Não, o título da notícia não é este. Infelizmente, não é. Mas podia ser.
O título da notícia é outro: «Escritores apelam a compromissos políticos contra “escalada” do populismo e xenofobia»
Contudo, como seria interessante e saudável para a Língua Portuguesa, que estes mesmos escritores também se rebelassem contra “acordo do desacordo” e exigissem que o AO90 fosse mandado às malvas, e se devolvesse à Língua Portuguesa a sua dignidade de Língua, agora transformada numa mixórdia ortográfica que deveria envergonhar os signatários dessa carta aberta, de teor político.
Esta carta aberta é assinada por 187 escritores, ditos de Língua Portuguesa, que vão do brasileiro Chico Buarque às portuguesas Hélia Correia ou Lídia Jorge, passando pelo moçambicano Mia Couto, Alice Vieira, Almeida Faria, Carlos Tê, Laborinho Lúcio, Ana Margarida de Carvalho, Eric Nepomuceno, Gonçalo Cadilhe, Francisco José Viegas, Isabel Minhós Martins, Itamar Vieira Júnior, Jacinto Lucas Pires, Joel Neto, José Eduardo Agualusa, José Fanha, José Luís Peixoto, Julián Fuks, Luísa Costa Gomes, Luísa Ducla Soares, Manuel Jorge Marmelo, Mário Cláudio, Mário de Carvalho, Nélida Piñon, Ondjaki, Richard Zimler, Rodrigo Guedes de Carvalho, Sandro William Junqueira, Tiago Rodrigues e Teolinda Gersão.
Alguns destes escritores, por alguma razão que nos escapa, são acordistas. Porém, outros dizem não ser (e da lista fazem parte centenas de nomes). No entanto, nunca se uniram para fazerem algo semelhante, que pudesse derrubar o AO90, que está a fazer desaparecer a Língua Portuguesa.
E a Língua, tal como o direito de ser cidadão negro, branco, amarelo, vermelho, cigano, também é algo que está a ser alvo de uma antidemocracia e precisa de ser dignificada, para que o País possa continuar a ser um País e a ter uma Língua que o identifique como um País livre e independente.
A Língua Portuguesa está refém de ditadores, e com isso ninguém se incomoda. Ninguém faz ondas. Ninguém se une para gritar em uníssono: «Não queremos este “acordo” que não serve nenhum país. Queremos a diversidade linguística, para que cada país lusófono não fique atado ao ex-colonizador, através de uma Língua que cada um enriqueceu com a especificidade das suas culturas.»
Não é isso que acontece com os restantes países ex-colonizadores, como Espanha, Inglaterra, França, que jamais fizeram acordos ortográficos com as ex-colónias?
Unam-se TAMBÉM para defender o património comum – a Língua que cada um designará como entender. Porque o que anda por aí já não é Língua Portuguesa, mas uma mixórdia falada e escrita, que não dignifica a dita lusofonia.
Comprometam-se TAMBÉM a “jamais participar em eventos, conferências e festivais onde a Língua Portuguesa seja amesquinhada”. Afinal, são todos escritores. Têm a Língua Portuguesa como o seu instrumento de trabalho. E ninguém pode apresentar um trabalho perfeito usando um instrumento imperfeito.
Não confundam receção, na grafia acordista - (que se lê “rec’ção” = aceitação) com recessão ( = retrocesso). Que é o que está a acontecer em Portugal, a todos os níveis, incluindo estes: o da não-aceitação da diversidade humana e da diversidade linguística.
Isabel A. Ferreira
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