A propósito do texto
Sabiam que em Portugal os tribunais aplicam medidas previamente coadas?
eu e a Diana Coelho trocámos algumas palavras, e esta começou por salientar que não são só os jornalistas que não são unidos. É o povo inteiro. O povo português raramente se une para alguma coisa.»
Bem, na verdade, a Diana Coelho tem toda a razão, não são apenas os jornalistas que não são unidos. Lamentavelmente, não são. Temos um povo que só se une e sai às ruas e faz barulho se lhe mexem nos bolsos ou nas contas bancárias. Contudo, a Língua Portuguesa não se encaixa nem nos bolsos, nem nas contas bancárias. Mas na consciência de um Povo.
No Facebook existem uns seis Grupos Anti-AO90 que se limitam a ser contra, mas não agem, quando se lhes pede acção.
Nem os professores se uniram. Nem sequer os linguistas se uniram.
É nesta inércia que os governantes apostam, para se manterem fiéis ao pretenso “dono” da Língua Portuguesa (o SS) a quem prestam uma vergonhosa vassalagem. Algo que sairá muito caro a Portugal e aos Portugueses.
E a Diana Coelho disse o seguinte:
«Foi exactamente essa conclusão a que cheguei depois de ter lançado uma questão no grupo Professores Contra o Acordo Ortográfico. A questão que lancei, "Ensino à Distância" ou "Ensino a distância", era importante (julgo eu) e gerou discussão com centenas de comentários, o que me agradou. A minha intenção era saber a opinião dos professores acerca do assunto, mas mesmo assim houve uma ou outra pessoa rude comigo. Depois de ler as centenas de comentários percebi que muita gente está contra o Acordo Ortográfico nas redes sociais, mas na prática transformam-se em acordistas. Porquê? Eu estou a tirar uma formação em Museografia em Coimbra e, logo no início, um dos meus formadores quis organizar um trabalho de grupo com a turma toda cujo texto seria para publicação e escrito com Novo Acordo Ortográfico. Respondi "Então não contem comigo. Não aceito esse desacordo e não participo num texto mal escrito". E não participei.»
É exactamente isto que é necessário fazer para acabar com o AO90.
Precisamos de gente com CORAGEM e PERSONALIDADE para dar murros em todas as mesas, para dizer rotundos NÃOS, para virar as costas ao virulento acordo ortográfico e à ignorância que dele emana.
Se quisermos acabar com esta afronta à nossa Cultura Linguística é preciso que TODOS os que se dizem anti-AO90 (e pelo que se vê no Facebook, são aos milhares, mas serão, de facto?) façam o seguinte:
- NÃO escrevam segundo a cartilha do AO90, até porque demonstram ignorância;
- NÃO comprem livros, jornais ou revistas “acordizados” (é preciso que as editoras “acordistas” vão à falência, simplesmente porque merecem);
- NÃO alinhem quando vos pedem para fazer trabalhos escritos em “acordês”, até porque não há lei alguma que vos obrigue;
- Quem tem filhos nas escolas básica e secundária devem advertir os professores de que na escola eles escrevem “incorretamente” (e frisem bem “incurrêtâmente” porque é assim que se lê a palavrinha em acordês) a Língua Materna deles, por decisão ilegal do governo português, mas em casa, ensinem-nos a escrever correCtamente, como se a grafia do AO90 pertencesse a uma língua estrangeira. É preciso incutir espírito crítico às crianças, desde tenra idade, para que não sejam adultos servilistas.
Mas apenas quem tem CORAGEM e PERSONALIDADE consegue esta proeza.
Quanto ao que a Diana Coelho diz sobre o “ensino a distância” isto é nitidamente “à moda brasileira”, porque eles lá abrem as vogais, e para eles A é À vai dar ao mesmo. Obviamente que o ensino é “à distância”.
Quase a totalidade das pessoas, que estão nesses grupos anti-AO90, alinha com o AO90; ensina segundo a cartilha do AO90, nas escolas; escreve teses de mestrado segundo o AO90; e está-se nas tintas para a Língua Portuguesa, e pior do que isso, escudam-se no “somos obrigadas”, para escreverem incorrectamente a Língua delas, porque é mais fácil acomodarem-se do que lutarem, ou simplesmente PENSAREM.
Daí que o segredo para acabar com o AO90 seja a existência de muitas, muitas, muitas mais Dianas Coelhos, em Portugal.
Isabel A. Ferreira
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