Ler o que Sua Excelência disse é uma coisa. Ouvir é outra.
«Lá vem a Nau Catrineta, que tem muito que contar, ouvi agora senhores uma história de pasmar»…
Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da República Portuguesa (ou deverei dizer República Luso-Brasileira?) dá uma entrevista no Palácio de Belém, usando um sotaquezinho brasileiro, e diz ele: «Estou a fazer um enorme esforço para não falar à brasileira». Mas falou.
(Ver vídeo mais abaixo).
Sim, senhor Presidente da República Portuguesa, deve ficar preocupado, preocupadíssimo, porque são muitos os Portugueses que, depois do que ouviram, na entrevista que deu ao jornalista brasileiro Pedro Bial, ficaram surpreendidos, decePcionados, estarrecidos, arrepiados, horrorizados, tristes, com a subserviência do Chefe de Estado Português a um país que, apesar de irmão, é estrangeiro. Ficará para a História com dois cognomes: «Celinho das Selfies" e Dom Marcelo Rebelo de Sousa, o Subserviente.
Repare-se nas construções frásicas: meu irmão, meu avô, meus filhos, meu pai, minha campanha, de minha conta. Já não diz o meu irmão, o meu avô, os meus filhos, o meu pai, a minha campanha, da minha conta… (surripia os artigos, como fazem os Brasileiros).
E na fonética: prôfêssor, dêlirante, ôlhando, rêcandidátura, dêcido, considêrá, pôndêrá, Vêrão, Brásiu, eu me lembro, me levou, êducáção, subêsêcretário de estado, meu estilo é diferente, as duas comunidades se descobriram, uma relação muito formau, me adaptei, está acompanhando (usa os gerúndios).
O que é isto?
Este não é o Português Europeu. O Português do meu País. Não é o Português que o Chefe de Estado Português deva usar, quando está a representar Portugal, como Chefe de Estado Português.
Isto é inadmissível. Muito mau, senhor presidente. Não faça esforço. Já se espalhou. Está no Palácio de Belém, como Presidente da República, não como avô, ou pai, ou amigo dos brasileiros. Nem sequer está no Brasil. Também não está num "café" a bater um papo com um amigo brasileiro, ou com os netos.
Estava a dar uma entrevista no Palácio de Belém, como Presidente da República Portuguesa, a uma estação de televisão brasileira.
Pedro Bial não prescindiu da Língua dele, para entrevistar o PR português. Porém, o PR português prescindiu da sua Língua para dar a entrevista. Quanta subserviência!
Agora entende-se porque se remete ao silêncio, na questão do AO90, e despreza a opinião pública portuguesa, e não responde, como é de seu DEVER, às cartas que lhe escrevemos, a este respeito.
Não surpreende que a sua popularidade esteja a cair vertiginosamente. É que nem todos, em Portugal, são bajuladores.
Ao ouvir esta entrevista, senti vergonha do Chefe de Estado do meu País. E, inegavelmente, Marcelo Rebelo de Sousa não representa Portugal, nem milhares de Portugueses, que pensam como eu. Não me representa.
Isabel A. Ferreira
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