Quinta-feira, 21 de Março de 2019

O que talvez não se saiba sobre o AO90 e é crucial saber, para não se fazer papel de parvo

 

Fico pasmada com a ignorância que por aí vai, no que respeita ao modo como agora se escreve a Língua Portuguesa.

 

A maioria dos Portugueses não sabe o que é isso do AO90. Quando se pergunta por aí por que escrevem “fatura” em vez de faCtura, a resposta é de pasmar: «Agora escreve-se assim». E porquê? «Porquê o quê?». Por que é que agora se escreve assim? «Ora porque agora é assim, mandam escrever assim». Sabe o que é o Acordo Ortográfico de 1990? «O que é isso?».

 

Um destes dias, numa estação de serviço na A7, li o seguinte, num aviso colado à máquina registadora: «Se quiser fatura, deve pedi-la quando afatuar o pagamento». E isto já foge ao âmbito do “acordo”.

 

Ainda estava do lado de cá da fronteira com Espanha. Mas em Espanha não se escreve assim tão mal. Aliás, em país europeu nenhum, se escreve assim tão mal.

 

PARVOÍCE.jpg

 

Os Portugueses, no seu gosto patológico de imitar tudo o que é estrangeiro, acabam por cair na parvoíce e na deselegância, neste caso, na deselegância da escrita.

 

Em Portugal, como aliás em todos os países ditos lusófonos, quase ninguém sabe o que é o Acordo Ortográfico de 1990 (AO90), e as implicações perniciosas da sua aplicação.

 

E quando nos aparece alguém a dizer (uns, parvamente, outros, ingenuamente): «Ah! Agora escreve-se assim» e lhes falamos, por exemplo, no livro do Embaixador Carlos Fernandes «O Acordo Ortográfico de 1990 Não Está em Vigor» os parvos evocam imediatamente o Malaca Casteleiro (esse é que as sabe!); os ingénuos não se interessam por leituras, estão mais virados para o futebol e para os programas altamente "colturais" dos “casamentos” e "namoros", transmitidos na SIC e TVI, a somar às novelas.

 

E quem ganha com esta parvoíce de uns, e ingenuidade de outros?

 

Obviamente, os actuais governantes portugueses, os que se arvoram em "donos da Língua", e que recebem ordens para destruir a Língua Portuguesa e promover a Variante Brasileira do Português.

Até porque eles sabem que Portugal é o país europeu com o maior índice de analfabetismo; e  também sabem que 80% da população não se interessa nada por estas coisas da Cultura, da Língua e da Identidade Portuguesas, e que as informações cruciais acerca das verdades sobre o AO90 confinam-se a um universo de 20% dos Portugueses, até porque os órgãos de informação estão proibidos de abordar esta matéria.

 

É uma falácia dizer que o AO90 tem a ver com a evolução da Língua, quando é um tremendo retrocesso passar de cavalo para burro, ou seja, de Língua para Variante de si mesma.

 

Posto isto, aqui deixo uma informação útil, assente nos pareceres de juristas, de linguistas habilitados (porque os há desabilitados, como Malaca Casteleiro e quejandos)  e dos estudiosos desta droga alucinogénia chamada AO90, e principalmente baseada no livro: «O Acordo Ortográfico de 1990 Não Está em Vigor – Prepotências do Governo de José Sócrates e do Presidente Cavaco Silva», do Embaixador Carlos Fernandes, que nenhum governante, incluindo o PR, e professores de Português leram, para estarem informados acerda do que é essa fraude do AO90.

 

- O AO90 agride barbaramente a etimologia das palavras, empobrecendo a ortografia portuguesa, desenraizando-a da sua família indo-europeia;

 

- O AO90 é tecnicamente insustentável; juridicamente inválido, politicamente insciente e materialmente impraticável;

 

- O AO90 não tem validade internacional, até porque não passa de uma fraude;

 

- O AO90 é ilegal e inconstitucional, não estando em vigor na ordem jurídica internacional;

 

- Os professores ensinam nas escolas portuguesas, sob coacção, uma ortografia baseada na "Cartilha Brasileira", juridicamente ilegal, porquanto não existe lei alguma que o sustente;

 

- Na ordem jurídica internacional a Resolução do Conselho de Ministros (RCM) Nº 8/2011, que “obrigou” à aplicação do AO90, não tem qualquer valor de lei;

 

- Não é preciso ser um génio da jurisprudência para reconhecer que   Portugal agiu de má-fé e com abuso de poder, ao permitir que o 2º protocolo tivesse força de Lei, uma vez que este protocolo não foi ratificado por todos os países, segundo o tratado original;

 

- O AO90 é uma burla à Lei Constitucional e aos princípios elementares da Democracia e do Estado de Direito;

 

- O AO90 viola o princípio da igualdade dos Estados;

 

- Não existe Lei alguma que o torne obrigatório, a única Lei existente que está em vigor em Portugal e na ordem jurídica internacional é o Decreto-Lei Nº 35.228, de 8 de Dezembro de 1945, e alterado pelo Decreto-Lei n.º 32/73, de 6 de Fevereiro de 1973, que não foi revogado;

 

- A Resolução do Conselho de Ministros (RCM) Nº 8/2011, que “obrigou” à aplicação do AO90, não tem valor de lei;

 

- Nenhum cidadão português pode ser penalizado por se recusar a aplicar o AO90, algo que é ilegal, é uma fraude e não tem validade internacional;

 

- Rejeitar o AO90 é um acto de cidadania, não punível por Lei;

 

- Quem aplica o AO90 ou está  mal informado ou de má-fé.

 

- Quem aplica o AO90 é cúmplice de uma ilegalidade, de uma inconstitucionalide, de mentiras e de fraudes cometidas pelos intervenientes;

 

- A aplicação ilegal do AO90 sujeita-nos à vergonha de Angola, Moçambique, Timor, Guiné Bissau e S. Tomé e Príncipe não aceitar o acordo porque têm mais respeito pela Língua Portuguesa do que os portugueses que o aplicam ilegalmente, sendo os governantes,  (presidente da República à cabeça, como Chefe de Estado), o primeiro-ministro, os ministros dos Negócios Estrangeiros e da Educação,  os principais responsáveis pelo caos ortográfico instalado em Portugal.

 

***

 

Depois disto, a grande e crucial pergunta, que todos os Portugueses devem fazer, principalmente os professores, exigindo uma resposta urgente e objectiva, antes de se curvarem servilmente diante do monstro ortográfico, é a seguinte:

 

Qual a Lei ou Decreto-lei que obriga os Portugueses a aplicarem o AO90?

 

É que só uma lei ou um decreto-lei poderá obrigar os cidadãos portugueses a aplicarem a ortografia brasileira, disfarçada de AO90. Onde está essa Lei? E não venham com a RCM Nº 8/201, porque isto não tem qualquer valor de lei.

 

Ninguém é obrigado a fazer o mesmo que as outras pessoas fazem, só por imitação, ignorância ou servilismo (a isto chama-se carneirada). E carneirada é o que mais há em Portugal.

 

E não esquecer que passar a palavra sobre esta informação útil é um dever cívico de todos os Portugueses, que se prezam de o ser.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:27

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comentários:
De Prof. Martelo a 12 de Outubro de 2021 às 12:37
Primeiro peço desculpas pelas calinadas ao português , é um erro típico meu trocar "ses" por "-se"

Fui à procura do Livro do embaixador Carlos Fernandes, o senhor morreu (1922-2019).

Encontrei várias coisas interessantes , por exemplo um livro sobre Aristides Sousa Mendes .

Queria só acrescentar que felizmente vivemos numa democracia e que somos livres de ter a opinião que quisermos e que felizmente parece que ninguém liga à sua opinião nem à de Carlos Fernandes e que se procurar na Internet por "em defesa do AO90" encontra muitos artigos e pessoas que o defendem. Eu sou a favor do AO90 expecto quando é estúpido , como o Ricardo Araújo Perreira explica e também sou a favor de correções e melhorias ao AO .

Cumprimentos
De Isabel A. Ferreira a 12 de Outubro de 2021 às 16:16
Exmo. Sr. Prof. Martelo,

Se é um “erro típico” seu trocar “ses” e “-se”, já deveria ter tentado corrigir esse “erro típico”, porque para andar por um Blogue, dedicado à Língua Portuguesa, não se deve vir desprevenido de conhecimentos de Português. É o mínimo que se pede.

Foi à procura do Livro do Embaixador Carlos Fernandes e diz-me que ele morreu. O Embaixador, sim, infelizmente, morreu (e que Deus o tenha na sua Santa Paz, pelo contributo positivo que deixou numa vida dedicada à Cultura e à evolução da sociedade). Porém, o livro dele NÃO morreu. É óbvio que o prof. Martelo não o LEU, nem teria tempo, de ontem, para hoje, tê-lo comprado e lido. E porque vejo que não o leu? Porque fala em OPINIÕES, e nem o Embaixador nem eu escrevemos com base em opiniões, mas sim com base em FACTOS mais do que comprovados. FACTOS. E contra FACTOS não há argumentos.

E quando diz que ninguém liga à minha opinião nem à de Carlos Fernandes, diz bem. Pois se nem eu nem o Embaixador Carlos Fernandes emitem opiniões sobre esta matéria!!! Está a ver? Está claro que quem vê “opiniões” em vez de FACTOS, no que escrevemos, sofre de uma considerável ILITERACIA, uma maleita muito disseminada, em Portugal. os que não sofrem dessa maleita, GARANTO-LHE que têm em conta TUDO o que se escreve e se CITA neste Blogue.

Também quem procura na Internet “em defesa do AO90” e encontra “muitos” artigos de pessoas que o defendem, precisa de óculos. São poucos os que defendem o AO90, publicamente. E os que publicamente defendem o AO90 demonstram uma ignorância tal, baseada na cassete riscada oficial, que são logo descredibilizados por quem apresenta FACTOS, pois o que os “defensores” do AO90 apresentam não são ARGUMENTOS, nem factos, são paralogismos assentes numa ignorância descomunal. Mas há quem OPTE por essa ignorância, de livre e espontânea vontade, pelos motivos mais óbvios: é que o AO90 foi criado para facilitar a vidinha das pessoas que têm uma gigantesca dificuldade em aprender a escrever e falar Português. E isso está sobejamente documentado por aí, nos textos escritos numa mixórdia ortográfica de envergonhar as pedras da calçada portuguesa, nomeadamente nas televisões, em jornais e revistas acordistas e (brade-se aos céus!!!!) em documentos OFICIAIS. E a falar, então, é uma miséria franciscana.

Vamos lá agora aos finalmentes. Diz o prof. Martelo: «Eu sou a favor do AO90 EXPECTO quando é estúpido, como o Ricardo Araújo PERREIRA explica e também sou a favor de correções [em PT correCções] e melhorias ao AO.»

Ainda que quisesse dizer excePto, uma vez que é acordista, deveria escrever “EXCETO” (que se lê “êxcêtu”, seja lá o que isto for), e aqui temos algo muuuuito estúpido, que nem o editor brasileiro Antônio Houaiss, o engendrador-mor do AO90, se lembrou de sugerir, daí a “brincadeira” do RA PERREIRA.

O prof. Martelo diz que é a favor do AO90, mas também é a favor de “correCções e melhorias”, contudo, saiba que o AO90 NADA tem que se aproveite, nem para corrigir ,nem para melhorar. O AO90 é tão, mas tão estúpido, que é considerado o CÚMULO da estupidez.

E se quer ficar com um panorama do que pensam os Portugueses Cultos, os Brasileiros Cultos e os Africanos de Expressão Portuguesa Cultos, consulte este link, onde estão TODOS incluídos:

https://olugardalinguaportuguesa.blogs.sapo.pt/o-que-os-portugueses-cultos-pensam-33885


E já agora, insisto para que LEIA o livro do Embaixador, porque o livro, além de estar VIVO, diz da inutilidade e da idiotice, de um “acordo” que nem sequer é acordo, ninguém pediu, e só serve os interesses obscuros de políticos e editores e os seus muito acríticos e subservientes seguidores (a tal carneirada e parvos).

Para finalizar, deixo-o com uma citação, que poderia ser minha, mas não é, embora concorde com ela:

«O que se passa é a falta de investimento no ensino da Língua Portuguesa e o facilitismo na progressão no ensino secundário para evitar as, agora chamadas, "retenções" (Ah! Ah! Ah!). O AO90 é absolutamente irresponsável, mas apoia-se na iliteracia que é evidente no país e cuja "incubadora" (para usar outro meme na moda) tem sido a ignorância que é maioritária.»

Se o prof. Martelo com tudo o que já lhe disse, ainda não ficou esclarecido, aqui estarei, para o esclarecer, pois é essa a minha função.

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