater o nosso vergonhoso e tradicional analfabetismo está agora a ser substituído pela promoção do novo analfabetismo! Proliferam os disparates, inclusivamente nas legendas dos canais televisivos. E o corrector ortográfico ajuda fortemente...
Um dos argumentos dos defensores do AO90 é que seria difícil agora pô-lo em causa, uma vez que desde 2011 começou a ser ensinado aos mais jovens! Pasme-se: e não se preocuparam quando forçaram a sua imposição ao país e à população que, desde 1946, ortografava a nossa língua segundo o Acordo entre Portugal e Brasil (1945), que o nosso país respeitou e o Brasil rejeitou!
Quanto ao argumento de que 'as línguas evoluem', brandido pelos defensores do AO90, neste contexto linguisticamente indefensável, convém reflectir sobre os seguintes aspectos:
1.º as línguas evoluem naturalmente e não em função da imposição política de um qualquer decreto;
2.º a evolução verificada numa língua poderá exigir uma 'reforma' ortográfica, tendo em conta as características dessa língua, e não um 'acordo' ortográfico entre variantes da língua que evoluíram visível e audivelmente de maneira diferente, como é bem notório no caso da norma portuguesa e brasileira da língua portuguesa;
3.º as diferenças entre estas duas normas, no que toca a todos os aspectos da língua - vocabulário, morfologia, sintaxe, fonética - não podem ser escamoteadas com uma pretensa 'uniformização' ortográfica, via AO90 que, aliás, propõe inúmeras duplas grafias, facultatividades, numa negação aberrante do próprio conceito de ortografia;
4.º no AO90 ("Anexo II - Nota explicativa do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa") refere-se que o Brasil não respeitou o Acordo de 1945, porque seria obrigado a repor as "chamadas consoantes mudas"- que entretanto tinha já eliminado, por conta própria - e a aceitar a acentuação gráfica de Portugal, com acento agudo em vez de circunflexo, em palavras como António/Antônio; em consequência, aí se conclui também que "não é possível unificar por via administrativa divergências que assentam em claras diferenças de pronúncia, um dos critérios, aliás, em que se baseia o sistema ortográfico da língua portuguesa";
5.º Assim, justificando a recusa do Acordo de 1945 pelo Brasil, com as "diferenças de pronúncia", o AO90 impõe a Portugal a supressão das "consoantes não articuladas" (Base IV), já adoptada pelo Brasil, num total desrespeito pela referência etimológica (o que apaga a história da nossa língua e nos afasta das outras línguas europeias), e pela pronúncia portuguesa, em que a manutenção dessas consoantes preserva a abertura das vogais pretónicas, em Portugal ensurdecidas, e mantém a unidade da grafia entre palavras da mesma família; ex.: óptimo/ optimismo; directo/direcção; adoptar/adopção; recepção/recepcionista; espectáculo/espectacular; lectivo/leccionar; colecção/ colectivo/ coleccionar, etc. Aliás, podem constatar-se já as alterações na pronúncia portuguesa que esta supressão das consoantes mudas está a provocar...
6.º No essencial, o AO90, que segundo o próprio texto "constitui um passo importante para a defesa da unidade essencial da língua portuguesa e para o seu prestígio internacional", impõe a Portugal as opções brasileiras: supressão das consoantes ditas mudas, assim como do hífen, nas formas monossilábicas do verbo 'haver' seguidas da preposição 'de' (ex.: há-de); supressão 'facultativa' do acento agudo nos verbos em -ar, no pretérito perfeito simples (ex.: cantámos) e do acento circunflexo no verbo 'dar', no presente do conjuntivo (dêmos), suprime-se ainda o acento circunflexo, nas formas verbais como leem, veem, deem, etc....
Convém não esquecer que a norma portuguesa, e a sua ortografia consolidada, (norma euro-afro-asiática) constituía a referência linguística da língua portuguesa considerada por Angola, Moçambique, Guiné, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Goa, Timor, Macau, fruto da expansão planetária que a nossa História outorgou à nossa língua.
Quanto ao referido "prestígio", talvez a língua do Brasil esteja a usufruir dele, mas não a nossa língua, de dia para dia mais desfigurada, menosprezada, ridicularizada, e repetidamente mal pronunciada e mal escrita.
3 - 10 de Março - Eleições legislativas
«É em função de um conhecimento do essencial, daquilo que não podemos abandonar sem mutilação próxima e futura, que as escolhas decisivas para o nosso destino devem ser feitas.»
(in "O Labirinto da Saudade", Eduardo Lourenço)
Todos nós, cidadãos portugueses, em idade de votar, sendo Portugal um país democrático, somos chamados a participar nestas eleições legislativas. Entre os múltiplos aspectos da vida nacional a considerar, a imposição política ilegítima do Acordo Ortográfico de 1990 (AO90) ao nosso país tem obrigatoriamente de ser posta em causa e discutida publicamente, contrariamente ao que tem sucedido nas inúmeras eleições anteriores, desde 1990!
Ainda não vi abordar esta questão, nem pelos políticos, nem pelos jornalistas, nos vários debates que a televisão nos tem proposto, numa atitude que só confirma a fragilidade da nossa democracia, assim como a cegueira e a ignorância nacionais, fruto do tradicional analfabetismo!
Talvez valha a pena reler - ou ler - os textos essenciais (ver abaixo) para o desenrolar de todo este processo, a começar pelo próprio Acordo: 1. Resolução da Assembleia da República n.º 26/91 - "Aprova, para ratificação, o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa"; e também pela "Rectificação" (2.) de que foi objecto (pequeno parêntese: a Assembleia da República não se tinha apercebido de que o texto do AO90 já estava escrito com o dito, e não na correcta ortografia da nossa língua!...).
Recordemos também atitudes e decisões de responsáveis políticos que conduziram a língua de Portugal à indigna situação em que agora se encontra.
Começo por esta extraordinária declaração de Cavaco Silva, então Presidente da República Portuguesa, na Feira do Livro em Díli, a 22.05.2012: «Quando fui ao Brasil em 2008, face à pressão que então se fazia sentir no Brasil, o Governo português disse-me que podia e devia anunciar a ratificação do Acordo, o que fiz.» (in "Público")
O Governo à época era socialista, sendo José Sócrates o Primeiro-Ministro. Dessa época data a - "3. Resolução da Assembleia da República n.º 35/2008 (que aprova o Segundo Protocolo Modificativo ao Acordo Ortográfico)", "Protocolo" que determinou que a ratificação do Acordo por três países (da CPLP) bastava para a sua entrada em vigor!
É também do mesmo Governo a "4. Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011", que decidiu a aplicação do AO90 no sistema de ensino e na administração pública.
Entretanto o Governo socialista caiu e o Governo seguinte, com Passos Coelho, Paulo Portas e Nuno Crato, decidiu aplicar submissamente, e sem discussão, as decisões do governo anterior. Seguiram-se dois governos socialistas, sendo António Costa Primeiro-Ministro, e tendo no primeiro a participação do BE e do PCP: o tabu manteve-se e o AO90 continua, sem discussão, a generalizar-se e a caricaturar a nossa língua!
A terminar, dou a palavra a António Emiliano:
«Falar da ortografia portuguesa, um bem que levou 700 anos a estabilizar-se, como se fosse coisa pouca (a estabilização da nossa fronteira política continental levou cerca de 100 anos), e falar de uma mudança ortográfica como uma simples alteração cosmética do sistema linguístico padronizado de uma nação multissecular dotada de um património literário e textual imenso, é simplesmente não se saber do que se está a falar.» (in "O primado da escrita")
«O calibre dos erros e deficiências encontrados no texto do Acordo Ortográfico e da Nota Explicativa, bem como a falta de sustentabilidade razoada de várias das suas disposições - constituindo um todo que, em vez de ser apresentado de forma inatacável, como se esperaria, é passível da crítica negativa que desenvolvi, e virá afinal a ter consequências 'disortográficas' - levam-me a concluir que esta reforma causará "lesões" irreparáveis na língua portuguesa no plano da escrita, da oralidade, do ensino e do progresso científico.
Por atentar contra a estabilidade do ensino, a valorização da língua e a integridade do seu uso, valores que a Constituição consagra e protege, entendo que esta reforma não serve o interesse de Portugal e deve, em consequência, ser impugnada e rejeitada.
Lisboa, 30 de Maio de 2008»
(in "Uma reforma ortográfica inexplicável: comentário razoado dos fundamentos técnicos do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990) - (Parecer) - EXCERTOS - António Emiliano, Universidade Nova de Lisboa)
N.B.: Para aceder aos textos fundamentais:
https://ciencias.ulisboa.pt/sites/default/files/fcul/institucional/legislacao/rar_26_91.pdf
https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/resolucao-assembleia-republica/26-1991-403301
https://ciencias.ulisboa.pt/sites/default/files/fcul/institucional/legislacao/dr_19_91.pdf
https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/rectificacao/19-1991-331594
https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/resolucao-assembleia-republica/35-2008-454814
https://diariodarepublica.pt/dr/detalhe/resolucao-conselho-ministros/8-2011-280944
https://files.diariodarepublica.pt/1s/2010/09/18200/0411604117.pdf
Maria José Abranches Gonçalves dos Santos
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Concordo plenamente, com o que se diz na publicação da Clarice Ribeiro, transcrita mais abaixo.
Basta dizer que quando o Brasil deslusitanizou a Língua Portuguesa , que era a Língua oficial desta colónia de Portugal, e a americanizaram, castelhanizaram, italianizaram, afrancesaram e a ela acrescentaram os falares indígenas brasileiros e africanos, e de outros povos que se fixaram no Brasil, ela distanciou-se substancialmente do Português, na fonologia, na ortografia, no léxico, na morfologia, na sintaxe e na semântica, deixando de ser Portuguesa e passando a ser uma Variante Brasileira do Português, que cada vez mais é apenas e unicamente Brasileira.
Aprendi a ler e a escrever no Brasil uma Língua, que quando regressei a Portugal tive de abandonar, para aprender a ler e a escrever Português. De volta ao Brasil, fui obrigada novamente a escrever Brasileiro, para continuar os estudos. E quando regressei definitivamente a Portugal , lá tive eu de abandonar o Brasileiro, para ficar com o meu Português.
Alguns editores brasileiros, para editar as obras de Saramago ou mesmo um livro que escrevi a contestar umas mentiras sobre Dom João VI, no livro 1808 de Laurentino Gomes, propuseram que fossem traduzidas para BRASILEIRO.
E dizem que a Língua Brasileira não existe?
Existe e deve ser assumida de uma vez por todas, pelo Brasil.
Um País sul-americano, com a projecção que tem no mundo, não precisa da muleta portuguesa para impor a sua própria Língua. Cabo Verde já assumiu a Língua Cabo-Verdiana, oriunda da Língua Portuguesa, tal como a Língua Brasileira é oriunda da Língua Portuguesa, que, por sua vez é oriunda do Latim.
É assim o ciclo das Línguas. Começam por ser dialectos e depois seguem o seu caminho como Línguas autónomas.
O Brasil NÃO tem uma Língua autónoma.
Está na hora de a ter.
Isabel A. Ferreira
«NO BRASIL, FALA-SE BRASILEIRO»
«Em Pindorama, o nome indígena do Brasil, falava-se 1200 línguas, essas línguas não morreram, elas resistem e existem, elas estão vivas na língua brasileira.
O brasileiro é falado no Brasil e tem status na Guiana Francesa, Paraguai, Suriname, Uruguai, Colômbia e Venezuela.
O brasileiro é uma língua que tem em sua base a herança portuguesa colonial, no entanto, tem influência de línguas indígenas, especialmente do tupi antigo. Também tem influência de línguas africanas, italianas, alemães e espanholas, sendo o galego o idioma espanhol que mais influenciou a língua brasileira.
Há várias diferenças entre o português e o brasileiro, especialmente no vocabulário, pronúncia, sintaxe e variedades vernáculas. Vários campos da pesquisa linguística já reconhecem que não há como considerar o português de Portugal e do Brasil a mesma língua, são línguas diferentes, compartilharem o mesmo nome não faz sentido.
Segundo Faraco, após a independência, no século XIX, "passou-se a viver um longo período de incertezas, titubeios e ambiguidades, sendo a língua ora designada de língua brasileira, ora de língua nacional", em 1935 houve projeto de lei para mudar o nome da língua oficial do país para "brasileiro", mas não foi aprovado. Em 1946, houve outro projeto, mas também não foi aprovada. É uma questão de justiça e independência, falamos brasileiro.
Fontes:
FARACO, C. A. História sociopolítica da língua portuguesa. São Paulo: Parábola Editorial, 2016.
BAGNO, Marcos. Português ou brasileiro? um convite à pesquisa. Parábola Editorial. São Paulo: 2001.
BAGNO, Marcos. Preconceito Lingüístico. São Paulo: Edições Loyola, 1999.
CIPRO NETO, Pasquale. O dia-a-dia da nossa língua. Publifolha. São Paulo: 2002.»
Fonte: https://www.facebook.com/photo/?fbid=951483376982949&set=a.122148426583119
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Leituras obrigatórias:
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(Clicar neste título)
Por isso, este texto vai ao cuidado do PS, da Aliança Democrática (AD), do CHEGA, da IL, do BE, da CDU, do PAN e do Livre, para que refliCtam no mal que o ilegal AO90 está a fazer ao País. Todos serão penalizados e responsabilizados e pela anarquia ortográfica implantada em Portugal, graças ao desprezo que os políticos votam à que ficará para a História como a Questão da Língua, que está a conduzir à destruição de um dos maiores símbolos identitários do nosso País, e pela anarquia social, que traz Portugal de rastos. Não podemos fiar-nos em quem não trata a Língua Portuguesa com RESPEITO.
A publicação é de Cardoso Manuel Joaquim, no Facebook:
https://www.facebook.com/photo/?fbid=7571648689534529&set=gm.1508325163294442&idorvanity=1059980261462270
(Entretanto, o acordista foi banido do Novo Movimento Contra o Acordo Ortográfico, e com ele, este diálogo, que, no entanto fui a tempo de recuperar, porque é preciso que se divulgue a cassete acordista, baseada na mais monumental ignorância das Ciências da Linguagem, para que se compreenda o quão necessário e urgente é parar com esta investida, completamente insana, contra a Língua Portuguesa).
Isabel A. Ferreira
Ó "Setor" pergunta o aluno ao professor ...
Eu como já fui "setôra", sei o que é ser "setôr".
Alberto Teixeira
Isso já deu o que tinha a dar.
Alberto Teixeira o que é o "isso"? Porque conforme for, já tinha a dar, ou não. O mundo nunca avançou com os acomodados.
Alberto Teixeira
Isabel A. Ferreira também pouco avança com regras que não se cumprem. Ficou mal? Ficou. Mas cada vez há mais brasileiros em Portugal.......quem fala bretao em França?
Alberto Teixeira quais regras que não se cumprem? As regras do ilegal e inconstitucional aborto ortográfico? Em França há milhares de emigrantes portugueses, e nem por isso, os Franceses falam Português. No Brasil, há milhares de Portugueses e falam Brasileiro.
Quem não se sente, não é filho de boa gente. E esta coisa de rastejar aos pés do Brasil não é coisa de seres vertebrados.
Nós somos PORTUGUESES, temos uma LÍNGUA, a NOSSA e mais nenhuma. Os imigrantes que para aqui vierem deviam ser obrigados a falar PORTUGUÊS. A regra é essa em qualquer país do mundo, excePto na muito subserviente República Portuguesa DOS Bananas .
No Reino Unido, os imigrantes falam INGLÊS. Na Alemanha, os imigrantes falam Alemão. Na França os NOSSOS emigrantes falam FRANCÊS; quando cá vem até lhes chamam os "franciús", de tantos "avecs" que ouvimos.
Estar a puxar o saco do Brasil é coisa de quem sofre de um monumental complexo de inferioridade.
A Portugal o que é de Portugal, ao Brasil o que é do Brasil. Eu no Brasil, quando lá vivi, falava BRASILEIRO, porque se falasse Português ninguém me entendia.
Por alma de quem Portugal tem de abandonar a sua Língua Materna para AGRADAR aos Brasileiros? Isto só num país de Zés Parvinhos.
Alberto Teixeira
Isabel A. Ferreira o mais interessante é que o Latim é uma língua morta.....as coisas evoluem, adaptam-se. Línguas nascem, morrem, adaptam-se.....tudo muda tomando sempre novas qualidades. O português do Brasil é um português de um Portugal antigo. Hoje fui à pharmacia ou à farmácia? Qual a necessidade de mudar?
Alberto Teixeira o Latim até pode ser uma Língua morta, mas está viva nas Línguas Românicas, entre as quais está a Língua Portuguesa, que os acordistas ignorantes querem matar, mas enquanto houver PORTUGUESES no mundo, ela viverá, ainda que como língua minoritária. Há muitas línguas minoritárias na Europa, cujos povos as falam e escrevem, sem esse sentimento de inferioridade, que afecta a pobreza mental dos acordistas portugueses.
Sim, as coisas evoluem, mas o AO90 não faz parte da evolução da Língua, e quem assim pensa é um ignorante das Ciências da Linguagem. O AO90 faz parte de um retrocesso linguístico que criou a novilíngua dos básicos, e apenas dos BÁSICOS. As pessoas cultas NÃO usam essa linguagem pobre, usada apenas por aqueles que não têm capacidade intelectual para PENSAR uma Língua culta e bem estruturada, oriunda do Latim, como a Língua de Portugal, que pelo que vejo, NÃO é a sua.
E para sua informação, NÃO existe "português do Brasil", o que existe é uma VARIANTE BRASILEIRA da Língua Portuguesa, a qual desvirtuou o Português antigo, para se afastar da Língua dos colonizadores. Essa foi a obra do enciclopedista brasileiro-libanês, Antônio Houaiss, que se dedicou a deslusitanizar o Português herdado do colonizador, criou o AO90.
Enfiaram-lhe uma cassete pela cabeça abaixo, e agora despeja para qui umas monumentais ignorâncias que fazem parte do mundinho dos complexados.
Quanto à farmácia ou PHarmacia, sabia que o PH é o símbolo maior da ignorância dos acordistas?
Sabe, por que motivo Fernando Pessoa escrevia PHarmacia, mas grafava o seu nome Fernando, com ÉFE?
SE não sabe não se meta a trazer o PH à liça, porque só demonstra uma gigantesca ignorância.
Para falar de um IDIOMA é preciso conhecê-lo e estudar as Línguas comparadas. E o grande erro dos acordistas foi aceitarem a ignorância dos que CORROMPERAM a Língua Portuguesa como EVOLUÇÃO.
Alberto Teixeira
Isabel A. Ferreira ahahah gostei da sua resposta. A língua é algo vivo e não são leis que a vão mudar. Só o uso é a prática do dia a dia. O tal Latim dos livros não era aquele que o povo falava......se agora o bué entrou na língua ninguém o vai tirar. Noutro dia ouvi alguém dizer que tinha um date. Ora bem......casa vez mais as TV vão impondo a nivilingua e não vai haver regras que a contrariem. Os transmontanos dizem tchover e Tchaves mas a gente escreve chover e Chaves.....nas os eslavos têm ainda o tch.....coisas. Leia um texto medieval e veja se o entende à primeira. Pai é com i....não há muito era com e. Bem como mãe é com e e já foi com i. Nessa altura como se pronunciavam essas palavras? E que tal as placas que indicam Matozinhos e Ermezinde em vez de Matosinhos e Ermesinde? Aí língua minha que tanto me enganas.....
Alberto Teixeira a Língua é algo vivo e está em permanente mudança. Com isto concordo consigo. Se assim não fosse ainda estaríamos a fazer sinaizinhos uns aos outros, ou a escrever hieróglifos.
Eu acho piada o seu raciocínio virado do avesso. Não faz a mínima ideia do que é a Língua viva. Deu um exemplo do que é a Língua viva com o BUÉ, mas não sabe que isso faz parte da evolução da Língua. E é óbvio que o vocabulário que se acrescenta à Língua pode enriquecer a Língua. Essa do “date” já NÃO faz parte do enriquecimento da Língua, porque TEMOS vocábulos em PORTUGUÊS para designar “date”: data, mas também tâmara, porém os brasileiros usam-na como “encontro romântico”, por influência dos “esteites”, para eles é fino falar à “americanês”. Já não é o caso de BUÉ. BUÉ é um vocábulo novo, que NÃO existe em Português. E tanto quanto sei, pertence ao léxico angolano. Agora, OUTRA COISA é CAPAR os vocábulos, e isto já não faz parte da Língua viva, mas sim, da Língua que querem MATAR.
A Língua Brasileira foi enriquecida pelos falares indígenas brasileiros e africanos, e pelos outros falares dos vários povos que se fixaram no Brasil. Como é que essa Língua tão mesclada e tão distanciada do Português pode ainda ser chamada de Português, senão por má-fé?
Está enganado quando diz que «cada vez mais a TV vai impondo a novilíngua e não vai haver regras que a contrariem.» Está a desviar o papel da TV. A TV, todas as emissoras de TV em Portugal, NÃO estão a espalhar uma novilíngua culta, estão, sim, a espalhar uma linguagem básica, empobrecida, cheia de rococós e nove horas básicas, parva, medíocre, e que não vingará, porque a mediocridade é algo que não vinga. Apodrece, com o tempo.
Eu não sei quais são as suas habilitações literárias. Li que estudou na FCUP, portanto deduzo que é alguém das Ciências e NÃO das Letras, e poderá estar neste pormenor a explicação para os seus disparates. Confunde Linguagem, com linguajar. Confunde fonologia, com sotaque. E desconhece o porquê de se deixar de grafar Pae, substituído por Pai. Para saber isto é preciso ESTUDAR Línguas. E quanto mais se afunda nestas andanças, mais ignorância demonstra.
Einstein dizia que todos nós somos ignorantes em alguma coisa, com uma diferença: quem sabe que é ignorante, por exemplo, em Física Quântica, como eu, não OUSA debater Física Quântica em público. Mas o senhor NADA sabe das Ciências da Linguagem, e vem para aqui despejar a cassete dos acordistas, toda ela assente na mais monumental IGNORÂNCIA. Se ao menos soubesse que Ermezinde ainda é Ermezinde, mas também Ermesinde e Matozinhos ainda é Matozinhos e Extremoz ainda é Extremoz, e Luiz ainda é Luiz, mas também Luís, e que os Baptistas ainda são Baptistas, mas também Batistas e Buçaco é Buçaco, mas também Bussaco. A Língua só engana a quem NADA SABE da Língua. É por isso que os acordistas deviam reduzir-se à sua ignorância, ou então vão estudar Ciências da Linguagem. O que não podem é andar por aí a pensar que todos somos parvos para engolir a vossa ignorância.
Alberto Teixeira É respeitável o seu estado de espírito negativo, mas nós o que mais precisamos é de pessoas que nunca deixem de acreditar.
Mesmo que nunca tenhamos a tão desejada vitória, pelo menos os traidores linguísticos vão sentir o peso na consciência pela traição ao idioma pátrio.
A vida e o mundo dão muitas voltas, a Terra gira, o Sol nasce e quem sabe se a vitória não virá a acontecer?
Por mim, quando deixar de acreditar, deixarei de visitar esta página.
(" ... e dos fracos não reza a História ...”)
Alberto Teixeira
Eduardo Henrique de certeza que virá uma vitória qualquer. Aliás a quantidade de vocábulos anglo-saxonicos que ouço a propósito de tudo e de de nada......os jovens até já dizem palavrões em inglês. Isso é que devia assustar e não o acordo fofinho que até permite duas grafias.....
Alberto Teixeira este seu último comentário leva-me a questionar: o senhor baterá bem da bola? Ou estará nesta página anti-acordo a mando de alguém? É um bom pau-mandado, mas um péssimo cidadão, que se deixa vender por 30 dinheiros? E sabe como acabou o que ficou para a História como o Grande Traidor?
Espero que todos os que querem MATAR a Língua Portuguesa, sejam levados à Justiça. Estamos a trabalhar para isso.
Alberto Teixeira
Isabel A. Ferreira vivem os anti acordo, são detentores da verdade. Guardem-na coisa ciosamente
Alberto Teixeira sim, os anti-acordo são os detentores da verdade, basta ler este seu comentário, que diz bem da necessidade de LUTAR pela Língua Portuguesa.
Basta de ter gente em Portugal a escrever incorreCtamente a Língua Oficial Portuguesa, a que está consignada na Constituição da República Portuguesa, e que o presidente da República está a violar, sem o mínimo respeito pelo cargo que ocupa, pelo País que diz representar e pelos Portugueses de quem diz ser de TODOS.
Pois NÃO é o presidente de TODOS os Portugueses. Só o é daqueles que se estão nas tintas para Portugal, para os Portugueses e para a Constituição da República Portuguesa. É o presidente apenas dos APÁTRIDAS e dos TRAIDORES.
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