De tanto se escrever errado, o erro passará a ser correcto?
Uma coisa é evolução natural da Língua. Outra coisa é a sua destruição. E outra coisa é a sua variação.
Sabemos que, no Brasil, existiu (e ainda existe), uma corrente, iniciada por Antônio Houaiss, o enciclopedista libanês, de quem Millôr Fernandes (jornalista e escritor brasileiro) dizia que «conhecia todas as palavras da Língua, só não sabia juntá-las», a qual deslusitanizou a Língua Portuguesa intencionalmente, para a afastar das sua raízes greco-latinas, o que viria a dar origem ao Acordo Ortográfico de 1990, também engendrado por Houaiss, ao qual se juntou Malaca Casteleiro, para ajudar à missa. Tudo o que fosse português Houaiss modificava, inventava, americanizava, puxava ao Português antigo, para se distanciar da Língua de Portugal. Uma mania como outra qualquer que, contudo, teve consequências absolutamente desastrosas para a NOSSA Língua.
Ando a elaborar uma espécie de dicionário (para já é uma lista) de palavras que o Brasil fez questão de diferenciar do léxico Português, deslusitanizando-o, tendo algumas das palavras, introduzidas nesse novo léxico brasileiro, um significado completamente diferente do original.
É uma pequena amostra dessas diferenças lexicais que proponho nesta publicação.

O léxico brasileiro está a negrito. São palavras e expressões que encontro, por aí, nos falares e nos escritos brasileiros.
Isabel A. Ferreira
Liberar/libertar
Ímã/íman
Seriados/séries
Embutidos/enchidos
Caminhão/camião
Caminhonista/camionista
Touros de briga/Touros de lide
Nos hospitais as ambulâncias tomam e largam doentes/nos hospitais as ambulâncias recebem e deixam doentes
Comentarista/comentador
Tomar um carro de aluguel/Apanhar um táxi
Conosco/connosco
Umidade/humidade
Pausar/parar
Empossamento/tomada de posse
Bitucas de cigarros/ponta de cigarros, beatas
Cotidiano/quotidiano
Fechamento/encerramento
Porcentagem/percentagem
Alvejante/branqueador
Parada cardíaca/paragem cardíaca
Chapéu papal/solidéu
Acessar/aceder
Fato/facto
Psicodélico/psicadélico
Mensurar/medir
Covarde (coward)/cobarde
Estórias em quadradinhos/histórias aos quadradinhos/banda desenhada/BD
Tampar/fechar
Recorrer para a justiça/recorrer à justiça
Cargos de vereança/cargos de vereação
Breque/travão
Sacola véia/sacola velha
Viralizar/ornar-se viral
Ambientalizar/ambientar
Planizava/planeava
Clinicar/exercer clínica
Câmara filmadora/câmara de filmar
Vai-se no médico/vai-se ao médico
Virada do ano/passagem de ano
Coalizão/coligação
Câmeras/câmaras
Eu te preciso/eu preciso de ti
Beija eu/beija-me
Eu lhe amo/eu amo-te
Te amo/amo-te
Eu te gosto/eu gosto de ti
Para eu/para mim
Irã/Irão
Estadunidense/norte-americano
Terno/fato
Banheiro/quarto-de-banho
Gestando/gerindo
Câncer/cancro
Gestar/gerir
Chutou as flores para o cesto/atirou as flores para o cesto
Né/não é
Oi/olá
Pet/animal de estimação
Friezzer/congelador
Sorvete/gelado
Registrar/registro/registar/registo
Mar do Caribe/Mar das Caraíbas
Caribe/Caraíbas
Parabenizar/felicitar
Israelense/israelita
Estrelar (um filme)/protagonizar?
Apenado/condenado
Estoriador/ou historiador
Poloneses/polacos
Pausar/fazer pausa
Deletar/eliminar
Panaca/panasca
Galera/pessoal (grupo de pessoas)
Parada de ônibus/paragem de autocarro
Guris/crianças
Geladeira/frigorífico
Café da manhã/pequeno-almoço?
Aquele trem é horrível/aquela coisa é horrível
Trem/combóio
Cidade litorânea/cidade do litoral
Cassino/casino
Bala/rebuçado
Grama/relvado
Grama/relva
Bilhão/Bilião
Torcida/adeptos
Enquete/questionário
Escanear/digitalizar
Estresse/stress
Esporto/desporto
Ganhador/vencedor
Balé/ballet
Espírito natalino/espírito natalício
Campesinos/camponeses
Festejos natalinos/festejos natalícios
Missivista/pessoa que leva ou escreve missivas (cartas)
Ducha/duche
Planejar/planear
Bonde/eléctrico
Mídia/média
Time/equipa
Copa (do mundo)/taça
Amsterdã/Amsterdão
Cafifa/papagaio de papel
Enterramento/enterro
Conscientização/consciencialização
Apoiadores/apoiantes
Buzinaço/buzinão
Chefe da ONU (Guterres)/Director-Geral da ONU
Acessar/ter acesso a
Detento/detido
Concreto/betão
Rifle/espingarda
Cromossomo/cromossoma
Sutileza/subtileza
Sutil/subtil
Traslado do coração/trasladação do coração
Fabricação/ou fabrico
Conscientização/consciencialização
Apuração/apuramento
Maquiagem/maquilhagem
Exterior/estrangeiro
Zumbi/zombie
Esse/este
Em uma/Numa
Cachorro/cão
Mouse/rato
Tela/ecrã
De Joana a 19 de Setembro de 2022 às 11:55
Bom dia Dona Isabel!
Espero que se encontre bem.
Tenho mais algumas diferenças léxicais para adicionar à sua lista, juntamente com dois reparos. Penso que covarde, ainda que seja pouco utilizado, ainda exista em Portugal, como acontece com: oiro/ouro, toiro/touro. Nunca ouvi ninguém dizer histórias aos quadradinhos, mas sim banda desenhada (BD).
Outros exemplos: sutil/subtil, te amo/ amo-te, Irã/Irão, súdito/súbdito, maquiagem/maquilhagem, exterior/estrangeiro, zumbi/zombie, sobrenome/apelido, esse/este, Em uma/Numa, cachorro/cão, mouse/rato, tela/ecrã, abacaxi/ananás, resfriado/constipação, xícara/chávena, carpatos/atacadores.
Embora existam algumas diferenças léxicais dentro do nosso próprio país e nas PALOP.s, não é na quantidade que existe no Brasil
O que se fala no Brasil já diferenças suficientes para ser uma língua diferente, a qual teve origem na língua portuguesa.
Um amigo brasileiro disse-me que na escola não existe o tu nem o vós é a referência é o dialecto de São Paulo. No entanto, já ouvi vários brasileiros (inclusive nas telenovelas brasileiras) dizerem coisas como : tu ouviu? Tu é burro! Outras vezes, usam o discurso todo em você mas utilizando palavras exclusivas dum discurso com tu, por exemplo: contigo (consigo não existe no Brasil), te amo, me dá em vez de dê-me. Escrevem Meus pais em vez de Os meus pais, por exemplo.
Isto não acontece no português falado e escrito nas PALOP.s e em Timor. Além disso, uma criança portuguesa que esteja diariamente a ver artistas angolanos, por exemplo, não vai falar com sotaque nem usar vocabulário exclusivo do português de Angola (equivale a uma criança lisboeta ouvir constantemente alguém do Porto ou dos Açores a falar), ao contrário do que acontece quando ouvem brasileiros (é semelhante ao que acontecia quando uma criança portuguesa vi o cartoon network em inglês no meu tempo, aprendia inglês).
O que se fala no Brasil já devia ser chamado de língua brasileira e não língua portuguesa.
Boa tarde Joana.
Eu estou bem. Obrigada. Espero que a Joana também esteja.
Agradeço os seus reparos e os seus acrescentos.
O termo coBarde, vem do francês “couard”, que nós, portugueses, aportuguesámos para “coBarde, com bê. A palavra coVarde também existe, mas são os brasileiros que a usam, porque a americanizaram de “coward”.
Quando à designação “histórias aos quadradinhos” está correcta, e era deste modo que no meu tempo de criança se dizia. O uso da designação Banda Desenhada apareceu muito depois, e hoje já ninguém diz “histórias aos quadradinhos”, assim designada porque as histórias eram desenhadas em quadradinhos. E BD ou “histórias AOS quadradinhos é exactamente a mesma coisa. Os brasileiros dizem isto de um modo diferente, o que não significa que esteja errado. É simplesmente um outro modo de dizer, que NÃO é o nosso.
Acrescentei algumas das diferenças que mencionou, porém, abacaxi é um termo que vem do tupi-guarani, e é uma variedade de ananás do Brasil. E o ananás é um fruto tropical que tem várias espécies. E dizem que há diferenças entre um abacaxi e um ananás. Eu não os distingo.
Nós por cá também dizemos resfriado, que é sinónimo de constipação.
Não encontrei o termo “carpatos” para designar atacadores.
Existem algumas diferenças lexicais até dentro do nosso país como estrugido/refogado, porém são sinónimos. Mas na lista que apresento não há sinónimos, mas sim diferenças que nos conduzem para um outro tipo de linguajar.
Concordo consigo: o que se fala e escreve no Brasil já não é Língua Portuguesa, mas uma língua que se originou a partir da Língua Portuguesa. Daí que tenha de ser chamada Brasileira.
De Pretinho Safado a 19 de Setembro de 2022 às 15:47
Vocês portugueses reacionários são muito incoerentes. Enchem a boca pra dizerem que o português evoluiu do latim, pra se gabarem e se sentirem supeiores lingüísticamente. Mas esquecem que essa evolução se deu através de erros dos falantes do latim vulgar. Duvido que a sintaxe e a pronúncia e qualquer outro elemento estrutural do português europeu seja o mesmo do latim vulgar. Esquecem que o português também sofreu inumeras alterações em sua ortografia desde o tempo do galego-português. E TUDO ISSO ACONTECEU ATRAVÉS DE ERROS NA LÍNGUA FALADA DO POVO! PORQUE A ESCRITA SEMPRE FICA DEFASADA DIANTE DA LÍNGUA FALADA PELO POVO, POIS A PRONÚNCIA, A SINTAXE, O SENTIDO DAS PALAVRA E ATÉ O VOCABULÁRIO ESTÃO SEMPRE EVOLUINDO PELOS ERROS DOS FALANTES. E ainda querem posar de protetores do idioma diante dos brasileiros. Vocês, ao contrário do que acreditam, não falam a língua de Camões. Só é possivel ler Os Lusiadas respeitando-se as rimas o ritmo da poesia em BRASILEIRO! Até suas crianças já adotam vocabulário brasileiro. Triste não? Eantão, aceite que dói menos: O IDIOMA BRASILEIRO É A REFERÊNCIA NA LÍNGUA HOJE EM DIA! E o que vale é aquele ditado a respeito da língua: MANDA QUEM PODE E OBEDECE QUEM TEM JUÍZO. ENTÃO, VIVA A LÍNGUA BRASILEIRA!
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