«Se tivermos presentes os inúmeros exemplos da aberração, mais do que documentada, do Acordo Ortográfico, estas rápidas considerações que fiz deviam bastar para se ter consciência da monstruosidade que foi fabricada, decidida e tão célere e surdamente imposta.»
Excelente texto para ler e reflectir.
(Origem da imagem: Internet)
Texto de Guilherme Valente
A escrita não é uma arbitrariedade. Tem uma lógica, uma história, uma função, valor e importância inestimáveis.
"Patriotismo é o amor pela nossa Terra. Nacionalismo é o ódio à Terra dos outros” Romain Gary
"É sempre um défice de pátria que atiça o nacionalismo, nunca um excesso" Pascal Bruckner
A gramática, a sua nomenclatura e terminologia também não podem ser o tricot com que os nossos linguistas alteraram recorrentemente os programas de Português. Talvez para fazerem passar por avanços de ciência o que na realidade não o é.
Mas a gramática e a sua nomenclatura têm também uma lógica e uma história.
Do mesmo modo que os Jerónimos ou a Batalha também não são a construção de lego com que uma criança possa brincar, ou mamarrachos que se possam alterar ou destruir à vontade. Nem a obra Os Maias pode ser trocada por uma versão facilitista, idiota dela. De facilitismo em facilitismo, de simplificação em simplificação, é inteligência que se atrofia e que matam.
A língua, organismo vivo, enriquecível pela interacção inevitável das culturas, não deixa de ser por isso a herança matricial que é, que tem de ser cuidada, ensinada e amada - escola é, sempre, a palavra-chave.
Por isso, a escrita, que reflecte essa natureza da língua, pode e deve ser actualizada. Mas no seu tempo e com critério, tocando-se nela com precisão cirúrgica, sem ferir a sua lógica, sem quebrar o fio agregador da sua origem e da sua história. Porque tal como todos os outros elementos que referi, tal como a História, é constitutiva e constituinte duma identidade humana, que é, na sua universalidade, singular. Porque tudo o que somos, pensamos ou fazemos é resultado duma cultura, isto é, "duma compreensão do mundo historicamente adquirida". Que devemos assumir e de nos devemos orgulhar.
Tão célere e surdamente que se impõe a pergunta metódica que deve ser colocada quando, entre nós, algo é decidido e imposto tão célere e surdamente: que interesses beneficiou este AO?
Devo declarar que muito boa gente lutou por este AO por muito boas razões, sobretudo de política cultural e mesmo económica, designadamente as relações, de vária natureza, com o Brasil, e a valorização da língua portuguesa na comunidade internacional. Na minha opinião, contudo, que os factos confirmam, não era correcta a avaliação que fizeram. E essas bem-intencionadas razões não deviam ter ignorado o desiderato que acima formulei.
Cidadãos do mundo, porque amar a nossa Terra não é incompatível, bem pelo contrário, com o sonho empolgante de podermos contribuir, com a oferta do que conseguirmos ser, da nossa diferença, para o progresso de todas as nações.
Argumentou Henrique Monteiro, no Expresso, que muitos milhares de miúdos já aprenderam as novas regras. Diz isso porque não tem reparado como escrevem hoje os alunos e... muitos professores. E está a esquecer os milhões de portugueses que não as aprenderam e nunca aprenderão. E se muitos miúdos as aprenderam, estão na idade perfeita para aprenderem o que deve ser ensinado.
Um dos danos mais profundos e irreversíveis deste AO, tal como acontecera com as sucessivas alterações absolutamente gratuitas na nomenclatura e na terminologia da gramática, foi separar os pais dos filhos, foi impedir que os apoiassem no estudo do Português. Como me aconteceu a mim há trinta e tal anos.
Não se “nasce” português, ou francês, ou chinês, qualquer um de nós, ser biológico, poderia ter nascido num lugar qualquer. E seria desse lugar. É-se verdadeiramente português, mais português, por se querer ser Português. Wenceslau de Moraes, por exemplo, escolheu ser japonês, e foi tão japonês, mais japonês, seguramente, do que muitos japoneses. Portugueses de Macau, como eu os conheci, mesmo sem nunca terem vindo a Portugal, são mais portugueses do que inúmeros cidadãos portugueses que aqui nasceram, cujos antepassados viveram desde sempre em Portugal.
Apagamento da História que foi fazendo com que as gerações que começam hoje a chegar aos 50 anos vivam, na generalidade, sem dimensão do passado, por isso sem sentimento do futuro. Num eterno presente em que só o egoísmo pode dominar.
"A minha pátria é a língua portuguesa", escreveu Pessoa. Neste sentido parece estarmos a tornar-nos rapidamente apátridas.
A negligência e a arbitrariedade com que se trata a língua e a escrita são o primeiro sinal da decadência de uma cultura e de uma nação.
Mas tudo depende da inteligência e da vontade dos homens. Por isso estou certo que Portugal será esse País por tantos de tantas gerações sonhado. Por isso combati persistentemente contra as ideias e os actos que livre e convictamente considerei adiarem esse desígnio, bem ao alcance dos Portugueses, não tenho dúvidas. Para que também nós, Portugueses, participemos de novo no destino de conhecimento e solidariedade que tem de ser o destino do Homem.
(1) Henrique Monteiro, Expresso, 7/5/16.
P.S.: Gosto muito de me ver representado pelo actual PR. O que não impede, naturalmente, que não subscreva a sua decisão de só intervir na questão do AO se este não obtiver a aprovação dos países que o não aprovaram.
Editor da Gradiva
Fonte:
Isto faz-me lembrar o tempo da PIDE.
Isto é grave. Gravíssimo. Coagir um deputado da Nação. E as opções são: ou vota com medo, ou contra os seus valores, ou tem de sair do Plenário do Parlamento.
Isto é a ponta de um iceberg chamado Acordo Ortográfico de 1990, e não vejo nenhum jornalista activo interessado em “escavá-lo” a fundo. Lá no fundo encontraremos todo o tipo de coacções, vigarices, depravações e manigâncias.
Se pensam que Portugal vive em Democracia, enganam-se.
Leiam e pasmem!
Em resposta a uma interpelação de Maria Alzira Seixo, no Facebook:
"Caríssima Maria Alzira. Devo esclarecer o assunto. Reforçando a minha discordância quanto ao AO90, além de ter saído do Plenário do Parlamento na ocasião da votação, escrevi então uma Declaração de Voto, publicada no Diário da Assembleia da República, I Série, que gostava que lesse; disseram-me não ter havido outra Declaração de Voto a este respeito. Confesso ter ficado com o profundo desgosto de não ter votado contra este documento essencial, mas acontece que eu, apesar de Independente e de me terem garantido liberdade de voto antes de ser deputada, fui depois sujeita diariamente a uma tortura de pressões a todos os níveis (colegas deputados, ministros) para não votar contra. Votei contra imensas vezes, com o que sofri uma série de represálias, e com o nervoso dei várias quedas, etc. Nesse dia, eu já tinha anunciado ir votar contra vários outros diplomas importantíssimos, o que fiz (o que não aconteceu com outro qualquer deputado) e ainda anunciei ir votar contra o AO90, mas lançaram-me uns olhares mortíferos... Se bem me lembro, por causa do AO90, da sala só saímos eu e o Luís Fagundes Duarte. O Manuel Alegre, e deputados de outras bancadas, votaram contra, e já lhes tenho manifestado o meu desgosto por não ter conseguido então fazer o mesmo. Como sempre tenho dito, devia ser revista, na prática, a questão, que julgo essencial, da disciplina de voto dos deputados, e foi por isso que eu não quis voltar a ser deputada. Contra o AO90, tenho depois feito tudo!"
(Nota: os excertos a negrito são da minha lavra, e para proteger a integridade física e moral da deputada em causa, o nome foi encoberto).
Fonte:
***
Pois aqui temos um precioso testemunho, de como as coisas funcionam no Parlamento Português. E não só em relação a esta matéria, mas em muitas outras de igual importância e de interesse primordial para a Nação.
Senhor presidente da República Portuguesa, como Chefe Supremo da Nação, não será chegado o momento de V. Excelência tomar uma posição firme, quanto a esta pouca vergonha?
Vossa Excelência sabe (ou não saberá?) que está a encobrir uma ilegalidade, e pior do que isso, a permitir que as inocentes crianças portuguesas estejam a ser enganadas e obrigadas a “levar gato por lebre”, nas escolas portuguesas?
E agora isto: coaCção*** contra Deputados da Nação!!!
*** Aproveito para esclarecer que, em Bom Português, o vocábulo coaCção (do Latim coactio) escreve-se com dois cês, com o significado de “acção ou resultado de COAGIR”, e lê-se cuáção.
Coação (de coar + sufixo ção), sem o cê mudo, significa “acção ou resultado de COAR”, e lê-se cuâção.
E se no Brasil coagir e coar são uma e a mesma coisa, isso é lá no Brasil… é lá com eles, os Brasileiros… Nós cá, somos Portugueses. É preciso não esquecer isso.
Isabel A. Ferreira
Assunto: a aplicação ilegal, em Portugal, do fraudulento Acordo Ortográfico de 1990.
Excelentíssimo Senhor Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República Portuguesa, começo por chamar a atenção de V. Excelência para o que diz este meu colega brasileiro, acerca do acordo ortográfico: «Avacalharam a Língua Portuguesa», e o resto é a mais pura verdade, dita por um brasileiro, que escreve acção, como deve ser escrita.
Nenhuma outra palavra define tão bem o que fizeram à minha (não, ao que parece, à de V. Excelência) Língua Materna. O termo “avacalhar” significa enxovalhar, rebaixar, ridicularizar, e V. Excelência, como representante máximo da Nação Portuguesa, está a contribuir para esse enxovalhamento, esse rebaixamento, essa ridicularização da Língua, ao remeter-se ao silêncio, diante do caos instalado, e ao utilizar a ortografia enxovalhada no Site Oficial da Presidência da República.
Uma vez mais ouso escrever a V. Excelência, sempre na esperança de que possa obter uma resposta, pois além de toda a carta merecer uma resposta (faz parte da educação), todos os cidadãos têm direito a ela, quando interpelam aqueles que foram eleitos para servir o Povo, até porque é o Povo que lhes paga o salário e os subsídios, e quando se ganha 6,668.91€, é preciso mostrar serviço, ou seja, representar e defender a República Portuguesa, ser garante da independência nacional, da unidade da Nação e do Estado e do regular funcionamento das instituições, e pugnar pelos interesses do País, defender a sua identidade e os seus símbolos e não se deixar levar pelos interesses dos estrangeiros.
Por exemplo, a instituição Escola não está a cumprir a missão para a qual foi instituída, uma vez que burla as crianças portuguesas, pondo-as em desvantagem face às restantes crianças europeias, ao lhes impingirem a ortografia brasileira, como a grafia materna delas. Algo inconcebível e inacreditável. Nenhum outro país no mundo o faz.
As crianças portuguesas têm o direito a um ensino de qualidade (está consignado na CRP), a começar pela Língua Materna, que é a base de todo o restante ensino. A nenhuma criança europeia é ensinada, nas escolas, as variantes das Línguas Maternas delas. Porquê as crianças portuguesas têm de ser excepção, e se afastarem da sua Cultura e da sua Língua? Isto não constituirá um crime de lesa-infância, Senhor Presidente?
O Senhor Presidente não saberá, como parece não saber, devido à postura que tem tomado em relação a esta questão, inclusive mantendo o Site Oficial da Presidência da República Portuguesa cheio de erros ortográficos (é caso único no mundo) que o AO90 é:
- inconstitucional?
- ilegal?
- juridicamente nulo?
- não unifica as ortografias da Língua Portuguesa?
- está repleto de falhas técnicas, das mais grosseiras que possamos imaginar?
- promove a mixórdia ortográfica amplamente já propagada?
- é contrário ao conceito de norma ortográfica?
- destrói relações entre palavras?
- tem implicações ao nível fonético, e os que o aplicam pronunciam mal as palavras às quais foram suprimidas as necessárias consoantes mudas?
- não foi alvo de discussão alargada na comunidade científica linguística?
- em nada contribui para o prestígio e a expansão da Língua Portuguesa?
- tem custos para o Estado nunca estimados, mas calcula-se sejam na ordem das dezenas de milhões de euros?
- não foi alvo de qualquer estudo de impacto?
- não foram consideradas as doutas avaliações negativas dos Portugueses, Brasileiros e Africanos de expressão portuguesa?
Senhor Presidente, saberá V. Excelência que:
- a Língua Portuguesa anda por aí espezinhada, mal escrita, mal falada, mal ensinada?
- em Portugal, o país europeu com a maior taxa de analfabetismo, está a formar-se uma geração de semianalfabetos, analfabetos funcionais, aqueles que aprenderão os rudimentos da escrita e da leitura, mas não serão capazes de ler e escrever correCtamente a sua própria língua, mas saberão ler e escrever correCtamente o Inglês, o Francês e o Castelhano que aprendem nas escolas portuguesas?
- o que se lê por aí na comunicação social (felizmente nem toda), e nos ofícios e mensagens estatais, é uma escrevinhada na mais vergonhosa e pobre ortografia?
- o caos ortográfico está instalado em Portugal.
É isto que V. Excelência pretende para o nosso País?
É consentindo nesta ilegalidade da aplicação da ortografia brasileira que defende a Constituição da República e a identidade portuguesas?
O que é que impede V. Excelência de dar um murro na mesa, como deu no caso dos incêndios de Pedrógão Grande?
Que pacto de silêncio é este a que V. Excelência está vinculado?
Quem e que interesses servirão os governantes portugueses?
Senhor Presidente, esta é uma questão grave. Gravíssima. Está em causa a identidade portuguesa e a violação do direito de as crianças portuguesas terem acesso ao ensino da sua Língua Materna, culta e europeia.
Por isso exigimos uma tomada de posição clara e inequívoca. Exigimos uma resposta. Temos o direito a ela, e V. Excelência tem o dever de a dar.
Exigimos que V. Excelência defenda a legalidade e a Constituição da República Portuguesa, que jurou defender.
Basta de fazer de parvos os Portugueses!
Basta de enganar as nossas crianças!
Basta de promover o caos ortográfico!
Exigimos que devolvam a Portugal a Grafia Portuguesa, culta e europeia!
Para terminar, sugiro a V. Excelência que fixe bem o que diz Vasco Graça Moura, e leia, nestes links, o que pensam os lusófonos cultos (portugueses, brasileiros e africanos de expressão portuguesa) desta que é a maior fraude da nossa História:
http://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/o-que-os-portugueses-cultos-pensam-33885
http://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/o-que-os-brasileiros-cultos-pensam-8246
http://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/o-que-os-africanos-cultos-de-expressao-37150
Com os meus cumprimentos,
Isabel A. Ferreira
Já não é a primeira vez que, nas legendas de telejornais e filmes, me deparo com o “chapeuzinho” em palavras que deveriam levar acento agudo, como em económico, quilómetro e outras que tais assim…
Também já ouvi uma jornalista portuguesa pronunciar “Ôpção” entre outros ÔS que tais…
Por vezes, parece-me que ainda permaneço no Brasil…
É que não é só a ortografia, é também a oralidade, que já começa a infiltrar-se furtivamente… como quem não quer a coisa.
E é os oi, em vez dos olá; e é o né, em vez do não é?
Além de, segundo a nova e parva teoria acordizada, se retirar o acento em “pára” forma do verbo parar, que se confunde com a preposição “para”, vamos também começar a substituir os acentos agudos por acentos circunflexos à moda brasileira?
Vamos dizer António, e escrever Antônio? Ou começamos a pronunciar quilômetro ou econômico para justificar o “chapeuzinho” nas legendas?
Eu não tenho nada contra esta linguagem. Mas esta linguagem pertence aos Brasileiros, não aos Portugueses.
E querem que acreditemos que a “língua” que andam a impingir nas escolas portuguesas às crianças portuguesas é a Portuguesa? A culta? A europeia?
E com isto não quero dizer que a linguagem brasileira, falada e escrita, é inculta. Mas não é a europeia.
Que balbúrdia é esta?
Os Brasileiros Cultos estão perplexos com esta subserviência de Portugal à ortografia brasileira, fazendo comentários tais como «os Portugueses nem sequer sabem cuidar do que é deles». Pois não sabem.
É vergonhoso o que se passa nos sites oficiais dos governantes portugueses, incluindo o do Presidente da República Portuguesa: cheios de erros ortográficos.
Dêem uma voltinha pelos sites dos países que têm relações diplomáticas com Portugal, e pasmem: está tudo escrito em Língua Portuguesa, culta e europeia.
Envergonho-me dos governantes do meu País, sem brio, sem patriotismo, sem dignidade, sem a mínima noção dos deveres para com a Nação, uns autênticos capatazes ao serviço de um país estrangeiro.
Tenham vergonha, deixem de ser servis, porque até aqueles que vós servis vos menosprezam pelo desamor que têm pelas coisas de Portugal.
Isabel A. Ferreira
… anda por aí a infectar a Língua Portuguesa sem que ninguém de direito tome urgentes medidas terapêuticas para o eliminar, estando a dar um prejuízo incalculável à Nação e a comprometer a saúde da Língua Pátria…
Portugal não tem de pagar esta conta.
Portugal não tem de pagar por este crime de lesa-língua, lesa-pátria e lesa-infância.
Portugal não tem de encher os bolsos aos vigaristas, aos oportunistas, aos corruptos que por aí espalharam este vírus… maliciosamente... Nem ser capacho de ninguém.
Quem cometeu este delito terá de arcar com as consequências.
«Em Portugal, fazem-se estudos de "impacto" e de custo-benefício para tudo. Menos para o "Acordo Ortográfico" de 1990. Até hoje, ninguém sabe os custos da mudança. ("Tradutores contra o Acordo Ortográfico" de 1990)»
A pena mínima para os que cometeram este linguicídio será ficar com o prejuízo. A máxima, será a prisão, por um bom período de tempo, porque não é impunemente que se mata a Língua Pátria, se enxovalha o símbolo maior da Identidade de um Povo e se insulta a inteligência dos Portugueses.
Eça de Queiroz, um dos maiores estilistas da Língua Portuguesa, e também um visionário e um acérrimo crítico do sistema político da sua época, escreveu no seu livro «As Farpas», em 1872, algo que parece ter sido escrito em 2016 (ou talvez um pouco antes, em 2011) a propósito do que se passa em Portugal:
«Nós estamos num estado comparável apenas à Grécia: a mesma pobreza, a mesma indignidade política, a mesma trapalhada económica, a mesma baixeza de carácter, a mesma decadência de espírito. Nos livros estrangeiros, nas revistas quando se fala num país caótico e que pela sua decadência progressiva, poderá vir a ser riscado do mapa da Europa, citam-se em paralelo, a Grécia e Portugal.»
Pois Portugal está em vias de ser riscado da Europa culta, pela decadência em que se encontra o símbolo maior da sua Identidade: a Língua Materna.
Nesse mesmo ano, Eça de Queiroz escreveu ainda:
«Em Portugal não há ciência de governar nem há ciência de organizar a oposição. A Ciência de governar é neste país uma habilidade, uma rotina do acaso, diversamente influenciada pela paixão, pela inveja, pela intriga, pela vaidade, pela frivolidade e pelo interesse. A política é uma arma em todos os pontos revolta pelas vontades contraditórias. Todos os homens inteligentes, nervosos, ambiciosos querem penetrar na arena, ávidos de consideração e de dinheiro, insaciáveis de gozos da vaidade».
Em Portugal não há ciência nem de governar, nem de coisa nenhuma. Anda-se à deriva, ao sabor de vontades alheias à vontade da esmagadora maioria dos Portugueses, dos sábios, dos lúcidos, dos entendedores do ofício.
Em 1867, no jornal por ele fundado, «O Distrito de Évora», Eça escreveu estas palavras actualíssimas, à excepção da primeira frase (que comento a negrito):
«Ordinariamente todos os ministros são inteligentes (hoje, nem por isso), escrevem bem (hoje, é uma desgraça), discursam com cortesia e pura dicção (hoje, é o oposto), vão a faustosas inaugurações e são excelentes convivas. Porém, são nulos a resolver crises. Não têm a austeridade, nem a concepção, nem o instinto político, nem a experiência que faz o ESTADISTA. É assim que há muito tempo, em Portugal, são regidos os destinos políticos. Política de acaso, política de compadrio, política de expediente. País governado ao acaso. Governado por vaidades e por interesses, por especulação e corrupção, por privilégio e influência de camarilha, será possível conservar a sua independência»?
É assim que há muito tempo, em Portugal, são regidos os destinos políticos…
Há tanto tempo que até mete dó…
Precisamos dar um novo rumo a este país, que marca passo há tão longos e desditosos anos, e no que diz respeito ao vírus AO90 precisamos de eliminá-lo urgentemente, porque a Língua Portuguesa, europeia e culta, está gravemente enferma e em vias de perecer…
Isabel A. Ferreira
. Transladação de Eça de Qu...
. «Degradação da Língua Por...
. A Mixórdia Ortográfica Po...
. Urgente: "rececionisto" p...
. A obscura questão do AO90...
. Um vírus altamente contag...
. AO90 ou a subversão do co...
. A idiotice dos que adopta...