Mais um texto que explica, muito bem explicadinho, as aventuras insólitas do AO90 e de algo muito importante: nos finais do século XVIII e início do XIX, Portugal foi o único país da Europa que se esqueceu de elaborar um dicionário para fixar a Língua. O ÚNICO.
Por António Fernando Nabais
«A imagem é do Jornal de Notícias, um dos muitos jornais que acreditam ter adoptado o acordo ortográfico, optando, ainda assim, por acentuar graficamente a terceira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo “parar”.
No meio das muitas facultatividades delirantes (porque, em ortografia, o aumento de facultatividades é delirante), o chamado acordo ortográfico, aqui, é muito claro: “(…) deixam de se distinguir pelo acento gráfico: para (á), flexão de parar, e para, preposição” (Base IX, art. 9º).
Segundo o AO90, a primeira afirmação – “Salvio para a história” – está impecável. Se for verbo, a frase ganha uma força poética; se for preposição, Salvio vai em direcção a um lugar em que merece estar.
No caso de Felipe, segundo o AO90, há um erro, o que se pode relativizar se pensarmos que o AO90 é um erro.
Há uns anos, Rui Tavares defendia o AO90 e o direito a escrever “pára”, defendendo, portanto, que a ortografia não tem importância nenhuma, juntando-se a intelectuais da dimensão de Santana Lopes e de Maria João Marques.
Quando se fizer a história da ortografia em Portugal, o JN ficará do lado errado.
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Comentário:
Elvimonte
As línguas evoluem por via erudita e por via popular. À evolução por via popular preside a lei do menor esforço. Que interessam a etimologia e os étimos, quando duas consoantes consecutivas dão muito trabalho a pronunciar? As palavras “adivogado”, “onipresente” e “onipotente”, a primeira do brasileiro popular e as restantes do brasileiro (já?) erudito, caem nesta categoria.
Mas não se pense que a lei do menor esforço não assume um carácter mais universal. Em finais do século XVIII e início do seguinte, já todas as Reais Academias por essa Europa fora tinham elaborado os primeiros dicionários, que viriam a fixar as respectivas línguas. Todas? Todas excepto a Real Academia Portuguesa, que nunca passou do “A” (não me esqueci das invasões francesas e da ida da corte para o Brasil). Sem a língua fixada, entrou-se numa deriva que permitiu ao português ser a língua europeia com mais reformas nos últimos 200 anos. E, regra geral, todas deram primazia à lei do menor esforço, em detrimento de regras fundamentadas e da clareza.
Fonte:
«O «acordo ortográfico» é como aqueles bêbedos chatos que aparecem sem ser convidados: entra, instala-se e não pára de incomodar; mas – por piedade, temor ou excesso de civilidade – ninguém se atreve a pô-lo na rua.»
Viriato Teles no seu melhor.
Texto de Viriato Teles
«Uma boa notícia chegou de Luanda, onde esta semana a Academia Angolana de Letras pediu formalmente ao governo de João Lourenço que não ratifique o AO. Se seguida a sugestão, como se espera, Angola dará um passo decisivo para reverter um «acordo» que, como sublinha a AAL, «trouxe mais problemas do que resolveu».
Com uma lucidez que não se tem revelado nas instituições de aquém-mar, os angolanos colocam o dedo na ferida: «Face aos constrangimentos identificados e ao facto de não ser possível a verificação científica dos postulados de todas as bases do AO, factor determinante para a garantia da sua utilização adequada, a AAL é desfavorável à ratificação por parte do Estado angolano.»
As razões apresentadas são as mesmas que, por cá, os vários grupos de resistência cívica ao «acordo» têm sublinhado, com destaque para o «número elevado de excepções à regra» (as absurdas «facultatividades») que «não concorre para a unificação da grafia do idioma, não facilita a alfabetização e nem converge para a sua promoção e difusão».
A melhor definição do AO ouvi-a ao humorista brasileiro Gregório Duvivier: «O acordo ortográfico é como a tomada de três pinos: criou uma solução para um problema que não havia.»
Só que o problema, que não havia antes, passou a existir depois.
A confusão instalou-se, alastrou à semântica e à sintaxe, e na formulação escrita da língua portuguesa passou a vigorar a regra do «faz-como-te-der-jeito» – aliás uma constante em documentos oficiais, a começar pelo Diário da República, onde diariamente coincidem na mesma frase as ortografias de antes e de depois do «acordo», e às vezes até outras, inventadas ou induzidas pelo caos em volta.
A verdade é que, tirando Malaca Casteleiro e os seus prosélitos, é quase impossível encontrar defensores do «acordo». Porque é comprovadamente mau e ninguém gosta dele, nem sequer os que, por funções de Estado, se sentem no dever de o aplicar. Só tem faltado quem tenha a coragem de dar o primeiro passo para lhe pôr fim.
É um assunto incómodo para o governo, mesmo se, nele, o vate que ministra na Cultura assobia para o lado porque tanto se lhe dá escrever assim como assado. Felizmente o mesmo não pensa o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, que até faz parte do grupo de Professores Contra o Acordo Ortográfico, no Facebook. Não chega, mas é um bom princípio.
Mas este é também um tema desconfortável para a oposição. Afinal, o «acordo» foi impulsionado politicamente, em Portugal, por duas das mais labruscas figuras que geriram o país e a cultura dele (Cavaco e Santana, sim, é bom lembrar) e atravessou a inércia dos sucessivos governos desde então. No parlamento, apenas o PCP levantou reservas e recentemente propôs a reversão. Os demais, à direita e à esquerda, continuam a preferir varrer a areia para debaixo do tapete.
Talvez o impulso da Academia Angolana de Letras ajude Portugal a, de uma vez por todas, encarar a questão de frente, colocando-lhe o ponto final que merece. Querem fazer um acordo? Pois então comecem por concordar em acabar com este, que não tem ponta por onde se lhe pegue.
(Em jeito de nota de rodapé, esclareça-se que a tomada de três pinos referida no texto foi adoptada como norma no Brasil, poucos anos atrás, como parte de um «plano de segurança» da rede eléctrica nacional. Um plano que, tal como o AO se revelou inútil – porém muito lucrativo para a indústria de material eléctrico, e particularmente para a multinacional que esteve na origem da criação deste suposto «sistema de segurança». Que não é eficaz e mais ninguém usa, mas potencialmente obrigou à substituição de tomadas em 60 milhões de casas em todo o Brasil, operação que terá movimentado para cima de 1400 milhões de reais, algo como 325 milhões de euros. Qualquer semelhança com os negócios que o AO gerou é, naturalmente, mera coincidência.)»
Fonte:
https://www.rtp.pt/noticias/opiniao/viriato-teles/o-acordo-que-ninguem-quer_1104494
Texto lúcido, publicado no Blogue Luminária
«Não ao "acordo" ortográfico e não à "gramática modernaça"
ACORDO ORTOGRÁFICO: ACABAR JÁ COM ESTE ERRO ANTES QUE FIQUE MUITO CARO
O acordo ortográfico é uma decisão política e como tal deve ser tratado. Não é uma decisão técnica sobre a melhor forma de escrever português, não é uma adaptação da língua escrita à língua falada, não é uma melhoria que alguém exigisse do português escrito, não é um instrumento de cultura e criação.
É um acto político falhado na área da política externa, cujas consequências serão gravosas principalmente para Portugal e para a sua identidade como casa-mãe da língua portuguesa. Porque, o que mostra a história das vicissitudes de um acordo que ninguém deseja, fora os governantes portugueses, é que vamos ficar sozinhos a arcar com as consequências dele.
O acordo vai a par do crescimento facilitista da ignorância, da destruição da memória e da história, (e das importantes raízes linguísticas ao latim e grego, que são também partilhadas pelas várias línguas ocidentais: alemão, inglês, francês, italiano, castelhano, galego, 'hispânico', ...) de que a ortografia é um elemento fundamental, a que assistimos todos os dias. E como os nossos governantes, salvo raras excepções, pensam em inglês “economês”, detestam as humanidades, e gostam de modas simples e modernices, estão bem como estão e deixam as coisas andar, sem saber nem convicção.
O mais espantoso é que muitos do que atacaram o “eduquês” imponham este português pidgin, infantil e rudimentar, mais próximo da linguagem dos sms, e que nem sequer serve para aquilo que as línguas de contacto servem, comunicar. Ninguém que saiba escrever em português o quer usar, e é por isso que quase todos os escritores de relevo da língua portuguesa, sejam nacionais, brasileiros, angolanos ou moçambicanos, e muitas das principais personalidades que têm intervenção pública por via da escrita, se recusam a usá-lo. As notas de pé de página de jornais explicando que, “por vontade do autor”, não se aplicam ao seu texto as regras da nova ortografia são um bom atestado de como a escrita “viva” se recusa a usar o acordo. E escritores, pensadores, cronistas, jornalistas e outros recusam-no com uma veemência na negação que devia obrigar a pensar e reconsiderar.
Se voltarmos ao lugar-comum em que se transformou a frase pessoana de que a “minha pátria é a língua portuguesa”, o acordo é um acto antipatriótico, de consequências nulas no melhor dos casos para as boas intenções dos seus proponentes, e de consequências negativas para a nossa cultura antiga, um dos poucos esteios a que nos podemos agarrar no meio desta rasoira do saber, do pensar, do falar e do escrever, que é o nosso quotidiano.
Aos políticos que decidiram implementá-lo à força e “obrigar” tudo e todos ao acordo, de Santana Lopes a Cavaco Silva, de Sócrates a Passos Coelho, e aos linguistas e professores que os assessoraram, comportando-se como tecnocratas ("iluminados" e fanáticos) – algo que também se pode ter do lado das humanidades, normalmente com uma militância mais agressiva até porque menos "técnicas" são as decisões –, há que lembrar a frase de Weber que sempre defendi como devendo ser inscrita a fogo nas cabeças de todos os políticos: a maioria das suas acções tem o resultado exactamente oposto às intenções. O acordo ortográfico é um excelente exemplo, morto pelo “ruído” do mundo. O acordo ortográfico nas suas intenções proclamadas de servir para criar uma norma do português escrito, de Brasília a Díli, passando por Lisboa pelo caminho, acabou por se tornar irritante nas relações com a lusofonia, suscitando uma reacção ao paternalismo de querer obrigar a escrita desses países a uma norma definida por alguns linguistas e professores de Lisboa e Coimbra.
O problema é que sobra para nós, os aplicantes solitários da ortografia do acordo. O acordo, cuja validade na ordem jurídica nacional é contestável, que nenhum outro país aprovou e vários explicitamente rejeitaram, só à força vai poder ser aplicado. A notícia recente de que, nas provas – que acabaram por não se realizar – para os professores contratados, um dos elementos de avaliação era não cometerem erros de ortografia segundo a norma do acordo mostra como ele só pode ser imposto por Diktat, como suprema forma de uma engenharia política que só o facto de não se querer dar o braço a torcer explica não ser mudado.
Porém, começa a haver um outro problema: os custos de insistirem no acordo. A inércia é cara e no caso do acordo todos os dias fica mais cara. A ideia dos seus defensores é criar um facto consumado o mais depressa possível. É esta a única força que joga a favor do acordo, a inércia que mantém as coisas como estão e que implica custos para o nosso défice educativo e cultural.
É o caso dos nossos editores de livros escolares que começaram a produzir manuais conforme o acordo e que naturalmente querem ser ressarcidos dos seus gastos. Mas ainda não é um problema insuperável e, acima de tudo, não é um argumento. Passado um período de transição, pode voltar-se rapidamente à norma ortográfica vigente e colocar o acordo na gaveta das asneiras de Estado, junto com as PPP e os contratos swaps, e muita da “má despesa”. Porque será isso que o acordo será, se não se atalhar de imediato os seus estragos no domínio cultural.
O erro, insisto, foi no domínio da nossa política externa com os países de língua portuguesa, e esse erro é hoje mais do que evidente: os brasileiros, em nome de cuja norma ortográfica foram introduzidas muitas das alterações no português escrito em Portugal, nunca mostraram qualquer entusiasmo com o acordo e hoje encontram todos os pretextos para adiar a sua aplicação. No Brasil já houve vozes suficientes e autorizadas para negar qualquer validade a tal acordo e qualquer utilidade na sua aplicação. Os brasileiros que têm um português dinâmico, capaz de absorver estrangeirismos e gerar neologismos com pernas para andar muito depressa, sabem que o seu “português” será o mais falado, mas têm a sensatez de não o considerar a norma.
Nós aqui seguimos a luta perdida dos franceses para a sua língua falada e escrita, também uma antiga língua imperial hoje em decadência. Querem, usando o poder político e o Estado, manter uma norma rígida para a sua língua para lhe dar uma dimensão mundial que já teve e hoje não tem. Num combate insensato contra o facto de o inglês se ter tornado a língua franca universal, legislam tudo e mais alguma coisa, no limite do autoritarismo cultural, não só para protegerem as suas “indústrias” culturais, como para “defender” o francês do Canadá ao Taiti. Mas como duvido que alguém que queira obter resultados procure no Google por “logiciel”, em vez de “software”, ou “ordinateur”, em vez de “computer”, este é um combate perdido.
Está na hora de acabar com o acordo ortográfico de vez e voltarmos a nossa atenção e escassos recursos para outros lados onde melhor se defende o português, como por exemplo não deixar fechar cursos sobre cursos de Português nalgumas das mais prestigiadas universidades do mundo, ter disponível um corpo da literatura portuguesa em livro, incentivar a criatividade em português ou de portugueses e promover a língua pela qualidade dos seus falantes e das suas obras. Tenho dificuldade em conceber que quem escreve aspeto – o quê? – em vez de aspecto, em português de Portugal, o possa fazer. (- por JPPereira, Abrupto, 17/2/2014)
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«Este blog ainda não adoptou o acordo ortográfico. O autor prefere escrever com erros pessoais a fazê-lo com erros oficiais.» - LNT
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Também muitas das alterações gramaticais são a afirmação de uns pseudo linguistas modernaços que se se aliaram ao poder político para se afirmarem e retirarem benefícios pessoais à custa da maioria dos cidadãos, sejam docentes, alunos, pais, técnicos, ... - que de um momento para o outro, com a adopção de nova nomenclatura/classificação das várias componentes das frases e suas inter-relações, passaram a ser rotulados como incompetentes/desconhecedores dos mecanismos e regras de análise, interpretação e uso da língua. Raios os partam!!»
Fonte:
https://luminaria.blogs.sapo.pt/nao-ao-acordo-ortografico-e-nao-a-968591
Todos sabemos que Pedro Santana Lopes é um dos predadores da Língua Portuguesa, e que ficará para a História como tal, pois este foi o seu feito mais imperfeito e mais desastroso para Portugal.
Santana Lopes costuma escrever umas crónicas para o jornal Económico, onde aplica o mixordês, gerado pela sua ousadia de tramar o Português.
(O texto é um pouco longo, mas vale a pena ler até ao fim, para se poder compreender o imbróglio chamado AO90.
Origem da foto: https://ionline.sapo.pt/583565
Desta vez, num texto publicado no passado dia 5 de Setembro, sob o título “Caixa de Pandora” Santana Lopes escreveu em Bom Português, com todos os pês e cês no devido lugar. Porém, no final do artigo, espantosamente, lê-se «artigo em conformidade com o novo acordo ortográfico».
Depois de ter contribuído para o caos ortográfico, para o mixordês que por aí se vê, o senhor regressou ao colo materno, ou escreveu o texto grafado à portuguesa, por engano?
Muito bem, Dr. Santana Lopes. Até gostei de ler o texto em Bom Português. Passei por cima do conteúdo, porque a minha preocupação, neste momento, é a Língua Portuguesa grafada à brasileira, simplesmente porque o senhor assinou umas papeladas que condenou à morte a minha Língua Materna.
E os seus motivos foram inacreditáveis. A história conta-se num artigo publicado em Junho de 2016, no jornal acordizado SOL.
Estávamos no tempo em que Marcelo Rebelo de Sousa tinha acabado de visitar Moçambique, onde admitiu reabrir a questão do Acordo Ortográfico. «Foi o pior momento dele desde que assumiu funções», considerou Santana Lopes. Porquê? Porque MRS disse algo que devia ter feito e não fez? Porque quando ele chegou a Portugal o mandaram calar, e ele calou-se? Só assim se justifica o pior momento de Marcelo Rebelo de Sousa, um pior momento que perdura até aos dias de hoje.
Ainda hoje ouvi MRS dizer na SIC que os Portugueses têm o direito de saber o que se passou no incêndio de Pedrógão, com todos aqueles mortos.
Os Portugueses têm o direito de saber isso, e não têm o direito de saber o que está a passar-se com a ilegalidade da aplicação do AO90? Pois os Portugueses TAMBÉM têm o direito de saber (e isso já lhe foi perguntado centenas de vezes) o porquê de ele não estar a cumprir a Constituição da República Portuguesa e não manda eliminar o AO90, como é da sua competência, uma vez que o AO90 está a ser aplicado ILEGALMENTE em Portugal. E ele remete-se a um estrondoso silêncio. O que tem ele a esconder?
Ora, Santana Lopes conta ao Sol que estava no emblemático Empire State Building, em Nova Iorque, quando viu algo que não lhe agradou: «Lá em baixo havia uma placa a dizer: ‘Vídeo disponível em alemão, inglês, italiano, espanhol, brasileiro com a bandeira do Brasil. Confesso que fiquei transtornado». Disse Santana. E agora vem o mais inconcebível: e foi precisamente para evitar que a Língua Portuguesa fosse ‘engolida’ pelo português do Brasil que, ele, Pedro Santana Lopes, se empenhou pela assinatura do Acordo Ortográfico de 1990.
Falhou-me aqui alguma coisa?
Para evitar que a Língua Portuguesa fosse “engolida” pelo Dialecto Brasileiro (é assim que devemos identificar o que se escreve e fala no Brasil, porque é errado dizer português do Brasil, isso não existe, podem consultar o especialista em dialectologia portuguesa, Leite de Vasconcelos) Santana Lopes foi pôr a Língua Portuguesa precisamente na boca do lobo, isto é, grafada à brasileira, para ser engolida mais facilmente? Isto faz algum sentido?
Agora sabe o que temos? Temos a grafia brasileira, em Portugal, com a bandeirinha portuguesa, o que é ainda mais de transtornar, porque o tal vídeo estava disponível em brasileiro, e a bandeira era a brasileira, a condizer. Em Portugal grafa-se à brasileira, com a bandeirinha a não condizer, a portuguesa.
(Veja-se nesta imagem, que captei no Dino Parque da Lourinhã, as informações com as respectivas bandeirinhas. Em Castelhano, Inglês e Francês o enunciado está a condizer com a bandeira, excePto o Português, porque em Português escrevemos e dizemos inseCtos (insétus), não insetos (insêtus) à brasileira, se bem que os brasileiros abram as consoantes em todas as circunstâncias. Nas línguas europeias escreve-se inseCto (Português e Castelhano), inseCt (Inglês) e inseCte / inseCtivore (Francês). Daí que a bandeirinha neste quadro está incorrecta, no que a Portugal diz respeito. Devia lá estar a bandeira brasileira. E assim se enganam os portugueses e os estrangeiros, que não reconhecem aqueles INSETOS (insÊTos) como sendo portugueses.
No mesmo artigo, Santana Lopes ainda tem o desplante de dizer que «ver o Acordo Ortográfico como uma cedência ao Brasil é um disparate». Chamar a esta mais pura verdade um disparate, é que é um monumental disparate.
Que visão mais distorcida o senhor tem da realidade, que salta à vista até do mais analfabeto dos analfabetos!
E uma vez que comecei a contar esta história, vou contar o resto.
Santana Lopes disse ao SOL que “perdeu muitas horas de sono a pensar se devíamos fazer o Acordo», mas a partir do momento em que ficou convencido trabalhou afincadamente para conseguir que outros países de Língua Portuguesa o aceitassem. Ainda bem que esse afincadamente não foi eficaz, nem podia ser, porque substituir uma Língua íntegra, por uma Variante, na forma grafada, é uma atitude absolutamente retrógrada, que nenhum país livre, que se preze de o ser, se sujeita a tomar. E os que a tomaram desistiram dela, logo que viram o erro.
Vamos recordar os meandros desta falta de visão de Estado, que faz com que Portugal ande a rastejar, como um lagarto, no chão que o Brasil pisa.
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Em conversa com o SOL, o antigo secretário de Estado da Cultura, que foi incumbido por Cavaco Silva de conduzir politicamente o processo, recorda os bastidores da assinatura do polémico Acordo e a resistência, «muitas vezes misturada com desprezo», que encontrou no Brasil.
SOL - De quem partiu a ideia de fazer este Acordo?
Santana Lopes (SL) - Já tive ocasião de dizer isso publicamente. Quando o professor Cavaco Silva me convidou [para secretário de Estado da Cultura], esta foi uma das três tarefas principais de que me encarregou. E com base nessa ideia: «Ou conseguimos mobilizar os nossos parceiros para esta causa ou, lá para meio do século XXI, o português vai ser o latim do século XX’.
Isto é de uma ignorância infinita. É de quem não vê um palmo adiante do nariz. Lá para o meio do século XXI, pelo andar da carruagem, a Língua Portuguesa terá desaparecido do mapa (a não ser que os africanos a segurem) e ter-se-á imposto a Variante Brasileira, com o nome de Língua Brasileira. E só não vê isto quem é muito cego mental, ou está a lucrar mundos e fundos, porque as evidências são claríssimas. (IAF)
SOL - O que fazia prever isso?
SL - Muita gente acha que o Prof. Cavaco só tem defeitos, mas tenho de dizer que é um estadista, um homem com visão – e até estou à vontade para falar das qualidades dele, porque, como é sabido, hoje não temos uma relação propriamente próxima. Na altura, ele disse-me: ‘Você vai aos leitorados das universidades em vários países do mundo e tem brasileiros, não tem portugueses. Vai a organizações internacionais e os tradutores são brasileiros, não são portugueses. O Brasil tem 200 milhões de pessoas, portanto cada vez mais o português usado vai ser o português do Brasil. Acho que é uma obrigação patriótica, nacional, lutarmos por um acordo sobre a língua’.
Mas há quem ache que é desnecessário haver um acordo. O Reino Unido, por exemplo, não tem um acordo com os Estados Unidos.
Pois não. Não precisam! Eles têm uma dimensão tal que querem lá saber se os EUA falam com sotaque americano ou escrevem não sei como… Mas Portugal não tem esse estatuto nem esse peso. Por isso é que existe uma necessidade acrescida de um acordo.
Como é possível dizer uma coisa destas?
O que interessa a Portugal que os brasileiros sejam milhões a falar e a escrever e a expandir a Variante Brasileira do Português? Temos alguma coisa com isso? Precisamos de ir a reboque de uma ex-colónia para que sejamos vistos e ouvidos e lidos no mundo? Precisamos desta subserviência? Por alma de quem? Que raio de obrigação patriótica é esta? Trocar uma Língua pela Variante de uma ex-colónia, na sua forma grafada, apenas para que nas universidades do mundo, os brasileiros continuem a ser brasileiros e nós nada?
Acham que substituir a grafia portuguesa pela grafia brasileira vai catapultar-nos como um povo livre no mundo? E ficamos a ser muitos e importantes, porque trocámos a nossa Língua pela Variante da ex-colónia, que se tornará na Língua Brasileira mais dia, menos dia?
Isto é surreal! (IAF)
SOL - Como foi o processo de negociação dos termos do Acordo? Obrigou-o a viajar pelos países da CPLP?
SL - Não. No caso dos parceiros africanos, eles vinham cá. Ao Brasil fui duas vezes, uma vez com o Prof. Cavaco Silva, e outra quando o Dr. Antônio Houaiss era ministro da Cultura. O mais difícil foi a ida ao Senado Brasileiro e à Academia Brasileira.
SOL - Porquê? Mandavam-lhe bocas?
SL - Não, não! Por causa dos artigos nos jornais.
SOL - Eram violentos?
SL - Alguns muito violentos. Havia uns intelectuais, sobretudo escritores, que escreviam palavras de desconsideração para com Portugal e para com o Acordo. Não foi um ambiente hostil, mas foi uma missão difícil. Na altura era presidente da Academia Brasileira um senhor que se chamava Austregésilo de Athayde, que tinha quase cem anos, uma figura venerada. Nunca se sabia se estava acordado ou a dormir. Enquanto eu discursava, ia olhando para ele, até que percebi que ele estava sempre a ouvir tudo. No final bateram-me umas palmas tímidas. Foram educados, mas foi um processo difícil.
Pudera! Os Brasileiros cultos e lúcidos são os próprios a considerar um absurdo os Portugueses sujeitarem-se a uma coisa destas: substituir uma Língua pela Variante deles deles. Só um povo parvo e submisso o faz. (IAF)
SOL - Os portugueses acham que estão a abrir mão da sua forma de escrever, mas os brasileiros também tinham muitas reservas, é isso?
SL - Muitos portugueses não fazem ideia – e eu também não fazia, só passei a fazer quando me envolvi nesse processo – da aversão que existe em muitos setores da sociedade brasileira.
SOL - Houve resistência?
SL - Houve, nomeadamente numa certa elite intelectual brasileira, e muitas vezes misturada com um desprezo pelas pretensões de Portugal. Portanto esta ideia bacoca de que isto é uma cedência ao Brasil é um disparate sem pés nem cabeça.
Esquece-se Santana Lopes que não se está a ceder a certa elite intelectual brasileira, está a ceder-se aos políticos marxistas brasileiros que querem acabar com o passado e colonizar Portugal através da Língua, das novelas, da música… etc.. Não nos esqueçamos de que o AO90 teve origem com Antônio Houaiss , e mais tarde foi engendrado por Evanildo Bechara (brasileiro) e Malaca Casteleiro (português). E só Portugal se interessou por ele, COM MEDO de ficar pequenino diante do gigante, como se isso importasse para alguma coisa! Somos territorialmente pequenos, mas se quisermos, podemos ser um povo GRANDE, se conseguirmos livrar-nos destes políticos pequenos, mesquinhos, subservientes, sem visão alguma. (IAF)
SOL - E como venceu essa resistência? O Acordo destinava-se a ‘salvar’ o português de Portugal, mas não podia usar esse argumento no Brasil…
(Como se pode salvar uma Língua, substituindo-a por uma variante de si mesma, numa atitude absurdamente retrógrada?) (IAF)
SL - Estávamos numa época em que, fruto também da nossa adesão recente à CEE, havia um grande fascínio pelo processo que Portugal estava a seguir e uma grande vontade do Brasil de aproximação política a Portugal. Eles queriam que Portugal fosse a porta de entrada na União Europeia, e eu falei-lhes na importância da língua como instrumento de aproximação entre os povos. ‘A língua utilizada na EU não é o português do Brasil, é o português de Portugal, e se vocês querem ter esse relacionamento mais profundo precisamos de uniformizar a língua’.
Mas que argumento mais absurdo! Mais estapafúrdio! Eles (brasileiros) queriam que Portugal fosse a porta de entrada na União Europeia, então o que faz Portugal? SERVILMENTE, ajuda o Brasil nessa pretensão, “uniformizando” o que é impossível de uniformizar, sobrepondo o Brasileiro ao Português. Isto só mesmo de quem não sabe o que está a fazer. (IAF)
SOL - Como correu a cerimónia da assinatura na Ajuda?
SL - Estive até 10 minutos antes de começar a cerimónia sem saber se o ministro brasileiro vinha ou não…
SOL - Mas não tinha a garantia de que o Brasil ia assinar?
SL - Tínhamos a palavra, mas havia uma desculpa dada ‘por compromissos de última hora’. Fizeram quase suspense até à última da hora, houve sempre incerteza. De repente recebi a informação de que o ministro da Educação brasileiro já estava a chegar ao aeroporto. Todos os países tinham a noção de que esta questão era politicamente muito relevante. Eu perdi muitas horas de sono a pensar se devia assinar o Acordo. Se não estivesse convencido, ia ter com o primeiro-ministro e apresentava-lhe a demissão. Mas a partir do momento em que me convenci, o mais importante para mim não era se ‘facto’ devia ter C ou não ter – isso não era comigo, era com as academias. O que eu tinha era de garantir que os países assinassem o acordo. E terem assinado foi uma proeza – não digo minha, mas de todos. É bom lembrar que estávamos em outubro de 90 – só 16 anos depois da revolução de 25 de Abril. Foi um achievement, um feito extraordinário.
Tão “extraordinário”, que apenas Portugal se apressou a aplicar o monstro, numa pressa completamente insana. Irracional. Irresponsável. (IAF)
SOL - Ainda assim gerou muita polémica na altura.
SL - É verdade, mas hoje as pessoas fazem pouco trabalho de memória. Se forem aos jornais da época verão que também havia um movimento grande pró acordo, da esquerda à direita. Às vezes, as pessoas têm a mania de dizer: ‘Foi o Santana Lopes’ ou ‘foi o Cavaco Silva’. Não. Foi também Mário Soares, Jorge Sampaio, António Guterres, até Edite Estrela, que era a especialista da língua do Partido Socialista. Foram pessoas de todos os setores e mais alguns. O dr. Mário Soares era um entusiasta absoluto do Acordo! E a grande maioria das pessoas com visão política também são defensoras. Pense no seguinte: por que houve uma série de dirigentes políticos de todos os quadrantes que se empenharam nisso? É porque tinham alguma dependência do Brasil? Teriam algum primo brasileiro? É porque escrever com acento dá muito trabalho? Não. É porque consideramos que é bom para Portugal. E continuo genuinamente convencido disso.
Não dr. Santana Lopes. O acordo não é bom para Portugal. Não é bom para nenhum outro país dito lusófono. Tanto não é que ninguém o aplica, a não ser os ignorantes, os mal informados, os servilistas, os comodistas e acomodados, e os medricas portugueses, e Cabo Verde já se retirou da lusofonia. Porque o acordo é uma fraude, é ilegal, é inconstitucional. Só serve os interesses dos políticos marxistas brasileiros e dos políticos comcomplexo de inferioridade portugueses, sem visão alguma de futuro. Completamente cegos mentais. E nenhum nome dos que aqui referiu tem credibilidade. Nenhum deles é especialista em Ciências da Linguagem, incluindo Edite Estrela, que se bandeou para o lado errado. Ficarão todos na História pelos piores motivos. (IAF)
SOL - Vê-se muitas pessoas a atacar o Acordo, mas poucas a defendê-lo. Por que será isso?
SL - Há coisas em que se você falar contra, já sabe que tem aplausos. E é preciso estoicismo para dizer o contrário. No Acordo é limpinho: é muito mais fácil dizer que se é contra. E também parece que algumas pessoas têm de encontrar válvulas de escape para a insatisfação em que vivem. É um pouco como chamar nomes ao árbitro. Acho que às vezes as pessoas precisam de conhecer mais mundo. Vou dar-lhe um exemplo: ainda na semana passada estava no Empire State Building e lá em baixo dizia ‘Vídeo disponível em alemão, inglês, italiano, espanhol, brasileiro…’. Com a bandeira do Brasil. É isto que nós queremos? Pode haver pessoas que não se importam com isso, mas eu importo-me.
Tanto se importa que substituiu a grafia portuguesa pela grafia brasileira, para que a Língua Portuguesa sobreviva. Isto só mesmo de alguém que não sabe o que diz. Não faz a mínima ideia da enormidade do que diz. Não sabe o que faz.
Poucos são os que defendem o AO90, porque o AO90 não tem ponta por onde se lhe pegue, e os acordistas NÃO TÊM UM SÓ argumento racional e válido que justifique este absurdo. NEM UM SÓ. (IAF)
SOL - Mas não compreende os argumentos dos opositores?
SL - Se eu compreendo os argumentos? Compreendo. Mas acho graça às pessoas que se empertigam com essas matérias. Costumo dizer que há umas décadas o meu nome também se escrevia com apóstrofo e dois NN: Sant’Anna. O meu avô escrevia assim, a minha mãe escrevia assim – eu não escrevo. Não me faz diferença nenhuma. E tenho alguma dificuldade em compreender como é que as pessoas rejeitam tanto o acordo de 90. É porque gostam muito do anterior? Acho que este argumento tem alguma lógica. Escrever farmácia com F em vez de Ph não foi uma cedência à fonética? Respeito os argumentos dos opositores – mas às vezes dá-me vontade de sorrir quando vejo pessoas com uns calores enormes por causa de um C ou de um acento.
Outro, que vem com o argumento da ignorância: o PH, que passou a ser o símbolo da ignorância acordista. Não fazem a mínima ideia por que se passou de PH para F. Se soubessem a patacoada que dizem quando vêm com esta do PH cobriam a cara de lama.
E quem diz «às vezes dá-me vontade de sorrir quando vejo pessoas com uns calores enormes por causa de um C ou de um acento», é um completo ignorante das Ciências da Linguagem. Eu sou uma grande ignorante no que respeita a Física Quântica. Por isso, não me atrevo a meter o bedelho nessa matéria. E os políticos portugueses deviam fazer o mesmo, no que respeita à Língua Portuguesa, porque são um zero à esquerda. Deviam eliminar este acordo ilegal e reduzirem-se, depois, à vossa insignificância, nesta matéria. (IAF)
SOL - Acha que essa questão das consoantes mudas não é relevante?
SL - Acho que isso não é o principal para Portugal. Se as pessoas amam a língua, têm de pensar nisto: como se preserva mais o português? A língua é tanto mais viva quanto for falada por mais pessoas. Acho que isto é óbvio. As línguas mortas podem ser muito bonitas. Estudei latim e adoro saber latim. Não falo muito bem, mas tenho noções, estudei no liceu e depois tive explicações. Mas serve-me de quê? Permite conhecer melhor as línguas latinas, mas não tem uso no dia-a-dia.
Está muito, muito enganado. Não se preserva o Português, substituindo-o por uma Variante, na sua forma grafada, porque ele tenderá a desaparecer. E o que interessa a Portugal que milhões escrevam à brasileira? Em que é que isto preserva o Português? (IAF)
SOL - Deixe-me insistir neste ponto. Há tempos o El País publicou uma notícia sobre o acordo que tinha este título ‘Egípcios de Egito’. E dizia o seguinte: «O acordo ortográfico muda o nome do país das pirâmides, que passa a chamar-se Egito [sem P], mas não o dos seus nativos, que continuarão a ser ‘egípcios’ [com P]». Já me disse que não quer entrar em questões técnicas, mas reconhece que há incongruências no Acordo?
SL - Ninguém deve ter falta de humildade nesta matéria. Se eu fosse da Academia das Ciências e chegasse à conclusão de que houve soluções mal encontradas, até poderia tomar a iniciativa de corrigir um ou outro ponto. Agora, não se pode atirar fora o bebé com a água do banho – lá por haver três ou quatro soluções erradas não podemos dizer ‘olha, que se dane o acordo’. Aliás deixe-me dizer que Acordo Ortográfico é um nome que está gasto, isto é um acordo internacional sobre a utilização da língua portuguesa.
Um acordo internacional de OITO implica que os OITO estejam em sintonia. Porém, apenas Portugal insiste neste erro. E se errar é humano, insistir no erro é insano. E o AO90 NÃO TEM três ou quatro soluções erradas. O AO90 TODO ELE É UM ERRO. Não tem nada que o salve. (IAF)
SOL - Acha que as pessoas reagem porquê? Por conservadorismo?
SL - Respeito sinceramente quem acha que não se devia mudar por razões culturais. Mas também vejo outros dizerem: ‘Não quero saber disso para nada. Quero é escrever pela norma antiga’. Fica muito bem, é um cravo na lapela, mas é muito prejudicial para Portugal. Alguns países africanos têm idiomas que usam mais do que o português. E ainda assim fazem esse esforço de aderir ao Acordo. Parece-me de uma arrogância cultural sem limites dizermos que não damos importância a essa aproximação. Para Portugal, como pequeno país, a língua devia ser um instrumento poderosíssimo, no entanto por vezes temos aquela sobranceria dos velhos senhores, das plantações agrícolas, que não queriam saber do pessoal menor. É essa atitude que vejo muitas vezes nas pessoas: ‘Nós falamos o português puro’ – como outros fumavam os cigarros puros… – ‘e não queremos saber de quem não pode falar como nós’.
Falácias, falácias, e mais falácias. Só dá chutos para fora da baliza. Os países africanos NÃO ADERIRAM ao acordo. Nenhum deles segue o acordo. Nem sequer o Brasil. Apenas os portuguesinhos subservientezinhos o fazem. (IAF)
SOL - Há quem se queixe: ‘A mim ninguém me perguntou nada’. Este é o tipo de assunto que poderia ter merecido um referendo ou algum tipo de consulta pública?
SL - Não me chocava. Só não gosto é de ver defenderem um referendo para o Acordo aqueles que se opõem ao referendo para outras matérias. Gosto do referendo tanto nas matérias em que sou a favor como naquelas em que sou contra, não condiciono o referendo às minhas posições. E também não me chocava se, depois de uma campanha esclarecedora, a comunidade nacional rejeitasse por referendo o Acordo.
A comunidade nacional já rejeita o acordo sem referendo. Referendar o acordo, num país com um índice de analfabetismo alto e com uma iliteracia elevada, cheio de analfabetos escolarizados seria atirar pérolas ao lixo. (IAF)
SOL - E faz sentido, na sua opinião, o Presidente ter aberto a porta à discussão do Acordo nesta altura do campeonato?
SL - De todo. O Presidente entrou muito bem, fez quase tudo muito bem, mas pronto… os humanos nunca fazem tudo bem. Acho que esse foi o pior momento dele desde que assumiu funções como Presidente. O Chefe de Estado do país berço de um acordo internacional nunca pode fazer uma declaração conjuntural sobre um tema tão relevante. Foi um momento infeliz do Presidente, que tem estado feliz no resto das situações.
O presidente da República está a sair-se mal em tudo, mas sobretudo nesta matéria. Porque ele, como institucionalista, ou nada sabe de acordos internacionais ou está caladinho porque o mandaram calar. E foi um momento infeliz, sim, pelos motivos que já referi mais trás. (IAF)
SOL - Muitas pessoas perguntam-se: ‘O que me acontece se não cumprir as normas? Vão-me prender? Multam-me?’.
SL - Acho que esse é um aspeto positivo do acordo. Para ser cumprido, só exige a livre adesão individual. Aliás, é um aspeto que devia ser elogiado e que vejo ser pouco referido: tirando os alunos na escola, que terão erro, quem não quiser não escreve com o Acordo. Ninguém tem multas pecuniárias nem lhe tiram a carta de condução. Não é proibido escrever de outra maneira. Mas eu gostava de ver a comunidade internacional aderir livremente.
Ai este aspêto! É que além de escreverem mal, pronunciam mal as palavras mutiladas. São dois (erros) em um. Ninguém em Portugal é obrigado, nem nas escolas, a escrever incorreCtamente a Língua Materna, porque não existe LEI alguma que o obrigue. E os alunos que se recusarem a escrever incorreCtamente a sua Língua NÃO PODEM ser penalizados. Era isto que a comunicação social deveria informar, mas CALA-SE, cúmplice deste desgoverno. (IAF)
SOL - Já vi que a Santa Casa adotou – sem P – a nova grafia…
(Este adotou, sem P, lê-se âdutou, seja lá o que isto for).
SL - Eu nunca dei ordem. Espero que não seja algum temor reverencial [risos].
SOL - E quando começou a escrever ‘com Acordo’?
SL - Não sei… Foi natural. Procuro escrever de acordo com a nova grafia mas, se alguma coisa me chocar, não me sinto proibido de escrever de outra maneira. Não olho para isto como um dogma. Aliás, acho uma snobeira aquilo que aparece nos jornais: ‘Este artigo foi escrito segundo a antiga grafia’. Importante, importante é que o acordo seja ratificado. Se isso acontecer algum dia fico todo contente. Depois se quiserem pôr um acento ou tirar um acento ou pôr mais um C ou P, eu aplaudo na mesma. Desde que todos assinem e ratifiquem, é-me igual.
Devia dizer ESNOBEIRA, para condizer com a grafia brasileira, que tanto defende. Pois eu também não concordo nada quando leio por aí «Este artigo foi escrito segundo a antiga grafia». Não há “antiga grafia” nenhuma. O que há é a Língua Portuguesa, ainda em vigor, em Portugal. Apenas os ignorantes, os mal informados, os servilistas, os acomodados e comodistas, e os medricas escrevem à brasileira. Assim como não há novo acordo ortográfico. Porque o AO90 não é novo, não é um acordo, e não está em vigor em nenhum país dito lusófono, incluindo neste nosso país que tem a desventura de ser governado por políticos subservientes e com falta de visão. Aqui aplica-se o AO90, por mera subserviência. Não poerque se seja obrigado.
E não fique todo contente, Dr. Santana Lopes, porque o AO90 está destinado ao caixote do lixo.
Isabel A. Ferreira
(Nota: os vocábulos a vermelho estão grafados à brasileira).
Fontes:
https://www.jornaldenegocios.pt/opiniao/colunistas/pedro-santana-lopes/detalhe/caixa-de-pandora
Pedro Santana Lopes é um dos nomes que ficará para a História, na lista negra daqueles que venderam a Língua Portuguesa ao Brasil.
Ser coerente com aquilo que ajudou a destruir seria, no mínimo, obrigatório, por parte dele, porém, Santana Lopes, além de não ter a mínima ideia do estrago que fez, optou por uma grafia híbrida, denominada mixordês, que é a mistura da grafia brasileira, sugerida pelo AO90, e a grafia portuguesa, a que de facto e de direito está em vigor em Portugal.
Para escrever isto, Doutor Santana Lopes, mais valia estar quietinho no seu canto, para não passar vergonha. É que não fica bem a um candidato a primeiro-ministro escrever assim tão mal (mas deixe lá que o actual primeiro-ministro de Portugal não escreve melhor!)
«A ortografia de Pedro Santana Lopes na sua carta de despedida do PSD. Enquanto secretário de Estado da Cultura, negociou politicamente e assinou o Acordo Ortográfico por Portugal a mando de Cavaco Silva, em 1990. Será, então, de estranhar tamanha incongruência gráfica? Não no caso de quem, conquanto defendendo vincadamente o AO, afirmou que «agora "facto" é igual a "fato" (de roupa)» (https://bit.ly/2KsPTPx) e que misturar grafias era para o lado que dormia melhor (https://bit.ly/2D06XZH). Pedir alguma coerência parece ser demasiado.»
Fonte:
E pensar que tudo isto seria escusado se os governantes portugueses (nomeadamente os actuais socialistas - inimigos nº 1 da Língua Portuguesa) não tivessem a mania da subserviência aos mandos estrangeiros!
O fato do senhor deputado
in Blog AVENTAR
06/02/2018 by António Fernando Nabais 2 Comments
No JN de hoje, o deputado social-democrata (ou do PSD) Paulo Rios de Oliveira escreve sobre os CTT. Aquém do conteúdo, está a forma. Como deputado de um dos partidos que impôs o chamado acordo ortográfico (AO90), é natural que o use.
Não sei se Paulo Rios de Oliveira terá sido apoiante de Santana Lopes nas últimas eleições internas, mas é, em termos ortográficos, um seguidor fiel do candidato derrotado por Rui Rio. Na realidade, foi Santana Lopes que declarou “Agora ‘facto’ é igual a fato (de roupa).”
Os defensores do AO90 lá virão lembrar que, em Portugal, a palavra continua a escrever-se da mesma maneira, por causa do “critério fonético”. É claro que uma expressão “continua a escrever-se” está no mundo das regras, território semelhante ao das leis. Ora, uma lei mal feita, com erros de concepção e enunciados vagos, não pode ser respeitada nem desrespeitada.
O AO90 é uma dessas leis. Ao misturar um vago critério fonético com duplas grafias, mais quedas de consoantes portuguesas e manutenção de consoantes brasileiras ou vice-versa, as analogias descontroladas vêm à tona e a ortografia portuguesa está num estado tal que já não existe.
Um deputado da nação, certamente alfabetizado e dotado de um mínimo de literacia (o verbo “atentar”, apesar de tudo, rege outra preposição), escreve um texto em que substitui “facto” por “fato”, deixando essa marca visual em centenas de leitores que reproduzirão o erro até que Santana Lopes acabe por ter razão.
Fonte:
https://aventar.eu/2018/02/06/o-fato-do-senhor-deputado/#comment-236625
«Seguindo instruções directas do então primeiro-ministro Cavaco Silva, Pedro Santana Lopes, então secretário de estado da Cultura, negociou o "Acordo Ortográfico" e subscreveu-o no dia 16 de Dezembro de 1990.
Origem da imagem:
Mais recentemente, revelou desconhecimento sobre o conteúdo do "acordo" que assinou, escrevendo que "Agora ‘facto’ é igual a fato (de roupa)". No mesmo artigo, de 2012, reconheceu que não usava uma reforma ortográfica que já estava a ser imposta aos Portugueses.
Assume, portanto, tudo isto».
Cidadãos contra o "Acordo Ortográfico" de 1990 Cidadãos contra o "Acordo Ortográfico" de 1990
***
Entretanto, a Língua Portuguesa degrada-se a cada dia que passa.
As crianças portuguesas são levadas ao engano, por professores que as obrigam a escrever conforme a ortografia brasileira, e dizem-lhes que é Português. E pior do que isso, obrigam-nas a seguir o AO90, baseados numa lei que eles (os professores) acham que existe, e que na realidade não existe. E quando lhes pedimos para nos apresentar a tal lei, mandam-nos procurá-la. E nem com uma lupa GIGANTE conseguimos encontrar essa lei inexistente.
Anda-se a brincar com coisas muito sérias. Anda-se a formar os analfabetos funcionais do futuro. E ao que parece, os mais responsáveis, também são os mais irresponsáveis e incompetentes.
Por outro lado, a comunicação social servil (porque existe a que, inteligentemente, se negou a vergar-se à fraude), ou seja, a que cega e ignorantemente aderiu à ortografia do Brasil, anda por aí, vergonhosamente, a mostrar uma ignorância descomunal, porque nem escrevem em acordês, nem em Português, mas no mixordês produzido pelo AO90, imitando os governantes que também eles (salvo honrosas excepções) vergonhosamente, aderiram a essa ortografia mutilada.
E o pior de tudo é que o governo português, imbuído de uma monumental e inconcebível casmurrice, nega-se a ver o óbvio, e continua servilmente vergado aos interesses dos negócios obscuros de estrangeiros e de vendilhões da Língua Portuguesa, enquanto esta se degrada e se afunda na mais mísera ignomínia.
Por tudo isto, exigimos que devolvam a Língua Portuguesa a Portugal.
Isabel A. Ferreira
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