(A Parte I desta matéria encontra-se aqui)
Para tornar a Saga da Língua Portuguesa ainda mais surreal, chegou-me, via e-mail, uma notícia que me surpreendeu pela negativa: em Portugal, nasceu mais um jornal, o PÚBLICO Brasil, com o objectivo de falar com os brasileiros que vivem em Portugal, e dar visibilidade à Variante Brasileira do Português, como se já não bastasse os subservientes órgãos de comunicação social, que, cegamente, se venderam ao ilegal AO90, tal como Judas se vendeu ao Sinédrio, por 30 dinheiros, e já propagam a torto e a direito, em demasia e mal, a grafia brasileira, e o Brasileiro, as Brasileirices e os Brasileiros reinam, em Portugal, e já há portugueses com vontade de deixar de o ser.
Belo serviço está o Jornal Público a prestar a Portugal!
Não esperava tal atitude. Não, do Jornal Público.
Considero isto uma espécie de traição à Língua Portuguesa.
Os Brasileiros precisam de um jornal só para eles, com a linguagem deles, porque não percebem a nossa? Então, têm de deixar de designar a linguagem do Brasil como "Português do Brasil", porque o Português do Brasil NEM sequer existe. O que existe é a Variante Brasileira do Português, tão válida quanto outra qualquer variante de uma qualquer outra Língua.
E é óbvio que isto nada tem a ver com integração. Quando vamos para um país estrangeiro, integramo-nos através da Língua local. Isto tem a ver com uma imposição, cada vez mais evidente, da Variante Brasileira do Português, com motivações unicamente políticas.
Eles são muitos? São. Ninguém pode negar as evidências.
Mas nós não temos nada a ver com isso.
Entretanto, aguardei um certo tempo, para publicar esta PARTE II, da minha reflexão sobre a questão das Línguas d’aquém e d’além-mar, até que aparecesse algo que me fizesse unir as pontas, para poder perceber melhor esta necessidade premente de criar o PÚBLICO Brasil, para dar visibilidade à Variante Brasileira do Português, como se já não nos incomodasse ver, por aí, a Língua Portuguesa manchada pelo mal-amanhado AO90.
E esse algo, surgiu-me, através de um texto [clicar no link], publicado no PÚBLICO Brasil, intitulado «Casal de brasileiros compra escola em Estoril. “Foi paixão à primeira vista”» - Brasileiros assumem o comando do Colégio Príncipes de Aviz. A meta é investir no setor, [em Língua Portuguesa seCtor] que eles consideram um dos mais promissores de Portugal.
Parece-me que dizer que o seCtor escolar é um dos mais promissores de Portugal traz água no bico. Tudo isto, aos olhos de quem está atento à actual triste realidade portuguesa, é muito estranho e não passará de uma espécie de jogo, há muito engendrado, para, propositadamente, pôr em destaque a Variante Brasileira do Português, desprezando-se, desse modo, a Língua autóctone: a Portuguesa. E não me venham falar do AO90, porque é ilegal, inconstitucional e NÃO está em vigor em Portugal.
É que esta escola NÃO se limita a ser uma escola para alunos brasileiros. Nada contra, muito pelo contrário, até porque cada Povo tem o direito de manter viva a sua própria Língua e dar a conhecê-la aos mais novos, caso queiram regressar ao seu País de origem.
Porém, com 91 alunos portugueses matriculados, o Colégio Príncipes de Aviz (antigo Externato com o mesmo nome), com 13 professores também portugueses, trabalha com o primeiro ciclo educacional.
A grande questão é: que linguagem vai vigorar neste Colégio: a Língua Portuguesa em vigor, em Portugal, legalmente [NÃO a do ilegal AO90] ou a Variante Brasileira do Português? Terão os alunos portugueses de escrever Antônio ou António? Geladeira ou frigorífico? Sorvete ou gelado? Irã ou Irão? Celular ou telemóvel? Diretor [vocábulo brasileiro originário do unilateral Formulário Ortográfico Brasileiro de 1943, ou direCtor [vocábulo português, mas também inglês, castelhano, francês de raiz latina]? Trem ou comboio? Ação ou ACção?
E quanto à pronúncia das palavras?
Pronunciarão direitu ou djirêitu? P'rspéCtivâ ou pêrspéquitchivá?
A não ser que esses alunos queiram aprender a Variante Brasileira do Português (ou Língua Brasileira a ser) como uma Língua estrangeira, assim como aprendem o Inglês, o Francês, o Castelhano, etc., não descurando nunca a Língua Materna: a Língua Porruguesa.
As crianças que entrarem para o primeiro ciclo deste Colégio qual das linguagens aprenderão? A NOSSA ou a do casal brasileiro? A d'aquém ou d’além-mar?
É verdade que o Português será tão mais vivo, quanto maior for a sua diversidade. Mas o que está a acontecer é uma tentativa dolosa de meterem a Língua Portuguesa no mesmo saco da Variante Brasileira do Português agitando-o energicamente, para dali fazer sair uma linguagem amixordizada, que não pode ser designada nem como Portuguesa, nem sequer como Brasileira.
Será o quê então?
O que pretendem com este jogo político [não-linguístico] alienígena?
Isabel A. Ferreira
De Diana Coelho a 27 de Agosto de 2024 às 10:02
Olá, Isabel.
Será que nesse colégio as crianças aprenderão a escrever aspecto, detectar e recepção? Não é assim que os brasileiros escrevem estas palavras? Eu já os ouvi dizer "aspéqueto", "dêtêquetá" e "rêcêpeção".
Quanto aos outros vocábulos, geladeira, banheiro, trem, etc. estão completamente enraizados nas crianças portuguesas porque, por um lado, temos cada vez mais encarregados de educação que dão telemóveis às crianças para elas estarem entretidas e não os chatearem, e os que as crianças vêem são muitos conteúdos em brasileiro; por outro lado, corre por aí a ideia de que para sermos inclusivos temos de incorporar termos estrangeiros. Não é esta a minha ideia de inclusão, mas é a ideia de muita gente.
O acesso fácil à internet permite ver tudo e mais alguma coisa e os pais engoliram aquela treta de que os jogos e telemóveis estimulam a criatividade das crianças. A factura sairá bem cara daqui a uns anos e não me refiro apenas ao modo de escrever e falar. O comportamento e o raciocínio dos jovens é o reflexo da educação pelo telemóvel.
Olá Diana Coelho.
Os Brasileiros pouparam os “cês” e os “pês” a determinadas palavras porque sempre os pronunciaram, daí os escreverem segundo a GRAFIA PORTUGUESA. É o caso, nos vocábulos que referiu e nuns poucos mais e suas derivadas.
Porém, se os Brasileiros escrevem correCtamente “aspeCto”, deteCtar, “recePção”, “perspeCtiva”, ao pronunciá-las pronunciam-nas de acordo com a fonologia brasileira, que é completamente diferente da portuguesa: “áspéquitu”, “dêtêquitár”,”rêcépição”, “pêrspéquitchivá”.
Quanto aos vocábulos que enumera estarem enraizados nas crianças portuguesas, felizmente NÃO estão enraizados em TODAS. As que têm Pais ou Avós que controlam esse uso e abuso das redes sociais brasileiras, onde só aprendem disparates, e que lhes fazem ver o que é Língua Portuguesa e Língua Brasileira, essas, conseguem discernir com clareza, o que é uma e outra coisa. E nas escolas, se tiverem BONS Professores de Português, também não haverá problema.
O problema é que esses Pais e esses Avós não estão em maioria.
Infelizmente a “cultura telemóvilistica” é uma desgraça, e essa desgraça, se não for travada urgentemente, assentará arraiais no futuro, com uma geração completamente bacoca, sem espírito crítico, incapaz de raciocinar, inculta, que não saberá nem ler, nem escrever, nem falar correCtamente Língua nenhuma, e enquanto os encarregados da Educação das crianças, desde os pais, aos professores e aos decisores políticos não tomarem consciência do mal que estão a provocar, as coisas tenderão a piorar à velocidade dos furacões.
De Susana Bastos a 27 de Agosto de 2024 às 17:21
Então se a escola fosse adquirida por um casal de franceses, passariam a ensinar lá francês? Não confundamos as coisas. Trata-se apenas de proprietários.
Quem não deve confundir Franceses ou qualquer outra nacionalidade com Brasileiros é a Susana Bastos.
Os Franceses ou outros estrangeiros que vêm fixar-se em Portugal aprendem a falar PORTUGUÊS, de acordo com a fonologia portuguesa, e se não andassem a ENGANÁ-LOS com a parvoíce do AO90, poderia dizer que eles aprendiam também a escrever correCtamente o Português.
E chegada aqui já lhe digo que a ortografia é uma coisa, e a fonologia é outra coisa, mas as duas coisas combinadas, fazem toda a diferença.
O que se passa com os Brasileiros é outra história. Eles não vêm para cá com a intenção de aprender Português, e se um casal de brasileiros investe num colégio, onde se misturam brasileiros e portugueses, que linguagem acha que será difundida? É preciso ser-se muito ingénuo para acreditar que a Língua utilizada vá ser a Língua Portuguesa em vigor, em Portugal, com a grafia de 1945.
A ver vamos.
E se eu estiver enganada, farei um acto de contrição público.
De Susana Bastos a 28 de Agosto de 2024 às 15:04
Os franceses a aprenderem português? Logo eles, chauvinistas como são e que até se recusam a falar inglês, quanto mais português. E é óbvio que os brasileiros não vêm para cá aprender português, porque... já o falam. Embora de forma diferente, como tanto se fala diferente por esse Portugal fora e ilhas. Não confunda as coisas.
Todos os Franceses, Ingleses, Ucranianos entre outras nacionalidades que conheço esforçam-se por aprender o PORTUGUÊS ÍNTEGRO, quando vêm fixar-se em Portugal. Eu sou uma das que os ensinam. Como turistas não precisam aprofundar a aprendizagem da Língua. Debe estar a falar desses.
Os Brasileiros que vêm para cá de má-fé, claro que NÃO querem aprender Português, mas tão-só IMPOR a Variante Brasileira deles.
Os outros, os que vêm de boa-fé, esforçam-se por aprender PORTUGUÊS, até porque se não o aprenderem como vão trabalhar? Ainda hoje fui tomar café a uma pastelaria, e fui servida por uma brasileira, nova na casa, que não percebeu NADA do que eu estava a pedir. A patroa olhou-a de lado. Vou lá outra vez para ver se a conservou no trabalho.
Tenho vizinhos brasileiros, que já estão cá há algum tempo, e estão a aprender PORTUGUÊS. E pedem-me ajuda.
Tive alunos brasileiros, a quem ENSINEI Português, para poderem INTEGRAR-SE na turma.
Eu não confundo nada. A “Susana”, com a sua missão de impor a Variante Brasileira do Português, é que além de confundir TUDO, mostra um desconhecimento agigantado do que se passa por aí.
Em Portugal, há sotaques e dialectos insulares. Não há VARIANTES do Português, nem tchis, nem djis, nem ius... nem trens, nem bondes, nem geladeiras, nem, nem, nem... até ao infinito...
Envergonho-me por haver haver “susanas”em Portugal!....
De Susana Bastos a 28 de Agosto de 2024 às 22:14
«A “Susana”, com a sua missão de impor a Variante Brasileira do Português»
Deve ser por isso que sou visceralmente contra o AO... Não invente, Isabel, faça o favor.
De Susana Bastos a 29 de Agosto de 2024 às 00:41
"Em Portugal, há sotaques e dialectos insulares. Não há VARIANTES do Português, nem tchis, nem djis, nem ius... nem trens, nem bondes, nem geladeiras, nem, nem, nem... até ao infinito..."
São variações da língua. Não existem esses sons, existem outros, como o "u" e "o" franceses nos açorianos, os madeirenses dizem "aquilho" para a "aquilo", etc. Há tanta variedade como há no Brasil. Apenas a senhora não conhece a língua portuguesa, mas acha que sim.
Eu não acho nada. Eu PENSO, e sei que CONHEÇO a Língua Portuguesa, tanto que a escrevo com letras maiúsculas, como deve ser escrita.
Susana (ou seja lá quem for) se uma vela a ilumina, não desdenhe dessa vela. O pior cego é aquele que não quer ver, e o pior ignorante é aquele que opta pela ignorância, apesar de toda a informação credível que lhe dão.
Se existe um “português do Brasil” existe igualmente um “português de Espanha”.
Deixo-a com um texto desse “português de Espanha”:
Ola Isabel,
Estamos a un paso de acabar con el Toro Júbilo de Medinaceli!
Así da gusto comezar a semana!
Hoxe temos unha nova moi importante que compartir contigo: unha recente sentencia do Xulgado do Contencioso-Administrativo número 1 de Soria achéganos máis ca nunca a pór fin ao "Toro Júbilo" de Medinaceli, o derradeiro touro de lume celebrado en Castela e León.
Este logro é froito do recurso que presentamos en novembro do 2023 contra o Concello de Medinaceli e a Xunta de Castela e León grazas ao apoio moral e económico dos nosos simpatizantes e afiliados.
O xuíz determinou que a ordenanza municipal que regula este cruel festexo, modificada por última vez no 2015, fíxose sen seguir o procedemento legal, o que invalida a súa declaración de "tradicional", apelando ao Tribunal Superior de Xustiza de Castela e León para que determine a súa ilegalidade e, polo tanto, a súa fin definitiva en canto este se pronuncie.
A sentencia é fulminante:
Para comezar, subliña a importancia de recoñecer aos animais coma seres vivos con sensibilidade, tal como establece o Código Civil. Isto é incrible!
O noso informe veterinario, realizado polo presidente de AVATMA, José Enrique Zaldívar, e defendido polo experto en festexos taurinos Rafael Luna, foi clave para demostrar o dano que sofre o touro embolado. O maxistrado desestimou os argumentos do Concello de Medinaceli e da Xunta de Castela e León, por carecer de fundamento na súa maioría.
De Paulo Martins a 28 de Agosto de 2024 às 15:24
Olá, cara Isabel A. Ferreira.
Curiosamente, no separador dedicado à equipa do colégio escreveram "direcção"! https://www.principesaviz.com/equipa
Já agora, partilho totalmente da sua preocupação. Tudo isto é estranho e suspeito. E as versões brasileiras dos jornais Público e DN são surreais, e também a prova definitiva que português ≠ brasileiro.
Continuação de bom trabalho.
Boa tarde, caro Paulo Martins.
Pois... dão umas no cravo, outras, na ferradura, e eis que temos a tal mixórdia ortográfica em que se transformou a nossa Língua, que nem é carne, nem é peixe.
Desconhecia que o DN também tinha uma versão brasileira. Tudo isto dá para nos preocuparmos, sim. Existe um conluio [e só os parvos não vêem isto, ou vêem mas querem fazer-nos passar por parvos] para disseminar a Variante Brasileira do Português e destruir a Língua Portuguesa. Um conluio em que estão envolvidos os decisores políticos de ambos os países e os muito subservientes seus acólitos.
Veja a construção desta frase no fim da primeira página no "link" que me enviou:
«Ao usar este site, você concorda com nosso uso de cookies. Usamos cookies para oferecer a você uma excelente experiência e ajudar o nosso site a executar com eficácia.»
Isto não é uma construção frásica da Língua Portuguesa.
As frases que nos aparecem nas páginas seguintes referem-se ao antigo Externato. A ver vamos o que será com o Colégio do casal de brasileiros.
Sempre ouvi dizer que o pior cego é aquele que não quer ver, e andam por aí muitos cegos deste género.
Obrigada pelo seu voto.
Continuarei a trabalhar em Defesa da Língua portuguesa. Quer eles queiram, ou não. Quer eles gostem, ou não gostem.
Comentar post