Sábado, 15 de Junho de 2019

Respondendo ao delírio de um acordista

 

Recebi este comentário ao texto indicado.


Porque é preciso desfazer os “mitos” criados pela alucinação dos acordistas, aqui deixo a minha resposta.

 

João Abreu comentou o post CONTRA O ACORDO ORTOGRÁFICO, MAS POUCO! às 00:29, 15/06/2019 :

Os detratores do acordo ortográfico de 90 não gostam de falar de um facto evidente que é este: desde que ele foi implementado em 2012 tem sido um sucesso nas escolas. A maioria dos alunos escreve segundo as novas regras e não estranha. Alguém já viu alguma manifestação de alunos contra o acordo? Quererão as novas gerações escrever à moda do século XX? Da mesma maneira se perguntassem hoje às pessoas se pretenderiam voltar a escrever segundo a grafia anterior a 1911 é certo que quase todos recusariam. Faria sentido escrever farmácia com ph? É verdade que o AO90 podia ser melhorado mas... por favor, tenham dó! Já não escrevemos como se escrevia no século XIX e os portugueses do século XIX também já não escreviam como no tempo do D.Dinis. Estamos a falar de um punhado de palavras que não muda muito a estrutura da língua portuguesa que é algo de bastante grande e resistente.

 

 

Senhor João Abreu, se há coisa que me tira do sério são comentários como este, que o senhor enviou, e que, no entanto, o senhor tem todo o direito de emitir. Ele está cheio de falácias, e demonstra um desconhecimento descomunal sobre esta matéria, este desastre linguístico, que dá pelo nome de acordo ortográfico de 1990.

 

Portanto, vamos por partes:

 

Primeiro: ninguém é detraCtor (com CÊ, se faz favor, “detrâtôr”, sem CÊ e, desde modo, pronunciado em Portugal, é um vocábulo que pertence EXCLUSIVAMENTE à Língua Brasileira) do AO90, porque o AO90 é uma aberração ortográfica imposta aos Portugueses ilegalmente, e que não está em vigor em país nenhum do mundo dito “lusófono”, e, portanto, tudo o que se diz CONTRA esta aberração é a mais pura verdade.

 

Segundo: o “facto evidente” que o senhor diz que os anti-acordistas não gostam de falar, a bem da verdade NÃO É um “facto evidente”, e por não ser um “facto evidente” falamos dele de outro modo, que é o seguinte: desde que ele foi implementado em 2012 NÃO TEM sido um sucesso nas escolas. Pelo contrário, gerou o CAOS nas escolas (porque as crianças que também aprendem línguas estrangeiras, não percebem porque hão-de suprimir as consoantes mudas no “Português”, e no Inglês e no Castelhano e no Francês, línguas EUROPEIAS, não suprimem. É que nem os professores sabem escrever, o que escrevem e ensinam é um MIXORDÊS pavoroso. Também ninguém diz aos alunos, que o que estão a (des)aprender NÃO É Português, a Língua Materna deles, mas uma grafia exclusivamente brasileira, ILEGAL em Portugal.

 

Terceiro: a MAIORIA (não a TOTALIDADE) dos alunos escreve segundo as regras da ortografia BRASILEIRA, porque a tal são obrigados, de outro modo, SÃO PENALIZADOS, o que é uma situação juridicamente ILEGAL, e disto é que ninguém fala. Porque NÃO existe em Portugal LEI NENHUMA que OBRIGUE alunos e professores a APLICAR a GRAFIA BRASILEIRA.

 

Quarto: ninguém ainda viu uma manifestação de alunos mais velhos contra o acordo ortográfico, porque se os alunos fizerem uma manifestação contra o acordo ortográfico VÊEM as suas notas baixarem, com uma chantagem asquerosa, e isto é um preço que ninguém está disposto a pagar. Os alunos mais pequenos não têm idade para fazerem manifestações, mas sabem que o que lhes desensinam é BRASILEIRO, e que em PORTUGUÊS direCtor é escrito com CÊ , e correCto é escrito com CÊ, e excePto é escrito com PÊ, e quando fora da escola é assim que escrevem. Portanto a aplicação do AO90 nas escolas é um autêntico FRACASSO, porque até os professores escrevem em MIXORDÊS, ou seja, misturam a grafia brasileira com a portuguesa num mesmo texto e deixam os alunos BARALHADOS. Sou testemunha de tal CAOS.

 

Quinto: só alguém muito, muito, mas muito estúpido perguntaria às pessoas se pretenderiam voltar a escrever segundo a grafia anterior a 1911, porque o que aqui está em causa não é o regresso à grafia de 1911, que EVOLUIU (não foi destruída) para a grafia de 1945 (a que está EM VIGOR em Portugal), mas a adoPção (com PÊ, à portuguesa) da grafia exclusivamente brasileira. E obviamente, se alguém fizesse essa pergunta estúpida, a resposta só poderia ser NÃO.

 

Sexto: «Faria sentido escrever farmácia com ph?» Pergunta o senhor João Abreu, numa clara demonstração da mais pura ignorância. Não, não faria sentido, até porque o PH passou a ser o símbolo da IGNORÂNCIA dos acordistas, porque os acordistas não fazem a mínima ideia, por que se passou de “pharmacia” (farmácia) para farmácia, de “lyrio” (lírio) para lírio, de “ella” (ela) para ela, enfim, não fazem a mínima ideia desta EVOLUÇÃO, que nada tem a ver com a DESTRUIÇÃO da raiz dos vocábulos, como passar de seCtor para “setor” (s’tôr), adoPção para “adoção” (âdução”), etc., etc., etc..

 

Sétimo: não, não é verdade que o AO90 podia ser melhorado. O AO90 não tem ponta por onde se lhe pegue. É uma aberração ortográfica, apenas defendida por quem NADA sabe sobre as Ciências da Linguagem, e o seu destino só pode ser o CAIXOTE DO LIXO.

 

Oitavo: tenha dó o senhor João Abreu, (e pare para pensar)! Já não escrevemos como se escrevia em 1911. E em 1911 já não se escrevia como no tempo de Dom Diniz (que nasceu DiniZ, e não DiniS, portanto há que manter o nome de origem) que nos deu a LÍNGUA PORTUGUESA. E sabe porquê? Porque a Língua EVOLUIU, como evoluíram as restantes línguas europeias, só que nenhuma língua indo-europeia, incluindo a Portuguesa, se distanciou das suas raízes greco-latinas. E a Língua Portuguesa é uma língua indo-europeia, da qual os brasileiros se distanciaram, abrasileirando-a, americanizando-a, italianizando-a, castelhanizando-a, afrancesando-a e deixou de ser Portuguesa. Por isso, no Brasil escreve-se brasileiro, em Portugal escreve-se português.

 

Nono: e o senhor João Abreu acaba com uma premissa completamente desfasada da realidade linguística: «Estamos a falar de um punhado de palavras que não muda muito a estrutura da língua portuguesa que é algo de bastante grande e resistente». Tem a noção do disparate que escreveu? Tem a noção de que com esta frase demonstrou a maior das ignorâncias sobre a Língua Portuguesa? Estamos a falar de CENTENAS de palavras que MUDAM TODA a estrutura da Língua. E a estrutura da Língua Portuguesa, na realidade, é algo bastante resistente, por isso, não SUCUMBIRÁ a esta HECATOMBE linguística.


Décimo: o único destino deste ABORTO ORTOGRÁFICO, que dá pelo nome de AO90, é a REVOGAÇÃO. O CAIXOTE DO LIXO. Pode escrever no seu caderninho

 

Isabel A. Ferreira

 

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 18:55

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comentários:
De João Abreu a 19 de Junho de 2019 às 18:15
Para acabar de vez com os penduricalhos na Ortografia! Resposta aos fanáticos ANTI AO90

Cara Isabel Ferreira, não se enerve tanto por coisa pouca. O debate de ideias deve ser realizado de forma serena e construtiva.
Em resposta aos dez pontos que enunciou direi o seguinte:
Primeiro- está mal informada! é mesmo “detrator” que se escreve segundo a lei. Dê uma vista de olhos na lista de palavras que passaram a escrever-se segundo a nova ortografia, por exemplo, no portal da língua portuguesa. É daquelas palavras que nem sequer admite dupla grafia. Portanto, a Isabel é que está em falta quando escreve essa palavra de forma INCORREcTA, digo, (perdão) INCORRETA (aquele “c” mudo que escrevi estava a mais).
Segundo- Não lhe vou chamar ignorante porque sei que é uma pessoa culta mas convém relembrar alguns factos: grande parte da nossa grafia ATUAL vem da profunda reforma que se fez em 1911. Foi aí que se eliminaram aquelas consoantes etimológicas que vinham do grego e do latim. E por que razão se fez isso? Porque chegaram, na altura, à conclusão ( e bem) que a nossa língua estava bastante opaca. O objetivo era dar mais transparência à língua, livrando-se dessas consoantes inúteis e facilitar a aprendizagem da leitura e escrita, desiderato inscrito nos ideiais da Primeira República que apostava fortemente na educação e na diminuição da taxa de analfabetismo.
Ora, o AO90 apenas veio concluir essa lógica da reforma de 1911 de dar a primazia à fonética em detrimento da etimologia. Sim, devo confessar: concordo absolutamente em que se acabe de vez com estas consoantes mudas etimológicas ! A imagem que tenho delas é a seguinte: são como penduricalhos que só servem para criar excesso de peso nas palavras. São obsoletas e anacrónicas assim como já na segunda metade do XIX se considerava abstruso escrever alumno, orthographia e escripta. E olhe que já em em 1911 havia muitos velhos do Restelo (tal como há hoje) que de forma obstinada teimavam em resistir à mudança!

Terceiro- insisto em dizer que não apenas nas escolas mas em todos os serviços públicos a entrada em vigor do AO90 fez-se de forma totalmente pacífica. Onde é que vê um levantamento geral de funcionários públicos contra o AO90? A realidade que eu conheço é a das escolas porque sou professor e desde 2009 já andei por muitas. Garanto-lhe que o AO90 não é assunto de conversa entre professores e muito menos entre alunos, ou, se já o foi no início, deixou de o ser agora. E a razão é porque o AO90 é já como o ar que se respira, já faz parte do código genético do ato de escrever, tanto de professores como de alunos. E a Isabel sabe que os professores, entre outras coisas, escrevem ATAS de reuniões. E já não vejo ninguém reclamar do tipo “Ai, que confusão me faz escrever “ATA” em vez de “AcTA”! Os alunos continuam a dar erros? Claro que continuam. Mas isso não se deve à existência ou não do AO90. Também já davam muitos erros na anterior grafia. O problema da desortografia tem causas mais profundas como deve saber.
Quarto- já reparou, Isabel que neste texto que escrevi só existem três palavras que se alteram em relação à grafia anterior ao AO90? “DETRATOR”; “ATUAL” E “ATA”. E isto para responder ao ponto que mencionou em resposta àquilo que afirmei sobre “um punhado de palavras” que se alteram. Não concorda? Então veja: são três palavras num total de 556 palavras. São 0,5%, até menos do que os especialistas dizem para o total geral das palavras que se alteraram no vocabulário que é na ordem dos 4 ou 5%.
Será que a Língua Portuguesa mudou assim tanto só porque se eliminaram os penduricalhos “p” e “c” conhecidos como consoantes mudas? Eu creio que não.



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