Quarta-feira, 1 de Abril de 2020

Sejamos francos, isto não é escrita de gente letrada. Ponto.

 

Atente-se neste quadro negro, onde está uma pequena amostra de vocábulos que não pertencem à Língua Portuguesa – Língua Oficial de Portugal – e que os media, especialmente os canais televisivos, os professores, mas também o presidente da República, o primeiro-ministro, e os deputados da nossa desditosa Nação, usam nos seus sites oficiais, nos seus despachos, disseminam por aí, na escrita e oralidade, induzindo os Portugueses, menos atentos, em erro.

Uma VERGONHA! Até porque isto, não sendo escrita de gente letrada, demonstra uma descomunal ignorância da Língua Portuguesa.

Vejamos porquê.

 

Sejamos francos.png

 

Não venham escudar-se na falsa obrigatoriedade da aplicação do falso AO90, que os mais letrados, felizmente, se recusam a aplicar, o qual, como se sabe, à excepção de uns poucos vocábulos que não perderam nem o, nem o, assenta na grafia que, em 1943, os Brasileiros decidiram simplificar e adoptar, retirando-lhes as consoantes mudas, apesar de terem uma função diacrítica, com o objectivo de baixar o índice de analfabetismo, naquele país, num  claro desrespeito pela estrutura de uma Língua, que sendo a deles, não era a deles, ou seja, não era, efectivamente, autóctone. Portanto, para quê usar critérios científicos numa Língua herdada do colonizador?

 

Contudo, nós Portugueses, não temos nada com o que os Brasileiros fizeram com a Língua deles, desde 1822, quando o país se tornou independente. E o que o Brasil fez com a Língua que herdou do ex-colonizador é problema exclusivo do Brasil.

 

Dizia-me há dias, a este propósito, uma escritora italiana, minha amiga (via e-mail, obviamente), que fala e escreve Português: «o Brasil só tem um território maior do que o de Portugal, mas não é mais importante do que Portugal».

 

Pois não. Não é, nem mais, nem menos importante, até porque Portugal é um dos países mais antigos da Europa, como país independente, com mais de oito séculos de história, e o Brasil, como país independente, tem apenas 198 anos. E a História, a Cultura e a Língua Portuguesas não se destrói assim, apenas porque os Brasileiros são milhões, e nós milhares, e porque os políticos, que se envolveram nesta farsa do AO90, de um e de outro país, são uns refinados ignorantes, no que à Língua Portuguesa diz respeito.

 

E como os políticos vão, mas a Língua fica, não podemos aceitar que uns poucos ignorantes destruam a Língua e depois se ponham a andar, deixando-nos de herança uma vergonhosa língua esfarrapada.

 

O uso da teoria atolambada o que não se lê, não se escreve, algo que em mais país nenhum do mundo se aplica, e que só os Brasileiros e agora um punhadito de acordistas portugueses adoPtam, sem a mínima noção do que fazem, criou uma enxurrada de abortos ortográficos, como a amostra registada no quadro negro, que só dizem da profunda ignorância de quem os escreve. E se ao lerem esses abortinhos, os lerem com as consoantes abertas, demonstram que, além de não saberem escrever, também não sabem ler, porque todos eles devem ser lidos com as vogais fechadas, de acordo com as regras gramaticais VIGENTES.

 

É muito triste ver o que se passa nas televisões, nos jornais online, (salvo algumas excepções), nas redes sociais, onde a Língua Portuguesa é usada numa versão mutilada, empobrecida, deturpada, desprezada, e não me refiro apenas ao AO90, que esse, já sabemos, foi concebido para facilitar a vida de quem não nasceu dotado de capacidade intelectual para pensar a Língua, e saber que o que não se lê, também se escreve, como em Homem, Hora, Hoje etc…. Mas refiro-me também a erros de todas as espécies que conhecemos.

 

Outra VERGONHA!

 

É que falar, qualquer um fala. Contudo, escrever o trivial (não falo em literatura) é preciso conhecer as letras do alfabeto e saber as regras gramaticais, porque são a base de todas as Línguas do mundo, excepto desta mal-amanhada novilíngua, que não é portuguesa.

 

Vou deixar a qui um link, para que se confira o que acabei de escrever:

A nota explicativa (do AO90) mais idiota que o mundo já viu

 

E os governantes portugueses apostam na ignorância ortográfica difundida pelos media

  

Mas…

 

Ignorância.png

 

Em Portugal, a ignorância optativa está a alastrar-se a uma velocidade considerável, e os governantes portugueses, comprometidos com essa ignorância, estão a apostar nela, numa tentativa de levar adiante um plano assente num obscurantismo jamais visto em Portugal, no que à Língua oficial portuguesa diz respeito.

 

Tudo isto, a médio prazo, irá custar muito caro ao nosso País que, cada dia, mais se afunda numa insólita incultura e, para tal, o maior difusor dessa ignorância está a ser instrumentalizado para oferecer ao povo, já meio anestesiado com o soro do desatino, aquelas coisas que o desviam do essencial: futebol, novelas, realities shows, notícias sensacionalistas e sombrias, como se o Sol se tivesse retirado do mundo, e agora esta coisa inesperada que veio perturbar o mundo: a Covid-19.

 

E tudo isto baralhado numa linguagem escrita e falada de bradar aos céus, com a intenção de levarem a melhor… e com a agravante de estarem a insultar a inteligência de um Povo, que não é parvo, na sua totalidade.

 

Na verdade, ser ignorante não é defeito. Defeito é optar pela ignorância e achar que se tem razão. É o caso dos acordistas e dos políticos que os apoiam, que decidiram assentar o AO90 na mais descomunal ignorância da Língua, e achar que os sapientes são retrógrados.

 

E vamos deixar que isto perdure?

 

O momento é de uma grave crise sanitária, mas não vamos deixar que esta outra grave crise, a crise ortográfica, que está a destruir a Língua Oficial de Portugal, seja esquecida.

 

Isabel A. Ferreira

 

publicado por Isabel A. Ferreira às 16:20

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comentários:
De Sarin a 1 de Abril de 2020 às 18:08
Sobre o texto ligado, ou melhor, sobre a justificação, apenas me ocorre

https://sarin-nemlixivianemlimonada.blogs.sapo.pt/porque-sou-contra-o-ao90-1-1504

Cump.
De Isabel A. Ferreira a 1 de Abril de 2020 às 19:03
Obrigada, Sarin, pela achega.
O que li no seu Blogue poderá ser a escrita do futuro. Por este andar para lá caminhamos. Os analfabetos funcionais proliferam.

Mas essa escrita nunca será uma escrita, mas tão-só um amontoado de letras sem nexo.

Ou se vier a ser uma escrita, não será oriunda da portuguesa, mas tão-só da ignorância.
Será a escrita de um tempo caótico.
De Sarin a 1 de Abril de 2020 às 19:55
... que eu espero nunca ter de ler.
Não consigo encontrar qualquer nexo, embora politicamente perceba que tentaram evitar que a LP perdesse preponderância. Nas entidades supra-nacionais os documentos são emitidos em meia-dúzia de línguas, as mais faladas - e, estando no ar a ideia de clivagem da Língua Portuguesa, percebo a ansiedade de alguns visionários. O que nunca percebi, de todo, foi o terem resolvido evitar a clivagem com um acordo decido entre os próprios.
Há quase 300 anos que os ingleses convivem com o inglês dos EUA, e nem houve clivagem nem acordos ortográficos. Nós atordoámos a Língua logo em 1911, e parece que lhe ganhámos o gosto, pois andamos a revivê-lo a cada 30 anos. Por falar nisso, vem aí outro.
De Isabel A. Ferreira a 2 de Abril de 2020 às 15:24
Pois, tenho a dizer-lhe, Sarin, que eu nem politicamente percebo essa tentativa de evitar que a LP perdesse preponderância, porque não só perdeu TODA a preponderância, como está em vias de extinção, se as coisas continuarem como estão. Isto do AO90 foi um tremendo tiro no pé.

Aqui nem sequer se tratou de visionários, porque os visionários são pessoas especiais, que vêem para além do visível, prevêem o futuro e raramente se enganam.

O que se passou aqui foi que uns tantos idiotas assumiram-se como os donos da LP e só meteram o pé na argola, porque os “milhões” os cegaram.

Sempre ouvi dizer (e é a mais pura verdade) que apenas os povos onde existem mais ignorantes e analfabetos é que necessitam de fazer acordos ortográficos, e se vier mais um (espero que não caiam nessa parvoíce) seria pôr a cereja no topo do bolo da IDIOTICE. Mais uma, para a colecção.

Mandar o AO90 às malvas é da inteligência. Resta saber se existirá, em Portugal, políticos suficientemente inteligentes e arrojados, para extinguirem este “vírus” que atacou a Língua Portuguesa. Se não o extinguirem, tudo o que fizerem para a remendar, será um remendo mal remendado, que nada trará de bom à Língua Portuguesa, que é uma Língua nobre, com estirpe, intocável. A ortografia de 1945 está na boa medida. Não precisa de ser “mexida”. Tem os seus defeitos, tem, mas não necessita de mais remendos.

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