E eu concordo plenamente com Teolinda Gersão.
Fonte: http://www.delas.pt/teolinda-gersao/
O jornalista pergunta:
«É militantemente contra o acordo ortográfico. Porquê?»
Teolinda Gersão responde:
«Porque o Português Europeu é uma língua latina e deve manter a sua etimologia. Não se pode ensinar às crianças que o Português é uma língua latina quando as raízes latinas foram apagadas. Os países germânicos, como a Inglaterra e a Alemanha, mantêm-nas porque herdaram muitas palavras latinas, por influência do Império Romano. Por que é que nós, que somos um país latino, as vamos tirar? Para copiar o Brasil? Não faz qualquer espécie de sentido. No Brasil, eu percebo que o latim não diga nada. Não há ruínas romanas, obviamente, é um país muito jovem, está noutro continente, tem um enquadramento completamente diferente. Portanto, eu percebo que, no Brasil, as raízes latinas sejam eliminadas. Percebo perfeitamente. Para nós, não faz nenhum sentido. Faz parte da nossa identidade e depois começa a ter influência também na pronúncia. Temos de ter a noção de que as consoantes aparentemente inúteis estão lá a ter uma função que é de abrir a vogal.»
No segundo dia do Correntes d’Escritas, que está a decorrer na Póvoa de Varzim, o contestadíssimo AO90 veio à baila, como não podia deixar de ser.
"E o Acordo Ortográfico?" A pergunta veio da assistência.
A mesa, que integrava os escritores Cristina Norton, a cubana Karla Suarez, o espanhol Ignácio del Valle, o guineense Tony Tcheka e a portuguesa Teolinda Gersão, ficou momentaneamente sem palavras.
Porém, Teolinda Gersão, que venceu o último Prémio Vergílio Ferreira, quebrou o silêncio ao dizer: «Foi a maior estupidez que conheço. Entendemo-nos perfeitamente com grafias diferentes.»
Teolinda Gersão defendeu ainda que «não faz sentido apagarmos a etimologia quando somos uma língua latina que só é representada por Portugal na Europa. O Brasil não tem qualquer relação directa com o Latim, é um país jovem que tem uma outra história.»
E a escritora questiona-se sobre a aplicação do Acordo Ortográfico e pergunta: «Porque é que vamos apagar a nossa identidade? A troco de quê? Um acordo que está a ser negociado há 30 anos, é porque falhou!»
Os restantes escritores, de Espanha, Cuba e Argentina disseram que não há acordos na Língua de Cervantes.
Mas o escritor e jornalista guineense Tony Tcheka considera «ser moda dizer mal do Acordo Ortográfico e que os tempos conturbados da Guiné Bissau não têm permitido ao parlamento ratificar o acordo da grafia portuguesa. Não é prioritário.»
Ainda se fosse só moda…! E o que se diz sobre o AO90 não é mal… é a verdade nua e crua, porque, na realidade, o AO90 não veio acrescentar nenhum benefício à Língua Portuguesa. Pelo contrário, só veio empobrecê-la, deformá-la e desfeá-la profundamente e afastá-la anos luz das suas raízes cultas.
Trata-se de uma ortografia brasileira, que não interessa a Portugal.
Fonte:
Um magnífico e conciso texto da escritora Teolinda Gersão, para reflectirmos sobre o absurdo que é defender o indefensável.
Vale a pena ler.
Texto de Teolinda Gersão
«Os inventores do indefensável AO, (feito nas nossas costas, e com pareceres negativos de todos os linguistas, excepto o do seu "pai", Malaca Casteleiro), defendiam sobretudo que:
- simplificava a grafia, o que o tornaria bem aceite
- uniformizava a língua, em todos as suas variantes e em todos os continentes
- tornava a língua mais acessível a estrangeiros, atraindo cada vez mais falantes
- facilitava os negócios
- aproximava os países, sobretudo Portugal e o Brasil, em que as variantes da língua divergem mais.
Quase 30 anos depois, verifica-se que:
- O AO levantou e continua a levantar ondas de rejeição de protesto, a maioria da população recusa-o e continua ilegalmente imposto.
- a grafia tornou-se confusa, incongruente e absurda
- as raízes latinas foram rasuradas, o que é inaceitável no caso do português europeu
- nada se uniformizou nas variantes dos vários continentes, porque são impossíveis de uniformizar
- a língua franca dos negócios continua e continuará a ser o inglês.
- Portugal e Brasil continuam, como já estavam, de costas voltadas e é sobretudo o Brasil que levanta obstáculos. Os livros portugueses chegam ao Brasil a preços exorbitantes por causa das barreiras alfandegárias (que nós não temos), enquanto as nossas livrarias acolhem os autores brasileiros a preços normais.
- a literatura brasileira é estudada nas nossas escolas e universidades, mas o Brasil retirou ou pretende retirar a literatura portuguesa dos currículos escolares.
Então este "acordo" falhado serve para quê? Já se discutiu tudo, só falta rasgá-lo.
E não nos venham dizer que Portugal depende dos outros países lusófonos para existir, e que desaparecemos como língua sem o oxigénio do acordo! Não precisamos de acordos nem de autorização para existirmos e sermos como somos, uma língua de raiz latina. As ex-colónias são países independentes, usarão a língua como entenderem, são tão donas da língua como nós - mas dentro do seu território. Não somos mais do que elas, mas também não somos menos. No nosso país mandamos nós, e é a língua que temos que vamos escrever e falar.»
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