Segunda-feira, 23 de Outubro de 2023

Para SABER é preciso LER, e esta falha, a par da falta de sentido crítico da maioria dos professores, foi a grande alavanca para a disseminação do caos ortográfico, que está a criar ainda mais ignorantes, além dos que já existiam, em Portugal

 

Isto vem a propósito de duas mensagens que uma professora me enviou, a propósito do AO90 vs. Língua Portuguesa, e que, por ser do interesse público, vou transcrever,  com as minhas respectivas respostas,  numa tentativa de informar os desinformados, ou incentivar os que não querem ser informados, para a informação, porque a desinformação é irmã gémea da ignorância.

 

1ª mensagem:

«Relativamente ao português ensinado nas escolas, não é verdade que seja a variante brasileira. No que concerne a ortografia, dada a obrigatoriedade de ensinar com as regras do AO, não se fica longe da variante brasileira. Mas a língua não é só ortografia: há a sintaxe, o léxico, a pontuação e a morfologia, que são ensinadas segundo a variante portuguesa, embora com influência pontual da variante brasileira.

Infelizmente, o português corrente já usa tantos vocábulos e expressões brasileiras, que o português de Portugal se tornou e se vai tornar cada vez mais brasileiro. E não há nada que possamos fazer para o evitar.»

 

Minha resposta:

Esta sua conversa leva-me a crer que é uma acordista, nada interessada em defender a Língua Portuguesa. Ou é impressão minha? Eu explicarei porquê.

 

Quanto à ortografia ensinada nas escolas (repare que eu não me referi à sintaxe, ao léxico, à morfologia, à fonética e à semântica):

 

Primeiro: Ela é, salvo aquelas poucas excePções e suas derivações, que escaparam à mutilação, a ortografia brasileira que me ensinaram, quando eu comecei a aprender a escrever no Brasil. Os meus netos, hoje, grafam exactamente do mesmo modo que eu grafava, quando comecei a aprender a escrever.  Repare que eu disse grafam.


Segundo: Não é verdade que seja obrigatório a aplicação do AO90 nas escolas. Só o aplicam, porque NÃO querem incomodar-se. O AO90 é ilegal, é inconstitucional, e ninguém, em Portugal, é obrigado a aplicá-lo, porque não existe lei alguma que a tal obrigue. Existem Professores que não o aplicam, e não são penalizados, porque a lei vigente não permite essa penalização. Só os professores o aplicam.

 

Terceiro: NÃO há variante portuguesa da Língua. Há a Língua Portuguesa ou Português. Ponto final. Existe sim, a Variante Brasileira do Português que está a ser introduzida em Portugal de má-fé.

 

Quarto: InfelizmenteSE o Português corrente já usa tantos vocábulos e expressões brasileiras a culpa é unicamente dos professores, que se vergaram ao Brasileirês, ou então porque vêem demasiadas novelas brasileiras, em vez de lerem livros em Bom Português.

 

Quinto: NÃO existe Português de Portugal. Existe simplesmente Língua Portuguesa, que jamais se tornará cada vez mais brasileira, porque existe um batalhão de gente que não o permitirá. E quem está a ser cúmplice desta ingerência brasileira na nossa Língua são os professores servilistas.

 

Sexto: Há muita coisa que podemos fazer para mandar às malvas o AO90 e recuperar a GRAFIA portuguesa.  E uma delas é não seguir o seu raciocínio. E não duvide nunca de que não é possível reverter a estupidez ortográfica vigente. Tudo se encaminha para que, estando o CAOS implantado, no que respeita à Língua, ou o governo RECUA, ou o governo CAI.

***

2ª mensagem:

 

«Realmente não há nenhuma variante portuguesa, com a pressa expressei-me mal. Quanto ao português ensinado nas escolas, é obrigatório respeitar o AO desde o ano lectivo de 2011/12. A consequência de não o fazer é, no mínimo, um processo disciplinar. Nem uma acta se pode escrever sem o AO (eu tentei e fui logo avisada). Por outro lado, se alguns professores de Português ensinassem a ortografia anterior, contrariamente a todos os outros, assim como aos livros e manuais da disciplina, iriam causar a maior confusão aos alunos. E, nos exames, qualquer palavra escrita segundo a ortografia anterior é penalizada como erro ortográfico.

Acredito que professores de outras disciplinas não escrevam usando o AO no ensino, mas professores de Português parece-me impossível. Os pais que dessem por isso apareciam logo na escola furiosos, e é se não fossem contar o caso na CMTV. Eu felizmente já não dou aulas (e nos últimos anos só me calhou Francês), pelo que não tive de passar por esse dilema

 

Minha resposta:

 

Aos professores foi-lhes impingida a Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011, de 25 de Janeiro, que determinou [NÃO obrigou através de uma LEI] a aplicação do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa no sistema educativo no ano lectivo de 2011-2012. E os professores deviam saber que uma Resolução do Conselho de Ministros NÃO faz LEI. E diante da infâmia de terem de ensinar aos alunos a escrever incorrectamente a sua Língua Materna, deviam parar para pensar [é obrigatório o professor ser dotado de espírito crítico, para poder desenvolvê-lo nos alunos, para que estes possam pensar por si próprios e, sobretudo, questionar] e recusarem-se a desensinar os alunos, sem que houvesse uma Lei para tal.

 

A consequência disto, jamais poderia ser um processo disciplinar, porque, não existindo lei para o suportar, seria ilegal. Isto também os professores deviam saber.

 

«Eu tentei e fui logo avisada» diz a professora. E aceitou cegamente esta advertência?

«Se alguns professores de Português ensinassem a ortografia anterior, contrariamente a todos os outros, assim como aos livros e manuais da disciplina, iriam causar a maior confusão aos alunos», diz a professora. O problema dos professores é achar que os alunos são estúpidos.
 

Eu comecei a dar aulas de História e Português no ano lectivo de 1973/74, era ainda Bacharel, e recusei-me a ensinar aos meus alunos as mentiras históricas que vinham nos manuais. E expliquei-lhes porquê. E eles entenderam, sem a mínima dificuldade. Não ficaram confusos, e fizeram muitas perguntas, que foram respondidas com perguntas que eu lhes ia fazendo, apelando ao raciocínio deles e ao que eles viam à sua volta. À margem dos textos dos manuais, eles escreviam a História tal como ela se desenrolava, e não como o governo da altura queria que fosse.

 

«E, nos exames, qualquer palavra escrita segundo a ortografia anterior é penalizada como erro ortográfico». Diz a professora. Nãoortografia anterior. Há a ortografia em vigor, a de 1945. E a penalização sobre os alunos, que escrevem correctamente a sua Língua Materna, e lhe dão erro, além de tremendamente injusta, é ilegal.

 

Os professores de Português são os maiores culpados do caos ortográfico e desta imposição de uma grafia mutilada, que nada tem a ver com a Língua Portuguesa. Tem a ver, tão-só, com a estupidez acordista.

A maioria dos pais não sabe sequer o que é o AO90, ou como os filhos escrevem ou deixam de escrever. O que não deixa de ser muito lamentável.

 

E como para SABER é preciso LER, aqui deixo a sugestão da leitura deste livro, o qual, SE os professores de Português, que se deixaram vergar pela ignorância dos políticos, que impuseram o AO90 aos Portugueses, sem lhes dar cavaco, tivessem o hábito de ler, de se questionar, tivessem espírito crítico, tinham-no lido, porque foi bastamente divulgado, e nele explica-se tim-tim por tim-tim porque é que os professores NÃO eram obrigados a ensinar os seus alunos a escrever e a lerincorretamente” , ou seja, “incurrêtâmente”, pois é assim que deve ler-se este vocábulo brasileiro.

 

As minhas saudações desacordistas,

Isabel A. Ferreira

 

LIVRO.png

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 17:06

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