Segunda-feira, 30 de Janeiro de 2023

Facto: o AO90 foi criado politicamente com o objectivo de DESTRUIR a Língua Portuguesa, para a substituírem pela Língua Brasileira (ainda a ser oficialmente) ...

 

… e para este jogo SUJO estão a contribuir os governantes portugueses, presidente da República e deputados da Nação incluídos, e também os professores com excesso de zelo burrocrático e a comunicação social seguidista e servilista.

 

Criei este Blogue para DEFENDER a Língua Portuguesa. Mas não me limito a defendê-la, neste espaço, que partilho com tantos outros defensores, que dizem de sua justiça, nos artigos que escrevem e que aqui publico.

 

Costumo andarilhar pela Internet, para medir o pulso ao que se passa neste nosso mundo desvairado, e, quando encontro algo que diga respeito ao AO90 ou à Língua Portuguesa, que me faz subir pelas paredes, intervenho.

 

Por vezes, recebo e-mails como este:

Que espécie de linguagem é esta.PNG

 

Que tipo de linguagem será esta? Como me mexeu com as entranhas, nem sequer mereceu resposta.

 

Contudo, é um pouco dessa minha intervenção, na Internet, que me propus a trazer, hoje.

 

Desta vez foi uma mensagem da Joana Coelho que me alertou para um artigo publicado no Quora, sob o título: «Existe a língua portuguesa do Brasil e a língua portuguesa de Portugal? Se sim, quais as diferenças?»

neste link

https://pt.quora.com/Existe-a-l%C3%ADngua-portuguesa-do-Brasil-e-a-l%C3%ADngua-portuguesa-de-Portugal-Se-sim-quais-as-diferen%C3%A7as/answer/Alexey-Gukov-1?__nsrc__=4&__snid3__=47848523979&comment_id=312980052&comment_type=2

a dizer o seguinte:

«Boa Tarde Dona Isabel! Espero que se encontre bem.

Recebi esta resposta ao meu comentário da mesma pessoa que respondeu à pergunta inicial, mas não tenho jeito para escrever não respondi. É difícil não sentir que a língua portuguesa está a ser engolida pelo dialecto brasileiro, por variadas maneiras: acordo ortográfico, nas sinopses da Netflix e TV por cabo, jornalistas brasileiros a darem notícias de Portugal em canais de TV portugueses (não é frequente mas já aconteceu), o site de línguas Babbel que é financiado pela união europeia ensina o dialecto brasileiro, já vi na tradução portuguesa de um volume de um Manga (BD japonesa) escrito zumbis e exterior em vez de zombie e estrangeiro,  e agora até foi criado um grupo para discutir a aceitação do dialecto brasileiro no exames e ensino em Portugal (se os alunos brasileiros estão em Portugal porque raio é que deveriam ser avaliados no dialecto brasileiro? os professores podem aceitar o vocabulário, mas a gramática tem de ser a nossa), até já vi pessoas que sem repararem utilizam expressões e vocabulário brasileiro, como uma colega minha que dizia jogar no lixo e quando lhe perguntei, ela respondeu que foi devido à influência de crianças suas familiares que vêem youtubers e programas brasileiros para crianças e que ela às vezes os corrige mas que é uma pessoa que facilmente "apanha" o modo de falar das outras pessoas.

 

Mesmo que Portugal inteiro criasse conteúdo no nosso português, na Internet e em livros escolares para os PALOPs, o dialecto brasileiro é utilizado, fora de Portugal, como se fosse o português padrão, infelizmente. Quando estive de férias em Amesterdão, uma estrangeira ouviu-me a falar com o meu pai e perguntou-me qual a minha língua materna, tendo ficado chocada quando lhe respondi que era portuguesa e falava português. Disse que o português que conhecia era o que se fala no Brasil e que era tão diferente.

 

***

(Respondi à Joana, num comentário, no artigo acima referido):

 

Joana, nós, que lutamos pela preservação da Língua Portuguesa, jamais permitiremos que a Variante Brasileira do Português se sobreponha ao Português, ainda que seja verdade tudo o que mencionou, quanto a essa infiltração abusiva da Variante Brasileira do Português. Mas a linguagem é tão má, tão má, e as traduções são tão más, tão más, que não se aguentarão por muito mais tempo.

 

Jamais a IGNORÂNCIA, a ESTUPIDEZ, a MEDIOCRIDADE levaram a palma.

 

As diferenças são muitas. E os povos europeus, muito mais facilmente aprendem a Língua Portuguesa do que a Língua Brasileira (ainda a ser), porque têm a mesma RAIZ indo-europeia.

 

O acordo ortográfico de 1990 é simplesmente um PEDREGULHO no caminho da evolução da nossa Língua, mas nós somos seguidores da Filosofia da Água, e avançamos, contornando os obstáculos, que nos querem impor.

 

O acordo ortográfico de 1990 foi criado politicamente com a única intenção de DESTRUIR a Língua Portuguesa e substituí-la pela Língua Brasileira (ainda a ser). Mas vamos contornar o pedregulho, deixando-o para trás, e manteremos a Língua Portuguesa no seu original, como é da NOSSA Cultura.

 

***

E foi então que apareceu Alexey Gukov

autor do artigo acima referido, o qual estudou Filologia Românica (é importante sublinhar este pormenor) e com o qual troquei as seguintes palavras:

 

Comentário Isabel.PNG

Comentário 2.PNG

 

E Alexey Gukov respondeu-me:

 

Alexey Gukov

Estudou Filologia românica

 

(Transcrição do comentário de Alexey)

 

Alexey:

Uma coisa da qual não gosto é a agressividade com a qual algumas pessoa creem dever proteger a sua língua duma suposta desvirtuação que se daria por influências de línguas estrangeiras: muita emoção e muito pouco conhecimento.

 

Isabel:

NÃO EXISTE língua portuguesa do Brasil. O que existe é uma Variante Brasileira da Língua Portuguesa, que é ÚNICA. É a de Portugal. Todas as outras são VARIANTES do Português.
A Língua Portuguesa é A Língua. Não se queira pôr ao mesmo nível um IDIOMA e uma Variante.

 

Alexey:

O que a Senhora não sabe, não entende ou não quer entender é que, por muito que o português europeu (que tem as sua variantes regionais, como as tem o português do Brasil) seja a variedade primigénia da língua portuguesa, da qual nasceram todas as variedades do português que se falam nas ex-colónias, o português é hoje uma língua pluricéntrica, na qual o padrão europeu vale tanto quanto o padrão brasileiro: nem mais, nem menos.


Observe que a Asociação das Academias da língua espanhola (23 em tudo) o que faz é coordinar a unidade ortográfica dos vários países de língua espanhola e ninguém está a gritar que os países hispano-americanos querem americanizar o espanhol falado na Europa. Diz alguém que os espanhóis devem deixar de usar a segunda pessoa do plural? Pois não. Diz alguém que devem passar ao voseo rioplatense (desde algum tempo incluído nos paradigmas de conjugação)? Também não.


Recordo: fostes vós, os portugueses, a romper a unidade ortográfica da língua portuguesa em 1911. O Acordo Ortográfico de 1990 nem sequer elimina todas as diferências entre a ortografia brasileira e a dos demais países de fala portuguesa, e para a qual os brasileiro também deveram despedir-se dalgumas particularidades como o trema. Depois de várias etapas de reaproximação ne século passado, os dois padrões nem tornaram a ser um.
Então, porque alguns portugueses se exaltam pela suposta — e não verdadeira — abrasileiração do padrão ortográfico europeu?

 

Isabel:

As diferenças são enormes, e NÃO é pelo facto de o Brasil ter milhões de falantes e escreventes de uma VARIANTE do Português, que levará à extinção da Língua Portuguesa, como é objectivo político. O Brasil que fique com a sua Variante, e que a transforme em Língua Brasileira.

 

Alexey:

Seja conseqÜente e use a ortHograPHia correcta de antes do 1911. Vá ao theatro, compre os seus medicamentos na pharmácia e mire os cygnos nos parques.


Ao tratar-se da influência do português brasileiro no português europeu a ortografia é o menor problema. Nem sequer o léxico é um problema, pois muitas vezes uma palavra frequente na variedade europeia é uma variante marginal no Brasil e, ao revés, uma variante dominante no Brasil é uma variante marginal no Portugal (mais difícil é quando uma palavra tem significados diferentes aquém e além do Atlántico). Bem mais significativa é a influência na pronúncia e na gramática: generalização da próclise, uso de construções como "vejo ele" em vez de "vejo-o" etc. Aquela não penetrará na fala dos portugeses por culpa do Acordo ortográfico de 1990, mas porque as crianças e os jovens portugueses se exporem a música, produção cinematográfica e televisiva e textos escritos que empreguem a variedade brasileira.

 

Isabel:

Não a queremos Brasileira, porque a Brasileira está deslusitanizada, italianizada, afrancesada, castelhanizada e americanizada, e mais o que vier. E isto é já OUTRA língua.
Jamais a Língua Portuguesa será destruída, porque também somos milhões a preservá-la.

 

Alexey:

Já. Simplesmente as duas variedades enveredaram por caminhos distintos. As influências do italiano e francês no português brasileiro não são maiores do que no português europeu: cada vez que diz ou escreve "chapeu", cada vez que usa palavras em -agem a Senhora usa francesismos. Os castelhanismos no português do Brasil não se dão se não nas variedades das regiões fronteiriças, principalmente com a Argentina e o Uruguai. As influências americanas? Meh…


O que a Senhora não entende ou não quer entender é que as línguas se evolvem no tempo, todas, de maneira mais ou menos rápida. Se a língua portuguesa fosse imutável, a Senhora estaria ainda a falar latim.

***

(O que EU respondi a Alexey Gukov):

 

Isabel A. Ferreira

 

Primeiro: não confunda INDIGNAÇÃO com agressividade, por favor. São coisas diferentes, e EU tenho o direito à MINHA indignação, por estarem a tentar destruir a MINHA Língua Materna, a Portuguesa, e a ÚNICA (repito), porque o que se fala e escreve no Brasil é uma VARIANTE, que será transformada em Língua, como o Galaico-Português, derivado do Latim, se transformou em Língua Galega, na Galiza, e Língua Portuguesa, em Portugal. Bem como o Crioulo Cabo-Verdiano, com origem no Português, já é a Língua Cabo-Verdiana. E o Brasil só ainda NÃO elevou a sua Variante Brasileira, por uma questão meramente política, onde a DESTRUIÇÃO da Língua Portuguesa é objectivo principal dessa política, para depois imporem a Língua Brasileira.

 

Segundo: a DESVIRTUAÇÃO da Língua Portuguesa, encetada pelo Brasil, NÃO é suposta, é REAL. Veja que os Africanos, de expressão portuguesa, NÃO desvirtuaram o Português, não o DESLUSITANIZARAM, não o afastaram da sua GENETRIZ, como fizeram os Brasileiros, e apenas os Brasileiros o fizeram, ILEGITIMAMENTE (pois a Língua Portuguesa era e É a Língua de Portugal, um país soberano, e nenhum outro país soberano tem o direito de desvirtuar a Língua de outro país soberano e continuar a chamar-lhe portuguesa). O Brasil MUTILOU a Língua aquando do Formulário Ortográfico de 1943, numa tentativa de baixar o elevado índice de analfabetismo, então existente no Brasil, o que, ao que parece, ainda NÃO resultou, pois o Brasil continua com um elevado índice de analfabetos.

 

Terceiro: não gosto de puxar pelos meus galões, mas a isso estou a ser obrigada. O que o senhor NÃO sabe é que eu já estudei no Brasil, e sei o que é o estudo da linguagem no Brasil; fui Professora de Português em Portugal, enveredei depois pelo Jornalismo e tenho vários livros publicados, o que faz da Língua Portuguesa o meu mais precioso instrumento de trabalho, por isso, de Língua Portuguesa SEI EU, e também sei da Língua que há-de ser designada por Brasileira, e sei das restantes variantes que Portugal espalhou pelo mundo.


Quarto: NÃO há português europeu (REPITO). Há Língua Portuguesa. Ponto final. Todas as suas VARIANTES valem tanto quanto a GENETRIZ delas, apenas no país delas. Porém, o que aqui está em causa é a IMPOSIÇÃO da Variante Brasileira do Português a Portugal e aos restantes países, ditos, lusógrafos, os quais, e muito bem, a REJEITARAM, à excepção de Portugal, porque os políticos portugueses são de uma ignorância assustadora!!!!!

 

Quinto: o que vale para as Línguas Castelhana (não existe língua espanhola), Inglesa, Francesa, Holandesa, Alemã, NÃO VALE para a Língua Portuguesa, pois NENHUM país ex-colonizado desvirtuou a Língua-Mãe, como os Brasileiros desvirtuaram o Português. Ponto final.

 

Sexto: a Língua Portuguesa, tal como as restantes línguas indo-europeias EVOLUIU. O Português de Camões não é o Português do século XXI d. C., mas a RAIZ da Língua continua lá. O Inglês de Shakespeare NÃO é o mesmo do século XXI d. C., mas a Matriz da Língua, continua lá. O Brasil assinou a Convenção de 1911, que proporcionou a EVOLUÇÃO da Língua, NÃO a afastando da sua RAIZ, e o Brasil desprezou-a depois. Não nos culpe do rompimento da unidade que JAMAIS existirá na linguagem das ex-colónias portuguesas, muito menos na do Brasil.

 

Sétimo: o AO90, criado por Antônio Houaiss, elimina 99,999% das consoantes não-pronunciadas, e para que não se dissesse que o Brasil nada tinha para mudar, tiraram-lhe o TREMA e mais uns poucos acentos e hífenes. De resto a GRAFIA, no Brasil, ficou IGUAL. Para Portugal, a GRAFIA MUDOU substancialmente, e por causa disso, hoje temos uma MIXÓRDIA ortográfica, única no mundo. Querem unificar a Língua? Então que o Brasil comece a escrever o Português não-mutilado. É algo mais racional.

 

Oitavo: as diferenças entre a Variante Brasileira do Português e a Língua Portuguesa são gigantescas e abarcam a fonologia, a ortografia, o léxico, a morfologia, a sintaxe e a semântica. E isto BASTA para que chamem ao que escrevem e falam no Brasil, Língua Brasileira.



Nono: por acaso sabe por que motivo se passou dos fonemas gregos PH para F, e TH para T, e do Y para I, se não sabe é melhor ir aprender os Alfabetos Latino e Grego e terá a resposta científica. Sabe o que o PH significa hoje? É o símbolo da IGNORÂNCIA dos que seguem o AO90.

 

Décimo: eu uso anglicismos e galicismos para EVITAR o aportuguesamento e abrasileiramento HORROROSOS, e traduções HORROROSAS que existem, principalmente na Variante Brasileira do Português. É que a Língua também é ELEGÂNCIA, é BELEZA, é SUAVIDADE, é HARMONIA visual, e o aportuguesamento ou o abrasileiramento de determinados vocábulos ingleses, franceses ou mesmo castelhanos são de FUGIR!!!! São de uma deselegância e fealdade e aspereza gigantescas.

 

E para terminar quero dizer-lhe que as línguas MUDAM, EVOLUEM, mas NÃO se DESTROEM, NÃO se MUTILAM, como os Brasileiros destruíram e mutilaram a Língua Portuguesa. Por isso, é da RACIONALIDADE que cada país fique com a sua Língua. Tenho certeza de que a Língua Brasileira terá muito sucesso sozinha, sem precisar da MULETA portuguesa. Cortem o cordão umbilical com o ex-colonizador. O Grito do Ipiranga já tem 200 anos, e os Brasileiros ainda arrastam pelo chão o cordão umbilical que os prendeu a Portugal. Porquê?

 

***

 

O conteúdo desta conversa está no link que indiquei mais acima.

 

Capture.PNG

 

Não podemos permitir que um País livre e soberano (Brasil) USURPE a Língua Portuguesa, a Língua de Portugal, um país também livre e soberano, mexa na sua estrutura e continue ILEGITIMAMENTE a chamar-lhe Portuguesa.

 

A questão da Língua e do AO90 é uma questão meramente POLÍTICA e NÃO linguística. Jamais ninguém pretendeu unificar ortografias, porque isso é uma missão impossível, a não ser que o BRASIL abdique da sua Variante e passe a escrever e a falar Português, como, por exemplo, os Angolanos. E se eu estiver errada corrijam-me.



É que tudo isto passa dos limites, e é preciso que a Língua Portuguesa seja RESPEITADA como tal, na sua integridade, porque é OFICIALMENTE a Língua nascida em Portugal, consignada na Constituição da República Portuguesa, sem “diretores”, sem “atores”, sem “arquitetos”, sem “onisciências”, sem “contatos”, sem “Egito”...



Isabel A. Ferreira

***

Comentários a este texto no Facebook, no Grupo NOVO MOVIMENTO CONTRA O AO90

 

Comentáriom Robalo 1.PNG

Comentário Robalo 2.PNG

Capture.PNG

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:18

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comentários:
De Jorge Miguel a 1 de Fevereiro de 2023 às 17:52
Boa tarde.
Tenho seguido alguns textos aqui do seu blogue e simpatizo no sentimento contra o AO90, como há muito o tenho feito. Gostaria de saber, no entanto, a sua opinião em relação a uma eventual readopção do trema (¨) para gue, gui, que, qui (por exemplo, «aguentar» vs «agüentar» ou «tranquilo» vs «tranqüilo») e do acento grave em palavras derivadas, respeitando a pronúncia da palavra original e, ao mesmo tempo, permitindo que a derivada tenha a sua devida tonicidade (como «pé, pèzinho» ou «só, sòmente» em vez de «pé, pezinho» ou «só, somente»). Para efeito, eu sou a favor desta mudança porque torna a língua escrita mais explícita. Por vezes, a simplicidade não torna as coisas mais fáceis.
De Isabel A. Ferreira a 1 de Fevereiro de 2023 às 18:29
Estou absolutamente de acordo consigo, Jorge Miguel.

A acentuação, os hífenes e a pontuação são importantíssimos para uma melhor compreensão da escrita. Com esses auxiliares da escrita, esta torna-se, sem dúvida, mais fluída, e não temos de andar “ó tio, ó tio” como é que isto se lê ou pronuncia.

E bem precisamos de regressar ao trema, aos hífenes e aos acentos graves e agudos, para ver se os senhores doutores que vão à televisão, jornalistas incluídos, começam a pronunciar correCtamente certas palavras.

A escrita também tem a sua lógica. Afinal, a linguagem é uma Ciência. E todas as Ciências têm a sua lógica.

E digo-lhe mais, sou absolutamente a favor de se pronunciar os cês e os pês nas palavras onde eles não são pronunciados, para ver se os acordistas começam a escrever correCtamente. Aliás, nas outras línguas os cês e os pês são pronunciados, o que facilita substancialmente a escrita.

A grafia de 1945, para ser perfeita, falta-lhe estes ajustes. Tenho certeza de que, com estes ajustes, não veríamos os abortos ortográficos que, hoje em dia, circulam por aí, como “aspeto”, “exceto”, “receção”, “diretor”, “direto”, “perceção,“afeto”, “teto”, “arquiteto”, enfim, todas as aberrações gráficas infiltradas na Língua Portuguesa através do AO90.
De Araújo Rameiro a 3 de Fevereiro de 2023 às 15:13
Achei por bem comentar na sua publicação mais recente com receios do meu comentário andar perdido no tempo, e é o seguinte:
Já vi muitas pessoas, graças ao blogue, afirmar que é muito complicado ou até mesmo impossível criar-se um acordo que tente unificar as variantes do Português. Até aqui, tudo bem; mas eu queria saber exactamente o "porquê" de não ser possível fazê-lo.
De Anónimo a 3 de Fevereiro de 2023 às 16:58
Comentário apagado.
De Araújo Rameiro a 3 de Fevereiro de 2023 às 17:27
Compreendo melhor, agora.
Obrigado pelo esclarecimento.
De Isabel A. Ferreira a 3 de Fevereiro de 2023 às 19:22
Ainda bem que pude ser-lhe útil, Araújo Rameiro.
Sempre à disposição.
De Isabel A. Ferreira a 4 de Março de 2023 às 19:36
Araújo Rameiro, pense um pouco. A resposta é muito simples e óbvia. Mas antes farei uma pequena introdução, para fixar o que é a Língua e as suas Variantes.

Existe a Língua Portuguesa, Língua de Portugal, a Língua dos Portugueses. Língua que Portugal espalhou pelo mundo, quando deu novos mundos ao mundo.

Na época, alguns dos territórios que os Portugueses deram a conhecer ao mundo, estavam habitados por indígenas que tinham a sua própria Língua. Como em todos os territórios colonizados por outros Europeus, a saber, Espanhóis, Ingleses, Franceses, entre outros, as línguas misturaram-se. Mas nem a Espanha, nem o Reino Unido, nem a França andaram a fazer “acordos” com os ex-colonizados, só porque eles MISTURARAM a Língua nativa com a original.

Mas o que interessa aqui é a questão da Língua Portuguesa. E vou ater-me aos países da (mal) denominada CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), a saber: Brasil, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Timor Leste, e obviamente Portugal. Infiltraram neste lote, por motivos dúbios, a Guiné Equatorial, onde ninguém fala Português, e, por isso, está fora.

Todos esses países, que têm como língua oficial a Língua Portuguesa, a qual se manteve portuguesa, respeitando-se a sua GENETRIZ, à excepção do Brasil, que usurpou a Língua, deturpou-a e continuou a chamar-lhe “português”, têm centenas de dialectos indígenas ACTIVOS.

Quando o líbano-brasileiro Antônio Houaiss decidiu DESLUSITANIZAR a Língua Portuguesa e engendrar o acordo ortográfico de 1990, fê-lo apenas com o “linguista” português, Malaca Casteleiro, que andava de candeias às avessas com Portugal, porque aqui ninguém aceitou bem o Dicionário que ele coordenou. Nesse grupo, NÃO estavam linguistas angolanos, moçambicanos, são-tomenses, timorenses, guineenses, cabo-verdianos. Apenas o “linguista” português. Porquê? Porque o objectivo era destruir a Língua Portuguesa, para impor a Brasileira. O objectivo NÃO era unir a ortografia brasileira e a portuguesa, até porque AntÔnio é AntÓnio.

Então porquê é impossível unir as grafias brasileira e portuguesa? Que adiantava ficar toda a gente a escrever “afeto”, se AntÔnio é AntÔnio, e AntÓnio é AntÓnio?

Para unir grafias, das duas uma: ou os Brasileiros começavam a grafar à portuguesa (se querem unir, comecem por aqui, e não às avessas) ou os Portugueses e todos os restantes povos africanos de expressão portuguesa, e os timorenses, começavam a grafar à brasileira, não só mutilando as palavras, como acentuando-as à brasileira.

Além disto, ainda temos o léxico: como os países da dita CPLP deveriam mencionar e escrever o “grande veículo automóvel de transporte colectivo de passageiros, urbano, rodoviário ou turístico”?

ÔNIBUS (Brasil); AUTOCARRO (Portugal); MACHIMBOMBO (Angola e Moçambique); TOCA-TOCA (Cabo Verde); OTOCARRO (Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe); MICROLETE (Timor-Leste)?

(Isto é apenas um exemplo de um infinito número deles).

Cada país, dito lusófono, tem a sua especificidade linguística, a sua cultura, o seu modo de ser, as suas crenças, as suas diversidades. São países soberanos, que NÃO têm de andar a arrastar o cordão umbilical, atrás do ex-colonizador.

E na diversidade é que está a RIQUEZA de uma Língua. A Língua Portuguesa gerou VARIANTES em todos os países por onde passou. Cada País tem a sua própria natureza e riqueza lexical. E todas são VÁLIDAS, individualmente, porém, extremamente INVÁLIDAS, colectivamente.

Ainda que se conseguisse UNIFICAR as grafias, ou seja, pôr todos os países a grafar ONISCIENTE (como no Brasil se grafa, e em mais nenhuma parte do mundo), seria reduzi-la à sua forma mais PRIMÁRIA, sob o ponto de vista da estrutura original da Língua.
De Anónimo a 4 de Março de 2023 às 15:26
Boa Tarde Dona Isabel!

Espero que se encontre bem.
Mais uma excelente resposta sua, com a habitual eloquência. Contudo, não me leve a mal mas acho que se enganou quando disse que ônibus em Portugal é eléctrico (existe mas é outro tipo de transporte), pois diz-se autocarro é muita gente pronúncia como ótocarro que curiosamente é como se diz em São Tomé e Príncipe e Guiné-Bissau, algo que desconhecia, já aprendi mais alguma coisa consigo.
Só lhe falou mencionar o uso gramática que é diferente no Brasil em relação a Portugal, PALOP.s e Timor. Se não me engano, acho que a língua portuguesa era dividida em relação à gramática e ortografia em 2: português europeu - afro - asiático e português brasileiro, contudo não me recordo aonde vi isto.
Concordo com tudo o que disse e acho que seria benéfico que o Brasil fizesse a gramática adaptada à sua língua falada e chamasse a sua língua de língua brasileira.



De Isabel A. Ferreira a 4 de Março de 2023 às 19:02
Ou é da minha vista ou na releitura que fiz a este texto, não vi em parte alguma que tivesse traduzido "ônibus" (o nosso autocarro) por eléctrico.

Com certeza, este lapso, porque só pode ser um lapso, porque andei tantas vezes de "ônibus" que não poderia condundir-me, estará num outro texto.

Se conseguir localizá-lo, agradeço que mo indique, para, se for o caso, eu corrigir. Pode ser?

Obrigada pela sua intervenção.
De Joana a 4 de Março de 2023 às 19:21
Boa noite Dona Isabel!

Peço lhe desculpa por que me esqueci de pôr o meu nome e de indicar que a minha observação diz respeito a uma resposta ao senhor Araújo Rameiro e não ao conteúdo do texto em si.

Trancrevo abaixo :
ÔNIBUS (Brasil); ELÉCTRICO (Portugal); MACHIMBOMBO (Angola e Moçambique); TOCA-TOCA (Cabo Verde); OTOCARRO (Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe); MICROLETE (Timor-Leste)
De Isabel A. Ferreira a 4 de Março de 2023 às 19:32
Vi logo que poderia ser a Joana.
Tem razão. Foi no comentário. Um grandessíssimo lapso.
Muito obrigada. Vou corrigir.

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ACORDO ZERO é uma iniciativa independente de incentivo à rejeição do Acordo Ortográfico de 1990, alojada no Facebook. Eu aderi ao ACORDO ZERO. Sugiro que também adiram.
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