Um texto todo feito com ditados populares: magnífico!
Por Mafalda Sarai
É uma expressão portuguesa, com certeza.
— Antes de ir desta para melhor, vou dar com a língua nos dentes e lavar roupa suja.
— Com a faca e o queijo na mão, com uma perna às costas e de olhos fechados, vou sacudir a água do capote.
— Ainda tirei o cavalinho da chuva, tentei riscar este assunto do mapa, mas eu sou uma troca-tintas, uma vira casacas e vou voltar à vaca fria.
— Andava eu a brincar aqui com os meus botões, a chorar sobre o leite derramado, com bicho carpinteiro e macaquinhos na cabeça, quando decidi procurar uma agulha no palheiro.
— Eu sei, eu não bato bem da bola, mas sentia-me pior que uma lesma e tinha uma pedra no sapato.
— O problema é que andava a bater com a cabeça nas paredes há algum tempo, com um aperto no coração e uma enorme vontade de arrancar os cabelos.
— Passei muitos dias com cara de caso e com a cabeça nas nuvens como uma barata tonta.
— Mas eu, que sou armada até aos dentes, arregacei as mangas e procurei o arquivo a eito.
— Acontece que, uma vez, em conversa com um amigo ele disse-me «Tiras-me do sério» e eu, sem papas na língua, respondi «Se te tiro do sério, deixo-te a rir, é isso?».
— Ele, de trombas e com os azeites, gritou em plenos pulmões «Esquece Mafalda, escreves belissimamente, mas não conheces nem 1/4 das expressões portuguesas.»
— Só faltou trepar paredes.
— É preciso ter lata! O primeiro milho é dos pardais.
— Primeiro pensei ter posto a pata na poça, depois achei que ele tinha acordado com os pés de fora e que estava a fazer uma tempestade num copo d´água e trinta por uma linha.
— Fiz vista grossa, mas depressa disse Ó tio! Ó tio! Abri-lhe o coração, o jogo e os olhos na esperança de acertar agulhas e pôr os pontos nos is.
— Não lhe ia prometer mundos e fundos nem pregar uma peta, eu estava mesmo a brincar.
— Era um trocadilho. Pão, pão, queijo, queijo.
— Rebeubéu, pardais ao ninho, fiquei com os pés para a cova, só me apeteceu pendurar as botas e mandá-lo pentear macacos, dar uma volta ao bilhar grande ou chatear o Camões.
— Que balde de água fria! Caraças, levei a peito, aquela resposta era tão sem pés nem cabeça que fui aos arames.
— Eu sei que dou muitas calinadas, meto os pés pelas mãos e faço tudo à balda.
— Posso até ser uma cabeça de alho chocho e andar sempre com a cabeça nas nuvens, mas não ia meter o rabo entre as pernas nem que a vaca tossisse.
— Pus a cabeça em água e fiquei a pensar na morte da bezerra.
— Caí das nuvens e com paninhos quentes passei a conversa a pente fino, não fosse bater as botas.
— Percebi que ele tinha trocado alhos por bugalhos, apeteceu-me cortar-lhe as vazas, mas estava de mãos atadas e baixei a bola.
— Engoli o sapo, agarrei com unhas e dentes, dei o braço a torcer e dei-lhe troco com o intuito de descalçar a bota.
— Não gosto muito do vira o disco e toca o mesmo, mas isto já são muitos anos a virar frangos e pus as barbas de molho.
— Uma mão lava à outra e as duas lavam as orelhas, mas ele está-se nas tintas, à sombra da bananeira.
— Não deu uma mãozinha nem deixou comprar gato por lebre.
— Ficou com a pulga atrás da orelha, pôs-se a pau antes de estar feito ao bife.
— Pus mãos à obra, tentei fazer um negócio da China e bati na mesma tecla.
— Dados lançados, cartas na mesa, coisas do arco da velha. Claro que dei com o nariz na porta, o gato comeu-lhe e língua e saiu com pés de lã.
— Água pela barba! Devia aproveitar a boleia antes de ficar para tia de pedra e cal onde Judas perdeu as botas.
— É que isto pode estar giro e estar fixe, mas não me apetece segurar a vela com dor de corno e dor de cotovelo só porque não conheço 1/4 das expressões portuguesas.
Por: Mafalda Sarai.
Partilhado por: «O SALOIO» – Mafra | 26/06/2024.
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