Boa tarde, Felipe Maia. Só agora vim de férias e vi o seu comentário.
Em primeiro lugar quero agradecer o seu comentário.
Gostaria de lhe perguntar que “acordo” é esse de 2009, que é completamente desconhecido por aqui?
Quanto ao “show de horrores” que refere, penso que exagera, porque no Brasil o maior “horror” foi a retirada do trema. Depois foram menos uns acentos e uns hífenes, e foi só o que mudou na vossa grafia.
Em Portugal, foi o LÉXICO português que foi alterado, mutilado, e para completar, a destruição da escrita, a acentuação e hifenização, auxiliares preciosos para a compreensão da escrita, transformou-a num caos. E hoje temos uma linguagem básica, amixordizada, porque nem é portuguesa, nem é brasileira.
O K, o W e o Y sempre fizeram arte do nosso alfabeto. Em 1943, aquando da elaboração do Formulário Ortográfico Brasileiro, decidiram retirá-las, porque as consideraram “desnecessárias”, e deslusitanizaram o Português, ou seja, mutilaram as palavras, afastando-as das suas raízes greco-latinas, suprimindo-lhes as consoantes não-pronunciadas, mas com FUNÇÃO DIACRÍTICA, o que obrigatoriamente conduz a uma outra pronúncia das palavras, em Português. Na Variante Brasileira do Português isso não acontece, porque castelhanizaram o Português, abrindo todas as vogais, e no Brasil “afeto” continua a pronunciar-se “afÉtu”, em Portugal, como AO90 a exigir a retirada do CÊ, pronuncia-se “âfÊtu”. E o que será “afetu” (âfêtu")?
Se para o Brasil o AO90 trouxe aspectos negativos, para Portugal trouxe o CAOS elevado ao infinito, e o abrasileiramento do Português, algo que os Portugueses PENSANTES não estão dispostos a aceitar.
O Brasil tem a sua Variante Brasileira da Língua Portuguesa (uma outra versão de linguagem) e Portugal tem a sua Língua Portuguesa.
No artigo que enviou, e que eu agradeço, existem várias interpretações erradas (algo muito comum, quando a um brasileiro lhe dá para falar acerca do Português, que no Brasil é estudado à brasileira, e NÃO à portuguesa. Por exemplo, nós sempre escrevemos jÓia, bÓia, jibÓia, e, quem cumpre a lei vigente no nosso país, continua a acentuar essas palavras. Não escrevemos “idÉia (como os Brasileiros o fazem) assim como não escrevemos aldÉia, nem sequer abrimos o E: alcateia, ameia, amêijoa (ÊI).
Com o AO90, no Brasil, apenas se mexeu nos hífenes e na acentuação, com maior desgosto para o trema. No entanto, no Brasil, o AO90 não existe para 99,9% dos brasileiros. Nem sequer sabem o que isso é. Continuam a escrever e a falar como sempre escreveram e falaram: à brasileira. É o que eu faço quando vou ao Brasil, onde aprendi a ler e a escrever.
Quanto à situação ser “irreversível” é a maior FALÁCIA.
Irreversível, só a MORTE.
Enquanto houver, em Portugal e nas comunidades portuguesas na diáspora, quem lute pela Língua Portuguesa, ela jamais será brasileira. E somos milhares.
Penso que os milhões de brasileiros deveriam ficar com a sua VARIANTE Brasileira do Português, enriquecida com as linguagens indígenas, brasileiras e africanas, e dos muitos outros povos que aí se fixaram.
O Brasil não precisa rebaixar-se, ao USURPAR a Língua dos Portugueses, para poder impor-se no mundo.