Bom dia da Liberdade!
Peço a todos que me perdoem a ousadia de enviar este mail para muitos inesperado; faço-o para que este dia seja de luta e não de luto, para que os ideais de Abril se mantenham límpidos e acima de qualquer suspeita.
Por favor leiam esta carta e partilhem, se possível, para que este assunto não esmoreça e consigamos que a nossa Língua e ideais de Liberdade, prevaleçam e floresçam sobre a poeira que polui a cidade:
Neste dia em que Abril abriu portas para o mundo, descerrando os olhos para a luz e a mente para o sonho da Liberdade, sinto-me órfã; muitos daqueles com quem percorri as ruas e com quem entreteci sonhos de democracia e liberdade, traíram-nos, pois apoderaram-se da nossa Língua e a mutilaram e desfiguraram, impondo esse corpo maltratado e torturado às nossas bocas e aos nossos olhos.
Em nenhum momento nos ouviram e de todas as vezes que falámos ridicularizaram-nos; difamaram-nos chamando-nos retrógrados e achincalharam a nossa tristeza apelidando-nos de histéricos. Criaram climas de opressão dentro dos grupos, verdadeiros miasmas que isolaram as vozes discordantes; ignoraram cartas e até petições várias com um número de assinantes sempre crescente, continuando sempre a dizerem-se democratas e grandes defensores da Liberdade, enquanto nos reprimiam.
Ninguém os mandatou para transformar a Língua, isso nunca esteve nos programas eleitorais e foi, como já referi, reprimida a discussão do assunto dentro dos próprios partidos; sei disso porque estive no Bloco de Esquerda na altura e por essa razão saí.
A iliteracia resultante, o caos na e da comunicação, a desorientação, a perda súbita do domínio da própria linguagem e a fragmentação da memória colectiva, resulta na desagregação da identidade do povo e no seu enfraquecimento.
Quem enfraquece assim um povo não o ama.
Embora (alguns dos actores deste processo) trabalhem para o seu bem-estar noutros e variados aspectos, deixam o recado inequívoco de que têm na sua génese a pulsão do domínio e do controle sobre os cidadãos porque se consideram acima deles.
Apropriar-se, desfigurar e impor uma Língua desestruturada calando as vozes dissonantes, é um acto que revela claramente: a ditadura está viva.
E esta é uma sevícia que nos é infligida por uma oligarquia votada por nós.
Somos todos responsáveis, por isso, boicotemos esta imposição, esta coisa ditatorial e nefasta; sacudamos, em nome de Abril, esta poeira radiactiva e escrevamos na nossa maravilhosa Língua que nos foi legada.
Rebelemo-nos mantendo vivo o símbolo da nossa identidade cultural, contra a repressão e a colonização das nossas mentes!
Não nos deixemos manipular nem intimidar. Ousemos praticar Abril para que as suas portas permaneçam abertas à verdade, à democracia e ao impoluto desejo de nos mantermos livres e inteiros.
Obrigada.
Maria Morais
25 Abril de 2019
Dignidade para a Língua Portuguesa! Abril JÁ!
***
Comentário à publicação de Maria Morais:
O que se há-de dizer depois desta tormenta que se implantou sobre a sociedade portuguesa?! Para mim apenas revolta já que Portugal, como eu o conheci e que me ensinaram em criança, morreu.
Passou de colonizador a colonizado pelo primeiro país a libertar-se do colonizador.
Como português não sinto complexo de ter sido "colonizador" já que todas as sociedades são colonizadas continuamente umas por outras na sua marcha evolutiva, mas parece que a memória colectiva de Portugal se deixou colonizar pelo colonizado.
Quem deveria responder pela Língua Portuguesa deveriam ser os Portugueses que a criaram e olharam pela sua manutenção ao longo dos séculos, mas nesta fase da "evolução " é colonizado o próprio colonizador com a agravante de ser por um dos seus filhos que não aprendeu bem a lição da Língua Portuguesa.
Optou por outra Norma de Português e deitou ao lixo a gramática portuguesa.
O "esta" sai sempre "está" já que não existem pronomes demonstrativos nem pronomes pessoais nem muitas coisas mais.
Depois de as multinacionais digitais entrarem em acção e ter sido o Brasil a tomar conta do recado no que diz respeito ao uso da Língua Portuguesa, eis o resultado disto tudo. Este é o meu ponto de vista já que o sr. Aníbal Cavaco Silva disse serem os brasileiros o maior número de falantes de Português e o sr. Sócrates deu a última ordem, mas enganaram-se já que eles não aprenderam Português porque nunca aceitaram as reformas da língua desde 1911, e por isso, escrevem mal uma língua que não é deles mas usurparam-na e agora são donos e senhores do que não foi seu e até nos cortam o que não gostam de ouvir ou ler.
As "elites" em Portugal na matéria parece nem terem sido ouvidas ou se foram não deram resultado do seu ponto de vista, assim como os profissionais da língua, portanto, tudo se foi pondo a jeito para dar este resultado.
É necessário consciencialização na sociedade sobre o caso, mas a sociedade portuguesa actual anda demasiado ocupada com coisas menores e tricas partidárias e a Língua Portuguesa e outros projectos de estratégia nacional parecem não ser assim tão importantes.
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