Segunda-feira, 2 de Dezembro de 2019

«Movimento pela Língua Brasileira»

 

Não estranhei absolutamente nada quando li a frase supracitada, no “assunto”, de um e-mail que me foi dirigido por Sérgio Lopes. Apenas fiquei muito curiosa, obviamente.  


E se há por aí alguns Portugueses e Brasileiros que, por uma conveniência mais política do que linguística, não aceitam a existência de um Movimento pela Língua Brasileira, outros há que, muito pela calada, se movimentam no sentido de elevarem o mal denominado “Português do Brasil” a Língua Brasileira.

 

E eu, como conhecedora da cultura brasileira, dos desígnios brasileiros, da política brasileira, e principalmente do imo brasileiro, só tenho a dizer força, Brasil!

 

O que se escreve e fala no Brasil é, de facto, uma nova língua, derivada da Língua Portuguesa. Não sei por que existe tanta resistência, em Portugal, a admitir tal facto, quando, no Brasil, falar de Língua Brasileira já é uma realidade.

 

O que se segue é a troca de e-mails entre mim e o Sérgio Lopes (com o seu consentimento), acerca deste facto, que os menos esclarecidos se recusam a aceitar como verdadeiros.

 

portugal brasileiro 1.png

 

Nos tempos que correm (e espera-se que por pouco tempo) Portugal é uma extensão do Brasil, no que à Língua diz respeito (ou não pugnasse o AO90 pela grafia brasileira), até porque, na Internet, a bandeira portuguesa foi substituída pela bandeira brasileira, para designar o Português que, obviamente, não é português.

 

Escreveu Sérgio Lopes:

 

Ouso enviar-lhe estes links na eventualidade de os não conhecer.
Gosto das suas intervenções.
Saudações

 

A hora e a vez do português brasileiro

http://museudalinguaportuguesa.org.br/wp-content/uploads/2017/09/A-hora-e-a-vez-do-portugues-brasileiro.pdf

 

Afinal, existe 'língua brasileira'?

http://g1.globo.com/educacao/blog/dicas-de-portugues/post/afinal-existe-lingua-brasileira.html
 

A LÍNGUA BRASILEIRA


Excerto: Embora no início do século XIX muito se tenha falado da língua brasileira, como a Constituição não foi votada, mas outorgada por D. Pedro, em 1823, decidiu-se que a língua que falamos é a língua portuguesa. E os efeitos desse jogo político, que nos acompanha desde a aurora do Brasil, nos faz oscilar sempre entre uma língua outorgada, legado de Portugal, intocável, e uma língua nossa, que falamos em nosso dia-a-dia, a língua brasileira. É assim que distingo entre língua fluida (o brasileiro) e a língua imaginária (o português), cuja tensão não pára de produzir os seus efeitos.

https://brasiliano.wordpress.com/2008/09/22/a-lingua-brasileira-2/

 

Sérgio Lopes

 

***

 

A minha resposta foi a seguinte:

 

Caro Sérgio Lopes,

 

Agradeço a sua mensagem e a sua gentileza, e os links que me enviou.

 

Os dois primeiros eu não conhecia.

 

O último, o da Eni P. Orlandi, conhecia, e já o publiquei no meu Blogue, faz algum tempo.

 

Para falar da “Língua Brasileira”, sou uma privilegiada, pois frequentei escolas brasileiras desde a primária à universidade, intercalando com a frequência em escolas portuguesas, também desde a primária à universidade. E o que tenho a dizer sobre isto, é que a Língua que se fala e escreve no Brasil é a Língua Brasileira, (com toda a justiça) e não a Portuguesa.

 

Estou com os brasileiros que pugnam pela Língua Brasileira, e defendo-a com a mesma garra com que defendo a minha Língua Portuguesa.

 

Não estou com os brasileiros quando eles dizem que o Português é a língua mais horrorosa do mundo, porque não é. É uma das línguas mais ricas e belas do mundo, de acordo com os estudiosos das línguas indo-europeias. Só os que nada sabem desta língua podem dizer tal disparate.

 

Também não estou com os brasileiros, na questão da imposição da grafia brasileira aos restantes países lusógrafos, com a invenção do pseudo-AO90, que não passa da maior fraude de todos os tempos.

 

De todos os países que herdaram a Língua Portuguesa e a têm como língua oficial, apenas o Brasil a deturpou, a mutilou, e dela se afastou substancialmente, americanizando-a, afrancesando-a, castelhanizando-a, italianizando-a, para não falar na introdução dos milhares de vocábulos indígenas e africanos (que aliás só a enriqueceram sobremaneira) e tudo isto confere-lhe o estatuto de uma nova língua, oriunda da Portuguesa, mas que já não é portuguesa.

 

Conheço as duas línguas como as palmas das minhas mãos. E, na realidade, são duas línguas diferentes.

 

Irei ler com mais atenção os textos que enviou, porque já vi que tenho ali muito pano para mangas, e não só, visando elaborar um texto para o Blogue.

 

Os meus agradecimentos e as minhas saudações desacordistas,

 

Isabel A. Ferreira

 

***

 

Do que li nos textos enviados pelo Sérgio Lopes, tudo espremidinho, dá o seguinte:  existe um grande equívoco por parte dos brasileiros (e também dos acordistas portugueses) quando metem a Língua Portuguesa no saco das Variantes. E a Língua Portuguesa não é uma variante (ando sempre a repetir isto). A Língua Portuguesa é a ORIGEM das variantes, assim como o Latim não era uma variante entre os diversos dialectos (em que o galaico-português se incluía) que do Latim se originaram. O Latim era a ORIGEM. E a Língua Portuguesa, logo que se implantou como Língua, também é a Origem. Não uma variante.


E é esse grande equívoco que leva a que Portugal, um país que já foi livre, esteja actualmente dominado pela variante brasileira (ou dialecto, vai tudo dar ao mesmo), tendo perdido a sua identidade portuguesa, apenas porque os governantes portugueses, neles incluído o presidente da República, ou sofrem de um gigantesco complexo de pequenez, e acham que se se colarem ao Brasil ficam gigantes, ou andam a mando de alguma força oculta.

 

E como eu, e muitos como eu, gostaríamos de estar enganados, quando dizemos que a Língua Brasileira nunca esteve tão perto de ser implantada, e a Língua Portuguesa de desaparecer!!!!

 

***

Entretanto, enviei este outro e-mail ao Sérgio:

 

Caro Sérgio Lopes,

 

Agradeço o seu e-mail, com o qual não podia estar mais de acordo. Tão de acordo que quero pedir-lhe permissão para integrar as partes que dizem respeito ao Brasil, à Língua, ao AO90, aos indígenas, num texto acerca desta matéria.

 

Eu não sou perita em Ciências da Linguagem, apenas tenho a Língua Portuguesa como o meu mais precioso instrumento de trabalho, já leccionei Português, e aprofundei o meu conhecimento da Língua, nessa altura, em Portugal, e conheço a riqueza da Língua Brasileira, para a considerar uma outra língua. Apenas isso. 

 

Quanto aos neo-brasileiros estou completamente de acordo consigo, que também andou por lá, e sabe como é. Sempre defendi que os verdadeiros “donos” do Brasil são os indígenas, e não o povo que veio depois de os Portugueses terem achado as terras de Vera Cruz, e que nada fez para engrandecer o Brasil depois da independência.

 

Um destes dias enviaram-me um texto incrível que pode ver aqui:

 

https://www.imub.org/fraudes-montadas-sobre-o-tema-o-brasil-colonia/?fbclid=IwAR0HiTx4cN2k52dq_sARybjf5vEjXN5G7Kelf-71w66AFVOo7ecgoRdMJk8

 

o que me levou a deixar lá um comentário, que não foi aprovado, e está-se mesmo a ver porquê. E o comentário dizia o seguinte:

 

O que não se inventa para deturpar a História comum do Brasil e Portugal, tentando com isso atenuar o gigantesco complexo de colonizado, entranhado em alguns "brasileiros" (?), que não aceitam o seu passado. Todos os países, de uma forma ou de outra foram colonizados. Portugal foi colonizado por vários povos. De todos eles recebeu benefícios, e todos eles fazem parte da História de Portugal. Complexo para quê? Porquê?

 

É de realçar que, de todos os países colonizadores (Inglaterra, Espanha, França, Alemanha, Holanda - algo que pertence a uma época específica, tal como a pré-história é pré-histórica) Portugal foi o menos bárbaro e o que mais legado cultural deixou. Não extinguiu nenhuma civilização autóctone, e foi também o menos racista e xenófobo.

 

Não vejo qualquer motivo, para andar a escarafunchar historietas, para justificar um passado que na realidade não existiu, ou seja, o de que o Brasil não foi colónia.

 

Melhor fariam atirar o complexo de colonizado a um abismo, e tentar construir um grande país, que desde 1822 é livre, e ainda não encontrou o seu rumo.

 

Cortem o cordão umbilical que ainda liga o Brasil ao colonizador, como todos os povos colonizados fizeram, e deixem o passado no lugar dele. Vivam o presente e construam o futuro, como um povo livre. Até ao momento, e desde 1822, os Brasileiros são escravos do seu passado português. Libertem-se, de uma vez por todas. A começar pela Língua. Assumam que ela é a Língua Brasileira, porque ela é, e vivam a vossa vida brasileira, porque nós por cá, queremos viver a nossa vida portuguesa, sem colonizados agarrados ao nosso pé. O tempo da colonização acabou. Pertence ao passado, que ninguém pode mudar ou apagar.

 

Digo isto com amizade. Sem mágoa. Sem remorsos. Sem culpas.

 

E tenho quase a certeza, (este quase é muito fraquinho) de que esta imposição do AO90 a Portugal é a vingança desses “brasileiros” complexados.

 (…)

As minhas mais cordiais saudações desacordistas,

 

Isabel A. Ferreira

 

***

 O Sérgio escreveu:

 

Cara Isabel,

 

«Agradeço o seu amável retorno e, desde já lhe digo, que estou consigo quanto à aspiração dos (neo*) brasileiros de rebaptizar a sua língua. Alguma razão há para não existirem acordos ortográficos nos espaços anglófonos, francófonos e “hispanófonos”. O simples bom-senso, que faltou aos promotores do OA90 e antecessores, dita-nos que uma língua uma vez exportada para fora do seu habitat geográfico natural, sofre influências tais de ordem fonética e lexical a ela estranhas que não permitem a sua unificação.

 

O “brasileiro” é disso um rico exemplo, agravado pela noção de que em termos linguísticos não existe “o certo, nem o errado, existe o diferente”. Facto que, eventualmente, com tantos "diferentes" empurrará o Brasil a dividir-se em vários dialectos.   Por motivos de ordem profissional conheço o Brasil de lés-a-lés, onde estive expatriado, primeiro como director-comercial, e uma segunda vez como director-geral de uma transnacional que tinha e tem filiais espalhadas por todo aquele imenso país-continente.

 

Bom, mas a eventual divisão em dialectos não é um problema português… O que é interessante notar é que a história da língua inglesa exportada da Europa para os EUA, não é muito diferente da língua portuguesa exportada para o Brasil. Os índios, os escravos e até os colonos franceses, holandeses (Nova Iorque nasceu de Nieuw-Amsterdam), etc., influenciaram a língua hoje falada nos EUA. O que não causa o alarido que no nosso caso se faz sentir e ouvir! 

 

Reconheço, porém, que a Isabel reúne as condições ideais e muito superiores às minhas para julgar este tema. Eu conheci o uso da razão em Angola, fiz o liceu antigo num colégio interno em Portugal e estudos superiores em língua inglesa em Cape Town, na anda África do Sul do Apartheid, licenciatura, e o mestrado em Plantation, Flórida nos EUA. 

 

A justificação dada pela parte portuguesa dos promotores do AO90 é completamente tola, imbecil mesmo. A Isabel verá que defendendo a preservação da língua, o Casteleiro e companhia caíram na ratoeira dos promotores da “língua Brasileira”! E correram o risco de deixar Portugal sozinho, com uma língua mutilada!!!

 

Retribuo as saudações “desacordistas” e votos das maiores venturas.

 

Sérgio Lopes

 

Nota* - para mim os actuais habitantes não indígenas do Brasil são-neo-brasileiros, dado que os índios são os verdadeiros aborígenes. Pena é que ainda estejam sob a tutela do "Estatuto do Índio" nome como ficou conhecida a lei 6.001. Promulgada em 1973, ela dispõe sobre as relações do Estado e da sociedade brasileira com os índios. Em linhas gerais, o Estatuto seguiu um princípio estabelecido pelo velho Código Civil brasileiro (de 1916): de que os índios, sendo "relativamente incapazes", deveriam ser tutelados por um órgão indigenista estatal (de 1910 a 1967, o Serviço de Proteção ao Índio - SPI; actualmente, a Fundação Nacional do Índio - Funai) até que eles estivessem “integrados à comunhão nacional”, ou seja, à sociedade brasileira…

 

Uma coisa é certa, durante mais de 300 anos só imigraram portugueses, quase exclusivamente, para a terra que recebeu o nome de Brasil. E durante esse tempo, quase só homens, facto que explica a miscigenação massiva com índios e africanos. Ora, ninguém se coloniza a si próprio, portanto, conquanto os índios pudessem reivindicar o estatuto de colonizados, curiosamente são os descendentes dos supostos "colonizadores" que o fazem e com tanto empenho. A imigração de italianos, franceses, alemães, árabes, asiáticos, etc., em números significativos deu-se já depois da independência, portanto, mais uma vez, não foram colonizados... Tenho para mim que é este complexo do "falso colonizado" que tem travado a ascensão do Brasil ao mundo desenvolvido. Lamentável!

 

Sérgio Lopes

 

***

 

Também lamento muito. E não só lamento, como me questiono: por que é que estas questiúnculas só existem entre Portugal e Brasil, e não com mais nenhuma outra ex-colónia?

Alguma coisa está mal, nesta relação luso-brasileira, e tem de ser resolvida, para que o Brasil possa cumprir a sua brasilidade, e Portugal recuperar a sua identidade europeia.



Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:46

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comentários:
De Valle a 8 de Maio de 2020 às 21:14
Quem escreveu isso deve ser completamente doente.

Eu sou brasileira e vivo em portugal. Nos dois países, a forma de escrita é, sim, um pouco diferente, mas isso não classifica o Brasil para a tal "língua brasileira". Os EUA e a Inglaterra também tem escritas diferentes e eu nunca ouvi ninguém falar sobre uma "língua americana".

Enquanto eu morava no Brasil, nunca ouvi ninguém falar sobre colonização, exceto em aulas de história. Isso é coisa dos portugueses, que tentam justificar qualquer inferioridade ou superioridade com o argumento da colonização, como "vocês são melhores nisso, mas o crédito é nosso porque nós colonizamos" ou, simplesmente "somos melhores nisso e estamos certos naquilo porque nós colonizamos". Apenas parem. É vergonhoso....

E quanto ao AO90, que parece tãããoo horrível para quem escreveu... bem, eu apenas gostaria de saber qual é a diferença? Escreva como quiser! Entre os dois países a escrita é diferente. Entre estados/províncias a escrita é difente. E o Brasil também mudou regras por causa deste acordo (eu nasci depois dele ser assinado, mas eu sei).

Sério, esse post todo é incrivelmente absurdo. No sul do Brasil e no nordeste as pessoas tem uma cultura, escrita e palavras diferentes. Então porque não tranformamos os dois em países diferentes, com línguas diferentes? Em Portugal também, entre Porto, Algarve e os arquipélagos têm muitas diferenças. Vamos transformar todos em novos países e línguas também!

Países e línguas não passam de política. De territórios imaginários. Cada país tem diversas culturas que se difere ou se parece com outras. País não é a unidade suprema de divisão.

Eu mesma, já morei em 3 cidades no sul do Brasil, no estado do Rio Grande do Sul (que é menos que um terço do tamanho de Portugal). Cada cidade tinha apenas entre 1 e 3 horas de distância (de carro) entre a outra, mas tudo era completamente diferente. O sotaque, o vocabulário, a cultura, o povo...

Agora mudar acentos e consoantes mudas é perda de identidade? A senhora deve ser muito fraca para se sentir ameaçada apenas por isso. Sei que no Brasil perdemos e ganhamos acentos, hífens e outras coisas, mas eu não me importo. Ninguém deveria. Não me sinto ameaçada, superior ou inferior a ninguém por causa disso. Ninguém se sente (com excessão da senhora e do seu amigo, aparentemente).

E outra coisa, ÓBVIO que o AO90 fez parte de um acordo ou esquema. Quase todos acordos envolvem dinheiro e relações políticas. Se não, para que fazer? Para a população achar fofo que todos os países conbinam agora? Não! Para ganhar dinheiro, favores políticos, apoiantes, aumentar taxas de emigração ou imigração, etc.

E a "bandeira da língua portuguesa" não existe, ok? O que existe é a bandeira de Portugal e do Brasil. Quando na internet tem a bandeira do Brasil, é porque se refere à variante brasileira da língua. Poucos sites tem a variante portuguesa porque, em muitos casos é desnecessário. Eu não lembro de ter visto sites com a variante Americana, Britânica, Australiana, etc da língua inglesa. Geralmente só tem uma, por praticidade, não por conspiração. Se maioria dos consumidores de jogos de uma certa impresa ou assinantes de um serviço de streaming são brasileiros, então os donos vão optar pela variante brasileira da língua.

Eu já percebi que muitos português sentem uma insegurança e orgulho inexplicáveis quando se fala do Brasil. Começam a inventar motivos para o porque de a pronúncia deveria ser universal de tal forma ou porque tal palavra deveria ou não ser traduzida do inglês no Brasil.

E outra coisa: imagna como deve exigir tempo, dinheiro e pessoas disponíveis apenas para "criar uma língua"? Porque sequer fariam uma coisa dessas? Apenas porque alguns teimosos retrógrados pensam que Portugal está "perdendo a sua identidade europeia"? Português não é apenas a língua de Portugal e do Brasil. Eu já li um livro de um escritor de moçambique e várias palavras eram muito diferentes, tanto do Brasil quanto de Portugal. Devemos criar uma língua para cada país agora?

Aa pessoas deveriam pensar antes de publicar algo na internet, que foi criada para ser algo sério. Esse tipo de rivalidade que "só exite entre Portugal e Basil" (só que não) só é alimentada por esse tipo de merd@. Então, por favor, para de publicar esse tipo de coisa.
De Isabel A. Ferreira a 9 de Maio de 2020 às 15:09
Valle, nem sabe o quanto lhe agradeço este seu comentário, cheio de erros ortográficos (acordo à parte) porque ele só vem dar RAZÃO aos que combatem a fraude denominada AO90, porque uma Língua para ser Língua, quer-se BEM ESCRITA, mais do que BEM FALADA, se não é bem escrita, não passa de um PATOÁ DE MEIA-TIGELA.

O seu comentário, vale o que vale, vindo de uma Valle, que deve ser tão brasileira, como eu sou chinês. Mas adiante!

O seu comentário bem espremidinho vai dar apenas a isto: «Então, por favor, para [para onde?] de publicar esse tipo de coisa».

Queriam, não queriam? É preciso ter muito descaramento! Não, não vos faço esse favor. “Jamé”! É precisamente por causa de todos os “valles” que andam por aí a grafar a Língua Portuguesa de um modo tão BÁSICO, como este seu comentário veio escrito, que continuaremos a publicar as VERDADES, doam a quem doer.

Caso seja mesmo brasileira (o) só tenho uma coisa a dizer-lhe: «vá catá coquinho!», porque ainda está por nascer quem há-de dar-me ordens, ainda por cima tão PARVAS!
De Laura Borelli Cabral a 5 de Junho de 2020 às 12:06
Enquanto a morfologia for a mesma, continuará sendo português brasileiro. Você sabe disso.

De Isabel A. Ferreira a 5 de Junho de 2020 às 14:46
Cara Laura,

Sim sei disso, perfeitamente. Por saber disso é que é legítimo afirmar-se que o que se escreve e fala no Brasil é um dialecto, erradamente denominado “português brasileiro”.

O que se escreve e fala no Brasil está tão, mas tão, mas tão afastado da Língua Portuguesa, que não pode ser considerado Português: e é na MORFOLOGIA, na sintaxe, na ortografia, no léxico, na fonética…

O “português” dito do Brasil nada mais é do que uma VARIANTE (= dialecto) da Língua Portuguesa. Assim como a Língua Portuguesa é uma variante do Latim.

Por que não aceitar o ÓBVIO?
De Laura Borelli Cabral a 5 de Junho de 2020 às 15:01
Ora, para um brasileiro, a língua portuguesa é sua. Pode ser doutros também, incluindo os portugueses, mas é, indubitavelmente, sua. Que tenha um nome “estrangeiro” não importa muito. Sempre aprendeu português e sempre associou a língua portuguesa ao Brasil de forma tão íntima como os portugueses associam a língua portuguesa a Portugal. Um brasileiro não está constantemente a lembrar-se de que há uma ligação a outros países com a mesma língua, da mesma forma que os portugueses também não fazem essa associação sempre que falam da língua portuguesa. Para um brasileiro, uma palavra em português é, por definição, uma palavra brasileira, porque o português é a língua dos brasileiros. Claro como água—mas estranhíssimo, e até ofensivo, para ouvidos portugueses.

Consegue compreender?
De Isabel A. Ferreira a 5 de Junho de 2020 às 18:10
Ora vamos lá a ver, Laura: se a Língua Portuguesa fosse a Língua do brasileiro, por que motivo o brasileiro a castelhanizou, italianizou, americanizou, afrancesou, afastando-a substancialmente da Língua Portuguesa, que todas as outras ex-colónias portuguesas deixaram INTACTA?

A Língua Portuguesa é de todos os países, agora LIVRES, que foram colónias portuguesas e a adoptaram (a bem ou a mal) como língua Oficial. Mas nenhum país, como o Brasil a deturpou, ao ponto de a transformar numa VARIANTE (= dialecto).

A Língua falada e escrita no Brasil só ainda não mudou de nome (mas há-de mudar, mais dia, menos dia) porque ter no nome uma Língua europeia é “chique”. Só por isso.

Hoje em dia, no Brasil já NÃO SE APRENDE Português. Essa disciplina foi substituída por uma chamada “Comunicação e Expressão”, que nem Português mais é.

Não queira a Laura tapar o sol com a peneira. Como já lhe expliquei no outro comentário, a língua que vocês falam e escrevem no Brasil é uma VARIANTE da Língua Portuguesa, NÃO É Língua Portuguesa, propriamente dita. Língua Portuguesa escrevem-na e falam-na os africanos de expressão Portuguesa.

Se o Português é Língua dos brasileiros, porque dizem registrar, bonde, trem, balé, parabenizar, e escrevem setor, diretor, indenizar, umidade, enfim, milhentas palavras que não fazem parte do léxico português, e são exclusivamente brasileiras? Podia aqui estar até amanhã de manhã a mencionar palavras brasileiras, que têm correspondência em Português, mas os brasileiros preferiram italianizá-las, americanizá-las, castelhanizá-las, afrancesá-las.

Não, não é assim tão claro como a água, mas que é estranhíssimo para os ouvidos portugueses, lá isso é!

E a Laura conseguiu perceber o que eu estive para aqui a demonstrar?

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