Num artigo publicado no «Público brasil» este título lido por um português leva-o para uma situação caricata: os brasileiros guardaram para si uma bilha de grandes dimensões. O que é que isto pode significar?
Bem sei que o “Público brasil” é um jornal criado para brasileiros, que não falam, nem escrevem Português, mas, estando em Portugal, a guardar para si tamanha bilha, já não era tempo de recolherem a sua Linguagem, e começarem a aprender Português? É que o «Público brasil», não é um Boletim Cultural do Povo Brasileiro, circunscrito a Brasileiros. É um jornal online como outro qualquer.
Os Brasileiros usam bastantes vocábulos que não correspondem ao real significado da palavra. Eles andam por aí às centenas: uns, que não correspondem ao significado real; outros, que são brasileiros, mas apodados de português.
Eu já estou farta de me deparar com situações destas. Veja-se estas imagens (mas há-as aos magotes, por aí):
Na imagem televisiva, bem escarrapachado, para que todos vejam e leiam, está o vocábulo câmera, pertencente unicamente ao léxico brasileiro, porque em Português dizemos câmara. Na outra está o vocábulo planeje, como propaganda de uma empresa brasileira, fixada na porta do seu escritório, situado numa galeria de muito movimento. O vocábulo planeje pertence unicamente ao léxico brasileiro. Nós, em Portugal, dizemos planeie, do Latim planus, que significa elaborar um plano.
ATENÇÃO! Nós estamos em Portugal! Por-tu-gal!!!! Estes vocábulos alienígenas estão a ser usados em Portugal. No Brasil jamais isto aconteceria, porque não falamos, nem escrevemos a mesma Língua, embora possa parecer que sim.
Vejamos um exemplo em Português/Castelhano, que pode explicar esta teoria:
-- Português: o contacto electrónico do director está correcto. Podem activá-lo.
-- Castelhano: el contacto electrónico del director es correcto. Pueden activarlo.
[-- Variante Brasileira do Português: o contato eletrónico do diretor está correto. Podem ativá-lo].
Podemos dizer que os Portugueses falam e escrevem Castelhano e os Espanhóis falam e escrevem Português? Não, não podemos, obviamente.
O que podemos dizer é que temos um tronco linguístico comum.
O Castelhano é uma Língua que deriva do Latim, tal como a Portuguesa.
A linguagem brasileira actual deriva do Português, que, por sua vez, deriva do Latim, e que os Brasileiros deslatinizaram ao deslusitanizarem-no, portanto, já não é mais Português. Aliás está bem visível a diferença.
Então por quê esta obsessão de nos quererem meter pelos olhos dentro a Variante Brasileira do Português, quando o Português é a GENETRIZ dessa Variante?
NÃO, não sou contra a imigração brasileira, mas sou contra esta insistência de querer meter pelos nossos olhos dentro a Variante Brasileira do Português, onde muita coisa não significa o que é: é o bilhão (uma bilha de grande dimensão), é a recolha (colher ou guardar, ou regressar a casa) enfim, já estou a ficar farta disto...
Vir para Portugal trabalhar é uma coisa. Vir para Portugal impor o Brasileiro ou os costumes brasileiros, é outra coisa. Os Brasileiros não falam, nem escrevem Português. E, em Portugal, escreve-se e fala-se Português. Todos os estrangeiros, quando emigram, são obrigados a escrever e a falar a Língua do País para o qual emigram, excepto os Brasileiros, em Portugal. Porquê? Por os fazerem sentir-se os donos disto tudo?
Eis dois comentários ao texto que recolhe um bilhão, onde não está em causa o contributo dos imigrantes brasileiros, mas o modo como estão a tentar impor a variante brasileira do Português, por toda a parte. E isto, não é da honestidade. Sempre ouvi dizer que em Roma, sê romano, um ditado que nos ensina a importância de respeitarmos e nos adaptarmos à Cultura, à Língua, aos Costumes e às Tradições locais, não esquecendo, porém, os valores do nosso País de origem, que podemos manter entre nós, mas NÃO impô-los ao País que nos acolhe.
Portanto, em Portugal, sejam portugueses, assim como eu, no Brasil, fui brasileira, não precisando, sequer, de me naturalizar.
Isabel A. Ferreira
De Daniel a 16 de Outubro de 2024 às 18:56
Um pequeno pormenor, tenho preferência em dizer Castelão em vez de Castelhano, que pertence a castelo, do reino de castela, já castelhano pertence ao antigo castiella, que agora é castilla
O Daniel é livre de preferir o que bem entender. Mas quem sabe, sabe, e são os Espanhóis que SABEM da Língua deles. E em Espanha as Línguas oficiais são o CASTELLANO (assim mesmo, como é das Ciências da Linguagem de Espanha) o Basco, o Galego e o Catalão.
Pois então diga lá o Castelão, que, para quem sabe, é um castelo de grande dimensão. Há gente que gosta de inventar e de iludir-se. Está no seu direito.
Ah! E o espanhol, como língua, NÃO existe. E pormenor é já de si algo pequeno, não precisa da redundância do “pequeno pormenor”.
De Susana Bastos a 17 de Outubro de 2024 às 15:52
Cara Isabel, "câmera" é palavra tão portuguesa quanto brasileira, apenas cá preferimos a grafia com "a". Note-se que até em latim existia essa dualidade "camara/camera". Não é nada de novo na língua. E quanto a "bilhão", os brasileiros optaram pela coerência com "milhão", não pegando no francês "billion", que foi onde fomos buscar o nosso "bilião". Como vê, há sempre matizes que devem ser tidas em conta para explicar os fenómenos. E confesso que essa de achar que o castelhano está mais próximo do nosso português do que o português brasileiro só se pode atribuir a uma fúria antibrasileira que cega... Incompreensível para quem se dedica a fundo ao estudo da língua.
Mas que mania tem a Susana Bastos de achar que toda a gente é parva, para engolir as suas “explicações” sem levar em conta os factos.
A Susana Bastos segue a cartilha brasileira. Eu sigo a cartilha portuguesa.
O seu comentário é muito, muito falacioso.
Os vocábulos “câmEra” e câmAra já foram usados em Português, mas o vocábulo “câmEra” há muito, muito tempo caiu em desuso em Portugal, e o Brasil aproveitou-se para, como sempre fez, distanciar-se do Português, e adoptou a palavra que caiu em desuso e Portugal: câmEra, que se tornou um vocábulo unicamente do léxico brasileiro, e NÃO mais do Português.
Não me venha com essa de dizer que em Portugal esse vocábulo desusado, ainda se usa, porque é MENTIRA. Em Portugal nenhum português está diante de uma câmEra.
No Latim existia a dualidade, porque câmara vem do Latim camara, e camêra vem do grego κάμερα.
E assim como aconteceu com os fonemas gregos, tentou-se latinizar todas as palavras possíveis.
Quanto ao "bilhão" a única coerência que há é a de o Brasil querer afastar-se do Português: se o Português diz biliões, nós vamos dizer "bilhões".
A suas “explicações” é de quem NÃO sabe como se foi construindo o léxico brasileiro ao longo dos tempos, e das intenções por detrás dessa construção.
O Castelhano é uma Língua românica como o Português, e é tão, mas tão parecida com o Português, que quando eu era ainda estudante na Universidade, e tive de ler um livro em Castelhano para fazer um exame, eu, que nunca tinha estado diante da escrita castelhana, lio-o sem a menor dificuldade.
Quando fui para o Brasil, depois de ter vindo para Portugal estudar (fiz a 1ª e a 2ª classe do ensino básico no Brasil), desconhecia a maioria do léxico que me era apresentado, devido ao abrasileiramento dos vocábulos que antes eram portugueses, ingleses, franceses e castelhanos. Aprendi uma outra linguagem, derivada do Português, sim, mas que de Português já pouco tinha.
Engana-se quando fala numa "fúria anti-brasileira" da minha parte (com o hífen que nunca deveria ter sido abolido). É precisamente por ter estudado a fundo as duas linguagens, a brasileira e a portuguesa, se quis estudar lá e cá, que tenho autoridade para dizer o que digo.
Fúria anti-portuguesa têm os servilistas portugueses, subservientes ao Brasil, como a Susana.
Eu apenas sigo as Ciências da Linguagem, e não tenho necessidade de me curvar perante o gigante, porque o gigante não me faz sombra, até porque a minha cultura passa também pela cultura brasileira, que é tão rica como a nossa. Lamento bastante que os Brasileiros não a saibam cultivar, e estão a destruí-la tal como destruíram o Português.
E isto qualquer brasileiro culto o dirá.
De Susana Bastos a 17 de Outubro de 2024 às 17:54
Segundo a norma de 1945/73, é "antibrasileiro" que se deve escrever, não como cada um acha. Não é preciso dizer mais nada, pois não?...
Não, não é preciso dizer mais nada.
Segundo a norma de 1945/73 (a que está em VIGOR em Portugal) escreve-se antibrasileiro, eu sei, o meu correCtor marca erro, quando escrevo anti-brasileiro, mas é uma daquelas coisas a contestar nessa norma, que eu fiz questão de assinalar: “anti” é um elemento de formação que exprime a noção de “oposição”. Não ficaria mais evidente a “noção de oposição” se a palavra levasse o hífen? Faço-o de vez em quando, para fazer sobressair essa “oposição”. Normalmente sigo a norma, obviamente.
Também pela norma de 1945/73 escreve-se aspeCto, excePto, recePção, expeCtativa, tal como os Brasileiros grafam estas palavras, e muito bem, à portuguesa, mas há portuguesinhos que grafam estes monos gráficos: aspeto, exceto, receção, expetativa.
Acha bem, não estando o ilegal AO90, efectivamente, em vigor em parte alguma da CPLP?
Comentar post