… que, no meu computador, dotado de um correCtor ortográfico de Língua Portuguesa desacordizada, dá erro, bem como também dá erro o termo “desacordizada”. Ambos não existem no léxico da Língua Portuguesa (e quando me refiro à Língua Portuguesa quero dizer Língua Portuguesa), contudo, um, é estangeirismo, porque não pertence a Portugal, mas ao Brasil. O outro, é um novo termo derivado do “acordo ortográfico”, que querem impingir a Portugal.

No site sinónimos.com.br, lemos:
Sinônimo de parabenizar
10 sinônimos de parabenizar para 1 sentido da palavra parabenizar:
Dar os parabéns:
congratular, felicitar, cumprimentar, saudar, elogiar, gratular, festejar, celebrar, brindar, beber.
Os 10 sinónimos aqui referidos constam da Língua Portuguesa, e faltou parabentear. E entre parabentear e parabenizar, que venha o diabo e escolha, são duas palavras espessas.
Se temos tantos modos, na NOSSA Língua, para dar os parabéns a alguém, que necessidade há de importar este estrangeirismo?
A propósito disto alguém me disse para não me irritar.
Eu não me irrito. Eu sinto-me mal. Em geral, não gosto de estrangeirismos, provenham eles de onde provierem, quando temos palavras NOSSAS, e muito mais elegantes e felizes, para dizer o mesmo. Quando não temos, lá terá de ser. Neste caso, além de possuirmos 10 sinónimos, não gosto da palavra "parabenizar". Como não gosto, por exemplo, de "avalancha", do francês avalanche, muito mais elegante, a qual se usa em Portugal.
Portanto, comigo, isto nada tem a ver com ser ou não ser estrangeirismos do Brasil. Até porque aprendi a ler e a escrever no Brasil, e lá passei por todos os ciclos escolares, e ainda uso, no meu dia a dia, muitas palavras brasileiras, apenas oralmente. Na escrita evito-as, porque a escrita é ESCRITA. Exemplos: toró (tóró) por tempestade; mamãe e papai, por mãe e pai; do tamanho de um bonde, por grande; cumbuca, por vasilha; cafuné, por afago; poxa (pôxa), por arre; meleca (mêlécâ), por imundície; enfim, estaria aqui o resto do dia...
Nós, em Português, temos uma palavra bem mais elegante e feliz para desejar os parabéns a alguém, que é FELICITAR. Por que haveremos de importar o PARABENIZAR, que é uma palavra espessa? E isto também não é uma questão de gosto. É uma questão de não haver necessidade de importar palavras estrangeiradas, quando as temos nossas. Apenas isso.
Antes de 2012, na legenda que vemos na imagem, leríamos «Rui Vitória não felicita FC Porto».
Em 2018, a que propósito se parabeniza, se temos: dar os parabéns, congratular, felicitar, cumprimentar, saudar…? Porquê este parabenizar, que é um vocábulo exclusivo do léxico brasileiro? Isto não faz parte do “acordo desortográfico”, faz?
Dizem-me que implico demasiado com o Brasil, e nada está mais longe da verdade. É preciso lembrar que a minha Cultura assenta na Cultura Portuguesa e na Cultura Inglesa (que aprofundei numa escola inglesa), mas também na Cultura Brasileira, que considero riquíssima, mas está mal divulgada e aproveitada, especialmente nas escolas brasileiras, que desprezam a cultura do próprio país, e muito mais a cultura dos Portugueses.
Dizem-me que duvidam que a Língua Portuguesa seja mais maltratada pelos Brasileiros do que pelos Portugueses, e que o inglês americano está distante do original, principalmente relacionado com o léxico e a pronúncia, mas também de ortografia, e os Ingleses não se melindram com isso… Pois não. Vou explicar porquê.
A distância do inglês americano para a Língua Inglesa é de 1 para 10. A distância do Brasileiro para o Português é de 1 para 100, ou talvez de 1 para 1.000. Além disso, a Língua Inglesa NÃO foi MUTILADA, não a afastaram das suas raízes, e não está na berlinda, em parte alguma, como está a Língua Portuguesa em Portugal, no Brasil e em todos os outros países de expressão dita lusófona. Se estivesse, garanto que, conhecendo, como conheço, os Ingleses, eles reagiriam, como todos os Portugueses Pensantes estão a reagir. É que não é fácil ver a nossa Língua Materna a despedaçar-se, pelos motivos mais torpes.
Quanto à dúvida no maltrato da Língua, os Portugueses actualmente maltratam a Língua muito mais do que há uns poucos anos. Mas os Brasileiros (os Brasileiros comuns, os Cultos estão fora desta apreciação) se chamam Português do Brasil ao que falam e escrevem, chamam erradamente. Porque NÃO existe Português do Brasil, mas sim uma VARIANTE Brasileira do Português ou dialecto brasileiro (quem o diz é o maior estudioso português de Dialectologia - Leite de Vasconcelos)
Considero o Brasil um país irmão de Portugal. Mas não um irmão gémeo, até porque ambos ficariam a perder, se fossem gémeos. A Cultura de um completa a Cultura do outro. E é por esse completamento que me bato, pela diversidade linguística, e NÃO, pela união de grafias, algo que jamais acontecerá.
O Brasil já está tão distante do Português que, primeiro: já nem sequer o estudam com essa designação; e segundo: não tenho qualquer dúvida de que se tornará uma língua autónoma com qualquer outra designação, excePto Língua Portuguesa, porque essa, já não é portuguesa.
E não se passou isto com o Latim, com o Português, com todas as outras línguas? Todas as línguas começaram por ser dialectos de outras línguas, e foram-se distanciando até se tornarem autónomas. O mesmo acontecerá com a Variante Brasileira do Português, candidata a Língua Brasileira, sem qualquer dúvida.
Por isso, esta coisa de "países lusófonos " é uma grande falácia. No Brasil usa-se a Variante Brasileira, nos restantes países de expressão portuguesa, apenas uma minoria mais instruída usa o Português. De resto, o povo fala e escreve os dialectos nativos, que são às dezenas. E não é assim que deve ser? Afinal são países independentes, onde já existia um Povo com uma cultura própria.
O que se passa em Portugal, no que respeita à importação de estrangeirismos, brasileiros ou não, provém daquela mentalidade terceiro-mundista, que faz adoPtar o que é estrangeiro, porque isso é que é muito chique. Porém, a isto chama-se PAROLICE.
Isabel A. Ferreira
De C Carneiro a 20 de Maio de 2018 às 11:17
Totalmente de acordo!
Vou levar!
Esteja á vontade.
Obrigada.
De Vice a 11 de Setembro de 2018 às 19:48
Para quando é que se poderá prever a designação de língua brasileira, em vez de Português do Brasil? Quem decide isso?
O Brasil, obviamente.
E o "Brasileiro" como língua, já está disseminado, por exemplo, nos EUA e na Europa.
Por aí, pelo mundo, os Brasileiros falam e escrevem BRASILEIRO. Não se fala nem se escreve "Português do Brasil" (porque na realidade isto não existe).
E isto só ainda não é oficial, porque estão à espera de que a grafia brasileira crie raízes nos países ditos lusófonos (o que vale é que SÓ Portugal está a usar a grafia brasileira). Mas se essa grafia não criar raízes, a Língua Brasileira avançará, tão certo como eu estar aqui a escrever isto.
De Gustavo Mendes a 22 de Agosto de 2022 às 22:43
Mil perdões, mas totalmente equivocada. O brasileiro sempre que está no exterior diz que fala PORTUGUÊS, inclusive isso é uma grande piada da colônia brasileira nos Estados Unidos, quando os americanos acham que falamos espanhol e explicamos o porquê de falarmos português. No geral, o brasileiro orgulha-se de falar português e de espalhar a nossa língua pelo mundo inteiro. Sinto sempre um certo ranço colonialista dessa mágoa que os portugueses têm com os brasileiros por causa da língua. A língua portuguesa de Camões é diferente da de Saramago que é diferente da dos brasileiros, e aí mora a riqueza e beleza da nossa língua. Também erra quando diz que o brasileiro não estuda mais Portugal, basta ver o sucesso da trilogia de Laurentino Gomes sobre Portugal e o Brasil. No mais, está em nossa Constituição: Art. 13. A língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil.
Gustavo Mendes, eu não vou pedir-lhe nem mil, nem sequer um perdão, pelo que vou dizer-lhe, porque quem está muito equivocado é você.
Vamos por partes:
- O brasileiro sempre que está no exterior diz que fala PORTUGUÊS, porque essa é a Língua oficial que convém ao Brasil, politicamente falando. Mas na verdade, o “brázilêru” quando está no “eistêriôrr" fala a VARIANTE Brasileira do Português, o que é algo completamente diferente. Basta ver a transcrição fonética. Em Português falamos “brâzileiru”, e “eist’rioR”. Quando os norte-americanos acham que vocês falam castelhano, acham muito bem, pois os brasileiros castelhanizaram o “falar português” abrindo todas as vogais. Mas não só: os brasileiros também americanizaram e italianizaram o Português, com os vossos “trens e etc., e netunos e etc.” demonstram.
Aliás, nenhum estrangeiro que conheça Línguas, nomeadamente a Língua Portuguesa, que é uma Língua Indo-europeia, com raízes greco-latinas (portanto, que nada tem a ver com o Brasil) NÃO diz que os brasileiros falam Português, porque as diferenças fonológicas, lexicais, ortográficas, morfológicas, sintácticas e semânticas são tão EVIDENTES, que apenas os menos esclarecidos dizem que vocês falam Português. Até as crianças dizem que falam brasileiro.
- No geral, o brasileiro NÃO se orgulha de falar Português, porque se se orgulhasse NÃO teria MEXIDO no Português, e falaria e escreveria como em todas as outras ex-colónias portuguesas (Angola, Moçambique, Timor, etc..). O que os brasileiros espalham por aí é a VARIANTE brasileira do Português, muito americanizada, castelhanizada, italianizada, afrancesada, e enriquecida com os vocabulários indígenas e africanos. Nenhum estrangeiro diz que vocês falam Português.
- O ranço colonialista está do lado brasileiro, e nós, portugueses, temos MÁGOA, sim, temos mágoa de os brasileiros terem DESFIGURADO a Língua Portuguesa, retirando-lhes as consoantes com função diacrítica, e distanciaram a Língua das suas raízes europeias. A Língua Portuguesa É de Portugal, porque Portugal é o BERÇO da Língua Portuguesa. Portugal é um país livre e independente, logo, NENHUM país estrangeiro, ainda que tivesse herdado a Língua Portuguesa, e precisamente por a ter herdado e NÃO ser o DONO da Língua, tinha legitimidade para a DESTRUIR e continuar a chamar-lhe Portuguesa. Ponto final.
- A Língua Portuguesa de Camões é diferente da de Saramago, sim, mas CONTINUA a ser PORTUGUESA porque não se afastou das suas raízes greco-latinas. A Língua falada e escrita no Brasil já NÃO tem raízes greco-latinas, daí que NÃO pode ser designada Portuguesa.
- Sim, a diversidade linguística é que dá um colorido e riqueza às VARIANTES de origem portuguesa, e a Língua do Brasil além de DIFERENTE é OUTRA língua, enriquecida com os falares dos povos que nele se foram fixando.
- NÃO, não erro quando digo que os brasileiros não estudam nada que se relacione com a HISTÓRIA comum de ambos os países, primeiro porque ESTUDEI no Brasil e SEI, e segundo, SE me dá o exemplo da trilogia do Laurentino Gomes, saiba que Laurentino Gomes escreveu historietas baseadas em descrições de “turistas”, e não recorreu a FONTES HISTÓRICAS, e o que escreveu NÃO corresponde a FACTOS, mas a um diz-que-diz muito preconceituoso, tão preconceituoso, que me obrigou a CONTESTÁ-LO, num livro que escrevi e está esgotado, mas no “link” abaixo pode ver a segunda edição aumentada e documentada.
https://arcodealmedina.blogs.sapo.pt/contestacao-ao-livro-1808-de-laurentino-729191
- No art.º 13 da vossa Constituição até pode constar que a Língua Portuguesa é a Língua oficial do Brasil, mas sê-lo-á apenas por conveniências políticas, e não tardará muito, que mude a sua designação para Língua Brasileira, como aconteceu já em Cabo Verde, cujo Crioulo, oriundo do Português, é já Língua Cabo-Verdiana.
E tudo isto são FACTOS indesmentíveis.
De Virgínia Cerqueira Silva a 22 de Dezembro de 2022 às 16:57
Acho incrível que uma pessoa que nasceu em Portugal e tenha vivido no Brasil tenha tanto preconceito cultural e linguístico como a autora do texto.
O texto serve aos egos portugueses (para não dizer que serve as mentes preconceituosas) mas não condiz com a realidade.
No Brasil estuda-se Língua Portuguesa (com essa designação) e não sei o que a autora tentou dizer (já que seu texto nem sempre é claro) com a frase "O Brasil já está tão distante do Português que, primeiro: já nem sequer o estudam com essa designação".
O texto é rocambolesco (no pior sentido) mas não esconde seu caráter preconceituoso.
Só para esclarecer, nasci e vivi no Brasil até 2019, onde fui professora de História por 27 anos, ensinei até o ano de 2019, com estreito vínculo com a área de línguas e literatura, e sei que a Língua Portuguesa é ensinada, assim como a literatura de Língua Portuguesa é estudada, (infelizmente) com ênfase quase que exclusiva em autores brasileiros e portugueses.
Virgínia Cerqueira Silva, tenho de dizer-lhe que tem todo o direito à sua opinião. E eu tenho o direito de discordar de si. Admito que um analfabeto possa confundir liberdade de expressão ou opinião ou sentido crítico, com preconceito.
Daí que eu também considere inacreditável que alguém que diz ter sido professora, ainda que de História (e não de Português) possa ver preconceito, onde ele NÃO existe.
Vou sugerir à Virgínia que torne a ler o meu texto, com olhos de LER, e não com olhos de olhar, e sem a pré-concebida ideia de que ninguém no mundo pode usar da sua liberdade de expressão, para dar uma opinião ou fazer uma crítica, quando essa liberdade, opinião ou crítica se refere ao seu País. Se tivesse atenta ao que escrevi, reparava que eu também sou avessa a palavras ESPESSAS portuguesas, usadas no MEU País.
Estamos a falar de um IDIOMA, que o Brasil adoPtou, truncou-o, deslusitanizou-o, transformou-o na Variante Brasileira do Português, e, ilegitimamente, continua a chamar-lhe Português. E defender a MINHA Língua, com mais de oito séculos, NÃO é do preconceito, mas do DEVER.
É que as palavras têm cor, têm cheiro, têm beleza, têm feiura, têm leveza, têm espessura. E além disso, não estou a falar da linguagem brasileira, usada no Brasil. Referi-me a um estrangeirismo brasileiro usado em Portugal, quando a MINHA Língua tem palavras mais suaves para dar os parabéns a alguém. Não sou obrigada a considerar a palavra “parabenizar” uma bela palavra. Sou?
Além disso, nós, Portugueses, temos a NOSSA Língua, e quem tem a Língua Portuguesa como o seu mais precioso instrumento de trabalho, só usa estrangeirismos, galicismos, brasileirismos, anglicismos, quando NÃO tem opções em Português. O que é que isto tem a ver com “mentes preconceituosas”?
No Brasil NÃO se estuda Língua Portuguesa, para sua informação. Eu não estudei. Aconselho-a a ler um livro de crónicas, publicado por A. Gomes da Costa, o falecido presidente do Real Gabinete Português de Leitura, intitulado «A Brasilidade dos Portugueses» (edição de 2002, da Nórdica), nomeadamente num capítulo intitulado «Destratando o Português», publicado em 20/08/2001, e na página 144, lerá o seguinte, entre outras críticas: «Há alguns anos, o Ministério da Educação resolveu mudar os currículos e a metodologia do ensino da Língua Portuguesa. Até o nome da disciplina foi modificado oficialmente: saiu o Português dos programas e deu lugar à Comunicação e Expressão».
Eu não invento nada. Simplesmente LEIO. LEIO MUITO. LEIO TUDO o que possa trazer-me luz a esta questão da Língua.
O que é ensinado no Brasil é a VARIANTE Brasileira do Português. E não sei por que motivo os Brasileiros NÃO aceitam a sua Variante e a transformam em Língua Brasileira, como os Cabo-Verdianos já fizeram, com o Crioulo Cabo-Verdiano, oriundo do Português, agora transformado em Língua Cabo-Verdiana. Parece-lhe mal?
Num destes dias, escrevi um texto acerca do tema “ser ou não ser português, eis a questão” e terminei-o assim:
Observação: antes que os Brasileiros menos instruídos, e os Portugueses desinstruídos, que confundem a nossa indignação, o nosso sentimento de amor pelo País que nos viu nascer, e o nosso sentido crítico, ao defender o mais precioso património que nos identifica como um POVO – a Língua Portuguesa - com xenofobia, racismo ou preconceito, e nos insultam com essa ignorância, sugiro que procurem um bom dicionário e leiam e releiam o significado de xenofobia, racismo e preconceito, para que saibam que DEFENDER o que é NOSSO, quando outros tentam usurpá-lo indevidamente, é um DEVER. Porque até os cães ferram os donos, quando lhes mexem na comida.
O que se segue é que é o meu verdadeiro registo de escrita. Um cântico ao Mar, inserido no meu livro «Entre Brumas e Penedios”: «Em teu ser navego/ como um barco perdido/ embalada pelo canto/ do teu marulhar…/ E é tanto o encanto que me tem cativa/ que não sei se sou sonho/ ou se estou a sonhar…».
Porém, tudo o que OFENDA a Língua Portuguesa desperta em mim a guerreira que também sou. E os guerreiros não lutam com flores. E as palavras também são armas, que, quando afiadas, podem ferir. Mas que ninguém desperte a guerreira, através de objectivos torpes.
Comentar post