Quem o afirma é o professor universitário, jornalista e escritor brasileiro Nelson Valente, num artigo publicado no Diário do Poder, sob o título «Acordo Ortográfico: Fracasso linguístico», e que aqui transcrevo.
O texto está escrito segundo a grafia brasileira, preconizada pelo Formulário Ortográfico de 1943, um conjunto de instruções estabelecido pela Academia Brasileira de Letras, para a organização do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa do mesmo ano. O texto do Formulário Ortográfico de 1943 é composto por duas partes: uma Introdução com 12 artigos que aclara os princípios de fixação para a grafia do português brasileiro; e as Bases do Formulário (17). Ora, a Base IV (a que mais interessa a Portugal) diz o seguinte: consoantes mudas - extinção completa de quaisquer consoantes que não se proferissem, ressalvadas as palavras que tivessem variantes com letras pronunciadas ou não.
Qualquer semelhança com a grafia, que o governo português impôs nas escolas portuguesas, a alunos portugueses, não é mera coincidência, é intencional.
(Os excertos a negrito e a azul, no texto do Professor Nelson Valente, são da responsabilidade da autora do Blogue, para que fique bem claro que essas palavras não fazem parte da Língua Portuguesa, e são exclusivas do "português" brasileiro, que o professor considera que deve ser reconhecido como uma nova língua, algo com que estou completamente de acordo, pelos motivos mais óbvios.
«ACORDO ORTOGRÁFICO: FRACASSO LINGUÍSTICO»
Por Nelson Valente
«O Acordo termina com cem anos de guerra linguística entre Brasil e Portugal?
O português é a língua oficial em nove países da Europa, América, África e Ásia. A dispersão favorece as diferenças linguísticas. Éramos a única língua com duas ortografias diferentes oficiais.
De acordo com o Ministério da Educação, entre 2008 e 2012 foram gastos mais de 2,2 bilhões de reais para atualização de obras didáticas.
Quando o acordo foi assinado em 1990, os jornais portugueses se comprometeram a não aplicá-lo. Hoje só o jornal Público mantém a promessa. Que acordo é esse? O português brasileiro precisa ser reconhecido como uma nova língua. E isso é uma decisão política.
A Comissão de Educação da Câmara dos Deputados do Brasil aprovou um requerimento para “realização de Audiência Pública a fim de discutir a revogação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.” O requerimento, aprovado no dia 25 de Abril, foi apresentado pelo deputado Jaziel Pereira de Sousa e ali subscrito pela deputada Paula Belmonte. Não dá para impor uma língua de uma hora para outra a um povo. O padrão da língua no Brasil deve ser a língua falada pela maioria da população brasileira contemporânea, que é o português brasileiro. Acordo Ortográfico: “aberrações”, “arbitrariedades”, “caos” e “fracasso linguístico”.
Um manifesto dos “Cidadãos em Portugal contra o ‘Acordo Ortográfico’ de 1990”, que é hoje revelado, afirma que este novo modelo de escrita abriu “uma caixa de Pandora”, criou “um monstro” e “não uniu, não unificou, não simplificou” o uso da língua.
O Acordo é um ato lesivo a nosso patrimônio cultural e o Estado não deve regulamentar a ortografia de um povo. A língua é uma força biológica: não se pode modificá-la com uma decisão política. Pode-se, quando muito, influenciar o uso. É uma função dos jornalistas, escritores e da mídia. Um bom uso mostra-se pela flexibilidade com que as palavras são aceitas. A língua é feita pelos povos, e não pelos Governos; mas está claro que, a ortografia, é mais de academias.
Qual era a necessidade de unificar? Entendemo-nos perfeitamente, não há problema algum. Deveriam respeitar o português daqui e o do Brasil. O Acordo só dificulta o ensino com seu contexto arbitrário e suas muitas opções facultativas. Não sou contra; sou a favor da revisão do Acordo. Se fizer uma mudança radical da ortografia, estará condenando um material histórico à obsolescência em uma geração.
Enquanto mudanças na ortografia derrubam acentos e confundem o sentido das palavras, antigas regras viram bloco de carnaval no Brasil. Enquanto as regras e contradições são discutidas e a nova norma não é obrigatória, as regras gramaticais viram alvo de brincadeira. Enquanto mudanças na ortografia derrubam acentos e confundem o sentido das palavras, antigas regras viram bloco de carnaval no Brasil. A situação atual é de um verdadeiro caos ortográfico.
“Saudade” não é exclusividade da língua portuguesa. A palavra “saudade” não é particularidade da língua portuguesa, ao contrário do mito que existe desde o século XVI. Na forma ou no sentido, há correspondentes em outros idiomas.
Porque derivada do latim, variantes da palavra existem em outras línguas românicas. O espanhol tem soledad. (*) O catalão soledat. O sentido, no entanto, não é o do português, está mais próximo da “nostalgia de casa”, a vontade de voltar ao lar.
A originalidade portuguesa foi a ampliação do termo a situações que não a solidão sentida pela falta do lar: “saudade” é a dor de uma ausência que temos prazer em sentir. Mas mesmo no campo semântico há correspondências. Por exemplo, no romeno, mas em outra palavra: dor (diz-se “durere”). É um sentimento que existe também em árabe, na expressão alistiyáqu ‘ilal watani. O árabe pode, até, ter colaborado para a forma e o sentido do nossa “saudade”, tanto quanto o latim.
O que ocorre com o dito Novo Acordo Ortográfico é que na verdade Portugal “colonizador” quer colonizar a língua portuguesa. (**) Veja o exemplo: A antiga Iugoslávia se fragmentou em seis pequenos países e a língua que, então era considerada uma só, o servo-croata, agora se chama bósnio, croata, sérvio, montenegrino… Mas, para esses nomes aparecerem, ocorreu uma guerra horrorosa, com muitas mortes, uma coisa terrível.
Nos Bálcãs, os sérvios e os croatas entendem-se. No passado, os que se revoltavam mais ferozmente contra o colonizador haviam estudado na metrópole. Pode-se massacrar uma população conhecendo-se perfeitamente sua língua e sua cultura.
A miscigenação no Brasil foi muito mais intensa e, evidentemente, a miscigenação linguística também. O português foi língua minoritária no Brasil durante todo o período colonial. Falava-se como língua geral o tupi e nossa população, até a época da Independência, era 75% mestiça.
Com os professores brasileiros nas condições em que estão – mal pagos, mal formados, essa mudança pode gerar alguma dificuldade de adaptação.
Este acordo é sobretudo político, fazendo com que os aspectos linguísticos, que deveriam estar à frente das preocupações dos redatores do acordo, quer em Portugal quer no Brasil, tivessem sido ou insuficientemente amadurecidos, ou demasiadamente sujeitos à lógica do acordo, o que implicou cedências, uma uniformização, mas não uma unificação. Não há uma norma absolutamente comum, não poderia haver.
Tudo o que tenho lido e ouvido sobre o Acordo Ortográfico revela quase sempre posições extremas, a favor ou, mais frequentemente, contra. É claro que todos têm o direito de se sentirem lesados com estas mudanças, afinal aprenderam a ler e a escrever as palavras da sua língua de uma determinada maneira, e essa maneira de escrever, que se tornou automática, é agora alterada. (***)
A ortografia, ou forma correta de escrever, é um esforço para encontrar uma norma, o menos ambígua possível, de registar graficamente os sons da fala; como tal, implica convencionalidade e até um certo grau de arbitrariedade.
Não é preciso que se escreva exatamente igual para que haja entendimento mútuo e não é porque se estabeleceu uma regra comum que se falará perfeitamente igual em todos os países. Do ponto de vista político, essa é uma má política linguística. É importante respeitar as diferenças no modo como as pessoas falam.
Um aluno do interior perguntou-me se deveríamos condenar a linguagem popular, “pois esse pessoal fala de forma inadequada”. Fo necessário esclarecer a diferença entre linguagem popular e regionalismos. Primeiro, as expressões, apesar de inovadoras, podem vir a figurar em dicionários e vocabulários de transmissão da norma culta ou padrão, sem nenhuma dificuldade. Os regionalismos são sempre aceitos.
Em segundo lugar, temos a questão controvertida da chamada popular. O filólogo Antonio Houaiss (in memorian) chegou a popularizar o verbete “mengo”, diminutivo do clube mais popular do Brasil. Mas, ele jamais aceitaria adotar a palavra “probrema” ou “areoporto” – e dar-lhes o status de uma expressão legítima do português contemporâneo.
Vê-se, pois, que há uma abissal diferença entre linguagem popular e regionalismos.
A prosódia, que é a forma de dizer a palavra, tem total liberdade, não se devendo exigir que um gaúcho fale com a mesma pronúncia do que um paranaense.
O que, em virtude do Acordo de Unificação da Língua Portuguesa, que é eminentemente ortográfico, passemos a impor a Portugal ou Angola, por exemplo, o nosso gostoso e incomparável sotaque. (****)
Cada povo que cuide das suas peculiaridades prosódicas. Mas escrever de uma forma é medida de inteligência e simplificação, que já vem tarde.
Nelson Valente
Fonte:
https://diariodopoder.com.br/acordo-ortografico-fracasso-linguistico/?fbclid=IwAR3P4nxwRyLW0koQU5RDazEsNryRtS2kijBZPJhLg7qRksG0llyGNBTbkgo
***
Notas:
(*) Se o Professor Nelson Valente me permite, as palavras “soledad” e “soledat” significam mais “solidão” do que saudade. No Diccionario Cúspide de la Lengua Española lê-se: Soledad 1. Carencia de compañía. 2. Lugar desierto o tierra no habitada. 3. Pesar que se siente por la ausencia, muerte o pérdida de alguna persona o cosa (no sentido de consternação); 4. Tonada andaluza de carácter melancólico; 5. Copla que se canta y danza que se baila con esta música, o que não corresponderá exactamente à nossa saudade, aquele sentimento indizível. Podemos sentir saudade sem solidão. Estarmos melancólicos ou pesarosos sem sentir saudade.
(**) O que se passou foi que Antônio Houaiss chamou Portugal para uma aventura ortográfica, em que a sílaba tónica era introduzir a grafia brasileira em Portugal, com a ilusão de unificar o que jamais seria possível unificar, entre outras razões, Houaiss não fez mais do que puxar a brasa para a sardinha do Brasil. E Portugal não fez mais do que deixar a brasa pender para o lado brasileiro. Não chamarei a isto uma pretensão de Portugal “colonizador” colonizar a Língua Portuguesa. Direi antes que é uma patetice de Portugal deixar-se colonizar pela língua brasileira. Não será?
(***) Aqui peço desculpa, mas as coisas não podem ser vistas deste modo. Todos, particularmente os Portugueses, os mais prejudicados com este acordo, temos o direito de nos sentirmos lesados pelas substanciais mudanças na grafia portuguesa (os Brasileiros ativeram-se apenas aos acentos e à hifenização. Mais nada) não porque aprendemos a ler e a escrever as palavras da nossa Língua de uma determinada maneira, que se tornou automática, e é agora alterada, mas fundamentalmente porque a Língua Portuguesa foi abrasileirada (refiro-me à supressão das consoantes mudas) o que afastou o Português da sua matriz greco-latina, da sua família Indo-Europeia; desaportuguesou-se a Língua Portuguesa, e tornaram-na abrasileirada. Por que se fosse apenas a questão do aprender, não seria uma questão, porque os seres humanos ou são dotados da capacidade de aprendizagem ou não são. Se são, conseguem aprender e desaprender com a maior facilidade. Se não conseguem, não saem da cepa torta.
Eu aprendi a ler e a escrever no Brasil, com a grafia de 1943, e nas minhas vindas para Portugal e idas para o Brasil, na infância, adolescência e juventude, ora escrevia à brasileira, ora escrevia à portuguesa, e isso nunca foi impedimento para seguir os meus estudos com notas razoáveis. Domino a Língua Brasileira tão bem quanto domino a Língua Portuguesa, porque quer queiramos quer não, existem substanciais diferenças entre uma e outra, na fonética, na sintaxe, no léxico, na construção frásica, na ortografia, na morfologia, na semântica.
(****) Devo dizer que também considero gostoso o sotaque brasileiro, inconfundível em todo o mundo, tão inconfundível que ninguém diz que estão a falar português, mas sim, a falar brasileiro. Por isso, Professor Nelson Valente, também penso que o "Português" Brasileiro deve ser reconhecido como uma nova língua: a Brasileira, oriunda do Português, tal como o Português é oriundo do Latim. A evolução das Línguas passa por esta metamorfose, não por unificações impossíveis.
Isabel A. Ferreira
De Batista a 16 de Junho de 2020 às 00:01
Concordo plenamente consigo.
Não percebo porque é que os brasileiros ficam ofendidos quando alguém lhes diz que eles falam brasileiro?.
Eu no entanto sinto amargura quando em qualquer site ou aplicação do telemóvel procuro o idioma português e em vez que ter a bandeira portuguesa a representar, tem a brasileira.
Sou a favor dos brasileiros assumirem a própria língua e que o governo português desista de alterar o acordo ortográfico, como se estivessem desesperadamente a tentar manter o mínimo de ligação entre Portugal e Brasil.
De que vale dizer que o Português é das línguas mais faladas no mundo quando na realidade referem-se ao português brasileiro??
Caro Batista,
O texto não é meu. É assinado por um brasileiro. Mas estou absolutamente de acordo com ele.
Também não percebo por que é que os brasileiros não aceitam o óbvio. Eu tenho uma teoria, que também não é inteiramente minha, porque a retirei de um contexto que me levou a isto: a mal informada, mal formada e ignorante esquerda brasileira pretende colonizar Portugal através da Língua, como “vingança do colonizado”. E eu acredito que sim.
Tudo leva para esse caminho, incluindo o das bandeirinhas. A bandeira portuguesa desapareceu da Internet.
Estou completamente de acordo consigo: de que vale dizer que o Português é das línguas mais faladas no mundo quando na realidade referem-se ao “brasileiro” (retiro-lhe o “português” porque é uma designação errada) que será a nova língua do Brasil. Tão certo, como eu estar aqui a escrever isto.
De Edu a 8 de Novembro de 2020 às 02:39
Quais são as línguas mais faladas do mundo? Enumere por favor!
Senhor Edu,
Se pretendeu, com este seu comentário autoritário, que eu enumerasse e incluísse a Língua Portuguesa nas Línguas mais faladas do mundo, enganou-se redondamente.
Têm-se, por aí, o “Português” como uma das Línguas mais faladas no mundo (está em 9º lugar em 2020) apenas porque os Brasileiros, que são milhões, acham que falam e escrevem Português.
Mas estão muito enganados. Os Brasileiros, que são milhões, falam e escrevem uma VARIANTE Brasileira do Português, mas que já não é Português.
Logo, a Língua Portuguesa NÃO É uma das línguas mais faladas , mas ainda assim, contando com os africanos de expressão portuguesa e Timor-Leste, que AINDA falam e escrevem PORTUGUÊS, somos cerca de 80 milhões.
Existem na Europa línguas minoritárias, que não precisam juntar-se a milhões, porque estão muito bem de saúde, e cujos respectivos governantes não sofrem de nenhum complexo de inferioridade, como sofrem os políticos portugueses e brasileiros.
Fique então com as Línguas Oficiais Europeias, que é o que me interessa, na qual a Língua Portuguesa se inclui, muitas das quais não constam das línguas mais faladas do mundo:
Alemão, Búlgaro, Castelhano, Croata, Checo, Dinamarquês, Eslovaco, Esloveno, Estónio, Finlandês, Francês, Grego, Húngaro, Inglês, Irlandês, Italiano, Letão, Lituano, Maltês, Neerlandês, Polaco, Português, Romeno, Sueco.
De TODAS estas línguas Europeias, as mais faladas são, por ordem decrescente: o Inglês, o Castelhano e o Francês.
E das restantes Línguas, quem precisa de ser milhões, se se tem uma Língua correcta, sã, digna e preciosa? Preferimos estar no rol das línguas menos faladas, mas preciosas.
Só mesmo os que sofrem de um exacerbado complexo de inferioridade é que se preocupam em ser milhões…
Mais vale ser poucos a falar e a escrever escorreitamente a Língua Materna, dos que milhões a escrevê-la mal e parcamente, que é o caso de Portugal e Brasil, depois que políticos ignorantes impuseram ilegalmente o AO90.
No Brasil, cerca de 213 milhões de Brasileiros, falam e escrevem a VARIANTE Brasileira do Português, que um dia será a Língua Brasileira.
O que nos vale é que em Portugal, 99% da população não tem o mínimo complexo de inferioridade em relação à área territorial ou à quantidade de cidadãos que falam e escrevem Português, e não aplica o AO90, nem quer saber para nada de ser milhões.
Somos europeus e pertencemos ao grupo de pequenos países da Europa com alma grande e orgulhosos do seu Idioma e da sua Cultura.
Desde que não estejamos na lista dos mais incultos e violentos países do mundo, o resto não nos merece a mais pequena preocupação, senhor Edu.
Já agora, se não reparou, o texto que está a comentar foi um BRASILEIRO que o escreveu.
De Marco Lemonte a 13 de Dezembro de 2020 às 04:42
Muito ignorante e preconceituosa, Isabel.
Vocês estão mamando nas tetas da Comunidade Europeia/ UE desde os anos 1980 e em 2020 conseguem a façanha de ser o país mais pobre da Europa Ocidental, já ultrapassados em PIB per capita por quase todos os países europeus que estavam sob o jugo soviético até o final da década de 1990.
Deveria tomar vergonha na cara e pararem de ser tão etnocêntricos e arrogante.
Digo isto em bom PORTUGUÊS, pois somos nós falantes que definimos o nome da língua que falamos. Não foi o Português do Brasil que se "castelhanizou", foi o Português de Portugal que passou por um processo de redução vocálica.
Tugas incomodados que mudem o nome da sua língua para algo como neo-lusitano.
Incultos e violentos são os portugueses que torturam africanos até 1975.
Marco Lemonte, o seu comentário retrata magnificamente a existência de uma lusofobia assente na lavagem cerebral que os extremistas marxistas brasileiros ignorantes (porque os há cultos) introduziram no ensino da História, nas escolas brasileiras, mais exactamente àquela História que diz respeito ao Brasil e Portugal.
E o resultado é este: uma enxurrada de apedeutismos que diz de um complexo de inferioridade, a que Nelson Rodrigues chamou “complexo de vira-lata”, que os marcos lemontes brasileiros do pós-1822 AINDA não conseguiram resolver.
Não sei se se dá conta de que este tipo de comentário só diz da SUA (não da minha) ignorância e do seu preconceito e da sua lusofobia, e deixa muito mal o Brasil, porque este AINDA produzir cidadãos com base em premissas completamente erradas.
Não sei se se dá conta também de que os etnocêntricos e arrogantes são essa fatia de brasileiros, na qual você se inclui, à qual fizeram uma lavagem cerebral, e agora andam por aí a envergonhar o Brasil. E o Brasil não merece andar por aí enxovalhado, deste modo, por gente tão inculta.
Quanto ao seu bom PORTUGUÊS, sinto muito, mas a sua ignorância, a este respeito, continua em alta. Se alguém tem de mudar o nome da Língua não são os Portugueses. Sabia disto?
Quanto aos Portugueses serem incultos e violentos, que TORTURARAM (o tempo do verbo é PASSADO) africanos até 1975, deve estar a achar (porque se PENSASSE, nem ousaria tocar nesta matéria, da qual está muito mal informado) que no Brasil ACTUAL não há incultura, nem violência, e é tudo um mar de rosas, tão mar de rosas e tão pacífico, que os brasileiros estão a debandar para Portugal à procura dessa “violência” e dessa “ignorância”, que você refere e que eles tanto desejam. Só no meu prédio de 17 apartamentos, vivem 10 brasileiros, que fugiram do pacifismo e da cultura do Brasil, e estão felicíssimos com a violência e incultura portuguesas.
Facto: você NÃO sabe onde fica a Europa, e muito menos onde fica Portugal.
Não, a Europa não se situa na América do Sul, e Portugal NÃO fica ali para os lados do Complexo do Alemão, e tão-pouco são os portugueses que andam a exterminar os indígenas brasileiros, os únicos e verdadeiros donos do território que ocupam.
E mais: não sei se reparou, o texto desta publicação foi escrito por um professor universitário, jornalista e escritor brasileiro.
Se tiver mais alguma dúvida, pode perguntar, que terei o maior gosto em esclarecê-lo
De Eduardo Silva a 17 de Janeiro de 2022 às 11:03
A discussao sobre o assunto e' valida e temos que falar sobre isso!
Mas acho desnecessario chamar nos brasileiros de incultos. Qual a necessidade? Vamos trazer argumentos, assim como voce trouxe com a reportagem do Nelson e que sao excelentes argumentos. Vamos manter um nivel, um padrao na discussao sem ofensas.
Assim como ha' brasileiros que sentem a necessidade de "falar" uma lingua europeia para se sentirem importantes no mundo, ha' tambem portugueses que ainda sentem um saudosismo com o passado heroico, como fala o professor Marcos Bagno em uma entrevisata. Inclusive recomendo a voce o texto do professor Marcos Bagno, outro brasileiro que esta de acordo com separacao linguitica entre Brasil e Portugal.
Eduardo Silva, quem chamou os Brasileiros de incultos? Existem brasileiros muito incultos, sim, assim como existem portugueses, franceses, ingleses etc., também muito incultos. Eu tenho por hábito usar maiúsculas e minúsculas para separar as águas paradas das águas agitadas, e o trigo do joio. Quando uso Brasileiros, com um BÊ maiúsculo, refiro-me ao POVO BRASILEIRO, constituído por cidadãos cultos e por cidadãos incultos. O mesmo faço em relação aos Portugueses, o Povo Português, e entre ele existem portugueses cultos e também muito incultos.
Pois esses argumentos de que fala, já circulam por este Blogue em muitos e variados textos, incluindo o de Marcos Bagno, qual o qual concordo plenamente, no que respeita à separação linguística, porquanto, desse modo, acabar-se-ia com essa coisa do colonialismo português que os brasileiros incultos nunca aceitaram, e tanto desdenham.
Quanto aos portugueses hodiernos, estes NÃO sentem o mínimo saudosismo do que denomina de “passado heróico”, porque esse passado e esse heroísmo pertence aos nossos antepassados. E apenas a eles. O que os portugueses hodiernos e cultos sentem é orgulho do que fizemos pelo mundo, da herança BOA que deixámos pelo mundo, e da qual muitos povos (entre eles, os Japoneses, por exemplo) se orgulham, e uns poucos povos, como os brasileiros incultos não se orgulham, porque nunca aceitaram o seu passado, por desconhecerem a VERDADEIRA HISTÓRIA de um território descoberto por Pedro Álvares Cabral e que veio a ser o territorialmente GRANDE BRASIL. Mas para o Brasil ser GRANDE, tal como os tão adorados (pelos brasileiros) Estados Unidos da América, precisam de aceitar o seu passado, como os norte-americanos aceitaram o deles. E olhe que quanto a HERANÇA CULTURAL os Portugueses foram muito mais prolíferos do que os Ingleses. Foram muito menos racistas do que os Ingleses. Foram muito menos bárbaros do que os Ingleses e os Espanhóis, por exemplo, que exterminaram três das civilizações mais avançadas da época: a Inca, a Maia e a Asteca. De resto, a colonização e a escravatura fazem parte dos valores daquela época, que não podem ser avaliados à luz dos valores do século XXI d. C.. E esse é o vosso maior erro.
O problema do Brasil é um ENSINO de História do Brasil e da História do Mundo e da Língua muito, muito péssimo e deficiente. Posso falar desde modo, porque passei um pouco por todos os ciclos de ensino, no Brasil, desde o básico à universidade, alternando com o básico e a universidade em Portugal, e numa escola inglesa. E posso dizer-lhe que as diferenças de ENSINO são abissais.
Já agora, quero fazer-lhe uma pergunta, que não é inocente, mas tem o seu “quê” de fundamento: quais são as suas habilitações académicas?
De Eduardo Silva a 17 de Janeiro de 2022 às 18:12
Ha no Brasil sim muita gente culta, e e' de ser admirado, pois como voce pode constatar no tempo que la' andou, talvez tenha notado o baixo investimento na educacao e falta de reconhecimento aos profissionais dessa area. Mas nao estou aqui para defender o Brasil e atacar Portugal, ja' superei isso ha' muito tempo! Outra coisa que sempre vejo falarem e discordo profundamente, e' que dizem que nas escolas do Brasil nos ensinam a odiar Portugal, o que nao e' verdade ... apenas nos ensinam a historia que aconteceu, e nesse ponto concordo com voce que poderia ser ensinada melhor! Eu, na minha juventude, nunca odiei Portugal e hoje tambem nao odeio, muito pelo contratio, apos ali viver por dois anos (ainda que durante a pandemia) aprendi a admirar o pais, a cultura e o povo (apesar de ter conchecido alguns parvos e xenofobos, mas isso tem pra todo lado nao e' mesmo?).
Sobre o saudosismo dos portugueses ao passado, nao coloquei como afirmacao mas sim como uma possivel explicacao ... como nao sou portugues nao me atrevo a afirmar o que voces sentem ou deixam de sentir! Mas esse foi um dos argumentos que o professor Ivo Castro, da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com doutorado em Linguística Portuguesa.
Tirei esse trecho da reportagem do professor Moarcos:
O professor Ivo CastroEle diz o seguinte: “Minha opinião de que a separação estrutural entre a língua de Portugal e a do Brasil é um fenômeno lento e de águas profundas, que é fácil e, a muitos, desejável não observar, assenta-se no convencimento de que a fratura do sistema linguístico existe, mas não é aparente a todos os observadores nem é agradável a todos os saudosistas.”
E como eu disse e' um argumento possivel para justificar os portugueses que nao querem a separacao das linguas faladas nos dois paises, nao sou eu quem esta a falar, mas um portugues letrado e culto.
Sobre a minha formacao academica, tenho bacharelado em Sistemas de Informacao pela Universidade Federal de Lavras MG/Br. Vim para o velho continente trabalhar com TI e nao me sinto despreparado ao trabalho que exerco quando comparado aos meus companheiros europeus e asiaticos. Hoje vivo nos Paises Baixos, trabalhos aqui com muitos portugueses, indianos e tambem com neerlandeses, todos excelentes no que fazem e como pessoas!
Ja agora nao entendi o fundamento da pergunta sobre meu nivel academico.
Eduardo Silva, sim, existe gente muito culta no Brasil, mas essa gente está em minoria. Não tem poder para ter poder. Nas escolas brasileiras, o ensino ministrado é muito pobre, e isto vem já de muito longe, desde que ignorantes marxistas (porque os há cultos) ocuparam o poder e lhe deram para estroncar, por exemplo, a História do Brasil, dizendo barbaridades da colonização, e isso está bem comprovado nos comentários de brasileiros (que apesar de instruídos são incultos), os quais pululam pela Internet, sobre esta matéria.
A mim, não me vem dizer que nas escolas “ensinam o que aconteceu”. É precisamente o contrário: ensinam-vos o que NÃO aconteceu, ensinam-vos a odiar a colonização portuguesa, e isso é um facto indesmentível, comprovado, daí que a LUSOFOBIA seja uma realidade no Brasil, não por parte do POVO menos instruído, mas do povo que vai à escola aprender INVERDADES, os tais instruídos, mas incultos. Isso posso garantir-lhe, porque tive de me bater contra essas inverdades, nomeadamente na Universidade, algo que abordei num livro que escrevi, e no qual provo o quanto os brasileiros se afastaram e continuam afastados da VERDADE HISTÓRICA.
Quanto ao saudosismo, penso que quando um País, que já teve prestígio no mundo por muito bons motivos, se afunda, é de toda a legitimidade que o Povo sinta saudades daquilo que construiu de BOM e que os IGNORANTES destruíram. E se vamos por este caminho, os brasileiros instruídos, mas incultos, sentem SAUDADES de algo que queriam que acontecesse e jamais acontecerá: o de terem sido colonizados pelos Ingleses. Este sentimento mesquinho é que tem destruído o Brasil, e impedido que ele se tornasse os Estados Unidos da América do Sul, 200 anos que já são passados sobre a sua Independência. Quem não aceita o seu passado, viverá o presente metido numa bolha, e jamais terá futuro.
Se não percebeu ou se não quer responder à minha pergunta sobre o seu nível académico, não precisa de responder. Era apenas uma curiosidade minha.
De Eduardo Silva a 17 de Janeiro de 2022 às 10:33
Ola Isabel, sou brasileiro, ja vivi em Portugal e hoje ando por outras bandas.
Quando mudei-me para Portugal eu ficava chateado quando me diziam que eu falava brasileiro. Eu ainda nao sabia, mas talves pensava que eu era aceito entre os portugueses por isso, e as vezes e' o que parece.
Mas depois de muito pensar sobre o assunto, tentar entender as diferencas das duas linguas eu hoje concordo que o Brasil deveria ter sua propria lingua.
A lingua e' viva e por isso evolui, esta em constante mudanca: por exemplo, em algum momento (e por algum motivo que desconheco) em Portugal passou-se a falar muito rapidamente as vezes "engolindo" algumas vogais, coisa que nao acontece no PT-Br. Isso gerou ate uma diferenciacao entre o portugues brasileiro e o portugues europeu. O portugues brasileiro hoje e' considerada uma syllable time language enquanto o Pt europeu e' considerada time stressed language.
Eu concordo com os pontos apresentados pelo Nelson e fico triste porque provavelmente nao verei a lingua brasileira separando-se da lingua portuguesa.
Esse assunto deveria ser muito mais discutido e nao e'!
Olá Eduardo Silva,
Começo por agradecer o seu comentário.
Para nenhum brasileiro deve ser motivo de chateação o facto de dizerem que ele “fala brasileiro”, pois se é, de facto, brasileiro que fala. Qualquer criança portuguesa que veja na televisão um debate entre um português e um brasileiro, a criança dirá imediatamente que um está a falar português e o outro está a falar brasileiro, de tão diferente que se fala. A fonologia é um dos indicadores maiores de que a linguagem brasileira é uma “outra” linguagem. Mas juntando à fonologia, temos outras diferenças, como a ortografia, o léxico, a morfologia, a sintaxe e a semântica.
Existem grandes diferenças entre as duas Línguas, ao ponto de poder dizer-se que uma é Portuguesa e a outra Brasileira. Por que não? Para já, o que se fala e escreve no Brasil é a VARIANTE portuguesa do Português. Não é correcto dizer que é o Português brasileiro, porque as diferenças já são bastantes.
A Língua realmente é um elemento vivo, está sempre em evolução, mas a evolução de uma Língua não significa MUTILAÇÃO dessa mesma Língua. Exemplo: passou-se de pharmacia, para farmácia? O fonema grego PH (som fê) foi substituído pela letra latina F (não esquecer que o nosso alfabeto é o latino. A pronúncia manteve-se. E a isto chama-se evolução.
Os Brasileiros em 1943, na Base IV do seu Formulário Ortográfico, decretaram que as consoantes não-pronunciadas seriam eliminadas, apenas porque sim. Exemplo: afeCto, passou a escrever-se “afeto” afastando a palavra das suas raízes latinas, e mudando-lhe a pronúncia, pois sem o CÊ, que tem uma função diacrítica, a palavra lê-se, obrigatoriamente, “âfêtu” e a isto chama-se RETROCESSO, porque se desenraizou o vocábulo, que ficou sem história, sem origem, sem família.
A Variante brasileira do Português que seja considerada o que bem se entender. A Língua Portuguesa está longe de ser o que refere: «time stressed language». O que é isto? O que é que isto significa em linguagem de gente? Não esquecer que a Língua Portuguesa é uma Língua Românica.
Quando diz: «por exemplo, em algum momento (e por algum motivo que desconheco) em Portugal passou-se a falar muito rapidamente as vezes "engolindo" algumas vogais» o que é isto? Em «algum momento que desconhece»? O que é isto? Que momento? Um bom falante de Português, um português instruído, culto, não engole vogais. Um bom falante de Brasileiro, um brasileiro instruído, culto NÃO diz “nóis vai”, não diz “Bráziu”. Por exemplo, na novela brasileira “Chocolate com Pimenta” existe um falar da ROÇA, que um brasileiro instruído não fala: não diz “nóis vai pônhá”. É preciso ter-se a NOÇÃO de quem fala o quê, onde e como.
E não fique triste, Eduardo Silva, porque a Língua Brasileira está mais perto de o ser, de facto, do que possamos imaginar.
De Eduardo Silva a 17 de Janeiro de 2022 às 18:52
Quando eu disse que a lingua e' viva, quis salientar que e' natural que o portugues falado no Brasil se transformou, que e' diferente ... no fundo estou a concordar com voce!
Primeiramente eu sei que o portugues e' uma lingua romanica, apesar de eu nao ser tao culto quanto os europeus, algumas coisas eu consigo entender.
Prosseguindo, time stressed language e' um termo que existe para diferenciar as linguas. Em uma time stressed language, cada sílaba é percebida como ocupando aproximadamente a mesma quantidade de tempo, embora a duração absoluta do tempo dependa da prosódia. As línguas que sao syllable time language, tendem a dar às sílabas uma proeminência aproximadamente igual e geralmente não possuem vogais reduzidas. Talvez por isso, para pessoas nao falantes de portugues o brasileiro seja mais facil de entender e talvez tambem por isso nos brasileiros tenhamos alguma dificuldade inicial de entender os portugues, temos que habituar primeiro os ouvidos e ja depois de um tempo ja nao temos tanto problemas.
Vou dar um exemplo. No Brasil falamos a palavra colesterol separando as silabas da seguinte maneira: co/les/te/rol em Portugal voces falam col/sterol. De quatro silabas fomos para duas e eu sei que isso ocorre somente no portugues falado. Podemos pensar em outros exemplos ... so quis trazer isso como argumento para enriquecer os argumentos de que falamos linguas diferentes.
As vezes a vossa formalidade, para nos brasileiros, soa como rude porque somos nada formais, e' cultural tanto do vosso lado quanto do nosso. Mas nao estou a brigar contigo, quando voce responde parece que ja esta a atacar, e se me entendeu errado peco desculpas, minha intencao desde o inicio foi de concordancia com as ideias do seu artigo.
Sim fico triste porque vejo que sao poucas as pessoas que estao realmente abertas para dissecar esse assunto de maneira madura, afinal nao basta provar as diferencas, ainda existem as questoes politicas, que me parecem ser as mais relevantes para um cisma entre as linguas faladas nos dois paises.
Eu percebi, Eduardo Silva. As Línguas, de facto são vivas, e a “Brasileira” enveredou por um caminho diferente da Portuguesa. Tudo bem. Que mal há nisso?
Quanto às designações “syllable time language” e “time stressed language” é mais um “fait-divers” que poderá servir para quem FALA, quem pretende estudar o Português para COMUNICAR ORALMENTE e não para o ESCREVER. Os estrangeiros, quando querem aprender Língua Portuguesa como uma Língua de SABER, vão à ORIGEM. Se a querem apenas para comunicar, vão à Variante. Isto é um facto. Se alguém quiser aprender Língua Inglesa, não vai para uma escola americana. Procura uma escola inglesa. O mesmo se passa com a Língua Portuguesa e com todas as outras línguas em que existem variantes.
Não se esqueça de que a linguagem falada é diferente da linguagem escrita. A falada serve para comunicar. A escrita serve para fixar o pensamento e o sentimento dos Povos, por isso, ela tem de ser mais elaborada. Não pode ser truncada, esmagada segundo a vontade de quem não a conhece.
Os brasileiros cultos entendem perfeitamente o que os portugueses cultos falam, porque eles não “comem” consoantes, nem sílabas, nem as trocam, e os portugueses cultos pronunciam sílaba a sílaba as palavras, sem “comerem” consoantes ou sílabas.
O seu exemplo é caricato. Em Portugal, um português que se preze e que seja instruído e culto jamais dirá “col/sterol”. Pronunciará “cu-l’es-t’-ról. Assim tal e qual. Um brasileiro instruído e culto dirá “cô-lês-tê-ról”, e muitos até pronunciarão “cô-lês-tê-róu”. Os brasileiros e portugueses menos instruídos pronunciarão tortamente qualquer palavra mais complicada de dizer. Isto é um facto. Existe em qualquer Língua do mundo.
O engraçado é que este tipo de problema, esta incompreensão que os Brasileiros levantam, nunca aconteceu com os africanos de expressão portuguesa. Sabe porquê? Porque os africanos de expressão portuguesa falam e escrevem Português correCtamente.
E não, meu caro Eduardo, não estou a atacá-lo, nem pretendo atacar ninguém. Estamos a conversar e a esclarecer desentendimentos, que só acontecem, como eu acabei de dizer, com os brasileiros, porque eles afastaram-se demasiado do Português, daí ser legítimo falar em duas línguas: uma, portuguesa, e a outra, uma variante da portuguesa.
Que mal há nisto? Nenhum.
E sim, esta questão das Línguas Portuguesa e Brasileira, é uma questão puramente POLÍTICA, nada tem a ver com unificações, aliás, inexequíveis, mas com destruição, com uma intenção muito, muito específica.
Mas isto é pano para muitas, muitas, muitas outras mangas.
De Eduardo Silva a 18 de Janeiro de 2022 às 18:15
Sim, tambem nao vejo mal em falar brasileiro, alias preferia que assim fosse oficialmente. Nao vejo mal em termos nos desviados da lingua portuguesa, isso mostra que temos nossa propria cultura, nossa propria forma de expressar-se, de sentir e ver o mundo e a vida. Por isso, para quem quiser falar brasileiro, nao precisa ir a Origem, no caso portugues europeu, a nao ser que essa pessoa queira aprender o Portugues europeu. Porque isso nao faz sentido se estamos a falar que o brasileiro e' uma nova lingua, e nao uma variante como voce sugere. Ou entao quem quer que queira estudar qualquer lingua romanica teria que ir a origem e estudar o latim.
Eu sei a diferenca entre a lingua escrita e a falada! As linguas faladas no Brasil e Portugal continuam a ser consideradas a mesma, o portugues, por causa desse ridiculo acordo ortografico! A lingua falada deve sim ser considerada porque e' ela que impulssiona na lingua escrita as mudancas e nao o contrario, por isso que consideramos a lingua viva! Caso contrario estariamos ainda a falar latim.
Nao quis dar exemplo caricato, somente o que pude acompanhar quando vivi em Portugal (que alias amei viver la'), mas se achas que essa diferenca falada nao serve como argumento, tudo bem!
Sobre os africanos perceberem melhor voces do que nos, talvez se da ao fato de eles falarem de forma mais proxima ao portugues falado em Portugal e nao por causa da escrita (veja que usei talvez e que nao quero afirmar nada, pois nao sou de Angola nem Mocambique). Na minha experiencia, eu nunca tive problemas para entender o portugues escrito em Portugal. Lia muitos documentos e livros de legislacao (por conta do trabalho) e tambem livro de regras de transito e era praticamente igual a escrita de documentos oficiais no Brasil.
Nao precisa escrever correCtamente com C em caixa alta, pois ja sei que no portugues essa e' a forma correta e que no brasileiro e' corretamente!
Espero que um dia possamos falar oficialmente que falamos linguas diferentes, sera um dia de grande alegria pra mim.
No mais passar bem!
Caro Eduardo Silva, vou começar a responder a este seu comentário pelo fim, porque devo-lhe uma explicação. O faCto de eu escrever correCtamente com o CÊ em letra maiúscula, só tem um significado, algo que me impus ao escrever, para que quem lê saiba que eu pronuncio aquele cê, e que a palavra se escreve com um CÊ que, embora mudo, deve ser escrito. Aliás sou apologista de que se comece a pronunciar todos os cês e pês mudos, porque facilitava a escrita, para quem não consegue PENSAR (as maiúsculas vão para evidenciar a minha ideia, e não para gritar) a Língua, por isso, também ao falar eu pronuncio esses cês. E isto vale apenas para PORTUGAL.
Por exemplo, nunca entendi por que os Brasileiros pronunciam o pê em percePção, e não pronunciam o cê de faCto, e de infinitos outros vocábulos, com consoantes não-pronunciadas que têm função diacrítica, e que foram mutilados.
De resto, meu caro Eduardo, as Línguas faladas no Brasil e em Portugal continuam a ser a mesma apenas no nome.
Sobre isso estamos conversados.
Mudando do assunto da Linguagem para a História, hoje, uma prima que tenho no Brasil (90% da minha família é brasileira, já na terceira geração) enviou-me o “link” de uma série brasileira denominada “Brasil – A Última Cruzada”, numa edição de “Brasil Paralelo”, totalmente realizada por BRASILEIROS, onde se trata da História do Brasil contada com base em faCtos históricos reais e não em mentiras inventadas pelos marxistas ignorantes, que as introduziram no Ensino da História, nas escolas Brasileiras.
Só vi ainda o primeiro vídeo e fiquei maravilhada. Recomendo vivamente que TODOS os brasileiros vejam esta série e aprendam a ter orgulho no passado português, porque a VERDADE está lá toda.
Espero que partir de agora, esta VERDADE seja ministrada nas escolas, para que os Brasileiros possam libertar-se do complexo do colonizado que os impede de avançar para o futuro.
Não sei se o Eduardo já conhecia, mas pelo sim, ou pelo não, deixo-lhe aqui o “link” para a série:
https://www.youtube.com/watch?v=TkOlAKE7xqY
E espero que brevemente o Brasil e Portugal dêem as mãos, como dois Povos unidos por uma mesma História até ao dia 07 de Setembro de 1822, quando, por todo o Brasil, se ouviu o Grito do Ipiranga, e os dois Povos seguiram um caminho diferente, como acontece com os filhos que a partir da maioridade abandonam a casa dos pais e vão viver a sua independência. Como deve ser. Como é da natureza da vida, que seja.
E não é isto tão bonito, Eduardo?
De Eduardo Silva a 18 de Janeiro de 2022 às 20:54
Interessante voce estar a ver um pouco da historia do Brasil. Entretanto, no quesito historia, prefiro livros canais de midia isentos da politica. Conheco o Brasil Paralelo, ja assiste muitos conteudos deles e por isso posso dizer que nao gosto pois e' cheio de ideologia. Me da mais jeito conteudos com os fatos, sem vies e visoes (sei que e' dificil) politicas.
Provavelmente, por eles terem uma visao conservadora, eles rejeitariam a ideia de separacao da lingua brasileira do portugues. Inclusive muitos deles vivem a falar sobre volta de monarquia (com a familia Orleans e Bragança). Prefiro manter um pouco de distancia desses pensamentos hehehe' mas ha' coisas interessantes produzidas por eles, tem que de saber filtrar.
Não vejo motivo nenhum para o Eduardo considerar “interessante” o facto de eu estar a seguir NÃO um pouco da História, mas - A - História verdadeira do Brasil. Qualquer pessoa com um neurónio a funcionar a seguirá.
Sei perfeitamente por que motivo o Eduardo rejeita a História do Brasil, contada por gente que SABE, e que vai às fontes históricas, e não é pelos motivos que refere, pois se prefere livros como, com certeza, os de Laurentino Gomes, baseados em crónicas de viajantes, que valem zero, historicamente, ou canais dos media, eivados de politiquices e mentiras. E com esta sua opção, fica explicada a aversão ao trabalho do Grupo “Brasil Paralelo”, que tenha a ideologia que tiver, é um EXCELENTE trabalho, que devolve ao Brasil a sua dignidade de País. E isso é o que mais conta.
Tem todo o direito de não gostar do “Brasil Paralelo”. Não conheço os outros conteúdos deste Grupo. Contudo, neste trabalho «Brasil – A Última Cruzada», daquilo que já vi, a ideologia ficou de fora. O que ficou DENTRO foram unicamente os factos e as fontes históricas que contam a História do Brasil tal como ela aconteceu, e não como a “pintaram” mentes ignorantes, com base em ideologias cegas. E isto, para quem aprendeu as histórias da carochinha, contadas por quem desconhece a VERDADE HISTÓRICA, fica difícil de encaixar.
Dado o actual miserabilista contexto político brasileiro, é perfeitamente natural que muitos brasileiros anseiem pelo regresso da monarquia, que hoje seria totalmente diferente da monarquia pré-1822. O Brasil perdeu o seu rumo depois da independência, e as opções que hoje se apresentam aos Brasileiros são péssimas e pobres. Pelo menos a Família de Orleães e Bragança não envergonharia o Brasil.
É preciso saber separar o trigo do joio. Verdade?
De Eduardo Silva a 19 de Janeiro de 2022 às 16:40
Quando disse que acho interessante nao e' para te ofender, e' para mostrar que acho porreiro, que e' agradavel ver portugueses a consumir historia brasileira falada por uma otica brasileira, ainda que seja uma enviesada politicamente.
O Brasil nao precisa do "canal do youtube Brasil Paralelo" para recobrar sua dignidade de pais. Ja vi alguns videos dessa serie que estas a citar, sim e' interessante, mas nada que nao seja ensinado e que esteja nos livros didaticos (pelo menos na epoca que andei pelo ensino fundamental). Acho que ja' falaei aqui, na escola nunca teve um professor ou livro que fizessem aos alunos alimentar odio a Portugal. Lembro sim de ficarmos tristes em descobrir quanta riqueza tem o nosso pais (mesmo depois de 5 seculos de exploracao) e ainda termos tanta pobreza. Lembro-me de ficar triste com a escravidao (inclusive apos a abolicao) e com o derespeito com os indios nativos. Lembro-me de ficar triste por saber que a indepencia brasileira foi comprada (herdamos uma divida que Portugal tinha junto da Inglaterra, para que pudessemos ser oficialmente aceitos como colonia livre), ou seja, o pais ja nasce atolado em dividas.
Sobre uma volta da monarquia, nao faz sentido algum, especialmente no Brasil. O Brasil precisa se abrir economicamente, diminuir o poder do estado, descentralizar o poder das maos de Brasilia e passar ao cidadao, resumo da opera, o Brasil precisa ser livre, coisa que nunca foi desde a chegada o homem europeu!
Eu não fiquei ofendida com o “interessante”, por que haveria de ficar? Fiquei surpreendida com a expressão. Até porque, no que a mim diz respeito, tudo o que diz respeito ao Brasil, diz-me respeito a mim também. Estudei no Brasil e a História que nos impingiam era mentirosa. E ainda hoje é, pelo que se vê nos comentários lusófobos e ignorantes espalhados por brasileiros, no YouTube e pela Internet, em geral.
A História apresentada pelo Brasil Paralelo NÃO é apresentada por uma óPtica brasileira, e muito menos “enviesada politicamente”, mas é SIM assente em fontes e factos históricos documentados. Que é algo muito diferente.
O Brasil PRECISA sim, da VERDADE HISTÓRICA para recuperar a sua DIGNIDADE de País, perdida há muito, porque a dignidade do Brasil anda cotada por muito baixo, devido às mentiras vergonhosas que brasileiros ignorantes espalham sobre a sua própria história, e que o resto do mundo CULTO sabe ser mentira. E isso só traz desprestígio para o Brasil.
O que essa série apresenta NÃO é ensinado nas escolas brasileiras. Sou testemunha e testemunhas são também os milhares de comentários à série. Até querem que a série passe nas escolas, para que os brasileiros possam sentir-se orgulhosos de serem brasileiros. Leia os comentários, e aprenderá muita coisa.
Não sei que idade tem, nem em que época viveu, para dizer que a lusofobia não existe nas escolas brasileiras. Existe e não é pouco. e eu sou testemunha dessa lusofobia, ao mais alto nível.
E basta ler o que o Eduardo diz a partir da frase « Lembro sim de ficarmos tristes em descobrir quanta riqueza tem o nosso país…» para ficarmos a saber quão deturpado foi o que lhe “ensinaram” na escola. Que visão mais distorcida tem das coisas, o que só vem dar razão ao que eu disse: a VERDADE HISTÓRICA do Brasil NÃO é ensinada nas escolas, e o Eduardo NÃO a aprendeu.
Quanto ao que diz do regresso da monarquia não fazer sentido, realmente não faz. Concordo. Mas compreendo muito bem o anseio de quem quer esse regresso. O Brasil não tem gente com capacidade intelectual para poder erguê-lo do chão, onde rasteja?
Que o Brasil precisa de ser livre, precisa, mas que me diga que «foi coisa que nunca foi desde a chegada do homem europeu» é uma ignorância, é a prova de que a HISTÓRIA não está a ser ministrada adequadamente, nas escolas.
Explico-lhe porquê: até à chegada do homem europeu, o Brasil NÃO existia. O que existia era um território ocupado por indígenas, os verdadeiros DONOS do Brasil, que os actuais brasileiros EXPLORAM e MALTRATAM INDECENTEMENTE, como nunca foram explorados e maltratado pelos Portugueses, que os tinham como aliados nas guerras contra os invasores. Depois, esse território, a que deram o nome de Brasil, foi sendo colonizado pelos portugueses, e por muitos outros povos, e quando o Brasil se tornou independente, em 1822, ficou LIVRE do colonizador, mas nunca se sentiu LIVRE porque nunca souberam aproveitar essa liberdade em proveito próprio. O povo brasileiro (excePtuando os indígenas, que não sofrem de lusofobia) ficaram ATADOS a um passado que já tinha passado, e até hoje arrastam esses grilhões como se nunca tivessem sido libertados.
Esta é que é a verdade. Uma verdade triste.
Como vê, a História que lhe “ensinaram” está completamente truncada. Por isso recomendo-lhe que veja toda a série «Brasil – A Última Cruzada» para saber a VERDADE sobre a História brasileira, sem a venda da ideologia, que não é para aqui chamada. as ideologias só servem para atrapalhar. Veja a série com olhos de VER.
De Nathanael Malhó a 1 de Março de 2023 às 18:20
Cara Isabel. Concordo com a essência do teu comentário e argumentos, porém permite-me discordar de ti. Pronunciar o "L" médio e final não seria adequado e nem culto, pois não pertence a muitos dialetos do Brasil, tampouco dos dialetos/variantes das regiões mais populosas e de maior prestígio. Pronúncia não tem nada a ver com falar-se conforme a norma padrão ou culta (que é diferente dessa). Jamais pronunciaria eu esse "L" pois não pertence ao meu dialeto materno (Ludovicense/Maranhense) e mesmo sendo a pronúncia original (original não quer dizer melhor que a nova).
A pronúncia do "L" médio e final pertence somente às variantes do Sul. (Talvez haja em algum outro dialeto, mas não conheço totalmente este país continental). Cumprimentos~
Caro Nathanael Malhó, não percebi o seu comentário, até porque não sei a que L se refere.
Não sei se reparou que este texto é da autoria de NELSON VALENTE. E nele nada nos leva à pronúncia ou à não-pronúncia do tal L.
Poderia ser mais explícito, por favor?
Obrigada.
Em português de Portugal, o termo "consigo" tem o mesmo sentido de "contigo" ou isso é mais uma variação linguística a qual só se encontra nesse blog?
LuizAntony, há gente que sabe, e há gente que não sabe. Parece-me que o seu caso é “gente que NÃO sabe". Então aqui vai:
consigo | pron. pess. 2 g.
1ª pess. sing. pres. ind. de conseguir
con·si·go
(latim cum, com + secum, consigo)
pronome pessoal de dois géneros
1. Flexão do pronome si, quando se emprega com a preposição com.
2. Em companhia da pessoa a quem ou de quem se fala.
3. De si para si.
4. Coisa sua; dependente da sua resolução.
Ver também dúvida linguística: si e consigo.
Palavras relacionadas:
conseguimento, sigo, si, monologar, intrapessoal, arbitrista, automobilizado
.
con·se·guir |guí| - Conjugar
(latim consequor, -i)
verbo transitivo e pronominal
1. Chegar a um objectivo. = ALCANÇAR, ATINGIR
2. Obter.
"consigo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/consigo [consultado em 07-09-2020].
De Batista a 7 de Setembro de 2020 às 14:56
Tem o mesmo significado, mas "consigo" é mais respeituoso, e "contigo" é mais pessoal e familiar.
Por exemplo, com os meus avós e clientes uso "consigo", com irmãos e amigos uso "contigo".
Exactamente. Mas ainda não entendi qual o seu problema.
Seja mais explícito, por favor.
De Luiz Antonio a 6 de Setembro de 2020 às 21:28
Em português de Portugal, o termo "consigo" tem o mesmo sentido de "contigo" ou isso é mais uma variação linguística a qual só se encontra nesse blog?
consigo | pron. pess. 2 g.
1ª pess. sing. pres. ind. de conseguir
con·si·go
(latim cum, com + secum, consigo)
pronome pessoal de dois géneros
1. Flexão do pronome si, quando se emprega com a preposição com.
2. Em companhia da pessoa a quem ou de quem se fala.
3. De si para si.
4. Coisa sua; dependente da sua resolução.
Ver também dúvida linguística: si e consigo.
Palavras relacionadas:
conseguimento, sigo, si, monologar, intrapessoal, arbitrista, automobilizado
.
con·se·guir |guí| - Conjugar
(latim consequor, -i)
verbo transitivo e pronominal
1. Chegar a um objectivo. = ALCANÇAR, ATINGIR
2. Obter.
"consigo", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/consigo [consultado em 07-09-2020].
Comentar post