Se dermos uma voltinha pelas redes sociais, para tomar o pulso à linguagem que por aí anda disseminada, deparamos com a piroseira de que fala Miguel Esteves Cardoso, nesta imagem, cuja consulta do link, aconselho vivamente:
https://portugalglorioso.blogspot.com/2016/02/portuguesas-e-portugueses-e-uma-estupidez.html
Além disso, ninguém leva a sério alguém que fale assim, como diz Ricardo Araújo Pereira, neste outro link, que também sugiro que consultem:
http://portugalglorioso.blogspot.com/2016/05/ricardo-araujo-goza-com-bloco-esquerda.html
E se tivermos em conta o que se passa com as inúmeras greves que vão agitando as águas da política em Portugal, haverá alguém que diga:
Greve dos Enfermeiros e das Enfermeiras
Greve dos Professores e das Professoras
Greve dos Juízes e das Juízas
Greve dos Bombeiros e das Bombeiras
Greve dos Funcionários e das Funcionárias públicos e públicas
Greve dos Funcionários e das Funcionárias judiciais
Greve dos Polícias (ou dever-se-á dizer Polícios) e das Polícias
Greve dos Guardas (ou será Guardos) e das Guardas prisionais
Greve dos Médicos e das Médicas
Greve dos Notários e das Notárias
Greve dos Trabalhadores e das Trabalhadoras dos Impostos
Greve dos Trabalhadores e das Trabalhadoras da Carris
Greve dos Funcionários e das Funcionárias dos Serviços dos Estrangeiros e das Estrangeiras e Fronteiras…
Então? Em que ficamos?
Mas há quem diga que dizer “meus caros amigos facebookianos” ou dizer “boa noite a todos” ou “os que estiveram na manifestação” é apoucar as mulheres, desconhecendo que uma coisa é pugnar pela igualdade de género, no que diz respeito a direitos (e apenas a direitos e não a uniformidades de ser, estar ou sentir), e outra coisa é usar o feminino e o masculino, e desprezar o nome colectivo, num discurso, apenas porque haverá algumas “mulheres” que se sentem diminuídas porque não as destacam do GRUPO de seres humanos, que inclui o feminino e o masculino.
Ora isto é um grande disparate, que está a generalizar-se, e a tornar os discursos e textos numa parvoíce tal, que só diz do subdesenvolvimento mental de quem assim procede.
Aqui há tempos, chegou-me às mãos um comunicado da Câmara Municipal de Palmela a dizer o seguinte, e tentem ler o texto alto, fechando igualmente as vogais das palavras assinaladas, porque é fechadas que devem ser lidas, segundo as vigentes regras gramaticais, para que possam alcançar o efeito deste tipo de linguagem aparvalhada:
(os erros ortográficos estão assinalados, porque estamos em Portugal e a ortografia vigente é a de 1945, por não ter sido revogada).
«Voluntárias/os ajudaram a embelezar o Centro Histórico de Palmela
A 6.ª edição do projeto “2 (de)mãos por Palmela”, realizada a 18 de maio, juntou seis dezenas de voluntárias/os, que ajudaram a embelezar o Centro Histórico de Palmela.
Com a ajuda de todas/os, foi intervencionada, com trabalhos de pintura, uma área de quase mil metros quadrados, que incluiu o Centro Histórico de Palmela e os muros da Alameda 25 de Abril, da Fonte do Carvacho, da estrada nacional, em direção a Centro Histórico de Palmela (acima da Fonte) e do Largo do Passo da Formiga.
O Município de Palmela agradece a colaboração voluntária de todas/os as/os que participaram neste “2 (de)mãos por Palmela”, que contou com o envolvimento do Grupo de AEP40 (que, desde o primeiro momento, participa na atividade), do Centro Histórico de Palmela, da Magjacol, a par das/os cidadãs/ãos da comunidade, que se associaram a esta jornada no Centro Histórico de Palmela.
Leiam alto: Todas/os as/os. A par das/os cidadãs/ãos.
O que é isto? Que linguagem horrorosa é esta?
Já agora, o Grupo de Escuteiros, seguindo este raciocínio arrevesado, não teria de se designar Grupo de Escuteiros e de Escuteiras?
Isto é algo surrealista.
Isabel A. Ferreira
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