A propósito do texto Eu fazer, tu fazer, ele fazer, mais conhecido por O VÓMITO, eis o desabafo que um cidadão português, com nacionalidade dinamarquesa, me enviou da Dinamarca, e que não é mais do que um estado de alma de alguém que vê a sua Língua Materna a escorrer para o esgoto, a um ritmo alucinante...
Estado de alma que é também o de milhares de portugueses na diáspora e também em Portugal.
Isabel A. Ferreira
***
Texto de Fernando Kvistgaard
«Quero debruçar-me sobre o vomitus da sua homónima Figueiredo. Li o blog à noite, e confesso que levou tempo a adormecer, a discorrer sobre as leviandades da senhora que, segundo presumo, será professora – ou será mesmo?
Com a sua teoria de que não há problemas com palavras que se escrevem da mesma maneira, pois será fácil saber do que se trata, conforme o contexto da frase, gostaria imenso de a confrontar com um simples exemplo: se ela escrever a alguém dizendo que tem uma inflamação no nervo ÓTICO, onde estará localizada a inflamação? O TETO está deformado (teto de mamar, ou teto da casa?)
Quanto à falta dos cês e dos pês. Já há tempos que me referi sobre o significado pictográfico das palavras. Sobre isto, a minha formação académica e a de 83 anos de vivência experiencial, pois, pelo menos eu, vejo as palavras como um símbolo pictográfico, à semelhança dos símbolos da escrita chinesa, e outras, onde os caracteres se unem para formar outras palavras ou ideias. Por isso, quando eu, em Português, me deparo com a palavra ESPETADOR (segundo a dupla grafia, fico às aranhas); ADOTAR, ATOR, AÇÃO: aqui PARO para REFLETIR, que também não sei o que é.
Voltando atrás, às palavras como sendo pictogramas. Não sei como se ensinam hoje em dia as crianças, em Portugal. Aqui na Dinamarca usam-se mapas pictográficos para crianças entre os 3 e 7 anos, nos infantários e jardins-escola como estes. As crianças não precisam de saber ler, mas começam a associar uma palavra a um objecto ou a uma ideia.
Exemplos: FLYVE=voar, SUT=chucha, SKO=sapato
***
Se aqui na Dinamarca se se caísse na utopia de tirar as consoantes que não se pronunciam, não sei como as pessoas se iriam entender. Se usarmos, por exemplo, a cidade de Odense, que se lê-se ouense, com acento tónico no "ou", ninguém saberia o que é. FUL=embriagado e FULD=cheio, lêem-se da mesma maneira (para quê o D?); FUGL=ave lê-se com um U ligeiramente prolongado; terminando, PIGE=rapariga, o G não se lê; PÅGÆLDENDE=referido/em questão, lê-se poguélene – como seria se se escrevesse PÅGÆLENE sem os D?
***
[Primeiro aparte: os acordistas portugueses e todos os que acham que a Língua é comparável a um sofá, jamais aprenderiam Dinamarquês, por incapacidade de PENSAR a Língua. A pictografia pode ser usada como um veículo para se aprender as palavras através da leitura: quando lemos um livro, temos a capacidade de fixar visualmente as palavras escritas, e sabemos que aspeCto é escrito com um inesquecível cê (etc., etc., etc....) que é algo que os acordistas, como não lêem, não vêem, e não vendo, não conseguem escrever correCtamente as palavras, por isso, aderiram ao AO90, que facilita a escrita de quem não lê e não tem capacidade para a PENSAR – Isabel A. Ferreira]
Outras barbaridades da tal senhora, como esta:
Eu tou, tu tás, ele tá, nós tamos, vós tens(?) eles tão
ou então, muito mais fácil, como aqui na Dinamarca: jeg (eu) er, du (tu) er, han/hun er, De (vós) er, de (eles/elas) er.
Por fim, os meus sofás não são para estragar, e muito menos a minha Língua Materna.
Fernando Kvistgaard
***
[Segundo aparte: «As línguas e os sofás existem para se estragar». Esta frase é digna de um epitáfio, no futuro: «Aqui jaz aquela que um dia comparou as Línguas aos sofás, e só não ganhou o Prémio Nobel da falta de Bom Senso, porque tal prémio nunca existiu» – Isabel A. Ferreira]
. Em Defesa da Ortografia (...
. «ATO com faca» só prova a...
. «Learn Portuguese as a Se...
. «Quando não defendemos os...
. O que faço no meu dia-a-d...
. O AO90 é um fracasso. Tod...
. Ainda a propósito da tras...
. Eça de Queiroz no Panteão...
. Em Defesa da Ortografia (...
. Trasladação de Eça de Que...