Esta inconcebível imagem, foi-me enviada por e-mail, há momentos, com a seguinte mensagem: «Veja a classe de professores que nós temos. Um erro crasso no cartaz em exibição».
Um erro crassíssimo! E ao que parece, a senhora que leva o cartaz até tem “orgulho em ser professora”. Ai tem????? A dar erros de palmatória, que nem tem nada a ver com o tortográfico acordo de 1990? E as outras professoras? Não deram pelo erro?
Talvez aquela “desiluÇão” seja para rimar com “governaÇão”, que tanto nos DESILUDE também. Mas se é, teria de levar ASPAS, algo que a senhora professora devia saber. A isto chama-se falta de profissionalismo, falta de brio profissional.
O certo, certo, é que com professores que NÃO sabem escrever correCtamente o Português, ou se sabem, NÃO têm o mínimo brio profissional, para verificarem o que escrevem num cartaz, o ENSINO fica cotado por baixo, e não se está a dar bons exemplos aos alunos.
Estarão a lutar pelos “bolços”? Exigem RESPEITO? Por que cartilha aprenderiam a escrever PORTUGUÊS? Porque os erros ortográficos (uma vez que o AO90 é ilegal) e a oralidade nivelam os professores por baixo.
Não é possível deixar de me sentir envergonhada, e lamentar que o ENSINO das crianças e dos jovens do meu PAÍS estejam entregues a professores que dão erros ortográficos crassos. E não se pense que isto acontece apenas nos cartazes, também dentro das escolas os erros são crassos.
Dá-se uma voltinha pelas imagens do protesto dos professores e só se vê cartazes a pedir respeito. Mas tudo isto é uma FALTA DE RESPEITO para com os alunos, nomeadamente o faCto de estarem a ensinar-lhes uma inconcebível mixórdia ortográfica.
Daí que vá entrar neste protesto de professores, exibindo o MEU cartaz:
Já os profs. dos profs. dos profs. eram ignorantes...!
Que pode esperar deste País (desta República)?
Foi a República que fez a profissão docente o último recurso de quem precisa trabalhar. Longe vão os tempos da vocação...
Está aí o resutado. Faz muito bem em pô-lo a descoberto.
Penso que o advento da República nada tem a ver com a degradação dos professores. Tem a ver com a ausência de políticas inteligentes. À medida que avançamos no tempo, mais recuamos no SABER, na Perfeição, no Óptimo, na Qualidade.
Os governantes nunca investiram no Ensino, na Educação, na Cultura Culta (investem, sim, na cultura inculta, com 16 milhões para a tortura de touros).
E porquê?
Este problema que já vem de tempos muito recuados. Estou a lembrar-me que Voltaire, filósofo iluminista francês, escritor e ensaísta bateu-se pelo investimento na Educação, no Ensino e na Cultura Culta, porque quanto mais culto for um Povo, mais INSUBMISSO ele é, e não se sujeita à tirania dos governantes. E tal condição não servia aos senhores todo-poderosos, aos absolutistas, aos ditadores.
Portugal não fugiu à regra. Nunca se investiu na educação do Povo. No entanto houve um tempo em que se ia para professor por VOCAÇÃO, e essa vocação vinha da vontade de transmitir um SABER adquirido, a quem ainda nada sabia. Era uma MISSÃO, mais do que uma profissão, que, no entanto, era remunerada, obviamente.
Ser professor também dava estatuto, e quando as pessoas descobriram isto, lá se foi a vocação e a missão. Adoptaram apenas o estatuto e as coisas descambaram.
Eu dei aulas de História e de Português nos anos lectivos de 1973/74, 1974/75 e 1975/76, e nessa altura, já no fim da ditadura, chovia nas escolas, morria-se de frio nas escolas, os programas não eram cativantes, e depois de o “25 de Abril” as coisas pioraram ainda mais, a qualidade do ensino baixou substancialmente. A Educação foi-se degradando. Os conteúdos escolares são de bradar aos céus. Os alunos estão desmotivados. Os professores NÃO sabem 1/3 do que deviam saber, para poderem transmitir SABER.
Já não se vai para professor por VOCAÇÃO e com espírito de MISSÃO. Vai-se APENAS e UNICAMENTE para ter um emprego mais os seus direitos: querem ser bem remunerados e ter uma carreira, para ter uma boa reforma (nada contra, por ser uma profissão desgastante). Mas os professores, por si sós, NÃO SÃO a ESCOLA. A Escola é muito mais do que professores bem remunerados e com uma carreira garantida.
Hoje, a profissão de professor (juntamente com a dos políticos, porque os políticos fazem do SERVIÇO À NAÇÃO uma profissão e NÃO uma missão, como no tempo da primeira República) está desprestigiada, o ensino, um caos, os conteúdos pedagógicos, elaborados a pensar que as crianças e os jovens são todos uma cambada de idiotas, são de bradar aos céus, em muitas escolas continua a chover e a fazer frio, e sai-se à rua para protestar APENAS por causa das “coisas que mexem nos bolsos”, e NÃO, pela ESCOLA no seu TODO.
Desde o “25 de Abril” NÃO se investiu no Ensino, na Educação, na Cultura Culta, e o resultado aí está: um povo tanso e manso, que desconhece que dar maiorias absolutas a incompetentes, com as suas incompetências bastamente comprovadas, é da irracionalidade.
Ainda hoje, li algures que Portugal atravessa um período em que TUDO está nivelado por baixo. E eu só tenho de concordar com isso, com uma ressalva: só está nivelado por cima o que se faz para o BEM-ESTAR dos TURISTAS que nos visitam. Para eles, tudo, tudo, tudo. Para os Portugueses, nada, nada, nada…
De Paulo Neves a 17 de Janeiro de 2023 às 11:17
Nos cartazes da Amadora de hoje, podia ler-se “Sejámos vistos e considerados.”, estamos somente a levantar o véu!
Obrigada, Paulo Neves.
Se andássemos nas manifestações "à pesca" dos erros ortográficos (acordo ortográfico fora) eles seriam às dezenas, ou mais.
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