Quinta-feira, 20 de Maio de 2021

Diz o autor Helder Guégués que o caos tem vindo a alastrar-se na ortografia da Língua Portuguesa, e só esse caos se vai consolidando…

 

Nada mais se consolida nesta tragédia linguística que se abateu sobre Portugal.

 

Sabemos que nada é eterno nesta vida. Os culpados deste caos são os menos eternos. Tenhamos esperança, porque (e vou repetir-me, na citação de Miguel de Cervantes): «Deus suporta os maus, mas não eternamente».

 

Companheiros desacordistas, fiquem com essa certeza, mais do que comprovada em toda a História da Humanidade, e com o texto do autor, revisor e tradutor Helder Guégés.

 

Isabel A. Ferreira

 

Guégués.png

 

O hífen em locuções — caos e arbítrio

Sinal de esperança ou mero lapso?

 

«Uma língua, qualquer língua, possui um léxico tanto mais extenso e rico quanto maiores forem as exigências que se lhe apresentam e a pluralidade de contextos e situações em que tiver de ser usada. Uma língua apenas de âmbito familiar e do dia-a-dia possuirá seguramente um vocabulário mais reduzido e pouco diversificado do que uma língua que, além de falada em diferentes geografias, é usada nos contextos mais diversos – formais e informais, orais e escritos, gerais e especializados, oficiais e legislativos, educativos, científicos, tecnológicos, multilingues, multiculturais» («A língua portuguesa e a UE», Margarita Correia, Diário de Notícias, 10.05.2021, p. 28).

 

Ah, como isto é curioso e como é bom estar vivo em 2021 para o ver: Margarita Correia é professora e investigadora, coordenadora do Portal da Língua Portuguesa, e, usando, sabe-se lá com que convicção, as regras do Acordo Ortográfico de 1990, escreve «dia-a-dia». Isso não contraria frontalmente o que estatui a Base XV, n.º 6, do Acordo Ortográfico de 1990? Ah, sim, eu — e não sou o único — sou defensor de que a diferenciação gráfica, pelo uso dos hífenes, devia continuar a fazer-se. Afirmei-o aqui, em 2015, a propósito de pé-de-galinha/pé de galinha. Será a Professora Margarita Correia defensora do mesmo? Nada mudou; pelo contrário, tem vindo a alastrar o caos na ortografia do português. Continuar a fingir que o problema não existe ou que se resolverá com o tempo (com a morte do último português sensato que acha que isto foi um verdadeiro atentado à língua) não ajudará em nada. Só há uma coisa que se vai consolidando: o caos.

 

Fonte: 

https://linguagista.blogs.sapo.pt/o-hifen-em-locucoes-caos-e-arbitrio-4204419

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 15:58

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comentários:
De Ana a 20 de Maio de 2021 às 17:25
Eu vejo inconsistências dessas todos os dias. Quando me deparo com isso só me rio da falta de conhecimento dos defensores do Aborto Ortográfico. Defendem tanto esse lixo, mas depois nem o sabem aplicar. Eu pelo menos quando o seguia, era quase uma especialista. Tive formação na universidade sobre o aborto ortográfico e sei exactamente como se escreve segundo ele. Agora, faço o processo oposto que é o de resgatar o português correCto. De vez em quando tenho dúvidas se uma palavra tem consoante muda, mas graças a Deus ainda tenho boa memória de como se escreve as palavras correCtamente. Tenho pena é das gerações mais novas a que não lhes foi dada essa oportunidade. Os 'professores' têm o desplante de dizer que marcam como errado se a gente escrever segundo as normas anteriores ao aborto. Acham estúpido, mas fazem-no na mesma. É isso que temos. Uma classe amorfa de cidadãos atoleimados. Haja um ou outro que consiga pensar pela sua própria cabeça!
De Isabel A. Ferreira a 25 de Maio de 2021 às 16:18
Concordo com o que diz, Ana: temos uma classe amorfa de cidadãos atoleimados.

Escolas, repartições públicas, sites oficiais dos governantes portugueses e da República Portuguesa, Assembleia da República, canais televisivos, partidos políticos, ALGUMA imprensa escrita (felizmente nem toda), os servilistas de serviço publicitário eis a classe amorfa de cidadãos atoleimados.

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