Sexta-feira, 16 de Agosto de 2024

NÃO existe Português de Portugal vs. Português do Brasil, muito menos Variante do Português de Portugal. Enquanto insistirem nestes antilogismos a Língua Portuguesa continuará a ser vilipendiada... (Parte I)

 

Então o que existe?

Existe a Língua Portuguesa, única e inviolável, e as suas Variantes, sendo a mais evidente, a Variante Brasileira do Português, que pretendem impor aos países da CPLP.

 

É do foro da estupidez dizer que existe um Português Europeu, e que este é uma variante da Língua Portuguesa, quando o berço da Língua Portuguesa é Portugal, e foram os Portugueses que a levaram aos quatro cantos do mundo, onde deixaram um rasto de dialectos oriundos dessa Língua Lusa.



NÃO existe Português do Brasil, porque o Brasil alterou a estrutura da Língua Portuguesa, afastando-a das suas raízes greco-latinas, criando uma variante que apenas pertence ao Brasil, e a mais nenhuma outra ex-colónia portuguesa, e muito menos a Portugal. E essa alteração não se limita apenas à ortografia, mas igualmente ao léxico, à morfologia, à sintaxe e à semântica, porém, a mais notória alteração acontece na fonologia. A partir destas alterações, já não se pode mais falar de “Português” quando falamos da Língua do Brasil.

 

Ponham, por exemplo, um cidadão angolano e um cidadão brasileiro, frente a frente, numa entrevista, na televisão, e depois perguntem a uma criança, que já frequentou a Escola Básica, quem fala o quê. A criança dirá, sem qualquer hesitação, que o angolano fala Português, e o Brasileiro fala Brasileiro. Assim, tal e qual. E se perguntarem a um estrangeiro que tenha conhecimentos do Português, ele dirá o mesmo.


Há por aí quem (até ao mais alto nível) queira pôr em evidência a Variante Brasileira do Português -- à qual chamam, indevidamente, “português” --   apenas porque ela é utilizada por mais de 200 milhões de pessoas.  E daí? O que temos nós a ver com isso, a não ser sentirmo-nos usurpados na nossa identidade linguística?

 

As Variantes do Castelhano e do Inglês são utilizadas por muito mais de 200 milhões de pessoas. A Língua Castelhana e a Língua Inglesa andam por aí a ser vilipendiadas? NÃO andam. E sabem porquê? Porque os decisores políticos Espanhóis e Ingleses não sofrem do complexo de inferioridade de que os portuguesinhos sofrem, e não andam por aí a fazer desacordos desortográficos, para imporem aos Espanhóis e aos Ingleses as variantes que esses milhões falam e escrevem.  

 

E enquanto os decisores políticos portuguesinhos continuarem a aceitar, servilmente, a designação de “Português do Brasil”, e a impor aos Portugueses não-pensantes [porque os há pensantes, logo, insubmissos] a Variante Brasileira do Português, disfarçada no acordo ortográfico de 1990, com o argumento parvo de que eles são 200 milhões, a Língua Portuguesa continuará a ser vilipendiada.


Eles são milhões? E o que é que nós temos a ver com isso? Podiam ser muitos mais. E daí? Esses milhões têm lá a Variante deles, assim como os ex-colonizados espanhóis e ingleses têm as variantes deles, e os ex-colonizados espanhóis e ingleses não andam por aí a rastejar à ordem dos milhões...


O Brasil ainda não conseguiu cortar o cordão-umbilical com o ex-colonizador. Abominam a colonização portuguesa, até estão interessados em absurdas reparações históricas, deformaram a Língua pela qual optaram, quando se libertaram do jugo português. Por que não assumem de uma vez por todas a Variante Brasileira do Português, que, na escrita até pode parecer semelhante ao Português, mas na estrutura e na oralidade NÃO é. 



Nunca estudei Italiano, nem Galego, nem Mirandês. Nem os Italianos, nem os Galegos, nem os Mirandeses falam a minha Língua. Eu não sei falar Italiano, nem Galego, nem Mirandês. Mas leio e compreendo perfeitamente a escrita italiana, galega e mirandesa. Por que será?

 

Com esta idiotice de nos querem impingir a linguagem dos 200 milhões, criou-se uma terceira variante, que bem podemos designá-la como Mixórdia Portuguesa, que levou a uma balbúrdia ortográfica, única no mundo civilizado, onde a Escrita é um meio de comunicação e fixação do Saber, da Cultura e do Pensamento de um Povo.  Em Portugal, essa Mixórdia Ortográfica serve apenas para os básicos se comunicarem.

 

Este facto deplorável não deve dar ânimo a ninguém, porque quanto mais a balbúrdia se impõe, mais a Língua Portuguesa definha. Nunca ouviram dizer que uma mentira repetida muitas vezes transforma-se em verdade? Pois é! É o que está a acontecer nas redes sociais, na Internet, no Google, e os disparates que lá se escrevem começam a ser o pão nosso de cada dia. Nas redes sociais, na Internet, no Google apenas uma elite culta escreve em BOM Português.

 

José de Alencar.png

 

E a ignorância impera, ao mais alto nível, a este respeito. É só estar atento a quem fala e ao que se escreve nas televisões, para ver como se fala e escreve vergonhosamente a Língua Oficial de Portugal.  O que vale é que a Língua Portuguesa NÃO tem a projecção no mundo que têm o Mandarim (1,1 biliões de falantes); o Castelhano (480 milhões); o Inglês (380 milhões); o Hindi (341 milhões); o Árabe (315 milhões); o Bengali (228 milhões) [números de 2024], e, assim, a Língua Portuguesa, escrita e falada de um modo absolutamente deplorável, como se fôssemos um país de básicos, pode ser que passe despercebida.

 

Entretanto, soubemos que Angola tinha (não sei se ainda tem) a intenção de forçar a revisão do AO90. Rever o quê? Para quê? Devia era forçar a anulação pura e simples do abortográfico, porque os abortos não têm e nunca tiveram viabilidade possível.

 

Dizem-me que a questão do AO90 está nas mãos de Angola.

Estará? Angola até pode ser o caminho, mas quem quer, pode e manda, em Angola, ainda não mexeu uma palha neste sentido. Estão à espera de quê?  

 

E para tornar tudo isto ainda mais surreal, chegou-me, via e-mail, uma notícia que me surpreendeu pela negativa: em Portugal, nasceu mais um jornal, o PÚBLICO Brasil, com o objectivo de falar com os brasileiros que vivem em Portugal, e dar visibilidade à Variante Brasileira do Português, como se já não bastasse os subservientes órgãos de comunicação social, que, cegamente, se venderam ao ilegal AO90, tal como Judas se vendeu ao Sinédrio, por 30 dinheiros, e o Brasileirês, as brasileirices e os Brasileiros imperam, em Portugal, e já há portugueses com vontade de deixar de sê-lo.

 

Mas esta matéria é para desenvolver na Parte II, desta minha publicação.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:53

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comentários:
De Helion a 16 de Agosto de 2024 às 20:28
‘complexo de inferioridade de que os portuguesinhos sofrem’…

Na verdade, complexo de inferioridade, e dos mais tristes, parece ter a senhorinha portuguesinha Isabel Ribeiro.

Menos ressentimento, menos hostilidade, lhe fariam bem. Desejo melhoras. Cuide-se, trate-se, se for o caso.

E viva a língua portuguesa, nos diversos cantos do mundo.
De Isabel A. Ferreira a 17 de Agosto de 2024 às 16:41
Helion, agradeço o seu comentário, por ser o protótipo dos comentários de QUEM NÃO tendo argumentos racionais para rebater o que escrevo, têm este tipo de comentário “chapa 5”, na gaveta, para me enviar, esperando que me faça mossa. E é necessário divulgar este não-ter-capacidade-para-argumentar.

Este tipo de comentário é de quem não conhece de que “essência” sou feita.

A mim pareceu-me que enfiou a carapuça do “portuguesinho”. Ora diga lá!
Quem não quer ser taxado de “portuguesinho” saiba ser Português, saiba defender os valores portugueses e não seja subserviente ao estrangeiro.

Já agora, quem é a senhorinha portuguesinha Isabel Ribeiro?

É que eu sou a Isabel A. Ferreira, PORTUGUESA de três costados, e GALEGA de um costado. Não sou subserviente; muito pelo contrário, em mim germina uma insubmissão atávica, que ninguém pode reprimir; sou senhora do meu nariz; não me vergo a idiotas, nem a idiotismos; eu é que sei de mim; e não serão os portuguesinhos – eivados de um complexo de inferioridade tal, que se vergam a quem se puser à frente deles a acenar-lhes com “milhões”, e eles seguem esses milhões cegamente, a pensar nos bolsos – que me hão-de dizer o que devo ou não fazer.

Além disso, quem não se sente, não é filho de boa gente. E em mim, o que predomina é a INDIGNAÇÃO por estarem a destruir a Língua Portuguesa, o meu mais precioso instrumento de trabalho, e é meu DEVER CÍVICO defendê-lo, ou não fosse eu PORTUGUESA.

E estas duas frases « Desejo melhoras. Cuide-se, trate-se, se for o caso», fazem-me rir. É “chapa 5” a treta dos portuguesinhos acordistas, que, coitados, não têm capacidade para dizer mais nada, e então atiram-me com isso, e acham que me fazem mossa. Ainda está por nascer a pessoa que me há-de fazer mossa.

E, sim, VIVA a Língua Portuguesa!
E MORRA o AO90 e a MIXÓRDIA ORTOGRÁFICA que ele gerou.

Portugal e os PORTUGUESES não merecem tal parvoíce.

E que a Variante Brasileira do Português crie as suas próprias asas, se transforme na Língua Brasileira, tenha muito sucesso, e vá à sua vidinha, por esse muito fora, porque as Línguas evoluem, sim, mas não estamos mais nos tempos em que os invasores impunham as suas línguas aos invadidos.

Existem dois Países e DUAS Línguas.

Quem já viveu e estudou no Brasil e é PORTUGUÊS sabe do que estou a falar...
De Helion a 19 de Agosto de 2024 às 02:07
Enganou-se, senhora. Sou brasileiro por nascimento, europeu por ascendência e lusófono, com orgulho. Percebo a sua agressividade e rancor contra os não portugueses, e só posso lamentar. Desejo melhoras para si, pois nem o Brasil, nem Portugal, merecem tanta arrogância.
De Isabel A. Ferreira a 19 de Agosto de 2024 às 19:09

Não, não me enganei. Sei que é brasileiro, porque já nos cruzámos por aqui.

Mas enfiou a carapuça, que só serviria a um portuguesinho. O que esperava?

Acredito que ser «europeu por ascendência e lusófono» seja algo que dê estatuto a uma pessoa, por isso, há tantos brasileiros a quererem ser europeus e lusófonos, porque lhes dá bastante jeito para circularem pelo mundo...

NÃO, não percebe a minha “agressividade” e “rancor”, porque desconhece o significado de agressividade e rancor. Os brasileiros têm por hábito aplicar inadequadamente as palavras. Onde vê agressividade e rancor, deve ver INDIGNAÇÃO (esta é que é a palavra adequada), aliás, algo que tenho direito a manifestar publicamente, uma vez que estão a destruir a MINHA Língua Materna, para dar lugar à Variante Brasileira do Português. Só os portuguesinhos NÃO sentem indignação, porque preferem rastejar aos pés dos milhões.

Não sei bem o que é um “não português”, mas talvez desconfie. Sei o que é um estrangeiro, e os Brasileiros são estrangeiros em Portugal, e como estrangeiros devem fazer o que todos os restantes estrangeiros que vieram viver para Portugal fazem: aprendem a falar e a escrever a Língua Portuguesa, para poderem integrar-se. A Língua Portuguesa, e não outra. Aliás é o que fazemos todos, quando emigramos para um país estrangeiro: aprendemos a respectiva Língua, para nos integrarmos. Isto é o NORMAL.

O ANORMAL é os estrangeiros virem para Portugal impor a sua Língua e destruir a Língua Portuguesa.

E isto nada tem a ver com racismo, nem xenofobia, nem agressividade, nem rancor, nem nada que se pareça com isto.

Tem a ver UNICAMENTE com AMOR ao que são os NOSSOS Valores, a NOSSA Cultura, a NOSSA Língua, a NOSSA História, algo que os Brasileiros nunca souberam valorizar, porque não têm amor pelos Valores, pela Língua, pela Cultura e pela História do Brasil. SEI, porque estudei e vivi no Brasil. E eu é que lamento muito, por vós. É muito triste ser um não-brasileiro no próprio país.

E continua com o registo dos parvos, quando não têm argumentos, desejando-me as melhoras, porque nem o Brasil, nem Portugal merecem a minha “arrogância”. E aqui está outro dos seus enganos.

Não, não merecem a minha arrogância, porque não é de arrogância que se trata. Outro termo que aplicou desadequadamente: confunde arrogância com PERSONALIDADE. Consulte um bom dicionário, e veja a diferença.

E porque tenho PERSONALIDADE ( = carácter) não rastejo aos pés de ninguém. Defendo o que é meu DEVER defender, como PORTUGUESA. Consegue perceber isto?

E se isto não basta para perceber que não está a dirigir-se a nenhuma das suas “nêgas”, lamento muito. Você, que é um não-português, mas também um não-brasileiro, talvez nunca venha a perceber.
De Dra. Índigo Brasileira - PDA a 11 de Setembro de 2024 às 04:16
Você e uma esmagadora maioria de brasileiros são descendentes de europeus, principalmente portugueses... Desde quando alegar descendência europeia virou um novo tipo de "carteirada"? Só explicando sobre o modo de expressão da autora: o português deles é tão distante do brasileiro que a maneira que eles se expressam soa como agressivo ou grosseiro, mas não é sempre uma realidade... Trabalho como advogada na causa TDAH (PHDA em Portugal) e percebo que por conta da língua utilizada por eles ter menos expressões devido o brasileiro ter linguagem miscigenada, que nós temos o que chamamos de "polidez" simultaneamente porque temos mais palavras para nos expressar da maneira q estamos acostumados... Antes eu via num português "X" uma maneira extremamente direta e quase q invasiva ao tentar flertar comigo, mas percebi que não; eles se expressam conforme o vocabulário da nação deles permitem... Sobre termos a Língua Brasileira: já passou da hora de quebrar esse acordo ortográfico, né? Pense na quantidade de analfabetos funcionais que o Brasil tem por principalmente falarmos muito diferente de como escrevemos! Tem um tal de O(c)távio dos Santos q tem ideias tão tiranas aqui no SAPO sobre como o Brasil sempre será "mérito" de Portugal, quanto àqueles que bem sabemos o q fizeram com Tiradentes na inconfidência Mineira... Vejo que se permanecermos na inércia como estamos desde 1822, pessoas como o tal O(c)távio nunca respeitarão a nossa identidade e independência. Não faço ideia de qual é a sua idade, mas cabe aos 30tões e 40tões da minha geração refletir sobre o nosso papel enquanto nação brasileira (mais evoluídos intelectualmente, com uma das melhores tecnologias democráticas disponível para o cidadão do mundo e com melhor consciência social/humanitária) sobre essa Independência Brasileira q parece hj em dia ter sido só um pano quente colocado pelos colonizadores pra "evitar a fadiga". Sabe a quantidade de exploração de recursos naturais do Brasil os portugueses ainda se beneficiam em exploração contemporânea? Dá um Google q vc vai ficar surpreso! As línguas indígenas nativas estão na lista de Línguas em Perigo de Extinção da UNESCO, o Brasil em todo o seu território fala aproximadamente 210 línguas de maneira miscigenada, é uma das Línguas mais ricas em cultura do mundo! Manter essa "escravidão" de identidade linguística com Portugal, é contribuir para que os nossos amados indígenas percam também a cultura tão rica que eles preservaram com SANGUE e suor desde 1500... Pode até parecer um discurso de pura bobagem e idealismo meu, mas nada nesse mundo faz mais meu coração bater do que o nosso país... O Brasil é meu verdadeiro amor, "Nem teme quem te adora a própria morte, Terra Adorada!" - eis a declaração de uma verdadeira patriota, que não tem lado político NENHUM! Minha devoção é exclusivamente pelo nosso país, por esse motivo defendo que deveríamos nomear nossa língua como Brasileira: porque nossa cultura é digna dessa minha devoção.
De Isabel A. Ferreira a 22 de Setembro de 2024 às 17:45
A resposta ao comentário da Dra. Índigo Brasileira está neste "link":

https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/dra-indigo-brasileira-dixit-sobre-498701
De Susana Bastos a 17 de Agosto de 2024 às 16:58
Até em Portugal existem variantes da língua e, sim, dialectos. Pesquise. A senhora não sabe do que está a falar.
De Isabel A. Ferreira a 18 de Agosto de 2024 às 15:27
Susana Bastos não me venha dizer que não sei do que estou a falar, porque sei muito bem do que estou a falar. Só que uns querem ver chifres na cabeça de Cavalos, mas eu NÃO, porque sei que os Cavalos não têm chifres.

José Leite de Vasconcelos foi um dos mais conceituados estudiosos da linguagem , e o que maior atenção prestou ao estudo da dialectologia portuguesa, classificando-os com mestria.

Susana Bastos, em Portugal existem vários sotaques (pronúncias) de Norte a Sul, e DIALECTOS continentais, insulanos e ultramarinos, e entre estes, em primeiro lugar, o DIALECTO BRASILEIRO; depois vem o dialecto indo-português (Diu, Goa, Cochim, entre outros); o dialecto crioulo de Ceilão; o dialecto crioulo de Macau; o dialecto malaio-português (Java, Malaca, Singapura); o dialecto crioulo de Cabo Verde (hoje é já a Língua Cabo-Verdiana); o crioulo da Guiné; dialectos crioulos do Golfo da Guiné (ilhas de São Tomé e Príncipe e Ano Bom).

E o PORTUGUÊS de Timor e das costas de África, onde se incluem Angola e Moçambique.

Além disso, o facto de em Portugal existirem dialectos, sotaques, variantes (chame-lhe o que quiser) não justifica substituir o NOSSO Idioma, pela sua variante sul-americana. Isto é do foro da estupidez.

O Brasil já falou e escreveu Português, em tempos idos.
Hoje, a língua que se fala e escreve no Brasil, e que se quer introduzir em Portugal, desceu das favelas, e anda por aí mal escrita e falada, com o epíteto de “Português”. E a isto chama-se usurpação linguística.

Aqui há tempos eu e a Susana discutimos esta questão, e eu apresentei-lhe a tese da linguista brasileira Eni P. Orlandi, que, preto no branco, pôs todos os pontos em todos os IS desta questão, e eu, porque estudei e vivi no Brasil, só posso concordar com ela.

O livro «Língua Brasileira e Outras Histórias - Discurso sobre a língua e ensino no Brasil» da autoria de Eni P. Orlandi é uma obra para todos aqueles que se interessam pela Língua, desde linguistas, gramáticos, professores de Língua, historiadores e até as pessoas que, no seu trabalho ou por curiosidade, se envolvem com as questões da Língua no Brasil. Este livro traz uma reflexão rica e sugestiva a respeito da produção sobre Língua realizada no Brasil. Através de seus capítulos, encontra-se uma análise que mostra como os gramáticos brasileiros trabalhavam, desde o século XIX e noutros momentos da história, as diferenças da Língua nacional do Brasil que particularizam como Língua Brasileira.

Quem nunca estudou ou viveu no Brasil não tem a noção do que é o “falar brasileiro” ou o “escrever brasileiro”. Lá também há muitos sotaques e dialectos e, sobretudo, as muitas Línguas indígenas. Lá prevalece a Variante Brasileira do Português, que NÃO é Português, tal como o Crioulo cabo-verdiano NÃO era Português.

Eu (repito pela enésima vez) aprendi a escrever no Brasil, tinha seis anos, e escrevia conforme a grafia do AO90, com as palavras já mutiladas e afastadas das suas origens greco-latinas, isto em 1953. Depois vinha o resto: a fonologia, a sintaxe, o léxico, a morfologia, a semântica, tudo tão diferente do PORTUGUÊS, que tive de aprender em Portugal, quando para cá vim aos oito anos. E digo-lhe que levei muitas palmatoadas à custa disso.

O AO90 foi engendrado para introduzir a Variante Brasileira do Português em Portugal. Para o Brasil eliminou-se o sagrado trema, que Portugal devia USAR, alguns acentos e hífenes. A grafia nem sequer foi mexida, para eles.

É preciso HONESTIDADE nesta matéria, e não andar por aí a enganar os ceguinhos.

O título desta minha publicação é a mais pura VERDADE, e só quem age de má-fé é que diz o contrário.

Querem, porque querem acabar com a Língua Portuguesa. Querem porque querem que escrevamos à brasileira, e agora, até que falemos à brasileira. Os objectivos são dos mais obscuros, e dizer que o AO90 não pode ser revertido, porque já está a ser aplicado há dez anos, é da maior estupidez, porque a Língua Portuguesa já vinha desde Dom Diniz, quando os alunos de todas as classes tiveram de engolir o “abortográfico”, que de má-fé foi impingido a Portugal, Susana Bastos!

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