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Por estas e por outras iguais a estas, devemos lutar pela destruição do Acordo Ortográfico de 1990 e não pela sua revisão, que não serve para nada.
O que vemos na imagem está no Jornal de Letras, dirigido pelo acordista José Carlos de Vasconcelos.
(Deixei de comprar este jornal há muito).
Estas palavras, se o AO90 fosse legal e estivesse em vigor de FACTO, estariam MAL ESCRITAS, no Português de Portugal, e, à excePção de CONTATO, estariam também ERRADAS no “Português” do Brasil.
Mas para quê andarmos aqui a dizer isto assim: Português de Portugal e Português do Brasil?
Então a Língua Portuguesa não é só UMA?
Se não é então separemos as Línguas: Língua Portuguesa é a de Portugal. E a Língua Brasileira é a do Brasil.
Nós não dizemos a Língua Portuguesa de Angola, ou de Moçambique, ou da Guiné-Bissau, ou de Timor-Leste… Dizemos?
E por que não dizemos?
Porque esses povos não mutilaram a Língua que herdaram do colonizador.
Ficará mais fácil para todos, e Portugal não perderá a sua identidade, se deixarmos a Língua do Brasil seguir o seu destino separada de Portugal.
Deixem a Língua Portuguesa em paz, e não andem a espalhar pelo mundo um Português "incorretamente" (incurrêtâmente) escrito, com a chancela de Portugal. Se querem continuar a escrever "incorretamente" o Português, não lhe chamem Português. Porque não o é.
Houve uns senhores que se dirigiram a mim em termos menos simpáticos (para os quais estou-me nas tintas) na minha última publicação intitulada «A Portugal, o que é de Portugal! Ao Brasil, o que é do Brasil!» E só depois descobri porquê.
E sabem, porquê? Porque há gente que só lê o que está à frente do nariz. O cartaz. O texto? Nem sequer o leram. Ou se leram não o entenderam, que é o mais certo e habitual, porquanto a iliteracia que por aí grassa é gigantesca. E depois sai destas coisas:
Tito Sanches de Magalhaes «A Língua Brasileira?!!! Que barbaridade é esta? Não existe Língua Brasileira. Existe sim Língua Portuguesa, que pode ser o Português do Brasil. Valha-nos Santa Ignorância.»
Pois valha ao senhor a Santa Ignorância!
Se tivesse lido o texto, não diria (ou diria? fico na dúvida…) tal coisa.
Existe uma Língua Brasileira, sim, ou Variante Brasileira, derivadas da Língua Portuguesa, mas não lhe chamem Língua Portuguesa, porque não é. De FACTO, não é.
E o outro senhor veio com esta:
Edward Luiz Ayres d'Abreu «Claro... E passa também a existir uma Língua Moçambicana, uma Língua Angolana, uma Língua Açoriana, uma Língua Madeirense, uma Língua Cabo-verdiana, uma Língua guineense, uma Língua timorense... ... Santa ignorância...»
Pois, outra vez a Santa Ignorância a valer a alguém que não leu ou não soube interpretar o meu texto.
Claramente. Cada um desses países tem uma linguagem muito própria e com características locais.
Por que não admitir a possibilidade de se livrarem da Língua do ex-colonizador, se não querem respeitá-la?
(O que não é o caso dos mencionados países da CPLP).
Eu aprendi a ler e a falar no Brasil. Tantas vezes o repito. E mais tarde aprendi a REESCREVER e a falar a minha Língua Materna, em Portugal - a Língua Portuguesa. Sei o que estou a dizer.
Oficialmente a Língua Brasileira não existe, mas oficiosamente ela é uma realidade. Basta dar uma voltinha pela Internet.
Mas oficiosamente ela é Brasileira porquê? Porque não respeita a matriz e a Gramática da Língua Portuguesa.
Penso que este seria o momento certo para colocar os pontos nos is, e fazer esta divisão de uma vez por todas. Assim ficávamos livres do monstruoso AO90.
Então o senhor Edward disse-me isto:
Edward Luiz Ayres d'Abreu «Isabel A. Ferreira, o que diz é cientificamente discutível e, na prática, insustentável. Dizer que Machado de Assis ou Ariano Suassuna escrevem em brasileiro é patético. Supor que diferenças lexicais e sintácticas tornam uma "língua" "independente" é ainda mais patético.
Na Venezuela não se fala venezuelano, mas castelhano. Nos E.U.A. não se fala americano, mas inglês. No Burkina Faso não se fala burkinense, mas francês. No Taiwan não se fala taiwanense, mas mandarim. Além do mais, não faz sentido falar em "brasileiro" pelo simples facto de que em diferentes regiões do Brasil há tradições linguísticas muito diferentes. O português de São Luís do Maranhão é mais parecido em muitos aspectos com o de Lisboa do que com o de São Paulo. Em que ficamos? Em São Paulo fala-se "brasileiro" e em São Luís "português"? E no Rio de Janeiro? E no Rio Grande do Sul?...»
Pois é senhor Edward, tudo isso é muito bonito... mas não me convence.
Sabe porquê? Porque os Venezuelanos, os Norte-americanos, os Burquinenses, os Taiwaneses não mutilaram o Castelhano, o Inglês, o Francês ou o Mandarim, como os Brasileiros mutilaram a Língua Portuguesa. E isso faz toda a diferença.
Mas os políticos portugueses, em conluio com os políticos brasileiros, querem impingir-nos uma grafia que não pertence à Língua Portuguesa.
Então que fiquem lá com a deles, e nós cá com a nossa.
E atenção: gosto bastante do modo de dizer brasileiro e do riquíssimo léxico brasileiro, das expressões brasileiras, que até uso frequentemente, e penso que se não fosse esta desunião linguística, nós cá não ficaríamos pobres com expressões brasileiras, como esta: «estás com cara de sinhá mariquinha cadê o frade…» à qual acho bastante piada e é genial.
Mas ninguém me obrigue a escrever anistia, contato, fato (por faCto), ato, diretor, setor, ação, etc., etc., etc.. Isto não é Português. Se não é Português o que será? Francês, Inglês e Mandarim também não é.
Só pode ser brasileiro.
Mas o senhor Edward não ficou satisfeito. E voltou à carga:
Edward Luiz Ayres d'Abreu «Acho sinceramente que está a confundir alhos com bugalhos e que definitivamente ainda não percebeu que quem tem interesse em "impingir" este AO90 não é o Brasil... mas uma meia dúzia de grandes editoras, brasileiras e portuguesas, que obtiveram lucros astronómicos com a reedição de dicionários, prontuários e gramáticas, fora o resto, coadjuvadas por uma vintena de linguistas e de políticos semi-analfabetos.»
Mas o senhor Edward não entendeu que eu não estou a confundir alhos com bugalhos.
E quando dois governos (um brasileiro, outro português) se metem a fazer acordos... não são apenas os editores mercenários brasileiros e portugueses que têm as culpas.
É uma vergonha o que se passa: a Língua Portuguesa abrasileirada, na sua forma grafada, tomou conta da Internet, e os estrangeiros que a aprendem não aprendem a Língua Portuguesa, mas sim uma língua derivada da Portuguesa, uma VARIANTE do Português, "incorretamente" escrita, nascida e criada no Brasil, com o objectivo de facilitar a aprendizagem de milhares de analfabetos, mas também de se afastarem da Língua do ex-colonizador, por motivos políticos.
Isto é um facto. Esta é que é a verdade.
Portanto, se querem continuar a escrever "incorretamente" não lhe chamem Língua Portuguesa.
Mas o senhor Edward não ficou satisfeito:
Edward Luiz Ayres d'Abreu «Cara Isabel A. Ferreira: 1. Um pouco mais de prudência tê-la-ia feito estudar um pouco da história da reforma de 1911 e sucessivos acordos ortográficos. Chegaria rapidamente à conclusão de que a "vanguarda" dos pró-reforma e pró-acordistas foi quase sempre portuguesa; 2. O AO90 não foi impingido pelo Brasil, volto a explicá-lo, mas por um grupo de linguistas portugueses e brasileiros. Antes pelo contrário: o Brasil neste momento, ao contrário de Portugal, é o país que mais tem defendido uma revisão deste acordo tão mal amanhado. 3. É de uma ignorância profunda dizer que o AO90 "abrasileirou" o português... Do lado brasileiro poder-se-ia dizer que o AO90 "aportuguesou" o "brasileiro"... porque houve também do lado brasileiro danos lamentáveis como o da supressão do trema (que em Portugal já tinha também lamentavelmente sido extindo há algumas décadas atrás), instrumento fundamental para que os leitores saibam ler palavras como unguento, sequestro, seriguela, desmilinguido, líquido ou arguir, dentre tantas outras... Já para não falar de casos como "pára / para", que prejudicaram tanto brasileiros como portugueses de igual forma.
Antes de destilar os seus preconceitos e atestar publicamente o seu profundo desconhecimento, estude um pouco mais sobre o que de facto representa o AO90.
Atenção: eu sou também um acérrimo defensor da revogação deste AO90, que está efectivamente muito mal concebido... Mas, sinceramente, a causa anti-AO90 só tem a perder com "argumentos" néscios como os seus. Desculpe a sinceridade.»
Ah! Como este senhor Edward está enganado!
Como tenho repetido várias vezes, aprendi a ler e a escrever no Brasil. Mas o que sei hoje sobre a Língua Portuguesa foi em Portugal que aprendi, pois quando regressei ao meu país, tive de reaprender a Língua que me ensinaram no Brasil, e que eu tinha por garantida, e por conta disso, ainda levei umas boas reguadas. E nem queiram saber o que me diziam, quando fálává brásilêru.
As reformas anteriores não são para aqui chamadas, porque foram elaboradas por especilistas, ao contrário dos do AO90, e não lhes chame linguistas, porque eles nada sabem da Língua, se soubessem nunca teriam proposto um tal acordo. NUNCA!
Claro que o AO90 foi imposto por políticos ignorantes, e logo impingido pelo mercado livreiro de ambos os países, e logo os vendilhões portugueses fizeram com que os governantes de lá e de cá se vergassem a esse negócio sujo, como é apanágio dos (maus) políticos.
Os Portugueses, que defendem a Língua Portuguesa, não estão interessados numa revisão deste AO, porque este AO não tem ponta por onde se lhe pegue, por ter sido fabricado por mercenários e não por cientistas da Linguagem, ao contrário dos acordos anteriores.
E fique sabendo que foi o Brasil que chamou Portugal para a engendração deste AO90. E isto é um facto mais do que comprovado e divulgado.
É óbvio que o Acordo Ortográfico de 1990 está assente na ortografia brasileira, saída do Formulário Ortográfico de 1943.
O Brasil herdou uma Língua Europeia Culta. O que fez com essa Língua? Mutilou-a. E de entre todos os países da CPLP é o único que EXIGE tradução para as obras escritas em Língua Portuguesa. Porquê? Então não temos a mesma Língua?
E não posso admitir que se confunda preconceito com a minha indignação, ao pretenderem que eu escreva incorretamente a minha Língua Materna.
Não tenho preconceito algum no que respeita ao Brasil. Quem assim pensa, pensa pequeno. A maioria da minha família é brasileira.
O AO90 não passa de uma gigantesca farsa, protagonizada por ignorantes portugueses e brasileiros.
É isto que representa o AO90.
O mais me irrita é a falta de LITERACIA que deturpa as palavras que escrevo a este respeito.
***
Depois veio a Loren, dizer-me esta coisa assim:
«Ao contrário do que pensa a sra. Isabel, não falamos PATO e não temos a necessidade de usar FACTO (aí me parece que são os portugueses que não conhecem o brasileirês, nós temos o TERNO). Eu entendo perfeitamente a Língua Portuguesa falada e escrita em Portugal, ainda que muitos cidadãos portugueses insistam em não utilizá-la da melhor forma e culpabilizam o acordo por tal vergonha.»
Eu não penso nada sobre o que não existe.
Não, na realidade não falam, nem escrevem PATO, foi um modo exagerado de dizer, da minha parte; mas escrevem e dizem, por exemplo, CONTATO (em vez de contaCto); FATO (em vez de facto).
Claro que os Brasileiros não têm necessidade NEM PODEM vestir FACTOS, porque os FACTOS não se vestem, nem no Brasil, nem em parte alguma.
Os Brasileiros vestem TERNOS (indumentária composta por um trio: calças, colete e casaco) e vestem muito bem.
Os Portugueses vestem FATOS, de duas ou três peças.
Então que necessidade tiveram os Brasileiros de transformar um FACTO num FATO?
A Loren até pode entender perfeitamente a Língua Portuguesa, mas os Editores Brasileiros não entendem nem aceitam livros escritos em Portugal, que teriam de ser traduzidos, e claro, perdiam dinheiro.
Por isso os editores brasileiros e os editores portugueses esfregaram as maõs de contentes, quando os políticos ignorantes, de lá e de cá, inventaram esta moda do acordo, para encherem os bolsos.
E sendo assim, que cada país fique com a sua língua.
Os Brasileiros continuarão a usar os seus TERNOS, e os Portugueses a vestir FATOS, e a criar FACTOS ao redor deste famigerado AO90, que serve mais para DIVIDIR do que para UNIR.
E nós não queremos desunião.
Mas no que respeita à Língua estamos em DESACORDO, ou seja, não há ACORDO possível.
Isabel A. Ferreira
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