Manuel Cerveira Pinto divulgou no Grupo Público do Facebook «NOVO MOVIMENTO CONTRA O AO90», a seguinte publicação, e não posso deixar de concordar com o que o Manuel diz:
Isto é o que ando sempre a dizer aos BRASILEIROS: no estrangeiro quem aprende o que eles chamam de "português brasileiro" NÃO é português brasileiro, é BRASILEIRO.
Já ando a dizer isto há muito tempo: quando os políticos brasileiros virem que o BRASILEIRO já se impôs em Portugal, de “mala e cuia”, mudam o nome da Língua para Língua Brasileira, e é como diz o Manuel: apenas os africanos, de expressão portuguesa, falarão e escreverão PORTUGUÊS.
Por isso, temos de AGIR, o mais depressa possível.
O que o Manuel publicou levou-me para um site de entretenimento chamado «Steve the vagabond and silly linguist», de onde é proveniente a imagem que ilustra a sua publicação, que gerou vários comentários no Facebook, e por arrasto, também no próprio site «Steve the vagabond and silly linguist».
Como existem comentários importantes que não devem ficar ocultos no Facebook, com serventia restrita, sou apologista de que corram mundo, para que as coisas possam ser esclarecidas junto das pessoas menos esclarecidas. Daí ter-me proposto a divulgá-los, por Amor à Língua Portuguesa.
Um desses comentários foi o de Pedro Henrique, com o qual estou absolutamente de acordo, e, com unhas e dentes, defendo tudo o que ele aqui diz:
Também o José Antunes disse de sua justiça, e o que ele disse é uma verdade que, se tivéssemos governantes interessados na defesa dos INTERESSES de Portugal, já teriam tido a hombridade de tomar uma posição, em relação a esta i-na-d-mi-ssí-vel USURPAÇÃO de IDENTIDADE:
Entretanto, no já mencionado site «Steve the vagabond and silly linguista» que pode ser consultado aqui:
https://www.facebook.com/stevethevagabond/photos/a.777473768978581/5294639097262003/
os comentários brotaram como cogumelos em dias de chuva.
Percorrendo esses comentários, deparei-me com o de uma professora italiana Marialuisa Lo Giudice que, disse o seguinte: «Brazilian is quite different from Portuguese» (O Brasileiro é bastante diferente do Português).
A partir daqui gerou-se uma discussão, entre comentadores de várias nacionalidades, entre elas, a portuguesa e a brasileira, e disse-se um pouco de tudo: uns disseram que o Brasileiro existe; outros disseram que o Brasileiro não existe; outros, ainda, disseram que não existe essa “coisa” de Português, e que só existe o Brasileiro; e ainda outros disseram que existe o Brasileiro e o Brasileiro EUROPEU; e outros disseram que só existe o Português.
No site, alguns portugueses, defenderam a Língua Portuguesa, ao dizerem que o que no Brasil se fala e escreve é a VARIANTE Brasileira da Língua Portuguesa, o que é absolutamente correCto.
Um português ou outro defenderam que o que se escreve e fala no Brasil é o Português. O que é absolutamente incorreCto.
Eu não pude deixar de entrar na discussão, e disse o que sempre defendi, não só porque aprendi a ler e a escrever no Brasil, e SEI do que estou a falar, mas também porque é o que vários linguistas brasileiros também defendem:
A Marialuisa, como professora que é, também concorda comigo. E para consolidar a sua afirmação a Marialuisa apresentou-nos a imagem dos livros por onde ela, duante dois anos, andou a aprender Brasiliano:
A “Língua Brasileira” já anda por aí a ser ensinada como Brazilian, Brasiliano, Brasileiro, e só não vê isto quem não quer ver…
Alguns estrangeiros aprendem-no, e quando se deparam com a Língua Portuguesa (que oficialmente é a língua do Brasil por razões políticas, NÃO, por razões linguísticas) dizem que NÃO a compreendem. Pudera! O que aprenderam NÃO foi Língua Portuguesa. E se aprendem Língua Portuguesa não compreendem o Brazilian, o Brasiliano ou o Brasileiro, que lhes impingem como sendo Português.
O que os responsáveis por esta FANTOCHADA ainda não entenderam é que para um europeu, habituado às Línguas Europeias, é mais fácil falar e escrever em Português, com as consoantes, para nós, não-pronunciadas, no seu devido lugar, do que falar Brasileiro, com aqueles tchis (lêitchi) e djis (djispôsição) e sem as consoantes, não-pronunciadas, mas com função diacrítica, nos seus devidos lugares, e supressão das consoantes finais ou a troca dos éles finais por us: vou cômê, Brásiu, ou supressão de consoantes no meio das palavras (djinhêru). No Brásiu, fica-se “MAU djispôsto”; “gôstáriá dji i MAIS não póssu”; “tu vai cômigu?… Isto NÃO é falar Português.
O Brasil tem todo o direito à Língua que construiu a partir do Português. Tem direito à sua VARIANTE Brasileira, que os Brasileiros enriqueceram com os falares indígenas e africanos e de todas as outras nacionalidades (que são muitas) que se fixaram em território brasileiro.
O que o Brasil NÃO tem direito é de chamar PORTUGUÊS a essa Variante, porque se afastou substancialmente da sua Genetriz europeia. Todos os que sabem, sabem que eles ainda lhe chamam Português apenas por razões políticas, NÃO, por razões linguísticas.
Finalmente, em resposta a um Ricardo Queiroz que, num comentário no citado site, disse que eu estava errada, ao defender a Língua Brasileira, disse-lhe o seguinte:
«Eu fui para o Brasil com dois anos, e aprendi a ler e a escrever no Brasil, o BRASILEIRO, quando tinha seis anos, e já FALAVA Brasileiro.
Vim para Portugal aos oito anos, e tive de aprender a falar, a ler e a escrever PORTUGUÊS.
Quando regressei ao Brasil, com treze anos, tive de reaprender a falar, a ler e a escrever o Brasileiro. E quando regressei definitivamente a Portugal, aos 20 anos, tive de reaprender a falar, a ler e a escrever o Português.
E atreve-se a dizer que eu estou errada?
Já escrevi livros em Português, e para os publicar no Brasil, os editores exigiam que eu os traduzisse para BRASILEIRO. Algo que recusei, tal como o recusou José Saramago e outros escritores, a quem exigiram o mesmo.
E atreve-se a dizer que EU estou errada?»
(Ainda aguardo que Ricardo Queiroz rebata o que eu lhe disse).
Isabel A. Ferreira
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