Quinta-feira, 19 de Maio de 2022

A propósito da imposição ilegal do AO90: quando a ilusão cega a mente, e a mentira é aceite como sendo uma verdade “conveniente”, nada do que parece é…

 

Recebi um comentário de alguém que vive numa bolha, pensando que, em Portugal, somos todos parvos; todos têm de seguir a cartilha brasileira; todos são cegos mentais; todos são servilistas.

 

O que aqui hoje me traz é esse comentário e a minha resposta, e o recado que a imagem abaixo transmite, e que diz dos parvos que acham (não pensam) que as crianças portuguesas são parvinhas como eles.

 

Traumatizar crianças.jpg

Fonte da imagem: «Um abortográfico sul-americano»

 

Pedro comentou o post O que é que o “Brazilian”, a Língua Portuguesa e o AO90 têm de comum? O enorme DESACORDO que geram entre os que defendem cada um desses “protótipos” linguísticos às 16:45, 18/05/2022 :

Aceite que dói menos! O AO veio para ficar e não há nada a se fazer. O português que vai prevalecer é o do Brasil. Ninguém, no estrangeiro quer falar como os portugueses. Não sei por que tanta revolta contra o português falado pelos brasileiros. Por exemplo, no caso do inglês, não vejo a Inglaterra se revoltando contra os EUA. Pelo contrário, os ingleses até consomem de bom grado cultura estadunidense. Aliás até as crianças portuguesas já estão adotando pronúncia e vocabulário brasileiros. Acho curioso, quando foi para Portugal definir seu idioma como sendo diverso do galego, as diferenças no falar dos portugueses não foram tidas como um problema. Aliás, vieram até a propósito para fundamentar essa diferenciação.

 

***

Este Pedro diz exaCtamente aquilo que outros pedros disseminam nas redes sociais e nos vídeos do YouTube, onde só encontramos estupidez.

E eu que

ESTUPIDEZ.PNG

respondi-lhe comme il faut (de vez em quando, os galicismos encaixam-se bem nas frases), até porque se todos se calarem diante da estultícia, quem a proclama pode achar que está na posse da verdade.

  

Então respondi-lhe assim:

 

Quem vai ter de aceitar, por doer menos, são os Brasileiros que NÃO vêem um palmo adiante do nariz, apenas aqueles que NÃO vêem um palmo adiante do nariz. Aqueles que andam ILUDIDOS com esta coisa do “português brasileiro”, que NÃO existe.

O Português não precisa de prevalecer, porque o Português é o PORTUGUÊS, e Português só há UM.

O AO90 não veio para ficar, porque será atirado ao LIXO, quando menos esperarem.

Ninguém está revoltado com a Variante Brasileira do Português (a designação correCta), ou com o Brazilian,  ou com o Brasiliano, ou seja lá o que for que vocês falam e escrevem. Essa vossa língua, DERIVADA do Português, É VOSSA. É só VOSSA. NÃO É NOSSA.

Só estamos revoltados com a imposição ILEGAL da MIXÓRDIA ORTOGRÁFICA gerada pelo AO90, engendrado no Brasil, pelo Antônio Houaiss, que DESLUSITANIZOU o Português, deixando este de ser português para ser brasileiro, imposição, essa, feita por políticos ignorantes e que sofrem de um monumental complexo de inferioridade, algo que só atacou, FELIZMENTE, uma fatia menor da sociedade portuguesa: a dos SERVILISTAS.

Que a Língua Brasileira PREVALEÇA. E façam muito bom proveito dela. E que seja a língua mais falada do mundo. Para já, chamam-na “portuguesa”, por questões meramente POLÍTICAS, mas a política pode MUDAR, de um momento para o outro, quando, no Poder, em vez de parvos, houver gente de SABER.  

No estrangeiro, quem procura o Brasileiro, procura-o apenas para comunicar. E para eles tanto faz como tanto fez que seja Brasileiro ou Português, porque se eles quiserem aprender a Língua que fixa o PENSAMENTO, a Língua do SABER, estudam a Língua Portuguesa. E isto é um FACTO.

 

É como estudar o Americano e o Inglês. Quem quiser aprender INGLÊS, aprende a Língua Inglesa, e não o Americano. E ninguém nesses países está revoltado com o outro, porque os EUA NÃO impingiram o seu AMERICANO à Inglaterra, e mesmo que impingissem, os Ingleses JAMAIS aceitariam. Portugal aceitou, por intermédio de uma cambada de ignorantes e de complexados. Mas há os que resistem, e é através dos que resistem que a Língua Portuguesa NÃO entrará no Mundo das Línguas Mortas. Tem Angola, tem Moçambique, tem a Guiné Bissau, tem Timor, tem 90% dos  Portugueses a DEFENDÊ-LA e a USÁ-LA, até nas comunidades portuguesas espalhadas pelo mundo, que rejeitam o AO90.

As crianças Portuguesas NÃO adoPtaram a pronúncia brasileira, fazem-no por BRINCADEIRA, porque acham PIADA “fálá brásilêru”. Mas quando têm de falar a sério, falam PORTUGUÊS. Não emprenhe pelos ouvidos, porque o que dizem por aí é mentchirinhá p’rá brásilêru ácrêdjitá.


E não venha para aqui misturar a VOSSA VARIANTE com o Português e o Galego, duas Línguas europeias irmãs, oriundas do Latim, porque NÃO HÁ mistura possível. O vosso Brasileiro é uma linguagem sul-americana, oriunda do Português, que, por sua vez é oriundo do Latim. Nada de misturar as coisas!

 

E não se ILUDAM, porque o AO90 será atirado ao LIXO. O Brasileiro, prevalecerá, e a Língua Portuguesa continuará a manter a sua DIGNIDADE de Língua Europeia.

E VIVA a Língua BRÁSILÊRÁ!

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:50

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Segunda-feira, 25 de Outubro de 2021

Que utilidade prática poderá ter o AO90, depois de a inclusão linguística e diversidade do Português terem sido defendidas por lusófonos nos EUA, em 22/10/2021?

 

 

Três escritores do Brasil [João Almino], Cabo Verde [Maria Augusta Teixeira] e Portugal [Lídia Jorge] destacaram que devem ser aceites e incluídas as diferenças da Língua Portuguesa em diversas partes do mundo, de acordo com a identidade dos povos que a falam.

 

Espero que isto valha para Portugal, berço da Língua Portuguesa, o país lusófono onde a aplicação do AO90 foi mais destruidora, e continua a ser absolutamente cada vez mais caótica. Uma autêntica tragédia portuguesa.

 

Mas vejamos o que nos dizem os escritores citados, e também o Luciano de Queiroz, com o qual concordo inteiramente.

 

Luciano de Queiroz.png

 

Especialmente promovida para uma audiência lusófona nos Estados Unidos da América (EUA), a décima Conferência de Literatura em Língua Portuguesa decorreu de forma virtual, com o título "Em que português nos entendemos?" e foi organizada pela Coordenação do Ensino Português nos EUA (CEPE-EUA) e pelo Centro de Língua Camões na Universidade de Massachusetts, na cidade norte-americana de Boston.

 

A diversidade é fonte de "dinâmica", disse o escritor brasileiro e diplomata João Almino, membro da Academia Brasileira de Letras, acrescentando que todos podem "enriquecer" com o diálogo entre as diferenças e sublinhando que "o que ameaça a língua é a paralisia".

 

Professor universitário e autor de diversos romances e volumes de ensaios sobre literatura e sobre história e filosofia política, João Almino disse que o português "é muito diverso de um lugar para outro e nós devemos respeitar essas diferenças, reconhecê-las e aceitá-las do ponto de vista gramatical ou sintáctico".

 

Defendendo que os escritores, originários de qualquer parte do mundo, devem ter "liberdade" para "incorporar" as suas vivências e cultura na mesma língua portuguesa, João Almino acrescentou: "E quando eu leio, por exemplo, um escritor africano, eu quero sentir o sabor da língua da África, daquele lugar".

 

A escritora cabo-verdiana Maria Augusta Teixeira, também conhecida como Mana Guta, defendeu que é da responsabilidade e da "militância" dos escritores, que são os que "estão sempre na vanguarda" de soluções, "recuperar a memória oral" cultural de cada país para uma "forma perene", com a transcrição das histórias para livros.

 

A presidente da Assembleia Geral da Sociedade Cabo-verdiana de Autores e vice-presidente da Autoridade Reguladora para a Comunicação Social considerou estar numa posição, em Cabo Verde, de "juntar as pontas soltas" das duas línguas no país insular, português e cabo-verdiano ou crioulo.

 

Mana Guta, também gestora pública e professora universitária, defendeu "sair da dicotomia: porque nós temos crioulistas e lusofonistas em Cabo Verde. A minha postura é juntar as pontas soltas, precisamos das duas línguas".

 

Para Lídia Jorge, autora portuguesa de 26 obras e distinguida com numerosos prémios portugueses e internacionais, mais do que diferenças, as identidades são também formadas por contrastes, inclusive em Portugal.

 

"Eu fiquei profundamente marcada por um país que era pobre, de estender a mão, mas que queria ser ao mesmo tempo um país que dominava uma vasta zona do mundo", disse a professora, que já ensinou em Portugal, Angola e Moçambique e é membro do Conselho de Estado, órgão político de consulta presidencial.

 

Entre outros assuntos, foram discutidos o "impasse" do acordo ortográfico e as abordagens sobre o "fim do mundo" na literatura, com os três autores a concordarem que, de uma maneira ou outra, o mundo está "num momento de transição" ou de "quase fim do mundo", por causa da crise sanitária mundial provocada pela pandemia de covid-19 desde início do ano passado.

 

Na apresentação da conferência, o cônsul-geral de Cabo Verde em Boston, Hermínio Moniz sublinhou que "mais do que nunca, precisamos de inclusão linguística, porque a língua é uma arma muito poderosa".

 

O tema da língua e construção de identidades é, para o cônsul-geral do Brasil em Boston, Benedicto Fonseca Filho, "vastíssimo" e "abre tantas possibilidades (...), como relações de poder ou papel das migrações".

 

João Pedro Fins do Lago, cônsul-geral de Portugal em Boston, destacou que a conferência "tripartida" e multicultural, no seu décimo aniversário, decorreu numa nota "positiva de inclusão e de reconhecimento do papel da mulher na literatura", com a atribuição do Prémio Camões à escritora moçambicana Paulina Chiziane.

 

"É com imensa satisfação e com imenso orgulho que vimos um prémio tão importante ser atribuído a uma mulher, a uma mulher africana, a um vulto da literatura lusófona, que há muito merecia esse reconhecimento", declarou o cônsul português.

 

A conferência, inicialmente apresentada em inglês e em português, teve a assistência `online` de dezenas de pessoas e pelo menos duas turmas de estudantes nos Estados Unidos.

 

Entre as entidades envolvidas na promoção da Conferência de Literatura Portuguesa destacam-se o Camões - Instituto da Cooperação e da Língua, a Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento e da Universidade de Massachusetts de Boston.

 

Fonte:

https://www.rtp.pt/noticias/cultura/inclusao-linguistica-e-diversidade-do-portugues-defendida-por-lusofonos-nos-eua_n1357880

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:46

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Sexta-feira, 24 de Setembro de 2021

Comentários ao texto de Manuel Matos Monteiro, sob o título «Admirável Língua Nova – uma resposta a J.-M. Nobre-Correia»

 

 in

https://www.publico.pt/2021/08/31/opiniao/opiniao/admiravel-lingua-nova-resposta-jm-nobrecorreia-1975831

Porque os comentários também interessam.

Bertolt Brecht.png

 

ipsolorem

Experiente

Tanto prejuízo para Portugal e Brasil por tão fracas causas. Os autores do AO90 incharem o ego grande por ter feito algo que mudou a História. Como não podem fazer nada de relevante, resta-lhes modificar a ortografia do português. Grande vitória. Alegadamente unificar as ortografias de Brasil e Portugal com o resultado final de as ortografias ficarem muito mais distantes uma da outra e muito mais incompreensíveis entre si. E decidir como se Brasil e Portugal fossem donos da língua e não houvesse outros povos e países. Lucros para os grupos editoriais que dependem da edição de livros escolares e dicionários. Poupanças para as empresas tecnológicas: usam o argumento de que agora há apenas "uma escrita" para lançar as versões em português apenas em português do Brasil.

05.09.2021 01:03

 

ipsolorem

Experiente

Nada demove o projecto de vaidade pessoal dos proponentes do AO90, nem estudos, nem artigos científicos, nem resultados práticos nem nada. Querem apenas ser obedecidos, não importa que o "instrumento" seja tão mau que os dicionários para o aplicar têm de fazer adendas explicando como interpretaram as regras do AO90 e nem sequer concordam uns com os outros.

05.09.2021 00:53

 

 Idalete Giga

Iniciante

O AO90 foi o maior absurdo ortográfico da nossa Língua Materna. Muito obrigada pelo excelente artigo! SEREI SEMPRE DESACORDISTA!

03.09.2021 01:01

 

Magritte

Experiente

E quem escreve assim não é gago.

01.09.2021 23:15

 

Fun.eduardoferreira.883473

Influente

Avassalador e necessário. Muito obrigado pela excelente e fundamentada reflexão sobre “o Coiso”.

01.09.2021 17:56

 

orion

Influente

Uma língua viva está em interacção com o mundo, com as trocas comerciais e, em consequência, com a cultura global, Uma língua viva não é um corpo estático. E o inglês está especialmente preparado para as trocas e, historicamente, a Inglaterra foi a potência colonizadora que liderou a revolução industrial nas suas origens e colonizou os EUA e a Índia. Muito fácil ao inglês penetrar na comunicação global (também em menor grau o francês, de um país também colonizador, especialmente em África). A Língua, não pode ser, como defende Nobre-Correia, um corpo estranho à mudança. A melhor forma de defender a língua portuguesa é reforçar o ensino das línguas clássicas. Aliás, dizia Manuel S. Lourenço, estudioso destas áreas, que o português é a língua românica com mais semelhanças com o latim.

 

orion

Influente

Estas questões nada têm a ver com a existência ou não-existência do AO ou de outros anteriores. A referência constante às raízes da língua é fundamental. Voltando ao inglês: penetra no português, como tem penetrado noutras línguas. É adoptado em muitas ciências sociais e exactas para designar princípios teóricos, É simples a conjugação verbal, bastando três termos primitivos para a definição de tempos modos e pessoas(exemplo, to get, got, got que deve ser comparado à "complicação" da conjugação de obter, tradução para português) , tal como o são as regras atinentes à composição de palavras, os artigos e as preposições. Em inglês a grande dificuldade são as frases idiomáticas, tal como são em português. Ler muito em português, Assim se defende a língua.

01.09.2021 13:26

 

 fmart8

Experiente

Obrigado por tirar tempo para responder aquela coisa. Alguém tinha de o fazer.

01.09.2021 12:08

 

chagas_antonio

Moderador

Fantástico artigo, bem escrito e fluente, que só vem comprovar a lucidez do lado Anti-Acordo nesta luta que não pode parar. O provinciano e esganiçado texto de Nobre-Correia era uma coisa mal enjorcada e o seu autor acusou o toque de uma forma muito estranha. Enfim: o acordismo andava mudo, e voltará a andar mudo nos próximos tempos; o que era bom era que nunca mais se ouvisse e que desaparecesse, juntamente com o estúpido AO, para os alçapões da história.

01.09.2021 07:32

 

Jose Luis Malaquias

Influente

Bravo! Tinha de ser dito!

01.09.2021 05:23

 

mocosofia.878094

Iniciante

Além dos anglicismos apresentados por Manuel Monteiro, não percebi a necessidade de Nobre-Correia usar o termo estadunidense. Os habitantes dos Estados Unidos da América sempre foram designados, em Portugal, por americanos, sem qualquer confusão. Quantos aos pretensos argumentos em favor do #AO90, não existem. Aquele texto é uma miséria a todos os níveis. Obrigado Manuel Monteiro.

01.09.2021 01:06

   

JMGF.381108

Iniciante

Pois foi a única coisa correcta no texto de Nobre-Correia. E é "estado-unidense" no português europeu. O termo que escreveu no seu texto é mais usado no Brasil. A América não é um país, é um continente. Estados Unidos da América é um país da América. Até o uso de "norte-americano" para referir apenas os EUA é errado. Norte-americanos são os canadianos, os estado-unidenses, os mexicanos e os cubanos.

01.09.2021 10:22

 

chagas_antonio

Moderador

Os Estados Unidos da América são um país da América, certíssimo: mas também é certo que, em Portugal, os habitantes dos Estados Unidos da América são os americanos. Da mesma forma que os habitantes da Rússia são os russos, mesmo que este termo inclua moscovitas, siberianos, mongóis, quirguizes... E o facto de existir um termo não quer dizer que se use, nem o facto de se usar quer dizer que esteja correcto; são tudo coisas diferentes. Espero não provocar nenhum terramoto dogmático, mas o termo estado-unidense também se pode aplicar correctamente ao México (e, no passado, ao Brasil); aí, onde ficamos? E, já agora: os cubanos são tão norte-americanos quanto os haitianos ou os jamaicanos, ou seja: não são. São caribenhos.

01.09.2021 10:49

 

Luis_Morgado

Experiente

JGF, o que diz parece-me ser discutível. A designação de "Americano" para nomear os nacionais dos EUA está legitimada pelo uso em Portugal. Por outro lado, se é verdade que a "América" não é um país, os "Estados Unidos" não são também um país. Esta última designação, que diz ser a correcta, não está isenta de problemas: o nome oficial do vizinho México é precisamente "Estados Unidos Mexicanos". O argumento do rigor levar-nos-ia então a adoptar "estado-unidenses-americanos".

01.09.2021 11:28

 

Luis_Morgado

Experiente

Chagas_António, peço desculpa por ter repetido parte do seu argumento. Só agora vi o seu comentário.

01.09.2021 12:44

 

ipsolorem

Experiente

É certo que o aconselhado é estado-unidendense mas as línguas são coisas vivas e, dito simplesmente, não colou. Os falantes preferem americano e usam americano. Por exemplo o aconselhado é escrever Devónia mas ninguém o faz, todos escrevem Devonshire.

05.09.2021 10:32

 
mgmacedo48.909164

Experiente

Espero que este artigo venha a ocupar, na edição digital do Público de amanhã, uma posição de relevo equivalente à que foi concedida ao artigo a que responde. Neste momento, está como que escondido, de tal forma que só quem esteja muito familiarizado com a navegação na net o consegue encontrar.

31.08.2021 22:13

 

  1. Luis_Morgado

Experiente

Muito bem Manuel Matos Monteiro! Bem desmontada a arrogância e o ataque gratuito e desastrado que Nobre-Correia fez àqueles que justamente não aceitaram o malfadado Acordo Ortográfico de 1990.

31.08.2021 20:34

 

  1. João António Miranda dos Santos

Iniciante

Excelente crónica/resposta do autor ao texto de J.M. Nobre-Correia. Mais uma vez, não se consegue ler uma argumentação coesa e que faça algum sentido, em defesa do acordo ortográfico. Talvez porque seja mesmo impossível, e estejamos numa situação em que a falta de respeito pela apresentação de provas e princípios de racionalidade estejam a pôr em causa a sociedade liberal e de democracia representativa em que pensamos viver.

31.08.2021 20:17

 

  1. mzeabranches

Experiente

Obrigada por mais esta sua intervenção, pois "é uma vergonha calarmo-nos e deixarmos falar os bárbaros" (Eurípides). O AO90 é indefensável sob todos os pontos de vista e a argumentação da sua Nota Explicativa chega a ser ridícula! «O Estado português (...) não propôs - impôs». Sim, apoderou-se da nossa língua materna e decidiu servir-se dela, desprezando os pareceres dos especialistas e o conhecimento e o sentir dos portugueses. E a Assembleia da República tem tido um comportamento vergonhoso, sempre que solicitada sobre esta questão. Portugal não é uma democracia, pois os políticos eleitos por nós se permitem ignorar-nos. Nem com o Presidente da República poderemos contar?! Será possível?!

31.08.2021 19:27

 

  1. Alexandre de Carvalho

Iniciante

O "Acordo" foi uma negociata inventada por nabos e destinada a quem não sabe escrever. O governo deveria preocupar-se com a má qualidade do ensino e procurar que a Língua fosse ensinada correctamente, mas não... agora vale tudo para que as estatísticas mostrem "notas de excelência", mesmo que os alunos mal saibam falar ou escrever. Quem defende o AO90 fá-lo por ignorância ou por estupidez, porque é indefensável. O AO90 é mau e ilegal, tanto internamente como internacionalmente, mas para ninguém acabar com ele deve ter havido marosca da grossa para a aprovação da RCM 08/2011.

31.08.2021 19:25

 

Influente

Enquanto os doutos se insultam e vão lucrando, uns no contra e outros a favor, e enquanto não se faz a inevitável reversão para o glorioso passado, vou aproveitando estes dias felizes em que posso ignorar as malfadadas consoantes mudas, retorcidos rococós que sempre abominei...

31.08.2021 19:11

 

  1. mgmacedo48.909164

Experiente

Excelente, Manuel Monteiro. O artigo lamentável a que se refere já mereceu mais de 150 comentários de leitores do Público, na sua maioria contestando as falácias nele incluídas. Mas impunha-se uma resposta estruturada, e você soube dá-la.

31.08.2021 18:46

 

  1. João Manuel Farias da Silva

Iniciante

Aprecio ambos, cada um nas áreas que dominam, mas nesta matéria M.M. não deixa a sua tese esmorecer e os argumentos são avassaladores contra a situação que o AO90 criou e que aparentemente N-C desvaloriza e ignora.

31.08.2021 18:43

 

  1. Bruno Da Cunha

Iniciante

Os acordistas são muito propensos a contradições

  

  1. António Pestana

Iniciante

Muito bem.

 

 chagas_antonio

Moderador

Fantástico artigo, bem escrito e fluente, que só vem comprovar a lucidez do lado Anti-Acordo nesta luta que não pode parar. O provinciano e esganiçado texto de Nobre-Correia era uma coisa mal enjorcada e o seu autor acusou o toque de uma forma muito estranha. Enfim: o acordismo andava mudo, e voltará a andar mudo nos próximos tempos; o que era bom era que nunca mais se ouvisse e que desaparecesse, juntamente com o estúpido AO, para os alçapões da história.

 

Jose Luis Malaquias

Influente

Bravo! Tinha de ser dito!

 

mocosofia.878094

Iniciante

Além dos anglicisnos apresentados por Manuel Monteiro, não percebi a necessidade de Nobre-Correia usar o termo estadunidense. Os habitantes dos Estados Unidos da América sempre foram designados, em Portugal, por americanos, sem qualquer confusão. Quantos aos pretensos argumentos em favor do #AO90, não existem. Aquele texto é uma miséria a todos os níveis. Obrigado Manuel Monteiro.

  

JOSE GOMES FERREIRA.381108

Iniciante

Pois foi a única coisa correcta no texto de Nobre-Correia. E é "estado-unidense" no português europeu. [**] O termo que escreveu no seu texto é mais usado no Brasil. A América não é um país, é um continente. Estados Unidos da América é um país da América. Até o uso de "norte-americano" para referir apenas os EUA é errado. Norte-americanos são os canadianos, os estado-unidenses, os mexicanos e os cubanos.

 

chagas_antonio

Moderador

Os Estados Unidos da América são um país da América, certíssimo: mas também é certo que, em Portugal, os habitantes dos Estados Unidos da América são os americanos. Da mesma forma que os habitantes da Rússia são os russos, mesmo que este termo inclua moscovitas, siberianos, mongóis, quirguizes... E o facto de existir um termo não quer dizer que se use, nem o facto de se usar quer dizer que esteja correcto; são tudo coisas diferentes. Espero não provocar nenhum terramoto dogmático, mas o termo estado-unidense também se pode aplicar correctamente ao México (e, no passado, ao Brasil); aí, onde ficamos? E, já agora: os cubanos são tão norte-americanos quanto os haitianos ou os jamaicanos, ou seja: não são. São caribenhos.

  

Luis_Morgado

Experiente

JGF, o que diz parece-me ser discutível. A designação de "Americano" para nomear os nacionais dos EUA está legitimada pelo uso em Portugal. Por outro lado, se é verdade que a "América" não é um país, os "Estados Unidos" não são também um país. Esta última designação, que diz ser a correcta, não está isenta de problemas: o nome oficial do vizinho México é precisamente "Estados Unidos Mexicanos". O argumento do rigor levar-nos-ia então a adoptar "estado-unidenses-americanos".

 

mgmacedo48.909164

Experiente

Espero que este artigo venha a ocupar, na edição digital do Público de amanhã, uma posição de relevo equivalente à que foi concedida ao artigo a que responde. Neste momento, está como que escondido, de tal forma que só quem esteja muito familiarizado com a navegação na net o consegue encontrar.

 

Luis_Morgado

Experiente

Muito bem Manuel Matos Monteiro! Bem desmontada a arrogância e o ataque gratuito e desastrado que Nobre-Correia fez àqueles que justamente não aceitaram o malfadado Acordo Ortográfico de 1990.

 

João António Miranda dos Santos

Iniciante

Excelente crónica/resposta do autor ao texto de J.M. Nobre-Correia. Mais uma vez, não se consegue ler uma argumentação coesa e que faça algum sentido, em defesa do acordo ortográfico. Talvez porque seja mesmo impossível, e estejamos numa situação em que a falta de respeito pela apresentação de provas e princípios de racionalidade estejam a pôr em causa a sociedade liberal e de democracia representativa em que pensamos viver.

 

mzeabranches

Experiente

Obrigada por mais esta sua intervenção, pois "é uma vergonha calarmo-nos e deixarmos falar os bárbaros" (Eurípides). O AO90 é indefensável sob todos os pontos de vista e a argumentação da sua Nota Explicativa chega a ser ridícula! «O Estado português (...) não propôs - impôs». Sim, apoderou-se da nossa língua materna e decidiu servir-se dela, desprezando os pareceres dos especialistas e o conhecimento e o sentir dos portugueses. E a Assembleia da República tem tido um comportamento vergonhoso, sempre que solicitada sobre esta questão. Portugal não é uma democracia, pois os políticos eleitos por nós se permitem ignorar-nos. Nem com o Presidente da República poderemos contar?! Será possível?!

 

António Marques

Influente

Enquanto os doutos se insultam e vão lucrando, uns no contra e outros a favor, e enquanto não se faz a inevitável reversão para o glorioso passado, vou aproveitando estes dias felizes em que posso ignorar as malfadadas consoantes mudas, retorcidos rococós que sempre abominei...

 

mgmacedo48.909164

Experiente

Excelente, Manuel Monteiro. O artigo lamentável a que se refere já mereceu mais de 150 comentários de leitores do Público, na sua maioria contestando as falácias nele incluídas. Mas impunha-se uma resposta estruturada, e você soube dá-la.

 

Fonte:

https://www.publico.pt/2021/08/31/opiniao/opiniao/admiravel-lingua-nova-resposta-jm-nobrecorreia-1975831

 

***

 [*] Outro dia,  no texto de J.-M. Nobre-Correia, este nobre senhor acordista apátrida, denominou os discursos dos desacordistas,  de discursos patrioteiros, mas estes, ao menos, têm uma vantagem: são feitos por gente que tem uma Pátria. E ter uma Pátria, não é defeito. Defeito é ter Pátria e ir defender os interesses da Pátria dos outros, em detrimento da própria Pátria, por mero servilismo e obscurantismo.

 

[**] Tanto quanto me é dado saber, e até porque já estudei no Brasil e sei do que estou a falar, o termo “estado-unidense”, embora existindo em Português, é um termo usado exclusivamente no Brasil. Em Portugal, e conforme os comentadores já referiram, os habitantes dos EUA são americanos ou norte-americanos. Sempre foi assim. Não tentem os acordistas, à conta do AO90, querer, à força, impor a Portugal brasileirismos que não utilizamos. Como também é o caso do vocábulo “parabenizar”, exclusivamente brasileiro, e que já se anda por aí a dizer, substituindo-o pelo muito nosso FELICITAR.  

 

É de lamentar que nem os políticos portugueses (que têm a faca na mão), nem os professores portugueses (que têm o queijo na mão), nem os linguistas portugueses (que têm [terão?] conhecimentos específicos sobre a estrutura da nossa Língua) venham beber a esta fonte, o SABER que desconstrói o AO90, e o põe no seu devido lugar: abaixo de zero.

 

 Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:36

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«Admirável Língua Nova – uma resposta a J.-M. Nobre-Correia»

 

Parabéns Manuel Matos Monteiro, por mais este excelente, minucioso e precioso texto, que rebate inteligentemente os (des)argumentos do Sr. Nobre-Correia, no que ao AO90 diz respeito.

 

Isabel A. Ferreira

 

Manuel Matos Monteiro.jpg

 

Por Manuel Matos Monteiro

 

«Não encontro no texto de J.-M. Nobre-Correia uma resposta à única pergunta relevante nesta matéria: porque é o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 um instrumento melhor do que o anterior?» 

 

«Admirável Língua Nova – uma resposta a J.-M. Nobre-Correia»

 

Começo por saudar J.-M. Nobre-Correia pela coragem. O acordismo tem andado mudo. Ei-lo de volta.

 

Quem já leu e ouviu quilómetros de discussão em torno do assunto ficou, porém, desanimado. Mais uma vez. Porque o acordismo sistematicamente defende o Acordo sem conseguir uma coisa singela: apresentar motivos de defesa do que o Acordo introduz (ou mutila) na nossa língua. Há sempre desvios, tergiversação, evasivas, subterfúgios, tiros para todo o lado, mas nunca nada que tenha que ver com a redacção desse texto. Perdi a conta ao número de discussões sobre o dito que seguem o padrão (só mudam os matizes):

 

— Erros? Já havia antes… Homografia? Já havia antes.

— Mas agora há novos erros… E bem mais palavras homógrafas, algumas que dificultam a leitura…

— A ortografia é dos aspectos menos importantes…

— Porque fizeram o Acordo Ortográfico, então?

— O que nos deveria preocupar não é o Acordo, é a falta de leitura, os estrangeirismos, uma série de erros que damos, isto, aquilo e aqueloutro.

— Mas o Acordo não resolveu nenhum desses problemas e criou inúmeros problemas. Porque está a defender o Acordo, então?!

— Também há coisas absurdas com que não concordo nada…

— E porque nem essas se emendam?

— Nada é perfeito.

 

Os argumentos em favor da adopção do “novo acordo” só têm legitimidade se consubstanciarem respostas à pergunta: quais as vantagens do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 (AO90) perante o anterior? Tudo o que não diga respeito à comparação entre os dois instrumentos é, por conseguinte, usando uma expressão popular do Brasil, conversa para boi dormir.

 

Não encontro no texto de J.-M. Nobre-Correia uma resposta à única pergunta relevante nesta matéria. Repito-a com outra formulação: porque é o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990 um instrumento melhor do que o anterior?

 

J.-M. Nobre-Correia nem sequer se digna de responder a algumas das inúmeras perguntas que foram feitas ou sequer refuta incongruências e graves defeitos que muitos estudiosos da língua portuguesa, provenientes de diferentes países, têm denunciado ao longo dos anos. Não deverá espantar-nos. Nem os próprios fautores do AO90 se deram a tal trabalho, havendo até livros explicativos do AO90, designadamente do seu principal mentor, que contrariam o próprio texto do AO90. O único documento oficial de defesa do Acordo será a sua própria Nota Explicativa, que não apresenta nenhum estudo e que tem valor científico, técnico e linguístico nulo, enquanto jura amor eterno às pobres criancinhas, que terão de aprender as consoantes roubadas pelo AO90 para falar e escrever inglês (e francês e espanhol).

 

O Estado português, que decidiu ignorar a quase unanimidade de pareceres negativos sobre o AO90, não propôs — impôs. Não convocou uma discussão pública nem tão-pouco apresentou justificações ao povo português, que, a avaliar por todas as sondagens conhecidas, é contra o AO90. Pior do que isso: o Estado português continua a não saber aplicar o AO90. Não está sozinho. Nos livros, no jornalismo, na academia, na comunicação escrita que garante adoptar o Acordo, encontramos a escrita tripla: um pouco do AO90, um pouco do AO45, um pouco de hipercorrecção do AO90. Se J.-M. Nobre-Correia quiser, far-lhe-ei chegar (privada ou publicamente, como preferir), todos os dias, grafias destrambelhadas que começaram a surgir depois da aplicação do AO90: “mição”, “núcias”, “fição”, “oção”, “inteletual”, “proveta idade”, “helicótero”, “fatos e contatos” aos pontapés, entre tantas outras. Bem como adulterações da própria língua inglesa: fator, eletronic, eletro, diretion, nomes de meses em inglês com minúscula.   

 

Esperava-se mais de quem é tão contundente na descrição dos que se opõem (publicamente, supõe-se) ao AO90: os “fetichistas da precedente ortografia”, a “autoproclamada intelectualidade” [quem se proclamou intelectual no exercício da crítica ao AO90?], a “autoproclamada “elite” persiste, no entanto, em escrever na antiga ortografia [vírgula que não está na versão em linha, mas está na versão em papel] marca para ela de pertença à “boa sociedade”, “esta mesma autoproclamada ‘elite’ purista”.

 

Homogeneizar um grupo tão vário é difícil, porquanto abrange diferentes faixas etárias, diferentes ideologias políticas e filiações partidárias, diferentes classes sociais, diferentes países. Sobra o insulto. Quanto ao mais, se o AO90 é “uma guerrilha largamente estéril”, não se compreende por que razão o autor decidiu meter a colher (e da forma que o fez…) na discussão.

 

 J.-M. Nobre-Correia decidiu que a “autoproclamada intelectualidade continua a guerrear o acordo ortográfico, mas fica indiferente perante a acelerada perversão da língua” e que: “Curiosamente, esta mesma autoproclamada ‘elite’ purista não diz nada da avassaladora invasão da terminologia inglesa na versão estado-unidense.” Reconheço, como outros, a avassaladora invasão de que o autor, justamente, fala, tendo escrito sobre isso ao longo dos anos. Mas que tem isso que ver com o AO90? Nada. Acaso quem é crítico do AO90 é tendencialmente favorável a essa invasão? Evidentemente, não. Posso enviar-lhe, caro J.-M. Nobre-Correia, um punhado de autores que criticam o AO90 e essa avassaladora invasão. (Não o fazem é no mesmo arrazoado, inventando tribos e putativos nexos de causalidade.)

 

Já que falou da importância de consultar dicionários, pergunto-lhe: está ao corrente da quantidade de palavras em que os dicionários e prontuários acordizados não se entendem quanto à presença do cê ou do pê, à sua ausência ou à dupla grafia, bem como quanto à presença ou ausência de hífenes nas locuções? Sabe que, consoante a fonte acordizada que consultar, encontrará diferentes respostas quantos às ditas “consoantes mudas” em não poucas palavras e quanto à presença ou ausência de hífenes em muitas locuções (e, por conseguinte, da presença de maiúscula ou minúscula em nomes próprios que integrem tais locuções)?

 

Como sempre, a defesa do acordismo desagua num desvio. Ainda não foi desta que escutámos (consegue, J.-M. Nobre-Correia, explicar-me a vantagem de o AO90 tornar este acento dispensável, facultativo?) argumentos fundamentados em favor do AO90. Misturar alhos com bugalhos parece ser a única forma de defender o indefensável.

 

Com excepção de lérias como “simplificação” (menos letras, menos acentos, menos hífenes não significa, de forma alguma!, maior facilidade de aprendizagem da escrita ou maior facilidade de leitura ou de clareza na mensagem, como demonstra o acento de “pára”, de que nem os acordistas abdicam); “evolução” (já mudámos antes, mudemos outra vez e tantas quantas forem necessárias, apenas porque isso é evolução!, desconhecendo-se que o AO90 tem características únicas, como a ortografia ir a reboque dessa mirífica “pronúncia culta”); “unificação” (é mentira, é mentira, é mentira), com excepção dessas tretas, dizia, não há, até hoje, um argumento sólido em favor do Coiso.

 

Deixo uma sugestão a J.-M. Nobre-Correia e a todos os leitores que se preocupam com a língua portuguesa. Procurem ler os resultados do projecto EILOS (Estudo sobre o Impacto na Linguagem Oral e na Sematologia – AO90), incluindo sobre a própria adulteração da pronúncia das palavras por parte dos discentes. Entre outros dados, leia-se: “33% dos alunos não distinguem o significado de receção e recessão (e 43% conhecem um deles); 73% não distinguem o significado de concessão e conceção (10% conhecem um deles); 60% não distinguem o significado de intercessão e interceção (16,6% conhecem um deles).”

 

Pós-escrito: para quem se proclama tão avesso a estrangeirismos, “constatação” e “constatações” são galicismos, e “em termos de”, um anglicismo.

 

Manuel Matos Monteiro - Autor, jornalista, formador e revisor

 

Fonte:

https://www.publico.pt/2021/08/31/opiniao/opiniao/admiravel-lingua-nova-resposta-jm-nobrecorreia-1975831

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:04

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Quarta-feira, 8 de Setembro de 2021

«O Desacordo» [que apenas os governantes portugueses mantêm, porque não há meio de acordarem para a realidade]…

 

O que será que os governantes portugueses, que teimam em manter o AO90, ainda não entenderam?

 
«O Desacordo” é um texto de António Bagão Félix, publicado na  rubrica da sua página do Facebook:

 

EM PORTUGUÊS

  1. 47

𝑀𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑝𝑎́𝑡𝑟𝑖𝑎 𝑒́ 𝑎 𝑙𝑖́𝑛𝑔𝑢𝑎 𝑝𝑜𝑟𝑡𝑢𝑔𝑢𝑒𝑠𝑎 

Fernando Pessoa

 

***

Quantas pessoas mais serão precisas, para esmiuçar a já muito esmiuçada inutilidade do AO90, para que os governantes portugueses, que teimam em manter esta aberração, acabem com a sua infantil casmurrice e libertem Portugal deste pesadelo?

 

E querem eles continuar no poder ad aeternum...

 

CÍCERO.jpg

Isabel A. Ferreira

 

***

Por António Bagão Félix

 

«O DESACORDO»

 

1. Escrevo sobre o famigerado “Acordo Ortográfico” (AO90). Por não ter funções no Estado ou em entidades que se obrigaram a adoptar o AO90, não estou sujeito à violência do seu cumprimento e jamais abdicarei de exprimir o meu direito a indignação, ainda que "romântico".

 

Eis um assunto que deveria exigir um consenso tão alargado quanto possível. Mas, por omissão, indiferença, desleixo, preguiça, ou seja, lá o que for, tem recebido dos poderes (actual e anteriores) um alheamento e passividade inconcebíveis, apesar de muitas iniciativas de cidadãos, designadamente junto da Assembleia da República. Os partidos ignoram olimpicamente a questão (com a excepção do PCP) e o Presidente da República, que se pronuncia e exerce a sua importante magistratura em tantos assuntos, tem preferido passar ao lado do tema. Um silêncio perverso tem sido a regra imposta diante de um assunto que é considerado como quase marginal, apesar de todos os encómios quando, politicamente, se fazem oratórias sobre o papel do idioma português. A maior parte das editoras apressou-se a subjugar-se acriticamente aos ditames do estado linguístico impositivo. Muitos media - mais 𝑎𝑐𝑜𝑟𝑑𝑖𝑠𝑡𝑎𝑠 do que o acordo - têm, também, evitado dar voz a movimentos, testemunhos e análises desfavoráveis ao AO90.

 

É lamentável, ou mesmo indecente, o défice do seu escrutínio público. Isto apesar de entidades de reconhecido peso institucional e profissional manifestarem, de há muito, as suas perplexidades e dúvidas. Falo, p. ex., da Academia das Ciências de Lisboa, da Sociedade Portuguesa de Autores, da Associação Portuguesa de Tradutores, da Associação Nacional de Professores de Português. Falo ainda de muitos escritores, académicos, linguistas diplomados e meros amadores (em que o autor se inclui), naturalmente respeitadores do velho preceito do grego Apeles: “𝑁𝑒 𝑠𝑢𝑡𝑜𝑟 𝑢𝑙𝑡𝑟𝑎 𝑐𝑟𝑒𝑝𝑖𝑑𝑎𝑚” …

 

2. O AO90 é o acordo do desacordo. Divide, em vez de unir. Faz divergir, em vez de homogeneizar. Empobrece quando elege a unicidade da prevalência do critério fonético como base da mudança (em detrimento da preservação da sua raiz etimológica), em vez de enriquecer na diversidade e na dinâmica (sobretudo lexical) de uma língua viva.

 

O AO90 é também um conglomerado anacrónico e ambíguo de facultatividades absurdas. De tal forma que, em muitos casos, gerou situações de palavras que, em Portugal, se passaram a escrever e pronunciar como no Brasil, e neste país se grafam e pronunciam como por cá era antes do AO90! Cito um elucidativo exemplo que vi referido num artigo de opinião: um hipotético curso designado “Electrónica e Electrotecnia” pode ser escrito com 32 combinações diferentes!

 

Recordo que, na apressada Resolução do C. Ministros de 8/2011, se argumentou que o AO90 iria “garantir uma maior harmonização ortográfica entre os oito países da CPLP”, considerada “fundamental para que os cerca de 250 milhões de falantes nos países de língua oficial portuguesa (…) possam comunicar utilizando uma grafia comum”.

 

E o que temos visto? Confusão linguística, trapalhada crescente, imaginação ignorante e Angola e Moçambique e outros países lusófonos sem ratificarem o acordo. Tudo, menos a tal “harmonização”.

 

3. O português, como a 5ª língua nativa no Mundo, tem beneficiado da sua diversidade lexical, sintáctica e semântica, num contexto de globalização de relações, culturas e negócios. O intercâmbio de programas televisivos, em especial de telenovelas, é a prova real da sua riqueza linguística.

 

Alguém imagina os países de língua inglesa a celebrar um acordo para unificar, por decreto, as suas 18 variantes ortográficas (desde logo, entre a Grã-Bretanha e os EUA), ou as 21 variantes de castelhano ou as 15 do francês?

 

 

4 -  Entre os argumentos pró-AO90, saliento três: o de já não se poder voltar atrás, pela confusão e gastos que seriam gerados; o de não haver necessidade de continuar a usar as consoantes mudas; e o de acabar com alguns acentos para facilitar a aprendizagem da língua.

 

Quanto ao primeiro, é o velho argumento do facto (ou fato?) consumado. Ou, como agora sói dizer-se, do “não há alternativa”. O AO90 é mau - diz-se - mas nada a fazer. É um argumento atávico, de desistência e de visão redutora de curto-prazo. Há problemas na mudança? Claro que sim, mas não podemos agir em função da conveniência do momento, do facilitismo e do “deixa-andar”.

 

Quanto à degola inocente de consoantes mudas, observa-se um caos. Em muitos casos, não respeitando a etimologia, muitas vezes comum a outras línguas (p. ex., actor, factor, sector…), e permitindo a ambivalência de critérios e a deriva de todo inaceitável do próprio AO90 em Portugal (facto, 𝑓𝑎𝑡𝑜; pacto, 𝑝𝑎𝑡𝑜; contacto, 𝑐𝑜𝑛𝑡𝑎𝑡𝑜; etc.). Já o h no início de uma palavra – a mais muda consoante do nosso alfabeto - subsiste enquanto grafema, dizem os ideólogos do AO, por razões etimológicas.

 

Noutros casos de mudez da consoante, este fundamento não interessa, mas no h já é decisivo, ainda que, no Brasil, não seja bem assim (por ex., 𝑢́𝑚𝑖𝑑𝑜). Haja coerência! Claro que homem sem h, seria uma pena impedindo a existência de homens com H grande. E uma hora H, sem o inicial h? seria “a ora O”?...

 

Por fim, a supressão de alguns acentos – dizem – é para tornar mais acessível o ensino do português e não maçar muito os (pobres) alunos. Quer dizer, um AO para tornar a gramática mais lúdica e prolongar a indigência gramatical que grassa e se vai tornando a norma. E, por certo, meio caminho andado para facilitar a osmose entre a “língua das mensagens e redes sociais” e a nova grafia. Notável!

 

5. Com base nesta amálgama ortográfica entre o previsto no AO90 e a “terceira via” inventada por cada qual (que até já vi ensinada!), ficcionei um texto-caricatura para ilustrar este absurdo que o acordo fez desabar sobre a nossa língua escrita. Além das suas aberrações endógenas e de toda a gama de facultatividades, há cada vez mais erros (assinalados com *) resultantes da total confusão do “pós-acordismo”, que todos os dias lemos nos jornais e televisões e até no respeitável Diário da República. Ei-lo:

 

𝙰𝚐𝚘𝚛𝚊 𝚚𝚞𝚎 𝚊 𝚛𝚎𝚌𝚎𝚜𝚜𝚊̃𝚘 𝚓𝚊́ 𝚗𝚊̃𝚘 𝚎́ 𝚞𝚖 𝚏𝚊𝚝𝚘*, 𝚊 𝑟𝑒𝑐𝑒𝑐̧𝑎̃𝑜 𝚍𝚘 𝚑𝚘𝚝𝚎𝚕 𝚎𝚜𝚝𝚊𝚟𝚊 𝚌𝚑𝚎𝚒𝚊 𝚎 𝚘 𝚛𝚎𝚌𝚎𝚝𝚘𝚛 𝚗𝚊̃𝚘 𝚝𝚒𝚗𝚑𝚊 𝚖𝚊̃𝚘𝚜 𝚊 𝚖𝚎𝚍𝚒𝚛. 𝙴𝚛𝚊𝚖 𝚜𝚘𝚋𝚛𝚎𝚝𝚞𝚍𝚘 𝚎𝚐𝚒́𝚙𝚌𝚒𝚘𝚜 𝚍𝚘 𝙴𝚐𝚒𝚝𝚘, 𝚚𝚞𝚎 𝚗𝚊̃𝚘 𝚝𝚒𝚗𝚑𝚊𝚖 𝚘 𝚙 𝚗𝚘 𝚗𝚘𝚖𝚎 𝚍𝚘 𝚙𝚊𝚒́𝚜 𝚙𝚘𝚛𝚚𝚞𝚎 𝚕𝚑𝚎𝚜 𝚍𝚒𝚜𝚜𝚎𝚛𝚊𝚖 𝚚𝚞𝚎 𝚊 𝚌𝚘𝚗𝚌𝚎𝚜𝚜𝚊̃𝚘 𝚍𝚘𝚟𝚒𝚜𝚝𝚘𝚍𝚎𝚙𝚎𝚗𝚍𝚒𝚊 𝚍𝚊 𝚌𝚘𝚗𝚌𝚎𝚌̧𝚊̃𝚘 𝚍𝚊𝚚𝚞𝚎𝚕𝚎 𝚗𝚘𝚖𝚎. 𝙴𝚗𝚝𝚛𝚎 𝚎𝚕𝚎𝚜, 𝚊𝚕𝚐𝚞𝚗𝚜 𝚎𝚛𝚊𝚖 𝚌𝚛𝚒𝚜𝚝𝚊̃𝚘𝚜 𝚌𝚘𝚙𝚝𝚊𝚜, 𝚙𝚎𝚛𝚍𝚊̃𝚘 𝚌𝚘𝚝𝚊𝚜. 𝙾 𝚑𝚘𝚝𝚎𝚕 𝚝𝚒𝚗𝚑𝚊 𝚍𝚘𝚒𝚜 𝚛𝚎𝚜𝚝𝚊𝚞𝚛𝚊𝚗𝚝𝚎𝚜 𝚝𝚊̃𝚘 𝚜𝚞𝚗𝚝𝚞𝚘𝚜𝚘𝚜 𝚚𝚞𝚊𝚗𝚝𝚘 𝚞𝚗𝚝𝚞𝚘𝚜𝚘𝚜: 𝚞𝚖 𝚎𝚛𝚊 𝚌𝚑𝚊𝚖𝚊𝚍𝚘 𝚌𝚘𝚛-𝚍𝚎-𝚛𝚘𝚜𝚊 𝚎 𝚘 𝚘𝚞𝚝𝚛𝚘 𝚎𝚛𝚊 𝚘 𝚌𝚘𝚛 𝚍𝚎 𝚕𝚊𝚛𝚊𝚗𝚓𝚊 (𝚎𝚜𝚝𝚎 𝚜𝚎𝚖 𝚍𝚒𝚛𝚎𝚒𝚝𝚘 𝚊 𝚑𝚒́𝚏𝚎𝚗𝚜!), 𝚙𝚘𝚛𝚚𝚞𝚎 𝚘 𝚍𝚒𝚛𝚎𝚝𝚘𝚛 𝚖𝚊𝚗𝚍𝚘𝚞 𝚊𝚍𝚘𝚝𝚊𝚛 𝚘 𝙰𝙾𝟿0. 𝙽𝚎𝚜𝚜𝚎 𝚍𝚒𝚊, 𝚜𝚘́ 𝚎𝚜𝚝𝚊𝚟𝚊 𝚊𝚋𝚎𝚛𝚝𝚘 𝚞𝚖 𝚍𝚎𝚕𝚎𝚜, 𝚙𝚎𝚕𝚘 𝚚𝚞𝚎 𝚘𝚜 𝚌𝚘𝚞𝚝𝚎𝚗𝚝𝚎𝚜 (𝚊𝚗𝚝𝚎𝚜 𝚍𝚘 𝙰𝙾𝟿0 𝚎𝚜𝚌𝚛𝚎𝚟𝚒𝚊-𝚜𝚎 𝚌𝚘-𝚞𝚝𝚎𝚗𝚝𝚎𝚜), 𝚗𝚊̃𝚘 𝚏𝚒𝚌𝚊𝚛𝚊𝚖 𝚌𝚘𝚗𝚝𝚎𝚗𝚝𝚎𝚜.

 

𝚄𝚖 𝚍𝚘𝚜 𝚎𝚐𝚒́𝚙𝚌𝚒𝚘𝚜, 𝚙𝚘𝚛 𝚜𝚒𝚗𝚊𝚕 𝚊𝚝𝚘𝚛, 𝚙𝚎𝚛𝚐𝚞𝚗𝚝𝚘𝚞 𝚜𝚎 𝚑𝚊𝚟𝚒𝚊 𝚙𝚛𝚘𝚍𝚞𝚝𝚘𝚜 𝚕𝚊́𝚌𝚝𝚎𝚘𝚜 𝚍𝚘𝚜 𝚗𝚘𝚜𝚜𝚘𝚜 𝚕𝚊𝚝𝚒𝚌𝚒́𝚗𝚒𝚘𝚜. 𝚃𝚞𝚍𝚘 𝚒𝚜𝚝𝚘 𝚙𝚘𝚛 𝚌𝚊𝚞𝚜𝚊 𝚍𝚎 𝚞𝚖 𝚌 𝚚𝚞𝚎 𝚝𝚊𝚗𝚝𝚘 𝚏𝚊𝚣 𝚙𝚊𝚛𝚝𝚎, 𝚌𝚘𝚖𝚘 𝚗𝚊̃𝚘 𝚏𝚊𝚣 𝚙𝚊𝚛𝚝𝚎 𝚍𝚘 𝚕𝚎𝚒𝚝𝚎.

 

𝚄𝚖 𝚘𝚞𝚝𝚛𝚘 𝚛𝚎𝚌𝚎𝚌𝚒𝚘𝚗𝚒𝚜𝚝𝚊 𝚎𝚜𝚝𝚊𝚐𝚒𝚊́𝚛𝚒𝚘 (𝚜𝚎𝚖𝚒-𝚒𝚗𝚝𝚎𝚛𝚗𝚘 𝚎 𝚜𝚎𝚖𝚒𝚕𝚎𝚝𝚛𝚊𝚍𝚘) - 𝚚𝚞𝚎 𝚖𝚊𝚒𝚜 𝚙𝚊𝚛𝚎𝚌𝚒𝚊 𝚞𝚖 𝚎𝚜𝚙𝚎𝚝𝚊𝚍𝚘𝚛 - 𝚍𝚒𝚜𝚝𝚛𝚊𝚒𝚞-𝚜𝚎 𝚎 𝚙𝚒𝚌𝚘𝚞-𝚜𝚎 𝚗𝚞𝚖 𝚌𝚊𝚝𝚘 𝚚𝚞𝚎, 𝚎𝚜𝚜𝚎 𝚜𝚒𝚖, 𝚎𝚛𝚊 𝚞𝚖 𝚍𝚘𝚕𝚘𝚛𝚘𝚜𝚘 𝚎𝚜𝚙𝚎𝚝𝚊𝚍𝚘𝚛. 𝙵𝚒𝚌𝚘𝚞 𝚌𝚘𝚖 𝚊𝚜 𝚌𝚊𝚕𝚌̧𝚊𝚜 𝚜𝚎𝚖𝚒𝚛𝚛𝚘𝚝𝚊𝚜, 𝚜𝚎𝚗𝚍𝚘 𝚚𝚞𝚎 𝚊 𝚜𝚞𝚊 𝚜𝚞𝚋𝚜𝚝𝚒𝚝𝚞𝚒𝚌̧𝚊̃𝚘 𝚕𝚑𝚎 𝚕𝚎𝚟𝚊𝚛𝚒𝚊 𝚙𝚊𝚛𝚝𝚎 𝚍𝚘 𝚜𝚊𝚕𝚊́𝚛𝚒𝚘 𝚜𝚎𝚖𝚒𝚕𝚒́𝚚𝚞𝚒𝚍𝚘.

 

𝙾𝚞𝚝𝚛𝚘 𝚎𝚐𝚒́𝚙𝚌𝚒𝚘, 𝚙𝚘𝚛 𝚊𝚌𝚊𝚜𝚘 𝚞𝚖 𝚌𝚘𝚌𝚘𝚖𝚊𝚗𝚍𝚊𝚗𝚝𝚎𝚚𝚞𝚎 𝚝𝚒𝚗𝚑𝚊 𝚜𝚒𝚍𝚘 𝚌𝚘𝚛𝚛𝚎́𝚞 𝚙𝚘𝚛𝚚𝚞𝚎 𝚌𝚘𝚛𝚛𝚎𝚞 𝚗𝚘 𝙲𝚊𝚒𝚛𝚘 𝚚𝚞𝚎 𝚎𝚛𝚊 𝚌𝚘𝚛𝚛𝚞𝚝𝚘𝚎𝚜𝚝𝚊𝚟𝚊 𝚌𝚘𝚖 𝚞𝚖 𝚙𝚛𝚘𝚋𝚕𝚎𝚖𝚊 𝚘́𝚝𝚒𝚌𝚘 𝚎 𝚚𝚞𝚎𝚛𝚒𝚊 𝚞𝚖 𝚖𝚎́𝚍𝚒𝚌𝚘. 𝚃𝚒𝚗𝚑𝚊 𝚞𝚖𝚊 𝚒𝚗𝚏𝚎𝚌̧𝚊̃𝚘 𝚚𝚞𝚎, 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘 𝚜𝚎𝚖 𝚘𝚌”, 𝚝𝚎𝚒𝚖𝚊𝚟𝚊 𝚎𝚖 𝚜𝚎𝚛 𝚒𝚗𝚏𝚎𝚌𝚌𝚒𝚘𝚜𝚊. 𝙵𝚘𝚒-𝚕𝚑𝚎 𝚜𝚞𝚐𝚎𝚛𝚒𝚍𝚘 𝚒𝚛 𝚊 𝚞𝚖 𝚑𝚘𝚜𝚙𝚒𝚝𝚊𝚕. 𝙾 𝚝𝚞𝚛𝚒𝚜𝚝𝚊 𝚕𝚊́ 𝚏𝚘𝚒 𝚎, 𝚗𝚞𝚖 𝚍𝚘𝚜 𝚌𝚘𝚛𝚛𝚎𝚍𝚘𝚛𝚎𝚜 𝚎𝚖 𝚏𝚘𝚛𝚖𝚊 𝚍𝚎 𝚜𝚎𝚖𝚒𝚛𝚛𝚎𝚝𝚊, 𝚍𝚎𝚙𝚘𝚒𝚜 𝚍𝚎 𝚙𝚊𝚜𝚜𝚊𝚛 𝚙𝚎𝚕𝚊 𝚣𝚘𝚗𝚊 𝚒𝚗𝚏𝚊𝚗𝚝𝚘𝚓𝚞𝚟𝚎𝚗𝚒𝚕 𝚎 𝚙𝚎𝚕𝚊 𝚊́𝚛𝚎𝚊 𝚖𝚊𝚝𝚎𝚛𝚗𝚘-𝚒𝚗𝚏𝚊𝚗𝚝𝚒𝚕 (𝚘𝚞𝚝𝚛𝚊 𝚟𝚎𝚣 𝚘𝚜 𝚑𝚒́𝚏𝚎𝚗𝚜, 𝚘𝚞 𝚊 𝚏𝚊𝚕𝚝𝚊 𝚍𝚎𝚕𝚎𝚜…), 𝚟𝚒𝚞 𝚞𝚖𝚊 𝚜𝚎𝚝𝚊 𝚎𝚛𝚎𝚝𝚊 𝚙𝚊𝚛𝚊 𝚊 𝚎𝚜𝚚𝚞𝚎𝚛𝚍𝚊 𝚌𝚘𝚖𝚍𝚘𝚎𝚗𝚌̧𝚊𝚜 𝚘́𝚝𝚒𝚌𝚊𝚜𝚎 𝚘𝚞𝚝𝚛𝚊 𝚙𝚊𝚛𝚊 𝚊 𝚍𝚒𝚛𝚎𝚒𝚝𝚊 𝚝𝚊𝚖𝚋𝚎́𝚖 𝚌𝚘𝚖𝚍𝚘𝚎𝚗𝚌̧𝚊𝚜 𝚘́𝚝𝚒𝚌𝚊𝚜”. 𝙲𝚘𝚒𝚜𝚊𝚜 𝚍𝚎 𝚊𝚛𝚚𝚞𝚒𝚝𝚎𝚝𝚘𝚜 𝚘𝚞 𝚊𝚛𝚚𝚞𝚒𝚝𝚎𝚝𝚊𝚜. 𝙱𝚊𝚛𝚊𝚕𝚑𝚊𝚍𝚘, 𝚟𝚒𝚛𝚘𝚞 𝚙𝚊𝚛𝚊 𝚊 𝚍𝚒𝚛𝚎𝚒𝚝𝚊. 𝙵𝚘𝚒 𝚟𝚒𝚜𝚝𝚘 𝚙𝚘𝚛 𝚞𝚖 𝚘𝚏𝚝𝚊𝚕𝚖𝚘𝚕𝚘𝚐𝚒𝚜𝚝𝚊 𝚚𝚞𝚊𝚗𝚍𝚘 𝚙𝚛𝚎𝚌𝚒𝚜𝚊𝚟𝚊 𝚍𝚎 𝚞𝚖 𝚘𝚝𝚘𝚛𝚛𝚒𝚗𝚘 𝚙𝚊𝚛𝚊 𝚘 𝚘𝚞𝚟𝚒𝚍𝚘. 𝙻𝚊́ 𝚎𝚜𝚝𝚊́: 𝚌𝚊𝚒𝚞 𝚘 𝚙 𝚘𝚌𝚞𝚕𝚊𝚛, 𝚚𝚞𝚎 𝚓𝚊́ 𝚝𝚒𝚗𝚑𝚊 𝚜𝚒𝚍𝚘 𝚍𝚒𝚜𝚙𝚎𝚗𝚜𝚊𝚍𝚘 𝚗𝚘 𝚊𝚞𝚛𝚒𝚌𝚞𝚕𝚊𝚛!”. 𝙾 𝚖𝚎𝚕𝚑𝚘𝚛 𝚎́ 𝚘 𝚖𝚒́𝚘𝚙𝚎 𝚜𝚎𝚛 𝚜𝚞𝚛𝚍𝚘 𝚎 𝚟𝚒𝚌𝚎-𝚟𝚎𝚛𝚜𝚊.

 

𝙴𝚗𝚝𝚛𝚎𝚝𝚊𝚗𝚝𝚘, 𝚏𝚘𝚒 𝚍𝚎𝚜𝚕𝚒𝚐𝚊𝚍𝚘 𝚘 𝚒𝚗𝚝𝚎𝚛𝚛𝚞𝚝𝚘𝚛 𝚍𝚘 𝚎𝚕𝚎𝚟𝚊𝚍𝚘𝚛 𝚙𝚘𝚛𝚚𝚞𝚎 𝚙𝚛𝚎𝚌𝚒𝚜𝚊𝚟𝚊 𝚍𝚎 𝚞𝚖𝚊 𝚒𝚗𝚝𝚎𝚛𝚛𝚞𝚙𝚌̧𝚊̃𝚘 (𝚍𝚎 𝚗𝚘𝚟𝚘 𝚘 𝚙) 𝚙𝚊𝚛𝚊 𝚞𝚖𝚊 𝚒𝚗𝚜𝚙𝚎𝚌̧𝚊̃𝚘.

 

𝙾 𝚍𝚒𝚛𝚎𝚝𝚘𝚛 𝚍𝚘 𝚑𝚘𝚝𝚎𝚕, 𝚙𝚛𝚎𝚘𝚌𝚞𝚙𝚊𝚍𝚘, 𝚏𝚎𝚣 𝚞𝚖𝚊 𝚛𝚎𝚞𝚗𝚒𝚊̃𝚘 𝚎 𝚏𝚒𝚌𝚘𝚞 𝚍𝚎 𝚎𝚕𝚊𝚋𝚘𝚛𝚊𝚛 𝚞𝚖𝚊 𝚊𝚝𝚊, 𝚚𝚞𝚎 𝚗𝚎𝚖 𝚊𝚝𝚊 𝚗𝚎𝚖 𝚍𝚎𝚜𝚊𝚝𝚊. 𝙴́ 𝚚𝚞𝚎 𝚘 𝚜𝚎𝚞 𝚌𝚘𝚛𝚛𝚎𝚝𝚘𝚛 𝚘𝚛𝚝𝚘𝚐𝚛𝚊́𝚏𝚒𝚌𝚘 𝚝𝚊𝚖𝚋𝚎́𝚖 𝚗𝚊̃𝚘 𝚊𝚓𝚞𝚍𝚘𝚞 𝚎 𝚙𝚘𝚛 𝚒𝚜𝚜𝚘 𝚙𝚎𝚗𝚜𝚘𝚞 𝚙𝚎𝚍𝚒𝚛 𝚊𝚓𝚞𝚍𝚊 𝚊 𝚞𝚖 𝚊𝚖𝚒𝚐𝚘, 𝚚𝚞𝚎 𝚎𝚛𝚊 𝚌𝚘𝚛𝚛𝚎𝚝𝚘𝚛 𝚍𝚊 𝙱𝚘𝚕𝚜𝚊. 𝙰𝚌𝚘𝚗𝚝𝚎𝚌𝚎 𝚚𝚞𝚎, 𝚖𝚎𝚜𝚖𝚘 𝚌𝚘𝚖 𝚝𝚊𝚝𝚘, 𝚗𝚊̃𝚘 𝚎𝚗𝚌𝚘𝚗𝚝𝚛𝚘𝚞 𝚕𝚘𝚐𝚘 𝚘 𝚌𝚘𝚗𝚝𝚊𝚝𝚘* 𝚍𝚎𝚕𝚎. 𝙿𝚘𝚛 𝚏𝚒𝚖, 𝚚𝚞𝚊𝚗𝚍𝚘 𝚘 𝚌𝚘𝚗𝚜𝚎𝚐𝚞𝚒𝚞, 𝚘 𝚌𝚘𝚛𝚛𝚎𝚝𝚘𝚛, 𝚖𝚞𝚒𝚝𝚘 𝚊𝚝𝚊𝚛𝚎𝚏𝚊𝚍𝚘 𝚎 𝚌𝚘𝚖 𝚒𝚗𝚍𝚒𝚜𝚏𝚊𝚛𝚌̧𝚊𝚍𝚊 𝚓𝚊𝚝𝚊̂𝚗𝚌𝚒𝚊, 𝚏𝚒𝚌𝚘𝚞 𝚣𝚊𝚗𝚐𝚊𝚍𝚘 𝚍𝚒𝚣𝚎𝚗𝚍𝚘-𝚕𝚑𝚎𝚎𝚞 𝚌𝚊́ 𝚗𝚊̃𝚘 𝚖𝚎 𝚙𝚎𝚕𝚘 𝚙𝚎𝚕𝚘 𝚙𝚎𝚕𝚘 𝚍𝚎 𝚚𝚞𝚎𝚖 𝚙𝚊𝚛𝚊 𝚙𝚊𝚛𝚊 𝚍𝚎𝚜𝚒𝚜𝚝𝚒𝚛” (𝚎𝚖𝚙𝚘𝚛𝚝𝚞𝚐𝚞𝚎̂𝚜 𝚍𝚎𝚌𝚎𝚗𝚝𝚎”, 𝚎𝚜𝚌𝚛𝚎𝚟𝚎-𝚜𝚎𝚎𝚞 𝚌𝚊́ 𝚗𝚊̃𝚘 𝚖𝚎 𝚙𝚎́𝚕𝚘 𝚙𝚎𝚕𝚘 𝚙𝚎̂𝚕𝚘 𝚍𝚎 𝚚𝚞𝚎𝚖 𝚙𝚊́𝚛𝚊 𝚙𝚊𝚛𝚊 𝚍𝚎𝚜𝚒𝚜𝚝𝚒𝚛). 𝙴 𝚝𝚎𝚛𝚖𝚒𝚗𝚘𝚞 𝚘 𝚝𝚎𝚕𝚎𝚏𝚘𝚗𝚎𝚖𝚊 𝚊𝚜𝚜𝚒𝚖: “𝚊 𝚛𝚎𝚜𝚙𝚘𝚗𝚜𝚊𝚋𝚒𝚕𝚒𝚍𝚊𝚍𝚎 𝚎́ 𝚝𝚞𝚊. 𝙰𝚝𝚞𝚊!” 𝙷𝚘𝚞𝚟𝚎 𝚞𝚖𝚊 𝚐𝚛𝚊𝚗𝚍𝚎 𝚍𝚎𝚌𝚎𝚌̧𝚊̃𝚘 𝚗𝚊 𝚜𝚎𝚌𝚌̧𝚊̃𝚘 𝚎, 𝚙𝚎𝚛𝚎𝚗𝚝𝚘𝚛𝚒𝚊𝚖𝚎𝚗𝚝𝚎, 𝚏𝚊𝚕𝚘𝚞-𝚜𝚎 𝚗𝚞𝚖𝚊 𝚛𝚞𝚝𝚞𝚛𝚊. 𝙽𝚘 𝚏𝚒𝚖, 𝚙𝚘𝚛𝚎́𝚖, 𝚝𝚞𝚍𝚘 𝚊𝚌𝚊𝚋𝚘𝚞 𝚗𝚞𝚖 𝚙𝚊𝚝𝚘* 𝚍𝚎 𝚊𝚏𝚎𝚝𝚘𝚜.

 

𝑃.𝑆. (𝑖) - 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑎𝑢𝑠𝑎 𝑑𝑜 𝑓𝑎𝑐𝑡𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑛𝑠𝑓𝑜𝑟𝑚𝑎𝑑𝑜 𝑒𝑟𝑟𝑎𝑑𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑒𝑚 𝑓𝑎𝑡𝑜, 𝑎𝑢𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑢 𝑎 𝑔𝑎𝑚𝑎 𝑑𝑜𝑠 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑠: ℎ𝑎 𝑜 𝑓𝑎𝑡𝑜 𝑡𝑟𝑖𝑏𝑢𝑡𝑎𝑟𝑖𝑜, 𝑞𝑢𝑒 𝑎𝑠𝑠𝑒𝑛𝑡𝑎 𝑞𝑢𝑒 𝑛𝑒𝑚 𝑢𝑚𝑎 𝑙𝑢𝑣𝑎 𝑒𝑚 𝑞𝑢𝑎𝑙𝑞𝑢𝑒𝑟 𝑒𝑥𝑡𝑟𝑎𝑡𝑜; ℎ𝑎 𝑎 𝑢𝑛𝑖𝑎𝑜 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑡𝑜 𝑚𝑒𝑠𝑚𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑠𝑒𝑚 𝑒𝑙𝑒; ℎ𝑎 𝑜 𝑓𝑎𝑡𝑜 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑢𝑚𝑎𝑑𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑙𝑒𝑣𝑎 𝑎 𝑞𝑢𝑒, 𝑝𝑜𝑟 𝑒𝑥𝑒𝑚𝑝𝑙𝑜, 𝑎 𝐶𝑟𝑖𝑚𝑒𝑖𝑎 𝑠𝑒𝑗𝑎 𝑟𝑢𝑠𝑠𝑎 𝑑𝑒 𝑓𝑎𝑡𝑜. 𝐸 𝑎𝑖𝑛𝑑𝑎𝑎 𝑜 𝑜𝑙𝑓𝑎𝑡𝑜 𝑜𝑛𝑖𝑝𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑒𝑚 𝑡𝑜𝑑𝑜𝑠 𝑒𝑠𝑡𝑒𝑠 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑠. 𝑂𝑠 𝑡𝑢𝑟𝑖𝑠𝑡𝑎𝑠 𝑒𝑔𝑖𝑝𝑐𝑖𝑜𝑠 𝑓𝑖𝑐𝑎𝑟𝑎𝑚 𝑒𝑛𝑐𝑎𝑛𝑡𝑎𝑑𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑡𝑎𝑛𝑡𝑜𝑠 𝑓𝑎𝑡𝑜𝑠 𝑛𝑜 𝑉𝑒𝑟ã𝑜.

 

(𝑖𝑖) – 𝑠𝑎𝑙𝑣𝑒 𝑎 𝑔𝑟𝑎𝑓𝑖𝑎 𝑑𝑎 𝑡𝑒𝑟𝑐𝑒𝑖𝑟𝑎 𝑝𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎 𝑑𝑜 𝑖𝑛𝑑𝑖𝑐𝑎𝑡𝑖𝑣𝑜 𝑑𝑜 𝑣𝑒𝑟𝑏𝑜 𝑝𝑎𝑟𝑎𝑟, 𝑞𝑢𝑒 𝑎𝑡𝑒 𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑟𝑒𝑠𝑝𝑒𝑖𝑡𝑎𝑚 𝑒𝑠𝑐𝑟𝑢𝑝𝑢𝑙𝑜𝑠𝑎𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑜 𝐴𝑂90 𝑡𝑖𝑣𝑒𝑟𝑎𝑚 𝑑𝑒𝑝𝑟𝑜𝑓𝑎𝑛𝑎𝑟𝑐𝑜𝑚 𝑢𝑚 𝑎𝑐𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑛𝑎𝑜 𝑝𝑟𝑒𝑣𝑖𝑠𝑡𝑜!

 

(𝑖𝑖𝑖) - 𝑇𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑜 𝑐𝑜𝑚𝑒𝑐𝑒𝑖. 𝐶𝑜𝑚 𝐹𝑒𝑟𝑛𝑎𝑛𝑑𝑜 𝑃𝑒𝑠𝑠𝑜𝑎: "𝑀𝑖𝑛𝑎 𝑝𝑎́𝑡𝑟𝑖𝑎 𝑒́ 𝑎 𝑙𝑖́𝑛𝑔𝑢𝑎 𝑝𝑜𝑟𝑡𝑢𝑔𝑢𝑒𝑠𝑎".

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:37

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Quinta-feira, 25 de Fevereiro de 2021

«Pretensa língua portuguesa utilizada numa reunião na UNESCO, mas que na verdade é a [futura] língua brasileira. CHOCANTE!»

 

O título desta publicação é o assunto de um e-mail que recebi de alguém, que não irei identificar, por motivos óbvios, e que me chocou tanto quanto chocou quem o escreveu.

 

Há muito sabemos o que está por trás da imposição ditatorial do AO90, em Portugal. Também sabemos que a Língua Portuguesa, internacionalmente, não existe. O que existe, e veio substituí-la, é a Variante Brasileira do Português, que já não é Língua Portuguesa.

 

Penso que nenhum português se incomodará se a Língua Brasileira vier a ser a Língua mais falada no mundo, ou mesmo ser A Língua do mundo, como o é, neste momento, o Inglês, embora seja a terceira Língua mais falada. Que tenham muito bom proveito e sejam felizes. A inveja é um sentimento muito feio.

 

Os Portugueses, que se prezam de o ser, não são complexados. Estão-se nas tintas se a Língua Portuguesa vier a ser uma Língua minoritária, como a Língua Galega, desde que seja uma Língua, porque mais vale ter uma Língua minoritária, do que ter um arremedo de Língua.  


Daí que, é com grande consternação que vemos a Língua Portuguesa ser substituída pela Variante Brasileira, e que continuem a chamar-lhe “portuguesa”. Porque já não é.

 

Sabemos que os governantes portugueses não têm um pingo de brio, daí que tanto se lhes dá como se lhes deu que a Língua Portuguesa tenha desaparecido da Internet ou do mundo. Contudo, enquanto houver PORTUGUESES (e não arremedos de portugueses) a Língua Portuguesa estará a salvo. Nós seremos o seu último reduto, tal como a Galiza é o último reduto da Língua Galega.

 

Isabel A. Ferreira

 

LÍNGUA.png

 

E-mail recebido:

 

Cara Isabel,

 

Eu inscrevi-me hoje nessa reunião na UNESCO. E ao inscrever-me eu escolhi como é óbvio a Língua Portuguesa, como estava indicado.

 

Como pode verificar no documento em anexo, a Língua Portuguesa parece ter deixado de existir nos cenáculos internacionais (além da Internet) e foi já claramente substituída pela [futura] língua brasileira.

 

Este documento não está redigido em português/acordês (AO1990) mas foi redigido directamente em brasileiro, o que não deveria suceder. Eu sublinhei a vermelho as palavras que demonstram o que aqui escrevo. Por exemplo, eu nunca “disquei” um número de telefone, e assim de seguida.

 

Por ter ficado extremamente chocado (para não dizer ferido com o que considero uma humilhação, para todos nós portugueses, para a Língua Portuguesa e para a Nação Portuguesa, decidi informá-la do que precede, assim como ao N. P.

 

Acho que seria útil e oportuno que se saiba, publicamente, como a LÍNGUA PORTUGUESA está inexoravelmente a ser eliminada internacionalmente por sucedâneos, como a futura língua brasileira, como aliás estava previsto na “AGENDA OCULTA” a qual continua a ser implementada.

 

Pelo menos agora está claro qual era o verdadeiro sentido deste desígnio. Só não vê quem não quer.

 

Cordialmente.

 F.J.

 

***

Documento anexado:

 

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publicado por Isabel A. Ferreira às 19:02

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Segunda-feira, 27 de Julho de 2020

«O Império Ortográfico»

 

Excelente texto, do historiador Rui Ramos (*), publicado no Jornal Observador em 16 de Maio de 2015.

 

Como as coisas em Portugal não desenvolvem, não avançam, só retrocedem, este texto está tão actual como no dia em que foi escrito. Até poderia ter sido escrito no século passado, estaria actualíssimo. 

 

Daí que o reedite, porque é absolutamente um texto lapidar, para compreender este “negócio” do AO90, que está a abalar a Cultura Portuguesa, o Pensamento Português, a Filosofia Portuguesa, pois, neste momento, tudo isto está a ser inimaginavelmente arrasado, através de uma escrita reduzida à sua forma mais básica, como se os seus escreventes tivessem saído da primeira classe primária, com a noção apenas do alfabeto e de como juntar as letras: b+a = ba.

 

Todavia, um texto lamentavelmente indecifrável para o presidente da República Portuguesa para o primeiro-ministro de Portugal, e para o ministro dos Negócios [DOS] Estrangeiros (o dono da Língua), os quais, fazendo de Portugal o quintal deles, e dos Portugueses os seus serviçais, mantêm o AO90 que, conforme observa Rui Ramos, começou como um disparate e hoje não passa de uma indignidade.

 

E o que dizer da Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP)? Uma farsa, para manter negócios.

Não deixem de ler.

 

Isabel A. Ferreira

CPLP - MF Bonifácio - historiadora.png

 

colunista_rramos_467-200x200.png

Por Rui Ramos

 

«O Acordo Ortográfico é, entre nós, a última manifestação de um paroquialismo colonial que se voltou contra si próprio: não podendo aportuguesar o Brasil, vamos abrasileirar Portugal.

 

O chamado “Acordo Ortográfico” tornou-se obrigatório esta semana – ou talvez não, pois que tudo nesta matéria é confuso. O Brasil ou Angola são, geralmente, as razões dadas para passarmos do acto ao ato. Mas o Brasil nunca mostrou demasiado entusiasmo ou pressa em partilhar uma mesma ortografia com Portugal – a nova grafia ainda nem sequer é obrigatória por lá. Quanto a Angola, continua a pensar. A parte portuguesa andou aqui à frente. Porquê?

 

Para perceber o Acordo Ortográfico, não basta recuar a 1990. É preciso, pelo menos, voltar a 1961. Nesse ano, o ditador Salazar, sem consultar o país, decidiu que Portugal desenvolvera com os povos extra-europeus sujeitos à administração portuguesa uma relação tão especial, que se justificava defender essa administração contra tudo e contra todos. Em 1974, a direcção revolucionária das forças armadas, também sem consultar o país, decidiu abdicar dessa administração e abandonar territórios e populações à ditadura e à guerra civil dos chamados “movimentos de libertação”. Não renunciou, porém, ao mito da relação especial. Essa relação teve um novo avatar enquanto “solidariedade anti-imperialista”, quando uma parte do MFA também quis ser “movimento de libertação”, para depois, em democracia, se redefinir como “comunidade de língua”.

 

Foi assim que, para além das independências, as oligarquias democráticas mantiveram o império numa versão linguística, a que era consentida por uma das “línguas mais faladas do mundo”. Alguém então se terá lembrado que Fernando Pessoa escreveu algures que “a minha pátria é a língua portuguesa”. Nunca importou a ninguém o que Pessoa quis dizer com a frase, logo entendida como o direito de qualquer português continuar a sonhar com mapas onde Portugal, sendo talvez pequeno, tem uma língua muito grande (“a sexta mais falada do mundo”, etc.). Acontecia, porém, que, entre Portugal e o Brasil, havia diferenças. Era preciso apagar esses vestígios de fronteiras, pelo menos no papel. Só assim (argumentava-se), a língua poderia emergir como única e grandiosa, reunindo o que se separara e impondo-se ao que resistia. No fundo, este acordo ortográfico é apenas o sintoma de uma descolonização mal resolvida.

 

Dir-me-ão: mas não temos ou não deveremos cultivar as tais relações especiais com os Estados onde o português é língua oficial? Sim, claro. Mas é importante, a esse propósito, não esquecer duas coisas. A primeira é que relações especiais não significam necessariamente ausência de diferenças e de distâncias. Estas diferenças e distâncias são aliás, no que diz respeito ao Brasil, muito mais profundas e irreversíveis do que convém admitir ao imperialismo linguístico. O português escrito no Brasil não se distingue apenas pela ortografia, mas pelo vocabulário e sobretudo pela sintaxe. A existirem, as relações especiais não deviam depender de quaisquer homogeneizações, irrelevantes ou impossíveis, mas de uma maior intensidade de comunicação, que habituasse portugueses e brasileiros às características de escrever e de falar uns dos outros. Ao reconhecer isso, há porém que reconhecer isto: não há assim tanto interesse de um lado e do outro num intercâmbio demasiado enérgico. As culturas que tradicionalmente mais fascinam portugueses e brasileiros não são as dos outros países de língua portuguesa, mas, por muitas razões, a das grandes potências do Ocidente, como os EUA. Este Acordo Ortográfico é, portanto, uma ilusão.

 

Mas há uma segunda coisa: a língua portuguesa não nos une apenas ao Brasil ou a Angola ou a Moçambique, mas também à Espanha, à Itália, à França, mesmo à Inglaterra e a outros países europeus ou de formação europeia. E a esse respeito, o Acordo Ortográfico tem um efeito perverso: afasta o português escrito dessas outras línguas europeias, com as quais tem raízes comuns, por via da rejeição, como em reformas anteriores, da grafia etimológica. A palavra acto assim escrita ainda sugere a palavra act para um inglês que não fale português. Ato, não. Num momento de integração europeia, optamos por uma grafia tropical, destinada a complicar a decifração do português pelos nossos vizinhos e parceiros mais próximos (como se já não bastasse a nossa pronúncia impenetrável). Não vou reclamar o regresso da philosophia. Mas é pena que tivéssemos deixado de ter uma palavra que evocasse imediatamente a philosophie francesa ou a philosophy inglesa. Era aliás assim que Pessoa gostava da sua pátria: “Philosopho deve escrever-se com 2 vezes PH porque tal é a norma da maioria das nações da Europa, cuja ortografia assenta nas bases clássicas ou pseudo-clássicas”.

 

O Acordo Ortográfico é, entre nós, a última manifestação de um paroquialismo colonial que se voltou contra si próprio: não podendo aportuguesar o Brasil, vamos abrasileirar Portugal, a ver se salvamos o mapa onde não somos pequenos. Mas é precisamente assim que parecemos e somos pequenos. A grandeza, hoje em dia, deveria consistir em tratar os países que têm o português como língua oficial sem fraternidades falsas, paternalismos deslocados, ou sujeições ridículas. E passa também por perceber que há muito mais populações, para além das que falam português, com quem temos uma história e um destino em comum.

 

O resultado de todos estes devaneios de imperialismo linguístico é que deixámos de ter uma ortografia consensual. O regime tenta agora compensar isso através do terrorismo escolar exercido sobre crianças e jovens. O que começou como um disparate acaba numa indignidade.»

 

(*)  Rui Ramos nasceu em 22 de Maio de 1962, licenciou-se em História na Universidade Nova de Lisboa, e doutorou-se em Ciência Política, na Universidade de Oxford.  Professor e investigador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e professor convidado do Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica. Escreveu, entre outros livros, A Segunda Fundação (1890-1926), volume VI da História de Portugal dirigida por José Mattoso (Círculo de Leitores), e a História de Portugal (Esfera dos Livros, em co-autoria com Bernardo de Vasconcelos e Nuno Monteiro), o qual recebeu o Prémio D. Dinis em 2009. Na imprensa, teve uma coluna semanal no Diário Económico (2005), e depois no Público (2006-2009), Correio da Manhã (2009) e Expresso (2010-2013). Colaborou em programas de debate semanal na RTP-N, TVI-24, SIC-N e Canal Q, e foi autor da série de 12 episódios “Portugal de...”, da RTP-1 (2006-2007).

 

Fonte:

https://observador.pt/opiniao/o-imperio-ortografico/

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:54

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Quinta-feira, 21 de Maio de 2020

… No entanto, mantenho a esperança de que a mudança surja na próxima curva da estrada...

 

Tal como um Dom Quixote há muito que também eu luto contra o Medo, contra a Injustiça e contra a Ignorância… muitas vezes com êxito, outras, nem por isso.

 

Em 2016, escrevi o texto que aqui hoje reproduzo, porque já naquele tempo eu pressentia um mundo a vir, povoado por algo que não podia ainda imaginar.

 

Hoje, que o mundo anda virado do avesso, devido a uma essência invisível, mais poderosa do que o mais poderoso dos homens, repito essas palavras, escritas com desalento, mas mantendo a esperança de que a mudança surja na próxima curva da estrada

 

Foi nessa esperança que Dom Quixote assentou toda a exuberância da sua saga…

 

Dom Quixote.jpg

 

É com profundo descrédito no bom senso, na inteligência e no poder de discernimento dos homens que entro no ano de 2016 [leia-se 2020].

 

… No entanto, mantenho a esperança de que a mudança surja na próxima curva da estrada…

 

Bem gostaria de aqui deixar uma mensagem optimista dos tempos que estão para vir, mas as notícias que nos chegam do mundo não são as mais propícias.

 

Quanto mais a Humanidade avança no tempo, mais retrocede o poder de raciocínio do homem, mais irracional ele se torna e, por este andar, não tarda, regressaremos ao tempo das trevas, ou talvez ao fim de uma era.

 

Até há alguns anos, à partida, para mim, todos os homens eram bons, até demonstrarem o contrário. Hoje, o meu pensamento mudou: tantas foram as decepções, tantos foram os desaires!...

 

Hoje, à partida, para mim, todos os homens são maus, até demonstrarem o contrário. E esta mudança, bastante radical, confesso, começou a operar-se depois que entrei neste mundo imundo que aqui vou denunciando, quando fui penetrando a fundo nos problemas políticos, melhor dizendo, nos desajustes dos políticos que estão na base de todos (ou quase todos) os desequilíbrios sociais, económicos, morais, culturais e até religiosos de toda a sociedade humana.

 

O avanço tecnológico, mal orientado e mal aproveitado, tem levado a Humanidade ao caos. Os valores humanos estão a diluir-se, e o homem está a transformar-se num ser vazio e irracional.

 

Já não há respeito pela vida, não há respeito pelos outros animais, mão há respeito pelo Ambiente, não há respeito por absolutamente nada, porque o homem deixou de se respeitar a si próprio, e este é o pior dos desrespeitos, é o começo da desestruturação do ser, que leva à desintegração de toda a sociedade.

 

E aqueles que, agarrados a um fiozinho da racionalidade que ainda se vislumbra algures, entre as ruínas do mundo, parece que perdem o seu tempo, tentando abrir os olhos e os ouvidos daqueles que há muito deixaram de ver e ouvir, não por motivo de alguma doença súbita, mas levados por um egoísmo desmedido que os lançou na ignorância, ao ponto de se ignorarem a si próprios.

 

Chico Mendes.jpg

(Origem da imagem)

http://semeadoresdadiscordia.blogspot.pt/2008/01/chico-mendes.html

 

Recordo, hoje, aqui e agora, Chico Mendes, um seringueiro, sindicalista, activista político e ecologista brasileiro, assassinado nas vésperas do Natal de 1988, apenas porque compreendia as árvores, acarinhava a água e respeitava as flores, ao ponto de não querer flores no seu enterro, pois sabia que as iam arrancar da floresta…

 

Chico Mendes era um ambientalista, que apenas pretendia defender a Amazónia, pretendia defender a vida do nosso Planeta, e os tais ignorantes assassinaram-no.

 

Por todo o mundo, em pleno século XXI depois de Cristo, ouvimos falar de guerras, de um terrorismo com consequências incalculáveis, porque os governantes endoideceram, e o povo endoideceu com eles, e não há nada nem ninguém que faça parar esta loucura.

 

Na Rússia e nos EUA passa-se fome. Em países da dita civilizada Europa vegeta-se e morre-se. Na África, milhares de pessoas estão condenadas. Nos países ricos esbanjam-se bens, esbanja-se dinheiro e esbanjam-se vidas.

 

Um desequilíbrio cósmico instalou-se no nosso Planeta, e mais perigosamente no íntimo dos homens, e a poluição do meio ambiente aliou-se a uma poluição mental, que está a conduzir o mundo para o abismo.

 

Num destes dias, em conversa com uns amigos, chamaram-me a atenção para a visão pessimista que eu tenho em relação à sociedade, aos políticos, aos governantes…

 

É verdade!

Mas que motivos terei eu para ser optimista?

 

… No entanto, mantenho a esperança de que a mudança surja na próxima curva da estrada…

 

Podem chamar-me de desatinada, quando me vêem sorrir para as flores, mas é que eu entendo a linguagem das flores…

Podem chamar-me de desatinada quando canto ao desafio com os pássaros, mas eu sei de cor todas as canções que os pássaros cantam, sem pauta, sem métrica, mas com muita harmonia…!

 

Podem chamar-me de desatinada, quando me encontram a acarinhar um Lobo, mas eu tenho alma de Lobo, sei das emoções dos meus irmãos animais…

 

Podem chamar-me de desatinada quando me quedo a escutar o silêncio, mas podem crer que o som do silêncio é extasiante, é o mais eloquente som da Natureza.

 

Não me perguntem como, nem por que tenho a percepção deste meu mundo feito de coisas invisíveis, acantoado por detrás desse outro mundo que todos julgam real, mas que, na realidade, não passa de uma miragem no infinito deserto, que é a vida dos que não conseguem ver o invisível…

 

Que razões tenho eu para ser optimista quando os que me rodeiam não conseguem ver o mundo das flores; não conseguem acompanhar o canto harmonioso dos pássaros; não conseguem sentir a respiração da alma dos Lobos; ou ouvir o vibrante som do silêncio?

 

Apenas uma certeza faz com que possa vislumbrar uma luz ao fundo do túnel: é que, tal como Miguel de Cervantes, eu também acredito ferverosamente que «Deus suporta os maus, mas não eternamente» …

 

Por isso, um a um, aqueles homens maus, cujo único objectivo da existência deles é violar a harmonia cósmica, cairão um dia. Sempre assim foi, desde o princípio dos tempos… Todos os tiranos da Humanidade caíram inevitavelmente… E aos maus, jamais nenhum Homem de bem ergueu uma estátua. E se as ergueram, por equívoco, logo as derrubaram.

 

E nesta mensagem de Ano Novo que aqui vos deixo, um tanto ou quanto pessimista, continuo a manter a esperança de que a mudança surja na próxima curva da estrada… 

 

Isabel A. Ferreira

 

Fonte: 

https://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/no-entanto-mantenho-a-esperanca-de-608100

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:01

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Segunda-feira, 11 de Maio de 2020

«O vírus que atacou a língua portuguesa»

 

Excelente texto de José Pacheco Pereira, obrigatório ler e partilhar muito, e pôr em prática o que o autor aqui sugere.

 

«A língua é uma coisa viva e o “acordês” é uma língua morta. Foi ferida por um vírus pior nos seus efeitos sociais e culturais do que o coronavírus.» (...) «A língua portuguesa precisa de nós. E não se esqueçam deste facto: o Acordo é impopular.» (José Pacheco Pereira)

 

Publico_20200509-scaled.jpg

 

Por José Pacheco Pereira

 

“No tempo do Getúlio (Brasil) e de Salazar (Portugal) foram feitos acordos que não prevaleceram, porque, na realidade, quem faz a língua não são as academias, nem os governos. Quem faz a língua é o povo.” Carlos Heitor Cony

 

«Tenho à minha frente uma série de jornais e de outras publicações do Brasil, de Angola, de Cabo Verde, de Moçambique, da Guiné, de Macau e de Timor. São actuais e nenhum respeita o Acordo Ortográfico. Se acrescentar a esses jornais e publicações mais uma série oriunda de Portugal, ou explicitamente recusam o Acordo, ou misturam artigos escritos nas duas línguas, o “acordês” e o português. Já não ponho livros em cima da mesa, romances, poemas, ensaios, porque quanto mais conhecido e criativo é o autor, menos usa o “acordês”.

 

Por detrás destas publicações está uma série de acordos diplomáticos que, ou estão a ser ilegalmente aplicados, ou foram ratificados e metidos na gaveta, com explícitas declarações de que são para meter na gaveta, ou, por fim, não foram aprovados pelos países que deveriam tê-los incorporado na legislação nacional. Como monumental falhanço diplomático, é um caso exemplar. O problema nem sequer é esse: é que, como falhanço cultural, é uma desgraça, mas, vindo de quem vem, é previsível.

 

A razão é muito simples: a língua é uma coisa viva, e o “acordês” é uma língua morta. Foi ferida por um vírus pior nos seus efeitos sociais e culturais do que o coronavírus, e é mantida moribunda por duas forças infelizmente poderosas nos nossos dias: a inércia e a arrogância de não querer perder a face e admitir o erro. E não adianta virem dizer-me que língua e ortografia são coisas diferentes e que a ortografia é uma convenção, e que há muitos precedentes de acordos. Há, mas nenhum como este, nem no tempo deste.

 

A ortografia é uma espécie de impressão digital da língua, faz parte da sua identidade e qualidade cultural. Transporta a sua memória e a sua história, as suas raízes nas línguas que foram a sua origem e que a fazem comunicar com as outras línguas com o mesmo tronco latino. E, como ser vivo, a língua e a sua ortografia evoluem todos os dias, traduzindo o dinamismo dos povos e das sociedades onde é falada e escrita. O tragicamente ardido Museu da Língua, em S. Paulo, traduzia esse dinamismo com a enorme vitalidade do português do Brasil, incorporando no vocabulário milhares de novas palavras oriundas de outras línguas trazidas pela emigração ou pelos tempos modernos. Não foi por acaso que este museu foi feito pelo Brasil, com a sua única e excepcional homenagem à língua portuguesa, enquanto por cá ninguém sequer aproveitou a oportunidade da sua desaparição para fazer um museu à língua cá, nem sequer pediu aos brasileiros que fizessem uma réplica cá, com a adaptação necessária. Não, em vez disso, continuamos a manter um Acordo que estraga a nossa língua e que é imposto administrativamente nas escolas e no Estado, para ainda mais afundar a nossa cultura, em tempos de ignorância agressiva.

 

É por ter lido com indignação um artigo publicado no PÚBLICO por quatro ministros autoglorificando-se pelo que têm feito pela língua portuguesa, numa altura em que toda a gente sabe que tem havido um considerável recuo da presença do português de Portugal por tudo quanto é universidade estrangeira, escola, instituição paga pelos contribuintes como o Instituto Camões, que escrevo. E se a situação não é pior, deve-se ao Brasil. Mas o que mais me encanita é o estarem muito contentes pela “dignificação” da língua portuguesa, quando eles próprios e os seus antecessores do PS e do PSD, desde 1990, são os principais responsáveis por a manter menos digna, menos própria, menos lavada, menos forte, menos saudável, doente.

 

É uma causa quixotesca? Não, não é. Há muita coisa que ainda não se fez. Faça-se como o lóbi das armas nos EUA (eu sei, péssimo exemplo, mas de lóbis percebem eles…) e, quando houver uma eleição, pergunta-se ao candidato, seja autárquico, seja legislativo, qual a sua posição. Depois ajuda-se por todos os meios os que explicitamente são contra o Acordo, de modo a criar um caucus (que vem do latim e do grego) na Assembleia e noutras instituições para fazer recuar o uso do Acordo e criar condições para acabar com ele, ou com a sua aplicação imposta, sorrateira e maliciosa.

 

Eu não desisto, porque há ainda muita coisa a fazer contra o Acordo. Angarie-se algum dinheiro, e há quem esteja disposto a dá-lo, seja mais, seja uma contribuição de um euro, façam-se anúncios de página inteira nos jornais, coloquem-se outdoors nas ruas, peça-se a escritores, criativos, artistas, cientistas, que escrevam uma frase em defesa da nossa língua ou façam um desenho, um grafismo, uma história aos quadradinhos, façam-se bancas nas ruas para recolha de assinaturas com a presença das muitas pessoas conhecidas e de prestígio que ainda escrevem português, faça-se uma associação de defesa da língua portuguesa ou dinamize-se uma que já exista, exija-se direito de antena e pressionem-se os órgãos de comunicação a darem voz a estes críticos da degradação da língua e da cultura.

 

A língua portuguesa precisa de nós. E não se esqueçam deste facto: o Acordo é impopular.»

 

Fonte: https://www.publico.pt/2020/05/09/opiniao/opiniao/virus-atacou-lingua-portuguesa-1915735

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:43

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Segunda-feira, 3 de Fevereiro de 2020

Uma abordagem da Língua Portuguesa sob a óPtica (*) brasileira, para refleCtirmos que grafia queremos para Portugal

 

Aqui deixo esta dica, para que não digam que sou eu (Isabel A. Ferreira) que invento esta coisa de chamar Brasileiro ao que se fala e escreve no Brasil, pois se até os próprios Brasileiros e Alemães o dizem.   

 

Eu não invento nada. Tenho opiniões, obviamente, mas não trabalho debruçada nas minhas opiniões, tão-só sobre factos.

 

Se me perguntarem qual é a minha opinião sobre o que aqui se vai abordar direi: contra factos não há argumentos. E o facto é que, no Brasil, há muito quem considere Brasileiro ao que lá se fala e escreve. E quem sou eu para contrariar aqueles que têm direito a uma Língua que identifique o próprio país, e que não se revêem na Língua que herdaram do colonizador, ao ponto de se afastarem das suas raízes?

 

Li algures que «alterar o Idioma Português é sinal de falta de Cultura. O Idioma Português é um Idioma, cuja origem é o Latim, daí chamar-se um Idioma Neolatino, tal como o Castelhano, o Galego, o Catalão, o Francês e o Italiano. Os adeptos do AO90 coagem-nos a adoptar o nosso Idioma Neolatino adulterado na sua forma grafada.

 

É uma ortografia adulterada que queremos para Portugal?

 

Ensinar o brasileiro.jpg

 

Ensinar o Brasileiro” - Livro à venda na Amazon

 

Sinopse do livro:

Há um grande número de perguntas relevantes, comuns aos professores de língua materna, cujas respostas podem interferir na prática docente. Essa necessidade dos professores chamou tanto a atenção do autor, que ele começou a colecionar as perguntas que lhe eram feitas, no intuito de produzir um livro de respostas condensadas, com o objetivo de atender a essa demanda por material informativo. Cinquenta dessas perguntas reais estão aqui, mais ou menos com as mesmas respostas que foram dadas. Existem boas respostas na bibliografia corrente, mas essas respostas são ou dispersas, ou demasiadamente complexas, exigindo um tempo e um conhecimento nem sempre correspondentes à realidade de nossos professores do ensino fundamental e médio. Esse livro é o resultado dessa interação com os docentes do nível fundamental I e II e médio. Ele pretende ser sucinto, claro e objetivo, permitindo uma compreensão básica dos temas abordados. Esperamos que ele auxilie nossos professores do brasileiro na compreensão de alguns temas importantes. Mas é preciso ressaltar que não estamos propondo um receituário. Os conceitos e opiniões aqui apresentados nem sempre são consensuais, além de que precisam ser confrontados com a realidade de cada comunidade atendida e, em última instância, de cada professor e de cada aluno, para que as necessárias adaptações possam ser efetuadas, com bom senso e respeito.»

 

Fonte:

https://www.amazon.com.br/Ensinar-Brasileiro-Respostas-Perguntas-Professores/dp/8588456680

 

***

 

Português do Brasil a caminho da autonomia?

 

«A análise de documentos antigos e de entrevistas de campo ao longo dos últimos 30 anos está mostrando que o português brasileiro já pode ser considerado único, diferente do português europeu, do mesmo modo que o inglês americano é distinto do inglês britânico. O português brasileiro ainda não é, porém, uma língua autônoma: talvez seja quando acumular peculiaridades que nos impeçam de entender inteiramente o que um nativo de Portugal diz. Veja no vídeo produzido pela equipe de Pesquisa FAPESP como a expansão do português no Brasil, as variações regionais com suas possíveis explicações e as raízes das inovações da linguagem estão emergindo por meio do trabalho de diversos linguistas

 

Vale a pena ver e ouvir atentamente o que se diz no vídeo. E assim falassem todos os Brasileiros, porque era sinal de que, nas escolas, o Português (dito) do Brasil estava a ser ensinado adequadamente.

 https://www.youtube.com/watch?time_continue=331&v=0sDuGRKwguY&feature=emb_title

 

Fonte:

https://www.jornaltornado.pt/as-marcas-do-portugues-brasileiro/?fbclid=IwAR2gy2mTqjaZ-zkj2d8RgfxhewYzQhzzkm92iSoAEksYSRMu7hlysynSlis

 

«Adulteração, no Brasil, de livro português. A Ilíada, de Frederico Lourenço»

 

IlÌADA.jpg

 

Chamo a atenção para o facto de este texto, cuja leitura recomendo vivamente (clicar no link), porque além de excelente, está primorosamente bem escrito, ser da autoria de um jurista e professor universitário brasileiro, portanto, não é meu (para que não digam que eu é que ando sempre a implicar com o abrasileiramento de textos portugueses).

 

Soubessem os acordistas portugueses escrever tão apuradamente como Arthur Virmond de Lacerda Netto! Mas, lastimavelmente, os acordistas portugueses escrevem como meninos da primeira classe da escola básica.

https://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/dulteracao-no-brasil-de-livro-751590

 

«A mutilação da "Língua-Mater"»

 

O desabafo de uma cidadã brasileira sobre o acordo do seu descontentamento:

«Ando macambúzia, cabisbaixa e sorumbática, desde o dia 01/Janeiro, quando ouvi oficiosamente em dois jornais televisivos diferentes, que o AO entraria em vigor no Brasil, a partir de então...não pelo que representa aqui, tolices de meia dúzia (se tanto) de regras sem sentido, mas porque um aceite do Brasil, era a chancela de que "pulhíticos" de ambos os lados precisavam, para deflagrar a hecatombe nuclear da Língua Portuguesa, que como o próprio nome diz é a "Língua de Portugal"...»

 

Ler o texto completo aqui:

https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/a-mutilacao-da-lingua-mater-27973

 

Oscar wilde.jpg

 

 «O objectivo brasileiro é impor o Brasilês sobre o Português»

 

Quem o diz não sou eu. Quem o diz é Helena Seiler, uma brasileira que vive nos EUA, e tal como eu, sabe o que está por trás da imposição política do AO90.

Embora eu também o diga.

E digo mais: digo que o Português brasileiro, apenas diz respeito ao Brasil. Não diz absolutamente nada a Portugal.

 

Ver o texto aqui:

https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/o-objectivo-brasileiro-e-impor-o-67583

 

Orwell.jpg

 

(*) No Brasil, o vocábulo óptico (relativo a visão) não se escreve com , escreve-se ótico (relativo aos ouvidos), o que, na minha óPtica, e penso que na óPtica de todos quantos são pela clareza e objectividade da linguagem, deveria ser escrito óPtico, quando falamos de olhar, e ótico, apenas quando falamos de ouvidos, até porque em nenhuma língua europeia se confunde ouvidos com olhos, e o “nervo ótico” é algo que nem sequer existe.

Em Portugal, devido ao abrasileiramento da grafia portuguesa, passámos todos a ouvir pelos olhos e a ver pelos ouvidos, numa promiscuidade, sem precedentes.

 

É isto que queremos para Portugal?

 

Isabel A. Ferreira    

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:40

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