Um inquietante texto de Abílio Mendonça de Carvalho
Texto de Abílio Mendonça de Carvalho
«Despudoradamente, assobiando para o lado, como se nada estivesse acontecendo, e insultando, com esse assobio, os portugueses, como se eles fossem imbecis, os negociantes da língua portuguesa, entre eles o absolutamente inútil Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP), em parceria com a Universidade do Porto, realizam amanhã, dia 7, e terça-feira, dia 8 de Outubro (logo nos dias imediatamente a seguir às eleições, algo muito estranho, mas muito esclarecedor), a 1.ª Reunião Ordinária do Conselho de Ortografia da Língua Portuguesa (COLP), a ter lugar na Casa de Pernambuco, no Porto.
O COLP (esta sigla, assim dita, soa (e não soa bem?) a GOLPE) nasceu em 19 de Julho de 2019, em Cabo Verde, «no morno e simpático ambiente cabo-verdiano do Mindelo, onde se realizou (..) a XXIV Reunião Ordinária do Conselho de Ministros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)», conforme escreveu Nuno Pacheco, no Público. Ainda a este propósito, aquele jornalista disse o seguinte:
«Curiosamente, porém, no extenso (e bastante maçador) comunicado final da dita reunião, este fervor acordista só tem eco num parágrafo. Aquele em que, já no capítulo das congratulações, diz o seguinte: “[Os ministros presentes] Saudaram os esforços do Conselho Científico do IILP para a ativação do Conselho de Ortografia da Língua Portuguesa (COLP), cuja primeira reunião deverá ocorrer em outubro de 2019, na cidade do Porto.” Mais uma sigla? É verdade, mais uma. Já não bastava o inenarrável IILP, agora teremos um COLP. Que, pelo nome, há-de ter conselheiros, como é bom de ver. Um Conselho de Ortografia! E logo reunido no Porto, a cidade natal do nosso bem-amado kaiser do Acordo Ortográfico! Há-de ser um mimo, verão.
Esta é uma das surpresas que nos reservavam.»
Ver artigo completo aqui:
Mas avancemos. E quem vai ser um dos anfitriões deste encontro? Esse mesmo: Augusto Santos Silva, o ministro dos negócios estrangeiros, do governo de António Costa, como se tudo já estivesse decidido e não houvesse umas eleições nas vésperas da reunião. Os outros anfitriões são o reitor da Universidade do Porto, António Sousa Pereira; e o presidente do Camões – Instituto da Cooperação e da Língua, Luís Faro Ramos.
E sabem o que vão fazer logo após a sessão de abertura? Vão fazer uma homenagem, adivinhem a quem? A esses mesmos: Evanildo Bechara, da Academia Brasileira de Letras, e João Malaca Casteleiro, da Academia das Ciências de Lisboa, promovida pela equipa central do Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC) (qual VOC?) com apoio do IILP e da Universidade do Porto.
Vão homenagear dois “académicos” (?) que reduziram a ortografia portuguesa à variante escrita da língua brasileira, que foi imposta ilegal e inconstitucionalmente aos portugueses, sem dó, nem piedade, como se fossem eles os senhores feudais da língua.
Não serão bem os senhores feudais da língua, mas obscenamente são os donos do negócio da língua. Não é por acaso que os ministros são dos NEGÓCIOS estrangeiros.
Eles dizem que o tal COLP é composto por especialistas em ortografia dos Estados-membros da CPLP nomeados pelos respectivos países.
Mas são “especialistas” em qual ortografia? É que com isto do AO/90, existem umas tantas ortografias, mas só UMA é portuguesa. São elas: a ortografia brasileira (1943); a ortografia acordizada, que inclui a brasileira e uma outra inventada a propósito (1990); a mixórdia ortográfica (nascida da fusão do acordês com o português - a que está actualmente a ser de facto aplicada em Portugal); e a ortografia portuguesa (1945), que está, de jure, em vigor em Portugal, à qual milhares de portugueses continuam fiéis.
Os tais “especialistas”, são especialistas em qual destas ortografias?
Andam a galhofar, ou quê? Sabendo-se, como se sabe (e vou deixar aqui um link para lembrança dos mais distraídos):
que o AO/90 é uma fraude, por conseguinte, não está de jure em vigor em parte nenhuma, e está a ser apenas usado, sofregamente, em Portugal, a mando dos negociantes da língua.
E quais são os objectivos deste COLP, como se a estas alturas dos acontecimentos, quando já estão publicados, neste Blogue (ao qual agradeço a abertura de portas), salvo erro, sete textos, que denunciam as fraudes do AO/90, esta fraude possa ter pernas para andar? E só não se fala nisto abertamente por medo de represálias, mas, através de e-mails, é um passa-palavra que se estende longe.
Pois assombrem-se aqueles que, como eu, têm acompanhado as denúncias feitas pelo Conselho Internacional de Oposição ao Acordo Ortográfico de 1990. Apesar de as provas da fraude serem bastante concretas, os objectivos do COLP são estes:
– acompanhar do ponto de vista técnico a aplicação da norma ortográfica definida pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, de 1990;
– elaborar formulações claras e unívocas para as normas ortográficas existentes;
– criar um corpo bibliográfico e literário sobre a ortografia do português (de qual Português) e sobre a sua gestão;
– propor modelos de gestão e desenvolvimento do VOC e projectos associados, tais como as Terminologias Cintíficas e tècnicas Comuns (TCTC), em estudo no seio do IILP.
E dizem isto despudoradamente, como se houvesse futuro para a fraude, como se os portugueses fossem todos acéfalos, como nunca tivessem ouvido que o AO/90 é uma inutilidade, e como se não houvesse justiça em Portugal.»
Ver fonte:
Abílio Mendonça de Carvalho
Lamego, 06 de Outubro de 2019
. Em Defesa da Ortografia (...
. «ATO com faca» só prova a...
. «Learn Portuguese as a Se...
. «Quando não defendemos os...
. O que faço no meu dia-a-d...
. O AO90 é um fracasso. Tod...
. Ainda a propósito da tras...
. Eça de Queiroz no Panteão...
. Em Defesa da Ortografia (...
. Trasladação de Eça de Que...