Foto: Agência Ecclesia
Quando ouvi Marcelo Rebelo de Sousa, presidente da República Portuguesa (não era o cidadão e católico Marcelo) jubilante, de braços estendidos a dizer que a escolha de Portugal para a Jornada da Juventude em 2022, maior acontecimento juvenil católico do mundo, foi uma vitória de Portugal, do povo católico português, vitória da Igreja Católica, vitória de D. Manuel Clemente que tanto lutou por isto, mas sobretudo uma vitória da Língua Portuguesa e da Lusofonia, PASMEI! Aquele sobretudo foi espantoso. Vitória da Língua Portuguesa? Mas que Língua Portuguesa?
Confesso que não entendi. Mas depois ouvi dizer que a escolha recaiu sobre Portugal, pela sua ligação aos países africanos de Língua Portuguesa, e não só. Então, comecei a vislumbrar uma luzinha. Ah! Ligação a países africanos onde a Língua Portuguesa é escrita e falada correCtamente. E se assim é, podemos celebrar a Língua Portuguesa, porque lá, na África, a Língua Portuguesa continua a ser a portuguesa e não a abrasileirada.
E se o Papa Francisco escolheu Portugal, SOBRETUDO por esta nossa ligação a África, e Marcelo Rebelo de Sousa entendeu que foi uma vitória da Língua Portuguesa, fico mais descansada. O que interessou a Marcelo, não foi a parte Católica, Apostólica Romana destas Jornadas Mundiais da Juventude, que reúne milhares de jovens para celebrar a fé católica, para partilhar a vivência da espiritualidade, para conhecer melhor a doutrina católica e para construir pontes de amizade e esperança entre continentes, povos e culturas. O que Marcelo viu na escolha de Portugal para esta Jornada foi sobretudo a vitória da Língua Portuguesa e da Lusofonia africana.
Quem sabe se o Papa Francisco, com esta escolha, não pretendeu enviar um recado a Portugal: atenção! A Língua Portuguesa é a africana. Não é a brasileira.
E das duas uma: a haver uma hipotética intenção papal, no sentido de celebrar a Língua Portuguesa, nesta Jornada, ou Marcelo Rebelo de Sousa não entendeu nada desta mensagem subtil do Papa, ao escolher Portugal, para que Marcelo visse nisso uma vitória sobretudo da Língua Portuguesa e da Lusofonia; ou anda tão obcecado com o “negócio da Língua” que já lê Língua Portuguesa onde devia ler missão evangelizadora de Portugal em África (porque, penso eu, será essa a ligação a fazer com África, nesta escolha de Portugal para a próxima Jornada) e não a tal lusofonia. Porque lusofonia lusofónica, só em África e em Portugal.
De qualquer modo, se Marcelo Rebelo de Sousa entendeu que esta escolha do Papa Francisco constituiu a vitória da Língua Portuguesa, menos mal, porque se trata da Língua Portuguesa africana desacordizada (à excepção de Cabo Verde que já não pertence à lusofonia, porquanto a sua língua oficial é o Crioulo Cabo-Verdiano, e o Português, língua estrangeira).
O que mais dizer e pensar acerca desta tirada de Marcelo Rebelo de Sousa, numa altura em que a Língua Portuguesa está na mó de baixo?
Isabel A. Ferreira
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